Baías e Baronis – CD Santa Clara 0 vs 3 FC Porto

imagem gamada de http://odragao.blogspot.pt

Gostei. Mais uma vez, gostei. Aprecio o empenho dos rapazes e a capacidade de encarar estes jogos com mentalidade competitiva e sem brincar em demasia. É evidente que o ritmo é mais baixo, que o adversário pode não ser do melhor que há, que as substituições são milhentas e quebram a emoção do jogo…todos sabemos isso. Mas é para isto que serve a pré-época, para perceber se Atsu entende as movimentações dos colegas, se Castro roda bem a bola, se Djalma está mais calmo ou se Kleber já consegue controlar uma bola de primeira. Nem tudo é possível, como vimos, mas o FC Porto já joga algum futebol. É preciso continuar a construir em cima do que vamos conseguindo fazer em campo, prosseguir na integração dos (tantos) jovens valores que temos e começar a encaixar as peças onde são mais necessárias. Preparar a época, no fundo. Vamos a notas:

 

(+) Atsu Sabe parar na altura certa, controlar a bola com calma, perceber o timing certo para o arranque, fintar na dose correcta e cruzar com intenção. Sabe levantar a cabeça, esperar pelo lateral, fazer diagonais para o centro, aparecer na área e aproveitar o apoio do ponta-de-lança. Sabe isso tudo e tem-no feito várias vezes em vários jogos contra vários adversários. Sabe isso tudo. Pode ser um rapaz estupidamente útil em inúmeros jogos e TEM de ficar no plantel.

(+) Kelvin Hoje pareceu melhor, o trunfas. Mais inteligente, com menos tiques de excessivo adorno nos lances e um sentido prático bem mais afinado. Vê-lo a jogar de cabeça levantada só pode dar esperança ao mais cínico dos críticos. Tem muito potencial este miúdo e apesar de não ter a certeza se deverá ficar no plantel já este ano, a verdade é que está a crescer e a evoluir desde o primeiro jogo da pré-temporada. Uma coisa é certa: extremo não é. Não o ponhas lá, Vitor, o moço vê o James no meio e é ali que quer jogar. Deixa-o.

(+) Castro na segunda, Defour na primeira O belga convence-me pelo que não faz. Não faz passes parvos, não tenta desmarcações impossíveis, não inventa jogadas miraculosas, não perde a bola com facilidade. Ainda tenho alguma dificuldade em dissociá-lo de um Soderstrom 2.0 (um dos jogadores mais subaproveitados que me lembro de ver no FC Porto), mas gosto de o ver a jogar. Castro, por outro lado, é incansável, se bem que continua sôfrego na forma como se lança no jogo com ou sem a bola. É espalhafatoso no corte e parece sempre tentar demais, com vontade a mais e calma a menos. Mas pode também ser bastante útil nalgumas circunstâncias, especialmente com o jogo meio ganho, por muito redutora que possa ser esta visão pessimista de um jogador de futebol. Ah, e tem de ser mais perfeito no passe. Mas teve nota positiva hoje nos Açores.

(+) Maicon Só uma palavra para o descrever: líder. Podemos ter aqui finalmente um patrão para a defesa, papel que Rolando sempre tentou mas nunca conseguiu e que Bruno Alves ostentou mais à força que propriamente por talento. Tem um handicap que lhe pode ser fatal: excesso de confiança. Espero que nunca perca a humildade, porque se continuar nesta trajectória, temos um central a sério para alguns anos. Ou vários milhões, o que vier primeiro.

 

(-) Kleber Moço. Tu, francamente, não me deixas pensar bem de ti durante mais que uma semana. Fez mais um daqueles jogos que me faz pensar no porquê de termos um ponta-de-lança que age tão pouco como tal, com enormes falhas de posicionamento e uma quase impossibilidade técnica no domínio de bola, foi o oposto do que Jackson fez na primeira parte. Se o colombiano recebia bem a bola e rodava para os médios interiores para prosseguirem com o lance, o brasileiro…não. Tanto “não” que me deixa preocupado, porque com Janko no estaleiro e Jackson ainda com pouco ritmo, Kleber mantém esta sinusóide de exibições em que brilha com eficácia de matador num jogo e no próximo é digno de estar ao lado de um qualquer Baroni. Trabalha, mas produz muito pouco.

(-) Lucho “El comandante” esteve fraquinho hoje de tarde. Exageradamente lento, acertou passes a menos e perdeu bolas a mais, mostrou muitas dificuldades para perceber a melhor forma de agir em campo e algum cansaço depois de vários jogos, nunca chegou a entrar em jogo e saiu muito bem ao intervalo.
Fazer este tipo de crónicas em tempos de pré-época é uma tarefa complicada. Acima de tudo, pela necessidade de manter a coerência e a correcção em relação a um grupo de jogadores que ainda está em formação, com algumas ausências importantes e a tradicional incerteza acerca de quem ficará ou não no plantel. Elogiar uns e criticar outros acaba por ser uma forma leviana de avaliar aquilo que, no fundo, não passa de um treino com público. Mas, seja a que ritmo for, um jogo não deixa de ser um jogo e hoje o FC Porto jogou bem. Fê-lo quase sempre com inteligência na posse de bola contra uma equipa que será sempre mais uma daquelas que nos vai causar chatices durante toda a temporada. É da segunda liga, dir-me-ão, nem vai jogar contra nós a não ser que nos calhe nas Taças. Certo. Mas se viram o jogo concerteza notaram que não há grandes diferenças em relação a um Setúbal ou um Moreirense, tirando uma ou outra cara conhecida com talento extra. O resto, a táctica, a estrutura defensiva, a mentalidade, é parecida: parar o ataque do FC Porto com agressividade positiva e tapar caminhos para a baliza. É contra estas equipas que se ganham campeonatos. E hoje mostramos que estamos no bom caminho.

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