Baías e Baronis – Guimarães 2 vs 6 FC Porto

 

foto retirada de MaisFutebol

 

Tinha planeado ir ao Jamor para ver o jogo mas à última hora não me foi possível deslocar lá abaixo. Foi pena, porque a forma como o FC Porto estatelou o Guimarães foi excitante, imperiosa e acima de tudo sem contestação. É verdade que aquele penalty, a entrar, poderia mudar um pouco o rumo do jogo, mas senti que a equipa estava solidária e pronta a lutar para manter ou ampliar uma vantagem que nos mereceu desde o início. Acabamos a temporada em grande e ficam as quatro taças conquistadas como marco indelével de uma época que fica nas nossas mentes e corações por muitos anos, em que pontificam vários nomes, um por taça: Varela na Supertaça, Hulk no Campeonato, Falcao na Europa League…e James na Taça de Portugal. Agora, meus amigos, só em Julho!

 

(+) James Quem viu este puto no início da temporada, franzino, leve demais, a cair ao primeiro contacto, com medo da bola, da relva e dos adversários…e o vê agora, dificilmente pensa que é o mesmo. O talento de James viu-se hoje em Oeiras e não apenas pelos três golos que marcou, principalmente porque o primeiro e o terceiro foram jogadas de pleno oportunismo que tendo o seu mérito acabam por não espelhar o que fez em campo. Saliento o cruzamento para o golo de Varela e o segundo golo, em que teve a presença de espírito para dominar a bola na perfeição, deixar passar Nilson e empurrar a bola para a baliza que não lhe apareceu deserta mas que James soube desertar. Foi lindo de ver e afirmou James como um dos melhores suplentes da Liga em 2010/2011. Será titular no próximo ano? Se mantiver o nível, é bem possível.

(+) Hulk Caiu um bom pedaço na segunda parte porque está a jogar com cansaço evidente, mas hoje notei que não se fez notar a diferença de jogar ao meio ou na ala porque raramente esteve no centro do ataque. Descaiu quase sempre para a ala e conseguiu por várias vezes desfazer os rins a Anderson Santana ou a Alex. O mais curioso no jogo de Hulk é também o seu handicap, se bem que é complicado aplicar este conceito ao estilo dele. Explico. Quando a malta critica Hulk pelas bolas que perde nos lances em que enfrenta meia-equipa adversária e tenta furar, é preciso perceber que quando Hulk está nestas situações raramente tem apoio dos colegas. Está uns bons 20 metros à frente de todos e nessa situação, o que esperam que o rapaz faça? Ou tenta romper por entre os defesas usando o corpo e a velocidade e rematar quando puder…ou espera pelos colegas e arrisca-se a que a defesa se reposicione e se perca uma potencial oportunidade de golo. É um problema que ninguém poderá resolver a não ser ele.

(+) Beto Ia criticar o moço pelo segundo golo do Guimarães porque a bola lhe passou muito perto e podia ter feito mais, apesar da velocidade da bola e da boa técnica de cabeceamento de Edgar. Mas está perdoadíssimo pela defesa ao penalty do mesmo Edgar e somou mais algumas boas defesas na segunda parte, uma das quais em um-para-um com…Edgar, e foi mais uma vez importante a manter a baliza sem bolas a roçar pelo lado de dentro em jogo corrido. Nunca será titular enquanto Helton estiver ao nível que tem exibido, mas é um suplente de grande qualidade.

(+) A primeira parte das duas equipas Sete golos em 45 minutos é obra. Mais que o número de golos, a intensidade com que o jogo foi jogado, sempre leal e com uma agressividade positiva a fazer corar tanta equipa por aí fora, com incerteza no resultado, respostas rápidas de parte a parte, bons remates, excelentes desmarcações e um jogo de futebol que foi totalmente antagónico em relação ao de Dublin. O Guimarães nunca desistiu e aproveitou o flanco esquerdo da nossa defesa com um empenho notável, marcou dois golos e conseguiu enervar o FC Porto ao ponto de fazer Fernando falhar muito mais do que é normal, abafando as costas do nosso meio-campo com a velocidade de Faouzi e Targino pelas alas. Nós, reagindo, fazíamos bolas rolar para Varela e Hulk, com Belluschi, Moutinho e James sempre a controlar o tempo de jogo e a furar quando possível pela barreira de João Paulo (mais atrás) e Renan (mais na frente). Empolgante!

 

(-) Fernando “Mas que jogo mais ridículo fizeste hoje, Fernando!”. Esta foi a frase com que comecei o “Baroni” de Fernando no jogo contra o Braga em Dublin. E hoje foi mais uma exibição para lembrar sempre que fôr a entrar em campo, para ver se percebe que não pode voltar a ter falhas tão graves como hoje. Um jogo mau acontece a qualquer um, mas quando o mesmo jogador faz dois jogos seguidos ao mesmo nível, neste caso inusitadamente baixo, é preocupante. O penalty, por muito que o jovem de branco tenha voado para o chão mal sentiu o ombro nas costas, é bem marcado, e surge a partir de (mais) uma falha de Fernando, que parece estar a pedir férias há algumas semanas. Bem precisa, ele e nós dele.

