Baías e Baronis – Dínamo Zagreb 0 vs 2 FC Porto

foto retirada do MaisFutebol

Estava invulgarmente nervoso antes de começar o jogo. A ausência permanente de Hulk, a temporária de Fernando, o arranque na Champions e o trânsito de terça-feira pareciam fazer crescer o pessimismo cá dentro, e ao ver o FC Porto a entrar em campo de branco (côr do azar em equipamentos desportivos, por muito que fosse bonita – e era! – a nossa nova indumentária. Mas a forma como o FC Porto mandou no jogo na primeira parte, perante um adversário fraco mas combativo, foi suficiente para me ir acalmando. O golo surgiu com naturalidade depois de alguns ameaços, e não fosse aquele recuo absurdo da equipa no terreno durante a segunda parte e teria passado um bom final de tarde. A vitória é inquestionável e vi bons sinais que podem ser trabalhados para uma equipa pós-Hulk que nos pode vir a dar as alegrias que queremos ter. Uma vitória fora na abertura da Champions. Feels good. Notas abaixo:

 

(+) Defour Com a linha de ataque bastante longe dos homens do meio-campo, Varela encostado à linha e James em terra de ninguém, coube aos médios desempenhar o papel principal. E com Defour em campo, o que perdemos em força e capacidade posicional pela ausência de Fernando, acabamos por ganhar em inteligência com a bola e na rotação da mesma pelos melhores caminhos possíveis. Não escondo que gosto do rapaz e adorei vê-lo a criar jogadas ofensivas com inteligência, funcionando como tampão para as subidas de Moutinho (apagado) e de Lucho (cansado) durante noventa minutos de intensa luta e capacidade física. Marcou o golo que descansou os adeptos e não havia outro em campo que mais tivesse feito para merecer.

(+) Alex Sandro Excelente nas subidas pelo flanco, mais na primeira parte que na segunda, entendeu-se muito bem com qualquer um dos colegas que descaiu para o lado esquerdo, usando-os como muleta para arranques rápidos, agressivos e quase sempre consequentes. Tem de ganhar alguma inteligência competitiva para saber quando deve manter a pressão e quando precisa de recuar para a posição natural, mas a versatilidade, técnica e postura ofensiva fazem dele um titular indiscutível no FC Porto 2012/2013. Só precisa de continuar a melhorar.

(+) Helton Fez o que os grandes guarda-redes têm de fazer: defendeu pouco, mas tudo. E ainda teve duas biqueiradas bem apontadas para a frente que James e Kleber quase o tinham creditado como um dos melhores nas assistências para golo da primeira jornada da Champions.

(+) A atitude de Lucho Soube do falecimento do pai de Lucho apenas depois do jogo, mas não posso deixar de prestar as devidas condolências ao nosso capitão. Não pode ser fácil manter a mente limpa num momento tão difícil e é exactamente aqui que se vê o quão profissional um jogador de futebol tem de ser para conseguir alhear-se do simples facto que antes de tudo, é um homem como qualquer outro, que chora, ri e ama. E Lucho, com o golo que marcou, prestou a homenagem dele ao homem que lhe deu a vida. E também lhe deixo o meu obrigado.

 

(-) O último passe Compreendo a atitude de manter a posse de bola enquanto se espera por um espaço entre as linhas do adversário. Os passes não são particularmente estelares entre os jogadores mais recuados, mas lá se vai conseguindo arrastar o jogo devagar, devagarinho para zonas mais avançadas…até que…entra o proverbial leão mouco em campo e toca de mandar um cruzamento para a bancada ou um passe em profundidade mais fundo que o Kursk. Esta estratégia só pode funcionar a longo prazo se o último passe for, em bom inglês, “with pinpoint accuracy“. Caso contrário vamos ter muitas jogadas bem construídas sem um final condizente.

(-) Bolas paradas A ineficácia voltou. Não que alguma vez tenha estado ausente, mas parece axiomático que o FC Porto não consegue defender um canto sem que haja um surto de explosões miocárdias pelos corações portistas espalhados pelo mundo. É certo que não somos a equipa mais alta da Europa, mas o Barcelona também não é e raramente sofre golos de canto ou treme tanto quando a bola sobrevoa a área. E ano após ano continuamos na mesma. Quanto às bolas paradas ofensivas, é um desperdício constante de livres à entrada da área, cantos a favor, cruzamentos com possível perigo…tudo deitado fora. É uma pena.


Um jogo não é o suficiente para perceber se o estilo está a mudar ou se o que vi foi apenas um momento pontual contra um adversário de tipificação pouco adequada ao que vamos apanhar no resto dos jogos da Champions. Mas vi alguma inteligência na gestão da posse de bola, uma noção certa de quando subir e quando recuar, com uma perspectiva resultadista que não me incomoda em nada neste tipo de competições. É para ganhar, antes de jogar bem, e quem pensar o contrário é um lírico. Três pontos de cada vez. É esse o caminho.

9 comentários

  1. Baías: Lucho, Helton, Alex

    Baronis: Vítor Pereira, Jackson, James, Vítor Pereira, Moutinho, Varela, Vítor Pereira

    – Como é que Danilo fica no banco?

    – Fernando faz toda a falta do mundo!

    – Varela não pode ser titular!

    – James tem de jogar a 10 e tem de haver alguém que saiba organizar a equipa.

    – O adversário nem nível de Intertoto tem. Ganhamos mas todos lhes vão ganhar.

