Baías e Baronis – FC Porto 2 vs 0 CS Marítimo


Numa noite em que houve a maior concentração de jantares de Natal por quilómetro quadrado, optei por ir ao Dragão e juntar-me mais tarde com a minha turba. Escolhi bem. Mais ou menos. Sofri mais do que devia, mas valeu a pena, porque ver o FC Porto a lutar, a enfrentar as dificuldades que lhe são colocadas e a sair por cima, com mais ou menos atabalhoamento, é sempre positivo. E hoje foi mais um desses jogos em que tudo parecia sair torto nos últimos vinte metros, onde Peçanha defendia tudo, Hulk não acertava uma e Belluschi tentava fintar o guarda-redes em vez de rematar para a baliza. Valeu Rodriguez, na perfeição do posicionamento e do esforço, a marcar um golo de redenção perante os adeptos e o seu treinador. No fim de contas fica o 52º jogo sem perder, mais umas dezenas de remates e ataques e a prova que a única coisa que fazia falta à equipa era confiança e espírito de sacrifício. Siga para as notas:

 

(+) Otamendi O posicionamento durante todo o jogo foi brilhante. Quase cem por cento das bolas que disputou foram ganhas, quer por antecipação ou pelo uso do contacto físico onde nunca teve problemas em ir à luta com qualquer avançado do Marítimo. Ou médio. Ou defesa, até porque a “culpa” do segundo golo é totalmente dele, ao aparecer ao primeiro poste num canto marcado…ao primeiro poste, o que é estranho tendo em conta o aproveitamento dos lances ofensivos que saem das bandeiras na linha de fundo. O perfeito domínio de bola e o jogo simples e prático foi um dos responsáveis pela contínua posse de bola que tivemos durante todo o jogo, e não fosse aquela pequena hesitação que deixou passar Danilo Dias para acertar na trave…e teria tido uma partida perfeita.

(+) Fernando Mais um jogo em que o Polvo esteve em grande. A cobertura defensiva não foi o ponto vital do jogo mas a forma como Fernando avançou no terreno com a bola e constantemente impôs o corpo em frente aos jogadores do Marítimo, bloqueando todas as tentativas de ataque pela zona central que não consistiram em pontapés para a cabeça de Baba. Ou acham que o Marítimo tentou esse tipo de ataque tão criativo “à Stoke” por acaso? Não. Fizeram-no porque Fernando era impossível de ultrapassar. Mais uma vez.

(+) O esforço de Belluschi Não esteve bem o outro Fernando do nosso meio-campo hoje. Mexeu-se muito, passeou por todo o campo e mostrou empenho, garra, alma, força. E falhou muito, muito mais do que lhe é permitido e em situações que não pode, simplesmente NÃO PODE falhar. Por mais que um motivo, porque falha golos que são mais fáceis de marcar que falhar, porque faz a equipa tremer quando pode relaxar, porque ele próprio precisa de marcar, de jogar e fazer jogar. Esteve mal. Então porque raio leva um Baía?! Porque nunca desistiu. Porque já vi tantos jogadores a baixarem os braços, literal e figurativamente, depois de falharem um lance como o que Belluschi hoje desperdiçou em frente a Peçanha (ó pá, então tu vais fintar o gajo e deixas a bola da parte de dentro para o keeper lá chegar com as mãos?! Eres loco, hombre?!), mas ele continuou. Insistiu, apesar da brutal assobiadela que apanhou, de todos os milhares de impropérios que ouviu nos segundos que se seguiram ao lance, da desestabilização mental que sentiu, mas insistiu. Never give up, never surrender, pensou o nosso Alenitchev em versão argentina e continuou a lutar até oferecer o primeiro golo a Rodriguez. O uruguaio celebrou mas o argentino também o mereceu.

 

(-) A ineficácia. Outra vez. Mais uma vez. Não é possível manter um controlo tão grande dos jogos, com níveis de posse de bola consistentemente nos 65%, dezenas de ataques e remates…e marcar tão poucos golos. Nos últimos dois jogos o domínio ofensivo foi avassalador, sufocante, com a intensidade necessária e o controlo de bola e o compasso a ser pautado por nós, só por nós. As outras equipas, escondidas atrás de várias cortinas de jogadores mais preocupados com o pontapé para a frente do que com a construção de jogo ofensivo, vão-se safando como podem e confiam no guarda-redes para brilhar, como tem acontecido. Mas a culpa de todos estes pequenos sofrimentos é inteiramente nossa. É preciso começar a ter mais calma e a melhorar a concentração nos últimos 15/20 metros, porque a construção é boa mas a finalização nem por isso. E cada vez mais me convenço, como sempre foi a minha primeira ideia, que Hulk não pode servir para jogar no centro a não ser em ocasiões de alternativa pontual. Porque o que precisamos mesmo é de um finalizador, que se limite a empurrar a bola para a baliza e dê seguimento à enxurrada de lances ofensivos com inteligência e faro de golo. Um Gomes, um Falcao, um Lisandro, um Jardel. Raios, até um Pena servia neste momento!

