Baías e Baronis – FC Porto vs Portimonense

Ninguém no seu perfeito juízo podia esperar que tanto resultado como exibição poderiam igualar o que se fez na semana passada. É natural um pequeno travão, a mentalidade é sempre a mesma e não se pode censurar o que acontece com toda a gente depois da épica vitória contra o Benfica. O jogo não foi fácil mas acabamos por ter alguma sorte num período do jogo em que o ritmo baixou em demasia, com o FC Porto a não conseguir impôr o melhor futebol que tem. Foi duro e o Portimonense tentou lixar-nos a vida, mas a vitória assenta bem. Sigam as notas:

(+) Walter Um excelente golo e vários remates perigosos, mas acima de tudo foi um jogo de luta constante, de bom controlo dos defesas contrários e de pressão sobre a zona mais recuada dos algarvios. Correu bastante e mostrou que pode ser alternativa a Falcao. Falta-lhe o sentido de ponta-de-lança do colombiano mas tem outros atributos que podem fazer dele um jogador importante para o resto do campeonato.

(+) Otamendi Foi o primeiro jogo em que gostei de ver o argentino a jogar com a nossa camisola. Rápido nas dobras, rijo nas intercepções, foi o melhor elemento da linha defensiva e talvez de toda a equipa. Gostei particularmente de o ver a sair com a bola, bem controlada e sem exageros, recuando rapidamente quando era necessário. Maicon tem estado muito bem mas Otamendi não desiste de mostrar serviço quando é chamado, como era de esperar.

(+) Guarín Mais um jogo sóbrio do colombiano. Não sou fã dele, como sabem, muito menos quando joga na posição 6, mas à imagem do que fez contra o Benfica esteve muito bem na rotação da bola, bem acima dos seus colegas de sector. O que é dizer muito.

(+) Portimonense Gostei dos rapazes de amarelo que vieram do sul do país. Não são nenhuns Messis e Iniestas, mas têm um meio-campo muito rijo e positivamente agressivo, saem rápidos para o contra-ataque e o sentido prático à entrada da área podia-nos ter complicado a história. Do que já tenho visto este ano, mereciam estar alguns lugares acima na tabela.

(+) 40418 Enfrentar uma noite fria de Domingo, com chuva e granizo, não é para qualquer um. Foram mais de quarenta mil nestas condições, mais ou menos agasalhados mas com alegria e boa disposição quanto baste para ver mais uma vitória do FC Porto. A promoção dos bilhetes a 1 euro resultou numa casa muito boa quando as perspectivas não seriam as melhores. Excelente.

(-) Ruben Micael e Belluschi Já não é a primeira vez que jogam juntos mas hoje foi muito fraquinho. Tanto um como outro fizeram jogos muito abaixo do que podem e devem fazer. Muitos passes falhados e acima de tudo não conseguiram pautar o jogo, obrigando ao tradicional recurso de enviar as bolas para os extremos, o (hoje) insipiente Hulk e o (sempre) inócuo Cebola. Raramente resultaram lances de perigo dessa opção e não fosse o toque inspirado de Walter e o penalty cavado por Rodríguez e teríamos sofrido muito para vencer o jogo. Notou-se igualmente que Belluschi é um jogador diferente quando não tem Moutinho ao lado…diferente para pior, entenda-se.

(-) Cristian Rodriguez Apesar do penalty que sacou (pareceu-me muito forçado), a sua produtividade é quase nula. Continua a enfiar os olhos na relva e a progredir em fintas curtas longe do defesa, não irrompendo para o centro do terreno e preferindo arrastar-se até à linha para ganhar um canto ou um lançamento. Neste momento não tem qualquer hipótese de desafiar Varela na titularidade e se dependesse de mim nem no banco o colocava.

(-) Incapacidade física do meio-campo Mais uma vez, quando somos colocados perante um meio-campo adversário que privilegia o físico em detrimento da técnica, a vida complica-se. É natural que aconteçam brechas em termos de jogadas aéreas ou até na ruptura de bolas pelo centro e é algo com o qual vamos ter de viver e aprender a contornar. Quando se retira desse meio-campo o elemento mais inteligente, que consegue rodar a bola como poucos e sabe quando parar e quando fazer avançar a equipa como Moutinho…o meio-campo desmorona-se, como se viu hoje.

(-) Ritmo da 2ª parte Foi um filme que já vimos dezenas de vezes, quando damos a uma equipa mais fraca a hipótese de jogar de igual para igual contra nós no nosso terreno, simplesmente porque o ritmo que é imposto ao jogo…deixa de existir. A iniciativa de subir no terreno é posta de lado pela posse de bola simples, que acaba por ser um retardador a jogadas de construção ofensiva. É um risco, com apenas um golo de vantagem, apostar na não-falha da defesa e na segurança do guarda-redes. Já nos custou caro no passado e pode voltar a acontecer.