(-) Bolas paradas Pela enésima vez: uma equipa deste nível não pode sofrer dois golos de bola parada numa final. Não pode, é inadmissível, por muito que o primeiro tenha sido auto-golo, que duas bolas entrem na nossa baliza a partir de pontapés de canto. Se há atenuantes no primeiro, porque foi Rolando que atirou a bola quase para dentro e Álvaro limitou-se a confirmar a parvoíce, no segundo golo é incrível ver o Incrível distraído a ver Edgar a aparecer cheio de vontade e cabecear com todo o conforto que precisava. Compreendo que a marcação zonal leve a maior probabilidade de lances similares, com os atacantes a terem vantagem quando surgem de trás, mas é preciso que os defensores avancem e ataquem a bola com agressividade. E não vi isso hoje.

(-) António Tadeia Quem viu o jogo pela televisão, assistindo aos comentários de António Tadeia na RTP, deve ter pensado em ir buscar um leve calmante para tentar relaxar enquanto ouvia a fel que ia brotando da boca do comentador. Pois era tão engraçado perceber que todos os golos do FC Porto nasciam de falhas defensivas do Guimarães, nunca por mérito dos avançados. Até o meu pai que estava a meu lado e que raramente liga a essas coisas reparou que “o fulano está a ser exagerado e não tem razão nenhuma”. Pois está. Está sempre. E continua a ter emprego…porque será?

 

 

Um final perfeito para uma época perfeita. Se os perenes críticos tinham ficado semi-satisfeitos por poderem mandar abaixo a épica vitória na Europa League, estou em crer que desta vez se vão calar. Em boa-hora. As férias que aí vêm podem mudar muita coisa, especialmente na composição do plantel que não está imune a ser alterada porque tudo vai depender de onde a malta lá fora vai decidir investir. Mas ninguém pode tirar o nível e a glória de uma temporada que vai ficar na memória de todos como uma das grandes épocas de todos os tempos. Quatro troféus, o regresso dos adeptos ao lado da equipa, um treinador que marca pela diferença da sua inteligência e astúcia e um grupo de jogadores que nos faz vibrar e sorrir. Parabéns, minha gente, vão lá de bacances, merecem o descanso que vão ter.

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Ouve lá ó Mister – Guimarães

André, conquistador de Portugal e da Europa!

Já acabaram os adjectivos para qualificar o que esta época tem vindo a despertar nos adeptos Portistas. A viagem que fiz a Dublin, com todas as condicionantes de tempo e dinheiro, foi uma orgia de emoção, companheirismo e verdadeira alegria, proporicionada em partes iguais por ti e pelos jogadores. Não me deves ter visto a acenar quando o autocarro passou, afinal eu era só mais um num conjunto de dezenas, centenas, milhares de homens e mulheres de azul-e-branco que viram os heróis de mais noventa minutos a passar por eles e vibraram mais uma vez. Nunca o som de tantas vozes a gritar “Venceremos, venceremos outra vez!” ecoou tão alto, André, e cumpriste os nossos pedidos com a dignidade de um mestre. Como diz o amigo Vila Pouca, as finais são para vencer, ainda por cima depois de jogarmos tanto contra a Juventus e termos perdido.

E esta, a de hoje, é “só” mais uma. As grandes similaridades entre este confronto e o de Dublin, ambos finais com duas equipas portuguesas, as duas do Norte, uma do Porto e outra do Minho, acabam aí. Entram aí as pequenas grandes nuances de rivalidade, como tu bem conheces, entre as duas equipas. E esta final, tal como a da passada quarta-feira, é para ganhar.

Sim, já sei que a equipa está presa por arames, ainda por cima sem o Radamel e o Nico. É lixado mas uma época com quase 60 jogos acaba por dar cabo das pernas de muitos, só tens de conseguir dar a volta por cima e desenrascar, como um bom tuga, a melhor alternativa possível, especialmente na frente. A central, parece-me que o Maicon serve. Na frente…só tu podes dizer quem é o melhor. Joga o Hulk ao meio e o James na ala? Ou trocas o Falcao pelo Walter e siga? Tu é que decides, pá!

São só mais noventa minutinhos e vamos todos de férias. Temos muito que descansar, muita família para visitar e sono para dormir. E imagina isso tudo com mais um troféu no bolso…

Ganhar a Supertaça? Muito bom.
Ganhar a Supertaça e o Campeonato? Excelente.
Ganhar a Supertaça, o Campeonato e a Europa League? Genial.
Ganhar a Supertaça, o Campeonato, a Europa League e a Taça? Priceless.

Sou quem sabes,
Jorge

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