Leitura para um sábado chuvoso

Quem não tiver mais nada que fazer num sábado à tarde enquanto a chuva bate delicadamente na janela da sala, entretenha-se com estes links:

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Baías e Baronis – FC Porto 5 vs 1 Villarreal

 

 

foto retirada do MaisFutebol

Pela primeira vez desde há muito tempo, não sei muito bem o que escrever. As palavras que costumam sair fluidas, acertadas ou não, parecem presas num bloqueio emocional que sinto a pesar no meu peito. A memória que tenho desta noite vai ficar marcada na minha história de vida como Portista, naquela que foi (mais) uma noite épica no Estádio do meu clube e que me fez gritar, tremer, vibrar, sorrir, suspirar e aplaudir. Há oito anos, frente à Lázio, as sensações foram semelhantes: um golo sofrido, uma reviravolta de garra, crença e bom futebol, terminando numa goleada. No entanto, a união de um povo, a simbiose que se vive entre adeptos e equipa foi hoje posta à prova por uma primeira-parte que foi bem abaixo do que nos habituamos a ver esta época. Mas os rapazes de azul-e-branco, os colegas que mostravam o mesmo empenho com talentos diferentes mas nem por isso menos aplicados, mudaram o destino do jogo para uma jornada que gravou na minha mente um único nome: Falcao. Notas abaixo:

 

(+) Sacrifício e empenho dos jogadores Perder por um ao intervalo. Uma primeira parte fraca. Com quarenta mil nas bancadas a sofrer por eles. Sem pernas. Sem ideias. Este foi o FC Porto que saiu do balneário para uma segunda parte digna de ser mostrada a todo o mundo como exemplo de moralização. Escolhi a imagem acima por esse mesmo motivo: Falcao acabava de empatar o jogo com um penalty e imediatamente trouxe a bola para o centro. Não houve festejos, não houve alegria, um leve e rápido cumprimento ao conterrâneo que estava a seu lado e siga a rusga que se faz tarde. Os jogadores do FC Porto terminaram o jogo exaustos mas felizes. Porque os tais quarenta mil ficaram, mais ou menos gotas de suor, na mesma. Parabéns, rapazes.

(+) Falcao Quatro golos. Quatro lanças, quatro facas, quatro patadas, quatro tacadas. Quatro vezes me fizeste saltar em euforia nas bancadas hoje no Dragão, distribuindo high-fives pelos meus companheiros. E a cada um desses pulos de puro êxtase futebolístico, só conseguia pensar: que privilégio é ver-te a jogar ao vivo. Assistir às desmarcações, às fintas de corpo, aos remates e aos cabeceamentos que fazes e continuas a fazer. Já levas quinze golos marcados na Europa esta temporada e gostava muito de te ver a fazer qualquer coisa de parecido na próxima com a nossa camisola. Uma vénia para ti. Uma não, perdão: quatro!

(+) Fernando A estabilidade defensiva do nosso meio-campo tem muito a dever a este rapaz. Sóbrio, simples, prático, foi o primeiro tampão às movimentações do Villarreal pelo centro e a seguir a Falcao ganhou o prémio de principal jogador do FC Porto durante todo o jogo.

(+) Guarín Na primeira parte o que vi foi uma regressão do nosso Mr.Fredy à distante temporada de 2008/09. Tosco, trapalhão, a passar mal a bola, a pressionar cedo demais e a deixar espaço infindável nas costas. Yuck. Mas apareceu Dr.Guarín na segunda parte, a levar a bola com inteligência, criando espaços para Hulk e Falcao, forçando Borja e Bruno a sairem da zona de conforto do meio-campo e deslizando para o flanco, embatendo contra a parede colombiana que usa o número seis nas costas. O golo que marcou foi brilhante em termos de técnica e de vontade. Ninguém o podia parar naquele momento, nem os queixos de Diego López, nem o magote de defesas que o rodeavam, nem a relva, nem um relâmpago! Obrigado, Fredy, por marcares o golo que deu a volta ao resultado.

 

(-) Primeira parte Foi mau, admita-se. Entramos com medo, sem conseguir rodar a bola, com poucas ideias, a cair no engodo da troca curta de bola e a enervar-se com demasiada facilidade perante o árbitro e a aparente incapacidade de perceber que a pressão não podia ser feita tão alta e tão atabalhoada. Foi fácil demais para o Villarreal e tivemos sorte por não ter apanhado mais que um golo na padiola.

(-) A dicotomia ataque/defesa de Álvaro É um facto inegável: Álvaro é um dos principais municiadores do ataque e é um elemento fundamental na equipa. Mas hoje houve um elemento estranho que se enfiou no jogo como um gigantesco corta-relva num sistema de rodas dentadas e que deu pelo nome de Nilmar. Como Nilmar não defendia, Álvaro só queria atacar. Óbvio, claro como água nas Seychelles. Mas, e é um grande “mas”, como Álvaro estava sempre na frente…Nilmar só atacava. E fazia-o muito bem, furando entre Otamendi e Álvaro e recebendo vários passes a rasgar tanto de Borja Valero como do brilhante Cazorla (que jogador, amigos!) e aparecendo quase sempre a criar grande perigo. O golo do Villarreal era esperado mas completamente evitável.

