À primeira vista, dirão que sou louco. Porra, um é argentino, o outro é russo, haverá escolas de futebol mais diferentes?! Realmente os dois de aparência só têm parecida a cor da pele, já que o resto do aspecto é radicalmente diferente, com a trunfa de Belluschi em constante mutação, seja curto, com rastas postiças ou uma espécie de poupa encaracolada a contrastar com o clássico corte russo-põe-te-fino-senão-segues-pro-gulag-que-te-lixas de Alenichev. Em campo, no entanto, vejo muitas parecenças entre ambos.
Alenichev foi dos jogadores que mais gostei de ver a jogar com a nossa camisola. Era um jogador fino, inteligente, que lutava quando era preciso mas que acima de tudo conseguia arranjar espaço onde parecia não existir e que sabia quando pausar o jogo para permitir aos colegas as movimentações necessárias e enquadradas na táctica. Era, a par da força e da garra de Maniche (o daquela altura, não o de agora) o complemento técnico perfeito para Deco no meio-campo do FC Porto de Mourinho. Não tinha um remate muito forte nem era bom de cabeça, muito menos era notável no 1×1, mas deliciava-me com os passes simples, práticos e quase sempre para o sítio certo.
Belluschi está a caminhar para o mesmo estatuto. Este ano, com Villas-Boas a moer-lhe os ouvidos, está com um sentido táctico mais apurado, com uma moral acima do Evereste, entra em campo com abnegação e esforço e, como Alenichev, joga bem melhor com outro médio mais estrutural ao lado.
Está a desenvolver uma certa empatia com os adeptos ao fim de um ano menos conseguido. Espero, para bem dele e da equipa, que lá chegue.