Pimenta em esfíncter alheio

Um comunicado foi lançado pelo Benfica no seu site oficial. Mereceu da minha parte imediatamente a mesma atenção que um celíaco dá a uma bela francesinha, mas hoje li novamente o que lá tinha sido rabiscado, e ri-me. Saltam à vista, por entre a fel e o lixo em fonte bem composta, as seguintes frases:

Em jornalismo não há coincidências.

Efectivamente, o pior cego é sempre aquele que não quer ver.

Lindo. Vindo do gabinete mais orientado para a contra-informação que um ministério líbio, este comunicado acaba por ser uma enorme pazada de areia arremessada aos cornos de todos os portugueses que estarão a hibernar há alguns anos ou que simplesmente não ligam a futebol. Porque o resto da malta, os que vão lendo jornais e vendo televisão (e que não são totalmente mentecaptos, claro está), já se aperceberam da permanente selectividade de tom, estilo e substância que pauta os artigos que são diariamente vomitados por fulanos como José Manuel Delgado, João Querido Manha, Carlos Pereira Santos, Vitor Serpa ou David Borges, só para citar alguns muitos pseudo-ícones do jornalismo lusitano. Como é lógico deixo de fora os cronistas, porque os há e se contam pelas rugas do Pinhão e que defendem o seu clube de uma forma mais ou menos decente, mais ou menos pungente, mais ou menos correcta. São pagos para isso.

Agora jornalistas? Daqueles jornalistas mesmo? Com carteira profissional? Com o mesmo estatuto do homem que citam no pomposo texto? Esses, aqueles que tratam a deontologia como um filiado no PNR trata um angolano, esses rapazes que defendem o valor de choque das suas palavras que podem ou não ser verdadeiras, esses homens que brincam ao escritor e que defendem a decência e a honestidade mas só se aparecerem nas suas cores, esses infames que se escondem por detrás de uma caneta para cuspirem ódio e desestabilizar equipas, homens e instituições, esses…o Benfica não viu.

A definição do pior dos cegos está incorrecta. Pior que todos os outros é o cego selectivo que opta por só ver o que quer. E mente.

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O regresso de Rámes

© desporto.sapo.pt

Ontem, talvez por apenas ter visto o jogo enquanto jantava com amigos, não me apercebi da influência que James teve no fluxo de jogo na segunda parte. Hoje revi os 45 minutos em que o rapaz entrou e realmente percebi que valeu a pena. Foi rápido, eficiente, com bons passes (incluindo a assistência para o primeiro golo de Falcao) e uma liberdade bastante mais evidente quando se encontrava na zona central do que tínhamos visto na ala.

Parece-me que o rapaz gosta mais de jogar ao meio (como fazia na Argentina) e mostrou mais num jogo do que tinha feito em vários jogos em que jogou colado ao flanco. Pode ser uma excelente alternativa para um modelo que fortaleça mais o centro do terreno com dois avançados móveis em vez de um central e dois abertos nas alas. Com a baixa de forma de Varela, podemos ter aqui uma forma de Villas-Boas contornar o problema.

Bem-vindo de volta, James. E desculpa a falha, se voltares a fazer o mesmo não me vou esquecer de ti.

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Baías e Baronis – Olhanense vs FC Porto

foto retirada do Record

Vi o jogo sem ouvir os comentários, por isso não me apercebi se a dupla Valdemanha fez o tradicional trabalho de denegrir aquilo que foi uma vitória justíssima num jogo disputado a um nível muito alto. Se a primeira parte terminou a zero, por culpa da organização defensiva do Olhanense e de alguma lentidão na execução principalmente perto da área contrária, a segunda parte mostrou um FC Porto com um futebol implacável, a responder à letra à agressividade positiva de uma equipa do Olhanense que mostrou o porquê do bom campeonato que tem vindo a fazer. Fomos rijos, fomos trabalhadores e merecemos o resultado de uma forma brilhante. Vamos a notas.

(+) Belluschi O golo que marcou fez-me imediatamente lembrar o que tinha marcado aqui há uma dezena de meses contra o Benfica. Domínio de peito e remate por cima do guarda-redes, com força e colocação perfeitas. É capaz do melhor e do menos melhor, mas este ano tem mostrado o valor que lhe apontaram quando cá chegou e que raramente tinha exibido em campo. Luta imenso, trabalha como poucos e é capaz de andar a correr durante todo o tempo que está em campo. Adorei.

(+) Fernando Se Belluschi está a ser o expoente do jogo imprevisível e criativo, Fernando voltou à forma que o notabilizou. Recebe, domina e roda a bola quando a equipa está no ataque; recupera, domina e roda a bola quando a equipa defende. Esteve perto da perfeição hoje à noite no Algarve e ocupa o lugar sem qualquer contestação.

(+) Hulk Não marcou mas trabalhou muito para o ataque da equipa, levou tanta porrada como um puto de óculos numa escola de bairrantes e tentou sempre marcar mas só acabou por assistir Falcao para o segundo golo do clombiano. Rematou mais de dez vezes à baliza e tem de continuar a fazê-lo mas precisa também de melhorar a pontaria que está desafinada como se tem notado nos últimos jogos. O amarelo que levou é justo e impede-o de jogar em casa contra o Guimarães. Espero que a equipa saiba dar a volta ao facto de não o ter em campo.

(+) Falcao Não há dúvidas: com Falcao em campo o FC Porto é melhor. Muito melhor. Inequivocamente melhor. A forma como aparece nos espaços certos nas alturas certas é vital para uma equipa que joga apenas com um avançado no centro do ataque, e por muito que não consiga vencer muitas bolas com a cabeça e continue a parecer-se com Farías na velocidade de execução (é verdade, desculpem, o rapaz é lento), compensa a lentidão com a inteligência e uma finta de corpo que não devia fazer os defesas cair mas o que é certo é que funciona. Dois golos à ponta-de-lança, mais dois do melhor avançado-centro do nosso campeonato.

(+) Intensidade de jogo de ambas as equipas Pensei antes do jogo que este em nada se iria parecer com um jogo europeu como tivemos na passada quarta-feira. Os jogos da nossa liga tendem a ser mais lentos, mais calmos, com menos emoção e um ritmo bastante mais baixo. Nada disso. O Olhanense joga bem, joga rápido e joga prático e Daúto Faquirá, um dos melhores nomes do futebol português desde Marlão Brandão, conseguiu colocar a equipa a pressionar baixo mas intenso, a trocar bem a bola para o contra-ataque e a obrigar o adversário a trocar a bola com velocidade para tentar chegar à baliza. Nós? Respondemos à letra, com um jogo fluido e bem aberto nas alas, com Álvaro e Fucile (na segunda parte) a romperem pelo meio-campo fora em apoio a Hulk e James para aparecerem em posição de cruzamento, Falcao a servir como pivot e Belluschi ao lado de Moutinho a pautar o jogo como sabem. Gostei muito de ver.

(-) Varela Hoje há poucos Baronis, dirão. É verdade, poucos jogaram mal, com uma excepção: o shôr Silvestre. Uma pequena miséria espalhou-se pelo campo com o número 17 nas costas azuis-e-brancas e trouxe infelicidade a quem o viu a “correr”. Tem tido altos e baixos esta segunda parte da temporada de Varela, e este foi talvez o ponto mais rasteiro. Fraco para o 1-contra-1, lento a passar e a mexer no jogo, foi muito bem substituído ao intervalo por um James que mostrou muito mais em 5 minutos que Varela em 45. Tem obrigação de fazer muito mais, porque hoje se tivéssemos entrado em campo com 10 jogadores não se tinha notado a diferença.

 

Foi um excelente jogo que decerto não terá impacto nos artigos dos jornais e muito menos nas capas. Se é também com jogos como os que fizemos contra o Rio Ave ou o Portimonense que se ganham campeonatos, ninguém contestará que estes dão muito mais gozo ver e vencer. Foi um jogo rijo, bom, rápido, agressivo, com duas equipas a jogar para ganhar e uma delas com mais e melhores argumentos. O resultado aceita-se mas talvez o Olhanense merecesse um golinho para irem para casa mais bem dispostos. É que não mereciam apanhar três batatas em casa por tudo o que fizeram em campo.

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Ouve lá ó Mister – Olhanense

André, oitaveiro-finalista!

Homem…na quarta-feira ias-me dando um ataquinho nervoso na bancada.

Depois de deixar o carro abaixo do Salão Bonanza em Fernão de Magalhães (excelente barbearia, à moda antiga, recomendo-te tanto o sr.Fonseca como o sr.Carvalho e até a menina Ana Paula para a bela tosquia, gente muito simpática) porque as pessoas estacionaram todas em 5ª fila perto da Velásquez e na Praça das Flores nem pensar que até os autocarros precisavam de um estupor dum hidráulico para andar em 2 rodas entre os carros mas também depois de uma hora na VCI em pára-arranca sem pensar em andar mais de dois metros sem meter primeira já estava por tudo para deixar a biatura…depois deste desterro ainda fui a sprintar para o Dragão e só perdi uns minutinhos de jogo. Perdi força nas pernas e ainda estou todo paridinho mas isto vai ao sítio, é como o joelho do Falcao, não é verdade? É sim senhor.

Já passaram as emoções europeias e agora de volta para o nosso caseirinho campeonato. As coisas têm corrido bem, pá, não há dúvida, e são para continuar assim! Já viste que só faltam dez joguinhos para acabar esta treta? A taça até é bem bonita que eu ainda esta semana vi uma fotografia, vai ficar bem no nosso museu…quando fôr feito, claro. Mas para isso é preciso continuar a trabalhar e em Olhão não vai ser fácil. O Sporting já lá caiu e apesar de não serem exemplo para ninguém, sempre é preciso ter algumas cautelas. Não te ponhas a brincar com Marianos e afins. Tens a melhor equipa possível do nosso plantel à tua disposição e viu-se logo que com o Álvaro e o Falcao as coisas piam tão fininho como o Ricardo.

E já sabes que nem que ganhemos por 45 a zero, a capa no dia seguinte vai figurar uma entrevista do Sidnei a dizer inteligências tipo “O David era grande mas eu sou mais maior grande”, coisas do género. No worries, os louros colhem-se no fim.

Vamos lá, equipa!

Sou quem sabes,
Jorge

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