O pós-Hulk – parte II

A saída de Hulk coloca o treinador do FC Porto perante vários cenários tácticos, cada qual com o seu conjunto de complexidades associado, que podem ou não ser bem assimiladas pela equipa que gere. A maior parte das vezes, quando colocados perante uma situação como esta em que uma peça importante sai da equipa, muitos treinadores optam por uma espécie de substituição directa, fazendo uma transição mais pacífica para o futuro próximo sem alterar o modelo em campo. No nosso caso, seria qualquer coisa como isto:

À primeira vista não parece de todo inviável, tendo em conta que o resto da estrutura da equipa se mantém intocável e onde a única alteração seria a troca de Hulk por Atsu no flanco direito. Talvez até Varela pudesse alinhar de início, aproveitando a boa onda do luso nos recentes jogos internacionais e tentando reanimar uma chama que parecia perdida (para ser sincero, não acredito que haja uma fenicização do Silvestre, mas adiante). No entanto, o sucesso da iniciativa depende de vários factores:

  1. A colocação de James no flanco esquerdo, perto da linha, força o colombiano a um trabalho mais preso à linha e dá-lhe menos espaço para fazer o que sabe. Não é rápido o suficiente para ser extremo e creio que nunca o vai ser.
  2. Ficará a faltar um desiquilibrador nas diagonais. Atsu inclina-se bastante para a linha e prefere um jogo mais vertical que o leva a terrenos subidos com velocidade mas precisa de alvos na área.
  3. Defesas muito recuadas nunca são fáceis de furar e o jogo lento a meio-campo fazia de Hulk um jogador fundamental para ganhar espaços nas laterais. Sem ele, o extremo terá obrigatoriamente de jogar mais recuado e num jogo mais sustentado e menos directo.

Uma alternativa possível seria a seguinte:

Aqui, a versatilização do sistema para um 4-4-2 com maior concentração no meio-campo, James mais liberto para fazer aparecer Atsu na “no man’s land” em apoio a Jackson. Atsu, rápido, complementaria Jackson, mais lento mas mais perigoso na área. Mais uma vez, há dificuldades a equacionar:

  1. Há uma renitência natural em mudar o esquema de jogo a meio de uma temporada, porque com todos os benefícios que uma alteração desta magnitude pode trazer, também há um período de adaptação que simplesmente não existe.
  2. Vantagem para as subidas dos laterais, especialmente dos nossos dois brasileiros que podem usar o corredor como no tempo de Mourinho em 2003/2004, quando Paulo Ferreira e Nuno Valente eram os únicos que povoavam aquelas zonas porque Derlei ou Alenitchev nunca ficavam presos à linha…
  3. …mas os raides ofensivos teriam de ser muito bem compensados na zona defensiva, obrigando Fernando e Moutinho (Lucho não tem pernas para isso) a tapar contra-ataques em situações de possível desvantagem numérica.

É certo que de tolo e de viciado em Football Manager todos temos um pouco (vai sair o 2013 não tarda nada, já viram?). E tenho a certeza que muitas outras dúvidas (e outros tantos esquemas) já passaram pela cabeça do nosso treinador para tentar dar a volta ao problema. A palavra, no final, será sempre dele.

Link: