Baías e Baronis – FC Porto vs Naval

Um jogo fácil contra uma equipa fácil, marcando golos fáceis e tendo falhanços que deviam ter sido golos fáceis, acabando por facilitar e permitir um golo a uma Naval que não tinha feito quase nada por isso. O momento parece simpático e a forma como o trio de ataque regressou em força acabou por demolir qualquer hipótese que o adversário podia pensar ter de sacar um pontinho do Dragão. Particularizando, com Falcao no ataque, a conversa é outra. Vamos a notas:

(+) Falcao  Com este menino…as coisas piam fininho. Mais um golo apontado mas acima de tudo nota-se a sua presença no estilo de jogo e no aumento probabilidade de não perdermos a bola quando os médios ou os centrais enviam a bola para o centro do terreno, aproveitando o jogo de pivot do ponta-de-lança quando descai para apoiar o fluxo de organização do ataque. É totalmente diferente ver Falcao no meio, solto, inteligente, a aparecer no espaço e a mostrar o porquê de ser um dos principais jogadores do FC Porto 2010/2011.

(+) Hulk  Não há volta a dar, o rapaz está a marcar que se farta e mantém a média de um golo por jogo na Liga. Hoje foram mais dois e mais uma boa exibição apesar da sensação permanente que Hulk está em gestão de esforço. Um toque nos primeiros minutos do jogo levou a que o brasileiro andasse mais escondido na primeira parte mas a facilidade com que, de um momento para o outro, apareça um míssil de longe ou um rasgão pelo flanco deve ser tramado para qualquer defesa.

(+) Varela  Não foi o melhor jogo do nosso 17 e confirmou as minhas expectativas: ainda não aguenta 90 minutos. Está um pouco lento a executar e ainda não dá para aqueles sprints loucos pela linha. A diferença de escolher Varela em detrimendo do jovem Rámés está no calo. Varela é mais experiente, mais esperto, mais ciente de quando fazer o que quer fazer e quando guardar a bola para não a perder. O primeiro golo é um exemplo perfeito da frase anterior, em que apareceu imediatamente para recolher a bola de Fucile e assistir Falcao em frente à baliza. Varela é um dos elementos fulcrais do FC Porto e espero que melhore o nível físico rapidamente para voltarmos a ter os três da frente em grande forma.

(+) Otamendi  Aposto que o jovem Nico, enquanto puto a crescer nos bairros de Buenos Aires, deve ter brincado na lama toda a sua infância. O gajo adora, mas ADORA andar no chão e parece disfrutar tanto da experiência que passa a vida a deslizar pelo relvado. Estilos, dirão, já que Rolando, ao contrário, é habitualmente mais hirto que uma barra de ferro, quase sempre de pé e raramente se rebaixa a sujar o seu imaculado calção azul. Essa diferença de estilo não quer dizer que sejam maus defesas, só que são diferentes. Nico Otamendi, no chão, corta quase todas as bolas que se lhe aparecem pela frente (e pelos lados), com um timing excelente e uma capacidade prática bem acima da média. Gosto deste rapaz.

(-) Fucile  Voltou o Fucile perdulário, distraído e a facilitar. O penalty é absurdo per se mas era expectável pelo mau posicionamento constante do uruguaio que ia permanentemente até à zona central e deixava o extremo sozinho com metros de espaço para correr. Villas-Boas tem de lhe martelar na cabecinha que tem de estar concentrado de início a fim do jogo e não chega brincar um bocadinho ao jogador para depois deixar os pobres adversários fazerem dele o que querem. Talvez por não conseguir ganhar o lugar a Sapunaru como defesa-direito e achar fácil demais ser escolhido para o outro flanco pela inépcia e nervosismo de Emídio Rafael, Fucile está complacente.

(-) Ineficácia  Houve muito desperdício, especialmente no início da segunda parte e depois do terceiro golo, que levaram a que um jogo que poderia ter dado goleada das antigas se tornasse num evento mais calmo, pacífico (até demais, em alguns momentos) e tranquilo. Muitos remates ao lado e hesitações a mais na altura de rematar à baliza não ajudaram a construir um resultado mais volumoso que os adeptos gostariam mais de ter visto.

(-) Foras-de-jogo a mais  Foram oito os foras-de-jogo assinalados a jogadores do FC Porto, um número que me pareceu excessivo. Admito que ainda não confirmei em relação a outros jogos mas neste ficou-me na retina a sequência de desmarcações falhadas e de maus posicionamentos em linha com os defesas da Naval, que jogando um pouco mais subidos acabaram por condicionar as jogadas de ruptura do nosso meio-campo. É preciso rever a movimentação do ataque para evitar estes números.

Nada de especial se passou hoje à noite no Dragão. Foi mais um bom jogo de uma boa equipa que está a fazer um bom campeonato. A Naval, pobre em talento mas rica em esforço, não conseguiu afectar uma equipa que parece voltar a estar confiante apesar de me parecer faltar algum killer-instinct em frente à baliza. O FC Porto é uma equipa que joga prático e joga simples, usa os jogadores que tem nas suas melhores posições possíveis e as adaptações que o onze base tem recebido acabam por beneficiar a equipa a médio prazo, como se viu em Guarín e em Otamendi, elementos que actualmente são titulares por mérito próprio. Mais um jogo, mais uma vitória, mais dois golos de Hulk. Já deixou de ser notícia há algum tempo.

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