Baías e Baronis – FCP vs Belenenses


(foto retirada do MaisFutebol)


Se o Belenenses jogasse de preto, tinha sido uma repetição do jogo do passado Domingo. Foi muito mau, muito muito mau. Optei por fazer a análise do jogo apenas hoje já que ontem não tive tempo e ainda bem, porque teria sido mais agressivo. Enfim, um B&B que hoje é um pouco diferente, com apenas um de cada, ainda que com dimensões consideravelmente diferentes. Vamos a isso:

BAÍAS
(+) Não choveu.
BARONIS
(-) Uma primeira parte desastrosa, um arranque de 2ª parte ainda pior e uma gritante falta de ideias e discernimento colectivo que está a assolar a equipa fez-nos perder os primeiros pontos no Dragão esta época. Desde os laterais, com cruzamentos quase infelizes de Álvaro, passando pelo inexistente meio-campo, chegando a uma frente de ataque de elevada qualidade mas com dificuldades evidentes em colocar essa qualidade no terreno. Sente-se uma sportinguização da equipa, parece que estão desde o primeiro minuto a aguardar que o apito final chegue para poderem ir descansar. Escapelizando um pouco mais, o meio-campo está a jogar muito preso de movimentos, muito perto uns dos outros, sem rasgos individuais minimamente produtivos, com Meireles um pouco acima da média desta época mas sem causar problemas e Belluschi em clara falta de ritmo; a frente de ataque é ineficaz e não causa embaraço aos adversários, com Hulk a rematar quando não deve e a tentar fintar quando deve pontapear para a baliza, Falcao a falhar golos e Mariano a ser coerentemente Mariano. Rodríguez não ajudou, está com pouco ritmo e vai demorar a chegar à forma de ano passado. Farías marcou mas pouco mais fez durante o jogo para voltar a ser titular.
O grande problema que se tem vindo a verificar é o facto do FC Porto já não conseguir impôr respeito aos adversários. Qualquer equipinha vem ao Dragão e não passa por grandes dificuldades defensivas porque os 11 gajos de azul-e-branco não conseguem um ritmo ofensivo decente para uma equipa do nosso gabarito. É frustrante ver a apatia com que a equipa entra em campo e a quantidade absurda de passes falhados e erros de julgamento que ocorrem em todos os jogos. Quem está na bancada fica compreensivelmente chateado. Pensei que pudesse ser das ausências para a Selecção ou da intensidade dos jogos e das lesões. Não creio que seja só isso. Há uma inércia que se está a apoderar dos jogadores e que só há uma forma de combater: com sangue novo. Não do treinador, mas através dele, é necessário convocar outros jogadores e descansar alguns dos actuais titulares que estão a precisar de tempo fora do jogo para acalmar e melhorar índices de confiança. Estamos a atravessar um mau momento e tenho confiança que o vamos ultrapassar, mas é preciso fazer algo, e rápido! Não chega dizer que não podemos jogar assim ou assado, que não se podem falhar tantos golos, já que o problema não é apenas esse. Estamos a depender das falhas nas 5 ou 6 oportunidades sérias criadas por jogo, onde se nota muito mais as falhas, do que deveríamos fazer, que era falhar algumas das 20 chances de golo. Os jogos estão a ser uma seca de início a fim (ou quase) e assim os adeptos começam a não aparecer ao estádio. Ninguém merece.
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Carta aberta a Jesualdo

Caro Professor,
Todos queremos um FC Porto mais forte, e ainda que a maioria da
imprensa não pense da mesma forma, os adeptos estão todos em
retumbante apoio a uma equipa forte que faça com que toda
aquela corja seja obrigada a engolir as palavras que profere.
O facto de estarmos a jogar menos bem, Professor, não nos demove!
Muito embora as exibições não estejam a atingir o nível que queremos,
acreditamos que com pequenas alterações pontuais, depressa vamos
recuperar a nossa condição de líderes naturais e mal acabe a
intempestiva onda de lesões, vamos regressar ao ponto onde a massa
associativa quer estar: em primeiro. Só lhe peço uma pequena
nuance na equipa para logo, uma simples alteração que provocará um
orgasmo colectivo na plateia, e que se torna simples ao ler esta carta.
Cumprimentos,
O gajo da Porta19
PS: Caso não entendam qual é a nuance que deveria ser implementada, por favor leiam a carta na vertical, ao estilo da carta de Schwarzenegger à California State Legislature.
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Teimoso

