Balanço dos empréstimos (25-Novembro-2010)

Dois meses depois, mais um pequeno balanço sobre os nossos jogadores emprestados a outros clubes (clicar para ampliar):

Noto particularmente a estagnação de Rabiola, a pouca utilização de Sérgio Oliveira, os zero jogos de Prediger e alguma indisciplina generalizada…outras opiniões aceitam-se!

EDIT: no caso do Rabiola, falo de estagnação em virtude de só ter marcado mais um golo desde o último balanço que publiquei aqui, há dois meses…

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As conchas

Há uma passagem no famoso “Vinte Mil Léguas Submarinas” de Júlio Verne, em que o assistente do Professor Aronnax, de nome Conseil, está acompanhado de Ned Land (certeiro arpoador) a perscrutar a vastíssima colecção de conchas pertencente ao seu anfitrião no Nautilus, Capitão Nemo. Enquanto analisam o espólio, Conseil é capaz de identificar a grande maioria dos espécimens através da classe e do seu nome científico, ao passo que Ned, prosaico e com sentido prático apurado, identifica-os pela sua apetência para cair no bucho com agradabilidade. Ou seja, se se podem comer ou não. Ao longo desta discussão podemos perceber que o autor nos transmite a mesma verdade vista por dois lados: para cada situação há duas maneiras de o ver, duas formas de construir factos que ambos terão a sua verdade mas apenas através dos olhos de quem os vê, pois  as conchas eram objectos com valor científico para Conseil ao mesmo tempo que serviriam como aperitivo para Ned Land.

E agora, vamos ao Benfica.

Estou solidário com os adeptos benfiquistas, com Jesus e com os jogadores. É incrivelmente frustrante vermos a nossa equipa a jogar melhor, a produzir mais e a sermos incapazes de acertar nas redes por dentro da baliza por qualquer delírio dos Deuses que se lembraram naquele dia, naquela hora, naquele remate, de defecar nas caras dos rapazes de vermelho. É injusto e qualquer portista que esteja agora a gozar com isso sabe que um dia, não muito longínquo, pode apanhar com a mesma sina. Os mais novos de todos não se lembrarão, mas estive no Estádio das Antas no dia 7 de Março de 1993 num mítico FC Porto vs Famalicão, em que ao fim do que pareceram 1500 remates à baliza e uma cabeçada direitinha à baliza do famalicense Vieira, saí da bancada a pensar “podíamos estar aqui mais três horas a rematar que hoje não entrava nada”. Ninguém melhor que Carlos Manuel, comentador ontem do jogo de Telavive na SportTV (que por estar a jantar não ouvi patavina do que disse), se deverá lembrar desse Portugal vs Alemanha de 1985, em que o próprio marcou um golaço num jogo em que os alemães decerto se recordarão que se o jogo durasse até hoje, a bola ainda não tinha entrado na nossa baliza.

Há dias assim, todos sabemos. Mas…

  • Se a Direcção, a equipa, o treinador e os sócios não tivessem cavalgado a onda pseudo-vitoriosa que a imprensa lhes gerou, com promessas de vitória na Champions com uma equipa de pés de barro, em reestruturação e a precisar de alguma atenção e cuidado…
  • Se não assumissem como facto (ligação ao primeiro parágrafo, rebuscada mas correcta) que o Benfica é melhor e que afinal os outros não tem o nosso passado e mais um remate e a bola entra…
  • Se tivessem assentado ideias e acalmado os sócios sem prometer este mundo e o próximo com declarações como “o Barcelona e o Benfica são os maiores da Europa”…
  • Se tivesse havido uma mentalidade não de vencedor antecipado mas de vencedor em campo…se não jogassem com os mitos e a história e os louros de uma excelente vitória no ano passado…
  • Se os seus treinadores tivessem aprendido com o que se passou ano passado em Anfield…talvez se tivessem qualificado com maior ou menor dificuldade para a próxima ronda, até porque têm equipa para isso.

Assim…capitularam perante adversários que foram inteligentes e eficazes. O Benfica não saiu da Champions’ ontem à noite. O Benfica começou a sair da Champions’ mal lá entrou.

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