Leitura para um fim-de-semana tranquilo

  • O Entre Dez analisa a validade do habitual falatório sobre transições no futebol;
  • Filipe Vieira de Sá tenta perceber a evolução dos guarda-redes, no Letra 1;
  • Para quem ainda não viu, pode assistir à reportagem da SportTV sobre Pedroto no Mística do Dragão
  • A estatística do Soccer by the Numbers comprova que na Premier League moram os avançados mais certeiros;
  • Ben dá-nos os parabéns no cahiers du sport;
  • O excelente In Bed with Maradona traz-nos a verdadeira homenagem a Romeo Menti, histórico jogador do Torino nos anos 40;
  • Dêem uma vista de olhos pelo talento para o kitmaking no Switch Image Project;
  • Quase não precisam de legendas para perceber o baile dado a Tevez no Studs Up;
  • Fora do futebol, para desanuviar, a relação de amor/ódio do What’s Your Damage, Heather? com o Twitter;
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TV ad nauseam

Monsieur Nuno, o meu olheiro em terras dos coqs (bem soletrado para evitar chatices com a fonética, porque eu sei que não és desses), chamou-me a atenção para um artigo publicado no blog de Daniel Riolo, jornalista da RMC (Radio Monte Carlo). O meu francês já não é o que foi na altura do meu ensino secundário e está ao nível de um turista a passear em Paris que sabe ler as placas e alguns panfletos para festas underground (clandestins, peut-être), mas até me safei bem e percebi o que lá está prosado.

A posta prende-se com o excessivo enfoque da televisão actual, através dos seus realizadores, na visão redutora e curta do que é de facto um jogo de futebol. Estes números, contabilizados por Daniel Riolo e referentes às repetições exibidas no decorrer do jogo, são conclusivos e preocupantes:

  • França vs Alemanha, Mundial 1982 – 34
  • França vs Brasil, Mundial 1986 – 24
  • França vs Brasil, Mundial 1998 – 89
  • PSG vs Brest, Ligue 1 – 91
  • Lyon vs Rubin Kazan, Champions League 2011/2012 – 127 (!!!)

Riolo avança (tradução é minha, quem achar que está errada ou falaciosa pode visitar o artigo e corrigir-me à fartazana):

“A televisão ignora cada vez mais as situações de jogo em que a bola não está presente, as movimentações sem bola ou desmarcações que são essenciais no futebol. Tendo isto em conta, no próximo jogo reparem bem como são filmados os lançamentos laterais, é inacreditável. Há muitas coisas que hoje em dia já não conseguimos ver, há muitas repetições, demasiados grandes planos, jogadores filmados ao perto e isolados de qualquer contexto. E o futebol é um desporto colectivo!”

Touché. Com a mediatização excessiva que o futebol atravessa, com um ênfase exagerado nas pessoas que vêem futebol com as pessoas que estão de facto a VER futebol, que leva a que o jogo em si seja desconsiderado para agradar a todos. E a vertente financeira é a que mais lucra, porque um plano apertado do Cristiano Ronaldo vende muito mais que todo o meio-campo do Barcelona durante 10 minutos e a camisola justa do Totti é muito mais importante que a organização defensiva do Milan, por muito que não devesse ser o caso para quem gosta de facto de ver futebol.

Riolo continua:

“Infelizmente, o tema “Futebol e Televisão” é um enorme tabu devido aos esmagadores desafios financeiros, ao enorme poder das estações e à dificuldade crónica que há em falar do meio da televisão em si. E as estações nunca convidam pessoas que possam aparecer nos seus programas para os criticar. No entanto, parece que vivemos numa democracia…”

