Ouve lá ó Mister – Académica


Amigo Vítor,

Não está fácil a vida para ti, rapaz. A meio da semana conseguiste transformar uma semana de trabalho árduo e de poucas satisfações num pequeno inferno na minha vida de lazer. Isto de perder jogos daquela maneira já não é um hábito desde que…espera, nunca foi um hábito! Nem para mim nem para ti como portista, aposto, porque acredito que sofras da mesma maneira que eu sofro como adepto, e agrava-se com o sofrimento de veres os teus meninos em campo a não conseguirem dar a volta a uma situação negativa. Mas não podes desistir, nenhum de vocês pode desistir, porque os outros que ficam de fora a sofrer não podem entrar em campo e dar dois safanões em qualquer jogador, por isso dependemos de ti para o fazeres. Pode ser metafórico ou concreto, deixo à tua consideração.

Reparo que já perdoaste o Fucile. Já sei que é uma faca de dois legumes, como se diz, porque se não o convocas é porque está a ser castigado e há mau ambiente, mas se convocas é porque não achaste que foi tão mau assim e qualquer um tem carta verde para fazer o que lhe apetece, o que vai dar mau ambiente. Para quem quer ver as coisas sempre da mesma forma só pode dar em maledicência, a mesma do costume. Já estás habituado a isso por estas alturas e como já sabes como é que as coisas funcionam neste nosso país podre e inclinado sempre para o mesmo lado, é com o que vais ter de lidar todos os dias. E quando as coisas correm bem, uma pessoa pode-se sempre alhear dos trauliteiros ideológicos e mandá-los às favas, mas quando as coisas começam a correr mal…infelizmente há muita gente que guarda o fel para estas alturas. Aguenta.

E a Académica, por muito que esteja a fazer um bom campeonato, não se pode atravessar no nosso caminho. Não pode! A pressão que tu e os teus foram colocando em cima como uma pilha de cobertores num dia de Verão é uma bela borrada e agora, mais que nunca, dependemos de vocês para elevar a nossa moral que não está propriamente em alta. Lembra-te do ano passado, Vitor, da maneira como conseguimos lutar nesse mesmo sítio onde vais estar hoje a jogar. Recordas-te da piscina que havia aí, em que o Varela marcou um golaço, o Belluschi brincou com o adversário e o resto da equipa se atirou ao jogo com uma intensidade, um espírito de sacrifício e combatividade que mostraram ao país que aquele seria o próximo campeão? É isso mesmo que todos queremos ver hoje!!!

Sou quem sabes,
Jorge

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