(-) Duarte Gomes Mais uma vez (a frase mais usada neste post, é verdade) fomos prejudicados pela excelente arbitragem deste rapaz e dos seus companheiros de destruição portista. Apesar de não ser um jogo contra o Benfica, onde o moço brilha com foras-de-jogo claros como o de Saviola na Luz, ou a absurda expulsão de Otamendi…olha, na Luz também, desta vez lembrou-se de aparecer no Dragão para estragar a noite a todos. Não conseguiu, por pouco, porque para além do penalty sobre Belluschi na primeira parte que até Calabote teria assinalado, passou grande parte da partida a permitir jogo duro do Marítimo e punindo qualquer voo madeirense com uma falta a favor deles. E as fitas de Peçanha, aliadas ao desperdício intenso de tempo que o brasileiro se dignou a mostrar na fria noite do Dragão, tudo era uma parte da peça que Duarte Gomes se lembrou de protagonizar na Invicta. Para além do ar arrogante com que lida com todos os lances, é mais um exemplo de um rapaz que é elogiado pela nossa tão-querida imprensa, laudado com os méritos que não tem e colocado nos pedestais que criam para este tipo de mitos com apito na boca. De que côr quiserem.

 

Chegamos ao fim de 2011 com uma marca simpática e trinta e dois mil no Dragão a puxar pela equipa, a pressionar o adversário, a incentivar quando era preciso e a criticar nas mesmas alturas. Gostei de ver e ouvir as claques, tanto os Super como o Colectivo, o público a cantar e alegrado pelo espírito de um Natal que não será feliz nem descansado para todos. Mas os cinquenta e dois jogos sem perder já não nos tiram, nem o primeiro lugar no final do ano. Vai ser difícil mantê-lo até ao final…mas parafraseando as sábias palavras de George Costanza: “We’re back, baby!”.

16 comentários

  1. mais uma vez brilhante analise, concordo plenamente e o baia a beluchi foi plenamente merecido, foi dos que mais tentou.
    quanto aos golos…somos a equipa com mais golos marcados e menos sofridos… crise? qual crise… estamos é mal habituados.

  2. Boa analise Jorge.

    Resumindo, precisamos de um ponta de lança como deve de ser e desta vez o VP não se acagaçou e meteu a carne toda no assador.

    O palhaço do Duarte Gomes consegui não nos meter nenhum jogador de molho com o Sporting… fantástico!

    Abraço e votos de um Feliz Natal e excelente 2012! Que possamos ir ver mais uma final!

  3. Uma excelente segunda parte em que para a primeira se nota que com a ausência de Pl o nosso futebol fica a perder.

    Acabamos o ano no nosso lugar, 1º.

    Queria “puxar as orelhas aos meus amigos da Porta19 pela não inclusão de Moutinho nos (+):), o homem fez um jogo perfeito, 105 passes durante o jogo com 89% de eficácia, são números de outro mundo, só ao alcance de um super craque e de novo em forma extra!

    Abraço.

    Visitem o nosso espaço com tb a crónica ao jogo e analises individuais em:

    http://tribunaportista.blogspot.com/2011/12/em-analise-13-jornada-fc-porto-2-0.html

    1. aceito o puxão de orelhas e não contesto. Moutinho fez um bom jogo, mas optei por salientar a resiliência de Belluschi a combater a adversidade. e os passes ao vivo não dá para contar, pá :)

      um abraço,
      Jorge

  4. Assim o jantar sabe melhor, amigo.

    Que dizer do que dissemos há precisamente um mês atrás?

    Só os jogadores, com este espírito, tinham de dar a volta à situação.

    Como em Coimbra, nenhum treinador resiste.

    Mais uma lição, se é que alguém quer aprender. Os jogadores quiseram. E jogam o que sabem. E podem ainda mais.

    Bom Natal!

    1. não elevando a equipa à fasquia do que eles ainda podem fazer, basta dizer que este futebol já agrada. só falta a bola entrar mais vezes na baliza…

      um abraço,
      Jorge

  5. Viva,

    Se eu fosse “gaja” teria pegado na última frase desta crónica antes das notas e concluído com um “vêem como tinha razão”. Felizmente não sou e congratulo-me apenas que o Pinto da Costa, que percebe mais disto a dormir que muitos acordados, tenha segurado o VP.

    O Porto esta a jogar muito bem, pressiona alto, controla o jogo, a circulação de bola quase perfeita, falta finalizar, mas aquele cabeçada do Kleber merecia golo, que grande defesa.