É verdade que a técnica melhorou e é hoje muito mais fácil exibir uma repetição rápida ou focar num cruzamento para avaliar a velocidade ou trajectória da bola que é disparada do pé de qualquer indivíduo. Mas um dos problemas é que leva a críticas instantâneas a árbitros ou jogadores e tantas vezes cínicas e pouco fundamentadas, fazendo com que o público em geral, que habitualmente acaba por comer o que lhe dão sem questionar, como acontece no futebol e noutros ambientes na nossa sociedade, se lance em demandas imediatas e não pare para pensar um pouco no que de facto se passou e se foi mesmo o que lhe foi permitido ver. É assim que o meu pai me dizia: “Este Lucho não joga nada, pá, parece que nem sem mexe em campo e nunca vejo o gajo perto da bola!”, que no ano passado transformou em “Oh, o Moutinho é que parece que não faz nenhum, anda para ali e nunca o vejo muito tempo com a bola nos pés…”. Isto vindo do mesmo homem cujo ídolo futebolístico era…Beckenbauer, que raramente tinha a posse da bola durante mais de dois ou três segundos de cada vez. Mas na altura, o meu pai via de facto o homem com a bola, porque não se filmavam pessoas com cartazes “XXXXX, dá-me a tua camisola”, ou meninas bonitas ao telemóvel nas bancadas, nem se apresentavam os penteados todos ao pormenor enquanto o jogo estava a decorrer. Chamem-me saudosista, vá lá.

É por estas e por outras que o futebol tem de ser visto ao vivo. A televisão, agregadora e universal, traz-nos o desporto para a sala e facilita que vejamos tudo dentro de um jogo. Mas esse tudo é só o que querem que vejamos.

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Quinze dias de fome

Esta paragem para jogos de selecções é uma parvoíce. Anda um gajo meses a ver jogos da Copa América e do Mundial de Sub-20, com noites a dormir pouco porque quer ver um bocado de bola, só um bocadinho de futebol, uns minutos a assistir a dezenas de jogadores que conhecia só o nome, a posição e pouco mais, mas a fome é negra e uma pessoa não é feita de ferro e por isso liga o computador à televisão e abre o site da FIFA para ficar a ver a Colômbia contra o Benim todo contente, com um barril de pipocas no colo, um jarro de água mineral na mesa e os olhos raiados até às três da manhã. E depois desta treta começam os treinos, a equipa já faz amigáveis desinteressantes mas são os nossos gajos, com os equipamentos do ano passado mas são os NOSSOS meninos, e lá começa o campeonato e depois a Champions e a alegria volta aos nossos sorrisos que já torravam de ocre com o verão que inclemente se abateu sobre as nossas carecas…(respira)…só para meia-dúzia de jogos depois parar tudo durante duas semanas para vermos os gajos a fugir do Olival para se enfiarem na Quinta do Lago ou lá por que raio de campo de treinos anda o Uruguai ou a Roménia e desesperarmos para que nenhum volte magoado. Entretanto apanhamos quinze dias de aborrecimento, rumores de transferências com três meses de antecedência, declarações de empresários, putativos candidatos a federações chupistas, piadas de presidentes e análises tendenciosas do Rui Santos. Consta que sim, porque não o tenho ouvido, criei uma espécie de barreira invisível à idiotice e a porosidade desse obstáculo não deixa passar o estrume congelado que o Rui coloca no micro-ondas da SIC Notícias todos os Domingos à noite. Adiante.

E então foco-me em quê para escrever qualquer coisa de jeito? No Danny, por exemplo, que vai ter uma delicada operação (não querendo escarnecer no grau de importância da intervenção, terá esta alguma relação com o instinto canino da celebração do último golo? corrigir um desiquilíbrio na glândula bobíica? Dog…God only knows!)…mas que ainda há uns dias jogou connosco com a fúria de um touro no estádio da Luz, tal era a força que mostrava em frente aos seus adeptos e que agora lhe falta para vir até ao Dragão jogar uns minutos pela Selecção. Talvez. Até Mário Fernando, insuspeito nestes assuntos e homem que normalmente só fala nos assuntos quando tem tema para tal, saiu-se com esta:

“Afinal , as “incontornáveis razões de carácter pessoal” que impediram a vinda de Danny à selecção foram , finalmente , explicadas. O jogador do Zenit foi submetido a uma pequena intervenção cirúrgica que o obriga a ficar cinco dias em casa. Convém acrescentar que a explicação veio de S.Petersburgo , porque , deste lado , apenas a “compreensão” para as tais “incontornáveis razões de carácter pessoal”.
Claro que os responsáveis federativos entendem que a mais não são obrigados. Eu , que tenho certamente uma capacidade de análise mais limitada das coisas , não percebo bem por que razão não foi dito ontem aquilo que se soube hoje. Parece ser muito problemático dizer que Danny vai ser submetido a uma pequena intervenção , pelos vistos inadiável , e , portanto , “com grande pena nossa , não pode vir jogar”. A menos que a FPF tenha sido apanhada de surpresa na noite de domingo , a poucas horas da concentração dos jogadores , acabando colocada perante um facto consumado.
Não sou médico , nem pretendo meter-me em questões clínicas. Mas eu , como qualquer outra pessoa , não posso deixar de notar a coincidência desta operação , pelos vistos inadiável , com a interrupção no campeonato russo , depois de termos visto Danny jogar bem frente ao FC Porto , na quarta-feira , e outra vez bem perante o Spartak…no domingo. Que raio de azar o da selecção , não é?