(-) Otamendi Falhou demais na primeira parte e deixou-me nervoso com o que parecia uma incapacidade crónica de cortar a bola de uma forma prática. Confiou em excesso na capacidade de controlo da bola e esqueceu-se da principal função de um defesa-central: impedir que os avançados toquem na bola. Além do mais teve um Álvaro que andava como um louco no meio-campo adversário e nunca conseguiu fazer a cobertura a Nilmar da melhor forma. Subiu de produção na segunda parte mas não gostei dos primeiros 45 minutos.

 

 

Ainda dentro do Estádio, nos amplos corredores de acesso às bancadas, começou um cântico espontâneo das pessoas que saíam sorridentes das suas cadeiras, ecoando o que tinham gritado minutos antes: “Venceremos, venceremos…venceremos outra vez…o Porto vai ganhar a Taça…como em 2003!!!”. Não sei se a letra tem algum fundo de verdade profética, mas demos mais um passo nesse sentido. Um passo enorme contra uma grande equipa, que nos vai atirar com tudo que tem na segunda mão. Parou a euforia, descansem os rapazes no Domingo porque o que conta agora é o jogo da próxima quinta-feira. Hermanos, vamos a España!

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Ouve lá ó Mister – Villarreal

André, semi-finalista!

Aposto contigo e com qualquer Portista que no início desta temporada ninguém esperava chegar a este ponto, com o campeonato no bolso, a final da Taça no horizonte e as meias-finais da Europa League à nossa frente. Sou daqueles, como sabes, que nem acreditava nem deixava de acreditar em ti no passado mês de Julho, mas dei-te o benefício da dúvida. E se algumas ainda houvesse, essas dúvidas dissiparam-se no jogo contra o Benfica na Luz. A vitória foi tão bem conseguida, a exibição tão imperiosa e dominadora, que aposto não ter ficado nenhuma dúvida sobre o teu valor.

Mas todas as semanas parece haver um novo desafio, André. Todas as semanas e por vezes mais que uma vez por semana, a equipa está colocada em campo com a obrigação de vencer, com aquele extrazinho de motivação que, desculpa dizê-lo, mas tem de vir da tua parte. Tens de ser TU a conseguir colocar nas cabeças cansadas por cima de corpos exaustos que a próxima vitória é a mais importante. E o jogo de hoje é mais um exemplo disso. Uma meia-final é como uma final, como já se disse no passado, é para ganhar!

Ainda por cima começamos em casa, tal como fizemos contra o Spartak. Correu bem contra a russalhada, mas estes são um bocadinho diferentes. Para melhor, quero dizer. Tenho para mim que é a segunda melhor equipa que defrontamos esta época a seguir ao Benfica. E nem é tanto pelo Rossi ou pelo Nilmar, mas lixa-me mais um meio-campo que é parecido com o nosso, que troca a bola com carinho e inteligência, com aqueles Borjas Valeros e Santis Cazorlas e Canis e mais alguns que jogam com grande jeito para o assunto.

O estádio, se não estiver cheio, vai estar perto disso. Dá-nos mais uma alegria, lembra-te daquela meia-final contra a Lazio aqui há oito anos e faz-nos sentir o mesmo. Hasta la victoria, siempre!!!

Sou quem sabes,
Jorge

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Os putos também festejam!

foto gamada ao blog Dragões Azuis

Tiago Maia; David, Ricardo, Hugo Sousa e Tiago Ferreira; Paulo Jorge, Fábio Nunes (Flávio, 76m) e Bacar (Amorim, 53m); Pipo (Rafael, 76m), Edu e Christian.

Esta foi a equipa dos nossos sub-19 que se sagrou campeã nacional no seu escalão depois de hoje vencer a Naval por 3-0, com dois golos de Pipo e um de Edu. É evidente que não estão aqui listados todos os restantes jogadores do plantel, que estão também de parabéns.

É isso, miúdos! Que venham muitos mais sucessos a seguir a este!

PS: alguém que habitualmente veja os jogos deles sabe se há talento suficiente para entrarem para o plantel no próximo ano? Pipo e Tiago Ferreira têm dado nas vistas e o Maia já é um tradicional convocado para os treinos dos seniores, mas tirando estes e o Fábio Nunes que veio do Portimonense por empréstimo, admito que não conheço muito bem o resto da malta. Pode ser que a parceria com o Porto Canal me permita ver estes ou outros putos a jogar mais vezes no próximo ano…

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Porta19 entrevista Jorge Llorens (www.submarinoamarillo.net)

Em mais uma edição da rubrica que já passou por vários bloggers nacionais e estrangeiros, com as meias-finais da Europa League aqui à porta quis saber como é que o nosso próximo adversário vê o confronto ibérico a duas mãos que vai arrancar amanhã à noite no Dragão. Jorge Llorens, meu homónimo a tempo inteiro e autor e adminsitrador de um dos sites mais visitados do nosso rival (Submarino Amarillo) nas horas vagas, aceitou responder a algumas perguntas sobre o jogo e mostrou que o desportivismo é sempre bem-vindo e saudável, mesmo em situações onde a pressão é imensa.