Jesualdo é um homem a sério. Tem uma espécie de pré-bigode tipo Errol Flynn, lábios finos que indiciam alguma malícia e cinismo, cabelo grisalho e gabardina comprida. Tem sido o nosso líder, mentor de jovens e general-em-campo dos guerreiros de azul-e-branco que semana após semana se colocam frente a frente com outros 11 energúmenos que têm o despudor de pensar que podem tirar-nos os merecidos 3 pontos. Porra que agora parecia benfiquista. Cruzes credo. Adiante.
De qualquer forma, Jesualdo é uma nova evolução nos treinadores portistas. Para quem, como eu, começou a ver futebol mais ou menos a partir da conquista da Taça dos Campeões Europeus em 1987, já viu diversos treinadores a passar pelo leme da equipa. Desde Artur Jorge a Jesualdo já tivemos de tudo: um louco que arriscava tudo em campo com 3 defesas, meia-bola e força; um sósia do Peter Sellars que tentou durante 3 semanas ensinar o Pepe a jogar numa defesa em linha (que está ao nível de tentar dar de comer a um rinoceronte com uma colher de café); um homem de mentalidade ultra-defensiva que punha o Kostadinov ou o Domingos à frente de 9 defesas e trincos; um tipo sisudo que não falava a não ser que lhe perguntassem 3 vezes a mesma coisa; um outro que falava demais e só dizia estrume, matéria a que, entenda-se, estava muito mais à vontade; ainda outro que quando falava era num misto de duas línguas e fazia sorrir o mais triste dos sportinguistas (este foi deliberadamente um mau exemplo!); um que se vestia como um Deus e treinava como tal; outro que tentava imitar o anterior mas só chegava perto no cabelo; outro que tinha tiques quando estava nervoso; um que nunca punha a mesma equipa 20 jogos seguidos; um que destruía balneários pelas opções; outro que destruía balneários à pancada…entre outros traços de personalidade enervantes ou cativantes, dependendo da mente de quem os analisar.
Cobrindo toda a gama de treinadores que já tivemos, creio que há uma qualidade ou defeito que acaba por ser transversal a todos: a teimosia. É isso que faz com que Jesualdo, como Mourinho, Oliveira ou Robson antes de si, esteja à cabeça da equipa e não a obedecer a ordens de terceiros. A pressão está sobre os ombros do treinador durante todos os 90 minutos de cada jogo e é exactamente o treinador que tem de prestar contas pelas opções correctas ou erradas. Quer seja uma substituição antecipada, instruções para o trinco começar a acertar nos gémeos do playmaker adversário ou para o avançado jogar mais descaído para a esquerda, ou até as conversas no balneário antes e depois do jogo, tudo está assente no treinador. E normalmente, para fazer avançar as suas ideias ou para de uma forma mais ou menos convincente conseguir fazer com que elas vinguem na cabeça dos jogadores e sejam implementadas em campo, o treinador tem de ser teimoso. Como uma mula com o período.
Percorrendo a lista de treinadores que atrás mencionei, encontramos inúmeros exemplos de teimosia. A invenção de Aloísio a defesa-esquerdo de Robson, a desistência de um número 10 invalidando o uso de Diego por parte de Couceiro, o chavascal defensivo de Ivic, a incapacidade de Fernando Santos mandar mais no balneário que Capucho, Jardel ou Sérgio Conceição, e agora a aposta recorrente em Raúl Meireles e Mariano González de Jesualdo. Normalmente as teimosias correm mal e acabam por ter resultados infelizes tanto para os adeptos como para o próprio treinador. Ivic acabou despedido, Robson levou 3 no pêlo, Fernando Santos não conseguiu vencer o Hexa e Couceiro…bem, foi para a Lituânia.
Não quero com isto dizer que todas as teimosias acabam por correr mal. Há muitos exemplos de birras de treinadores que acabam por resultar, mas normalmente não é assim. Mariano e Meireles são, quanto a mim, elementos que deveriam sair da equipa, quer por cansaço físico quer por fracas prestações, e quando terminar esta vaga de lesões há que começar a rodar o plantel. Vamos ver se nesse momento as opções de Jesualdo mudam e temos algum sangue novo que é necessário para revitalizar a equipa tanto mental como fisicamente. E é preciso fazê-lo rapidamente antes que seja demasiado tarde…
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Pátria amada, Brasil!

Hulk na Selecção é uma notícia esperada por muitos e temida por alguns. Eu encontro-me no segundo grupo. É verdade que o rapaz tem tudo para ser um bom jogador e esta primeira chamada para uma experiência a um nível diferente a que Givanildo está habituado pode muito bem ser a alavanca que ele precisa para amadurecer, crescer como jogador e finalmente atingir a classe e produtividade que os adeptos do Porto anseiam.
Mas será cedo demais? Hulk está num momento de forma razoável mas abaixo do que já mostrou, muito embora tenha marcado alguns golos e dado outros a marcar aos colegas, ainda tem muito espaço para evoluir e esta convocatória pode começar a colocar uma verdadeira “delusion of grandeur” na cabeça do brasileiro, juntamente com os meninos-vedetas do estilo de Robinhos e Adrianos.
Em forma de lista, eis a minha análise:
POSITIVO

NEGATIVO
  • Maior exposição internacional
  • Valorização do jogador com boas exibições
  • Possibilidade de estar no Mundial 2010
  • Novos conceitos tácticos
  • Mais moralizado com os créditos ganhos

  • Arrogância pela novidade
  • Lesões e cansaço
  • Falta de entrosamento
  • Desmoralização em caso de má exibição
  • Comparação com outros jogadores mais experientes

Imagino que ser chamado para a Selecção Nacional deva ser um sonho para qualquer jogador, mas chegará esta chamada na altura certa? O tempo o dirá, e espero que Hulk saiba gerir as suas próprias expectativas e definir as prioridades correctas. Dito isto, os meus parabéns ao rapaz!!!

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