    – Nada vai ser fácil…

  2. Quem de nós, seria capaz, no dia em que recebesse a notícia da morte do pai, ir trabalhar, fazê-lo com o maior profissionalismo e ter um desempenho brilhante? Lucho Gonzalez fê.lo hoje. Nestes tempos difíceis que vivemos, este exemplo pode ensinar-nos muito.

    1. Quanto ao jogo, não entendi bem a equipe que entrou, mas acredito que o Danilo tenha debilidades físicas ainda; e que o Varela necessitasse de entrar para não se criarem casos internos…
      Foi um jogo assim que não deu para ver muito: o que de bom se viu promete muito. Gostei muito do Atsu, do Alex Sandro, do Lucho e do Defour… não sei o que pensar do James e do Moutinho.
      Seria bem importante que percebessem que mesmo não jogando como chefes têm de colaborar na manobra da equipe…
      Maicon e Otamendi tb estiveram acertados…
      Jackson fazia o primeiro jogo na Champions, e tremou… tem como se recompor…

      Vi um pouco do jogo do PSG – Zenit e também não vi nada de muito especial, a não ser a eficácia. Como diz o Jorge, não se pode falhar nas bolas paradas, que diabo!

      Enfim, penso que a equipe tem por onde crescer, temos ali gajos muito bons, e um maestro dos tempos de jogo (Lucho) , haja tranquilidade para isso.
      Acredito que se conseguirmos não perder com o PSG que a equipe vai dar um salto tremendo… faltará isso. A confirmação contra um “grande”. (Que, recordemos, na era AVB veio via supertaça, primeiro jogo!…)

  3. Boas caro Jorge,

    não concordo com o Baia a Helton, eu dava-lhe um Boroni, foi ele que criou as duas principais oportunidades para o Dinamo, e se é certo que depois conseguiu retocar a pintura, não é menos certo que foi ele que a borrou. Um guarda-redes também se quer seguro e hoje Helton não o esteve.

    Daria ainda um Boroni a Jackson, o pior jogo com a camisola do Porto e falhar um golo com baliza aberta na Champions é simplesmente imperdoavel.

    Daria ainda dois Baias a Lucho, um pelo jogo e outro por tudo que ele representa para o Porto, um simbolo e será sempre enorme, pelo menos para mim.

    Quanto ao pós-Hulk, sinceramente gostei, e eu que queria muito ver este Porto sem o Incrivel, por motivos que varias vezes referi, esta primeira impressão foi positiva, vamos ver daqui para a frente.

  4. Bom dia,

    Ontem entramos com o pé direito na edição deste ano da Champions, cumprindo o objectivo que era a vitória.

    Sem termos sido brilhantes, tivemos o domínio e controlo do jogo.

    O adversário tentou valer-se das bolas paradas, pois só assim conseguia criar problemas na nossa defensiva.

    O nosso trio de meio campo esteve muito bem, foi inteligente, e importante na conquista dos 3 pts. Lucho fez uma exibição à “El Comandante”, Moutinho perfeito tácticamente e Defour muito bem a aproveitar a qualidade táctica e de leitura de jogo dos outros parceiros do miolo, e a saber assim quando podia com segurança participar nas manobras ofensivas. O golo apontado foi um prémio.

    Helton fez uma exibição fantástica na altura que o Dínamo de bola parada criava mais perigo.

    Alex Sandro, um dos melhores em campo, esteve muito bem, apesar da oposição ser fraca, nas subidas no corredor, pena que alguns cruzamentos acabem em nada.

    Mais uma vez faltou um goleador à altura para que tivéssemos vencido tranquilamente.

    Aquele falhanço de Jackson não é falta de adaptação, aquilo é azelhice.
    Kleber como nos habituou, parece um coelho, corre corre sem sentido. Falha um golo e num excelente cruzamento de Atsu ao invés de acorrer à zona de finalização … recua!

    Trocava o Kleber pelo João Tomás!

    Atsu na segunda metade, com Varela desgastado do jogo da selecção foi um desequilibrador. É um diamante em franca evolução.

    Importante vitória, e agora na próxima jornada há que vencer o PSG e carimbar a passagem!

    Abraço e boa semana

    Paulo

    pronunciadodragao.blogspot.pt

  5. Boas Jorge ,desde de ja os meus agradecimentos, pela sua grandeza como ser humano,e por a sua nobreza de espirito,nao vou falar do jogo,nao me pronuncio sobre jogos do peras ,BLACKOUT total para ele,segundo ano tudo parece mais simples do tipo quando se e repetente ,a materia parece que ja foi dada.O Jorge eu vinha opinar sobre os seus post passados e sobre o pos hulk,o Porto perdeu o jogador mais forte no 1-1 mas nao tenha duvidas que o mesmo nunca teve muito sentido colectivo ,ha execao do 1ano por forca lisandro, e sem espaco a frente o hulk e bue trapalhao,gostei bue do desenho tactico anterior,mais do segundo ,PORQUE SER PORTO, PARA MIM E, AQUELE DESENHO TACTICO DO SEGUNDO DESENHO, AQUILO ESPRESSA O SER PORTO,que a 10 anos nao se usa,agora superasse a falta de alguem individual,com espirito colectivo,e um achega sobre o Lucho que o homem para fazer entre20 a 30 jogos no total da epoca, porque senao, vai devagar devagarinho, gestao sera precisa,mais uma vez cumprimentos para a SUA PESSOA

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