Mais um jogo, mais uma vitória. Ao fim de 11 jornadas vamos com 10 vitórias e uma média de quase 3 golos por jogo. Tem sido um percurso quase sem manchas e é preciso continuar este ritmo em Moreira de Cónegos e depois em Alvalade. Se vencermos o jogo no maior WC do país (da parte de fora, claro) podemos finalmente começar a pensar que o campeonato está a ficar mais perto. Vamos lá, equipa!

13 comentários

  1. Demasiada descompressão.

    É natural e compreensível que depois de uma vitória tão retumbante e tão categórica como a de domingo passado, haja tendência para descomprimir, baixar o tom, pensar que o mais difícil já foi conseguido e não é necessário manter a mesma atitude, o mesmo espírito e a mesma concentração como contra o Benfica. Compreendo isso muito bem e ia mentalizado que esta noite não seria de Ópera, mas também não ia à espera de tanto cinzentismo, de uma música tão desafinada. Quando num domingo à noite, contra um adversário pouco apelativo, com todo o respeito pelo Portimonense e com um tempo chuvoso e frio, se tem 40.418 espectadores no Estádio, não se deve baixar tanto o nível exibicional, passar de 80 para 8. Com isso "mata-se" o entusiasmo, desmobiliza-se os adeptos, perde-se o estado de graça. As alterações, que foram várias, servem como atenuantes, mas não explicam tudo. O problema que afectou esta noite a equipa do F.C.Porto foi um mal que, pensava eu, estava definitivamente ultrapassado e dera lugar à imagem de marca do Dragão de Villas-Boas: um colectivo forte que potencia as individualidades. Hoje as individualidades quiseram fazer tudo sozinhas, marcar golos de qualquer maneira, até do meio-campo e assim, nem brilhou o colectivo nem brilharam as individualidades. Ganhamos, mantivemos a distância e isso é fundamental, é o que importa, dirão alguns. Pois, mas para mim isso não chega, é possível juntar o útil ao agradável e hoje foi como um regresso ao passado recente. No passado noites como esta eram a regra, espero que com Villas-Boas, sejam a excepção.

    Um abraço

  2. Bom dia,

    Ontem tivemos uma exibição menos conseguida.

    O nosso meio campo, com Ruben e Belluschi não funciona. São dois atletas que não se complementam e que por vezes parecem algo confusos na ocupação dos espaços.

    Varela teve problemas musculares, e não estava ao seu melhor nível, acabando por ser substituído.

    Hulk ontem esteve algo apagado, pois também não teve um meio campo que o servisse, para criar desequilíbrios vindo de trás.

    Alvaro e Fucile tentaram lançar o ataque, mas principalmente Alvaro longe do fulgor dos últimos jogos.

    Villas-Boas numa altura que o Portimonense estava a ganhar o meio-campo, soube ler bem o jogo e colocou e campo os aguerridos Castro e Ukra e reequilibraram o jogo.

    Nota negativa para o jogador Jumisse que teve duas entradas muito perigosas, e que deveria ter sido expulso.

    Estiveram melhor neste jogo Helton, Otamendi, Guarin e Walter.

    Walter acabou por também sair desgastado fisicamente.

    Nota positiva para o público que numa noite fria, acorreu ao Dragão em grande número … mas nota negativa para os assobios, que intranquilizam a equipa, há que ter calma, pois nem sempre vamos realizar jogos brilhantes como aquele contra o Benfica.

    Abraço

    Paulo

    http://pronunciadodragao.blogspot.com/

  3. Foi realmente uma exibição muito apagada, aquela que os atletas portistas ofereceram à boa assistência presente (mais de 40.000 é obra!), para assistir a um jogo contra um dos últimos classificados.

    Villas-Boas, apesar das suas claras mensagens para o grupo de trabalho, não conseguiu evitar um relativo relaxamento, que a vantagem pontual, sempre provoca no espírito da equipa.

    Ainda que as ausências de peso fossem consideráveis, a categoria dos jogadores utilizados exigia outra performance.

    Destaques positivos:

    O belo golo de Walter;
    A manutenção dos dez pontos de vantagem;
    O 11º golo de Hulk em 11 jogos do campeonato;
    A décima vitória em 11 jornadas;
    O 28º jogo consecutivo sem experimentar o amargo sabor da derrota.

    Viva o FC Porto!

    Um abraço

  4. Ontem foi daquelas noites onde já estava a espera de um jogo mais fraquito, motivado por ausências importantes e pelo normal refrear após um resultado tão importante na semana anterior. Quem esperasse o contrário não seria certamente conhecedor de futebol ou realista.

    No entanto, foi ainda pior do que esperava. Um Porto desconcertado (por vezes desconcertante) que chegou a ver a bola a roçar o ferro da sua baliza e sem criar grandes oportunidades. Hulk fez provavelmente o seu jogo menos conseguido desta liga até agora. O meio campo não ajudou, claramente em deficit de Mourinho.

    No final importam os três pontos e manter a distância para o segundo lugar. No entanto tive vislumbres de um passado Jesualdiano ontem e isso já não me acontecia há muito com o mister André…

  5. Muito sinceramente, não gostei do que vi, parece que voltamos ao inicio e/ou ao antigamente.
    Sei que as vezes é preciso jogar mal, jogar feio, que as vezes as coisas não saem bem, mas NUNCA depois de um jogo igual ao da semana passada, foi o jogo dos "cincazero" malta, algo esteve mal hoje, faltou alguma coisa, espero que não tenha sido motivação…
    Não consegui achar um jogador que se distinguisse dos outros.
    Não gostei e pronto.
    Valeu pelos 3 pontos e pelo manter da distancia…
    Força rapazes

    Artur Guedes in
    http://oimensovoododragao.blogspot.com/ e http://mundoazulebranco.blog.pt/

  6. Jogo de ressaca,pronto…

    Não podemos jogar sempre como jogamos no último fim-de-semana(e não só).Há jogos em que,enfim,as coisas não saem tão bem.
    Se chegarmos ao final do campeonato a festejar,vamos lembrar-nos todos dos cinco a zero e nem se quer pensar neste,no entanto,valeram os dois o mesmo: 3 pontos.

    Se falta Fernando,há Guarín.Se falta Falcao,há Walter,se falha Varela,há Rodriguez,se falta Moutinho,há Ruben,ceeertooo…o problema é quando faltam todos ao mesmo tempo –' por muito boas que sejam as opções,por muito que os substitutos tenham que estar sempre à altura,não é mesma coisa nem pode ser,precisamente porque esta equipa vale muito pelo seu colectivo…

    Bem,vou-me embora que agora quem vai para uma noite de "5-0" vou ser eu ;)

    boa semana para todos.

  7. Olá Jorge!

    Definitivamente as minhas últimas deslocações ao Dragão para ver jogos não têm trazido consigo grandes exibições…Primeiro foi o Besiktas…Agora o Portimonense…Como algúem comentou anteriormente, o jogo deu para ter um indesejado dejá-vu jesualdiano :-S

    Acho difícil encontrar Baías para este jogo, e talvez por isso discordo quando premeias o guarin com essa distinção…Não dá pra trocar pelo Fucile ? Mesmo não fazendo uma exibição de encher o olho, para mim encheu-me bem mais as medidas que o colombiano…

    De resto concordo em tudo em especial no Baía ao Otamendi e aos adeptos. Fui um dos que aproveitou a simpatia de um sócio amigo que me arranjou um bilhete de um euro :-p Da minha parte fica uma palavra de simpatia para os adeptos (acho que não chegavam a 20) que vieram de Portimão…

    Também gostava de ter visto o Ukra mais tempo em campo, em vez de ter sido o Rodriguez a entrar 1º…e o que se passa com o james ? Se não joga contra o Portimonense em casa, será aposta válida para algum jogo do campeonato ?

    Abraço

    http://saboraporto.blogspot.com

  8. @Portuense: sou insuspeito em termos de elogios ao Guarin, mas neste jogo acho que cumpriu o papel dele e teve dois "monos" à frente dele que não fizeram o mesmo. já o Fucile não esteve mal mas foi vezes demais inconsequente naquilo que melhor faz, a subir no terreno.

    @Hintze: é…este jogo não foi fácil :)

  9. Boas!

    Também fui um dos presentes, e pelos lados onde eu estava, comentava-se que "eh, pá! os gajos que vieram cá semana passada eram mais fraquinhos…"

    Foi, de facto, um jogo fraquinho, pareceu-me que a equipa depois do banho que apanhou em Coimbra, e do banho de bola que deu semana passada, ficou algo expectante que tipo de banho é que haveria esta semanas. Pois foi do bom e do belo, que aquando da 1ª substituição do Portimonense parecia-me ouvir uma grande ovação, mas não, que era o granizo a carregar na cobertura do estádio, pura ilusão sonora!

    Quanto aos B&B's, my friend… tenho 2 reparos a fazer:
    . Walter, parece-me bem, excepto na parte dos vários remates… e pronto, ficava-me por aí, omitindo os "perigosos". Para quem vem rotulado de "Bigorna", acho que se espera uns tiraços menos "à passe ao GR"s. Quanto ao golo, realmente muito bom, e pareceu-me ser a unica jogada de inspiração em todo o jogo do Ruben, pf confirmas.
    . Otamendi: Sim, deu boas indicações e a principal é que de facto parece ser um jogador a saber sair a jogar com clarividência. Mas… na 1ª parte teve um lance de contra-ataque dos Allgarvios em que demorou uns 5,7 segundos a decidir se abandonava a marcação ou deixava o adversário chutar, essa jogada podia ter comprometido uma boa exibição.

  10. @José: é dar-lhes tempo, os rapazes ainda precisam de aprender a jogar aqui no burgo. o Walter ainda teve um ou dois remates mas admito que o perigo tenha sido mais metafórico que outra coisa…:)

  11. Mais uma vez, não vi o jogo e venho "vê-lo" aqui, Jorge. Muito bem! O tom que percorre as tuas análises combina objectividade, humor, simpatia, moderação, num bom português, tudo de acordo com a grande família portista onde nos aconchegamos – e isso faz-me imenso bem.

    Importa agora pensar no próximo e vencê-lo.

    Aquele Abraço.

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