in Jogo Jogado

Por cá ficamos, por cá vamos andando, como o luso gosta de dizer. Nunca pior, caros amigos, nunca pior. O plantel vai ser desfeito durante longos dias, com júniores a irem aos treinos como prenda para eles e recurso para os chefes, as estratégias não vão ser limadas, os problemas não vão ser resolvidos e os jogadores, os bons, os que vão para fora alguns para passear e outros para se magoarem, esses vão voltar a conta-gotas, cansados, macerados e menos atentos.

Até lá podemos ganhar algum consolo na genial publicidade a Ronaldos e Mourinhos que para lá da inegável qualidade que nos habituamos a ver continuam a ser expostos sem descanso nas nossas televisões, sempre dispostas a atirarem-nos com a sua fama, mais que o seu talento, aos cornos. Porque esses sim, pintam o nome de Portugal lá fora e só nos dão vitórias. O FC Porto, ao contrário desses colossos, nem por isso. Pelo menos para alguns.

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Dragão escondido – Nº7 (RESPOSTA)

A resposta está abaixo:

 

Para uns, ver uma imagem da equipa alinhada acaba por tornar as coisas mais fáceis quando se tenta adivinhar quem é a personagem escondida, ao passo que outros preferem ver o jogador em situação de bola corrida para avaliarem a pose e a atitude. To each his own. Desta vez, era só aplicar Occam’s Razor e chegavam rapidamente a Secretário, o moço que estava ali em luta individual com Amunike, o veloz extremo-esquerdo que jogou no Sporting no final do século passado. O nosso médio-direito convertido em lateral do mesmo lado e que passou grande parte da sua carreira no FC Porto com uma passagem meteórica pelo Real Madrid, naquela que foi uma das transferências mais extraordinárias de toda a história do nosso clube. Esta fotografia refere-se a um Sporting – Porto disputado em Alvalade no dia 13 de Janeiro de 1996 e que vencemos por dois a zero com ambos os golos a serem apontados…guess what…pelo actual treinador dos verdes. Relembrem o jogo aqui:

Entre as tentativas que a malta fez para acertar no nome do rapaz:

  • Paulinho Santos – A grande maioria do povo atirou para o caxineiro, mas errou. Esteve no mesmo jogo e pela postura do corpo e especialmente do cotovelo (ah, malandro!) podia perfeitamente ser ele…mas não era, pelo menos neste lance;
  • Kostadinov – Como disse o Daniel Gonçalves num dos comentários, já não fazia parte do plantel nessa época e andava pela Germania a passear classe, como sempre;
  • Kulkov – Mais uma vez Daniel Gonçalves a corrigir bem, porque Kulkov tinha rumado ao Spartak Moscovo e foi substituído por Lipcsei no início da temporada;
  • Domingos – Foi o autor dos dois golos que nos deram a vitória, mas não era ele. Boa hipótese, mas errada;
  • Matias – Considerando que só chegou ao FC Porto na janela de Inverno e depois deste jogo contra o Sporting, no mesmo dia estava em Barcelos a jogar pelo Leça contra o Gil Vicente;
  • Bino – JON, sorry, rapaz, mas não foi esse jogo da Taça mas sim o do campeonato. Aqui, Bino entrou aos 88 minutos para o lugar de Emerson, mas não era ele. E o Bino era mais gordo, homem!;
  • Edmilson – Jogou no mesmo jogo mas pela postura e estilo do jogador não seria muito provável. Era preciso um Yoda maior para tapar a trunfa loura;

Foi mais difícil do que pensei que fosse, malta. O próximo aposto que vai ser mais fácil…

 

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