 

Porta19: O FC Porto está habituado a jogar contra equipas espanholas mas esta é a primeira vez que jogamos contra a vossa equipa. Acreditas que o Submarino Amarelo é mais forte quando comparado com as outras equipas espanholas que enfrentamos nos últimos dois anos (Atlético Madrid e Sevilla)?

Jorge Llorens (Submarino Amarillo): O Villarreal tem um grupo de 12/13 jogadores de grande qualidade, são estes que têm vindo a marcar a diferença. As equipas de que falas talvez tenham plantéis mais equilibrados mas não possuem um onze titular tão competitivo como o nosso pode ser. O problema que temos tido este ano são as baixas por lesão, em algumas situações tem sido difícil encontrar alternativas que não façam baixas o nível do onze base.

Porta19: O Villarreal classifica-se para jogar na Europa desde 2004. Este ano chegou às meias-finais, terá chegado o momento de vencer um título europeu?

Jorge Llorens (Submarino Amarillo): É o momento certo, o futebol deve fazer justiça à gestão e trabalho do Villarreal. Nas duas meias-finais anteriores a equipa esteve no limite, sobretudo na meia-final da Champions contra o Arsenal em que merecíamos um resultado melhor, inclusivamente falhámos um penalty em tempo de descontos.

Porta19: Que pode o FC Porto esperar do jogo no El Madrigal? Como vai ser o ambiente dentro e fora do estádio?

Jorge Llorens (Submarino Amarillo): Se no jogo da segunda-mão tivermos as opções todas em aberto, o ambiente vai ser inigualável. Nas eliminatórias contra o Nápoles, Bayer Leverkusen e Twente já tivemos uma atmosfera impressionante, mas os sonhos que foram criados para este meia-final vão fazer com que o ambiente seja incrível tanto dentro como fora do estádio.

 

 

Porta19: Quem são as personagens principais da equipa do Villarreal esta época?

Jorge Llorens (Submarino Amarillo): Borja Valero foi sem dúvida a melhor aquisição da temporada e está a ter um grande rendimento. Rossi finalmente encontrou-se e já acumulou 31 golos em todas as competições, mas não podemos esquecer-nos de Nilmar que apesar da operação a que foi sujeito já voltou a brilhar. A somar a esses, o “Submarino” conta com muitos jogadores internacionais pelos seus países, alguns dos quais campeões do Mundo.

Porta19: Conhece os jogadores do FC Porto? Quem é que te encanta e quem é que te assusta?

Jorge Llorens (Submarino Amarillo): O Hulk é um jogador que respeito, é uma “besta”. Encanta-me o Falcao. O FC Porto em geral é uma equipa que respeito muito, os seus números deixam uma pessoa de pé atrás. O Villarreal não teve sorte com este sorteio, é uma pena que esta não seja a final.

Porta19: Porque tens um site de apoio ao Villarreal? Por amor ao clube, pelo gosto da intervenção na web ou simplesmente como uma forma de organizar o clube de fãs?

Jorge Llorens (Submarino Amarillo): Sem dúvida por amor ao clube, o objectivo do site não era outro senão o de mostrar momentos relevantes da história do Villarreal, oferecendo algo que até então não existia na internet. O que me moveu a implementar o SubmarinoAmarillo.net foi a paixão pelas nossas cores amarelas, tenho muito material histórico em forma de fotos, videos, revistas, tudo do Villarreal, e criei o site em parte para publicar todo esse arquivo e colocá-lo facilmente ao alcance de um adepto. Com o passar do tempo, o site converteu-se num local de referência para os fãs na internet mas não era esse o objectivo original.

Porta19: Bacalhau ou tapas?

Jorge Llorens (Submarino Amarillo): Tapas e cerveja.

Um abraço, amigos de Portugal ;-)


 

Continuo a gostar de fazer estas entrevistas. Não sei se é o jornalista dentro de mim (na zona do intestino grosso, aposto) que grita com as forças que tem para que eu estimule a veia de contacto pessoal e de partilha de ideias e informações neste maravilhoso mundo do futebol, mas o que é certo é que a malta vai participando e o resultado é positivo.

Obrigado ao Jorge Llorens, que para além de um primeiro nome impecável, está de parabéns pelo site, pela devoção e pelo empenho em fazer do Villarreal cada vez maior e melhor.

Hombre, muchas gracias!

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