    Para concluir gostava de referir dois pontos: Moutinho fez um belo jogo, iniciando sempre o ataque, o que permite que o Palito receba a bola bem mais adiantado; aquela finta de corpo do Iturbe ao Briguel, muito bom…

    Abraço

  6. Bom dia,

    O FC Porto alcançou ontem uma importante vitória antes da pausa de Natal e Ano Novo, que lhe permitiu reforçar a posição de líder.

    Antes do início da partida houve a merecida homenagem à Diva dos Pés Descalços, Cesária Évora, grande portista, que em alguns concertos por esse mundo fora envergava o cachecol azul e branco.

    O jogo iniciou-se com um Porto de ataque, que sabia bem o que queria da partida.
    O miolo do nosso meio-campo estava em grande nível.
    Fernando com uma pressão alta, não permitia ao Marítimo sair. Moutinho fez na minha opinião o melhor jogo da época, sempre muito bem a construir lances ofensivos. Belluschi apareceu uns furos acima das suas exibições anteriores, tendo o argentino efectuado uma excelente segunda parte.

    Cedo poderíamos ter alcançado o golo, mas Peçanha foi impedindo que a bola entrasse.
    Também a nossa inépcia não permitiu o golo mais cedo … inacreditável a perdida de Belluschi. Também Duarte Gomes, um péssimo árbitro, deixou por marcar um penalti claro sobre Belluschi.
    Mas os nossos atletas não se deixaram ir abaixo, e VP através das alterações operadas, manteve a equipa dinâmica, pelo que o golo surgiu naturalmente.

    O resultado foi escasso face ao jogo produzido. Mais uma vez fica provado que nos falta um goleador.

    Nota positiva para Djalma, que táticamente é um jogador disciplinado, trabalhador e sério. Penso que dada a qualidade das nossas alas, Djalma não tem espaço de manobra na equipa, porém ontem surpreendeu me a sua adaptação a defesa direito. Se VP trabalhar o angolano, quem sabe não estará ali um bom defesa direito, pois como disse tem qualidade técnica e tática.

    Nota também positiva para Iturbe, um jovem de quem esperamos muito. Trata-se de um jogador irreverente que não tem medo de partir para cima do adversário. Pode ser em 2012 a nossa grande arma.

    Agora com a reabertura do mercado de inverno, vamos aguardar o desejado ponta de lança, para que possamos atacar 2012 com redobrado optimismo.

    Abraço

    Paulo

  7. Concordo inteiramente, acrescento apenas a primeira parte de altíssimo nível de Moutinho e a boa entrada de Iturbe (aquele amarelo foi a penalização normal de quem entra pela “primeira” vez e quer mostrar serviço!), o miúdo tem garra!
    Importante, importante foram os três pontos que nos permite entrar em 2012 no topo da classificação!

    Agora venha o Sporting! (depois do Paços claro!)

  8. caro Jorge, caríssimos,

    nada como um cheirinho a Cebola para fazer chorar quem já se preparava para comemorar algo em que terá que colocar mais empenho do que campos inclinados, arbitragens tendenciosas, mergulhos para a piscina transformados em penalidades máximas «e que assim»…
    foi ouro sobre azul, onde até o sôr Vítor esteve bem :D

    somos Porto!, car@go!
    «este é o nosso destino»: «a vencer desde 1893»!

    saudações desportivas mas sempre pentacampeãs a todos vós! ;)

    Miguel | Tomo II

  9. Gelei ontem no dragão mas valeu a pena,mais uma vitória sem discussão,contra uma equipa de 11 defesas,e um arbitro que é uma vergonha,um autentico calabote,abaixo tamanho roubo,como dizia o Pedroto:um roubo de igreja.
    Um abraço
    manuel moutinho

  10. Ontem foi mais um jogo em que a equipa mostrou que quer ganhar, Foi pena termos que sofrer quase até ao fim para alcançar a tão desejada vitória.
    Jorge, como já falamos varias vezes, acho que se deve dar um bocado de mérito ao VP por ter percebido que a equipa necessitava de mais solidez no meio campo para conseguir que a defesa se torne mais solida. Como sabes critiquei varias vezes o VP mas também sei dar-lhe o mérito quando acho que o tem (a subida de forma de alguns jogadores também o ajudou). Estamos no bom caminho.
    Em Janeiro vamos a Alvalade ganhar para acabarmos a primeira volta no primeiro lugar.

    Bom Natal e Bom Ano.
    João Brandão

  11. Boas!

    Concordo com a análise, gostava apenas de deixar um pensamento que não me sai da cabeça (passe a redundância), quero ver mais minutos do Iturbe!!! O miúdo tem ali muito para mostrar e bem trabalhado parece-me que temos ali um bom player!!!

    Abraço e Feliz Natal à nação Portista!!!

Deixar uma resposta

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.