Baías e Baronis – FC Porto 1 vs 0 Paris Saint-Germain

foto retirada de fcporto.pt

Ibrahimovic é a personificação do Arcanjo Gabriel? Otamendi tratou de lhe cortar as asas (e os pés e se chegasse aos dentes, também iam). Verratti é o novo Pirlo/Rijkaard/Michel? Moutinho meteu-o naquele bolsinho de guardar o isqueiro. Sakho é o futuro líder da defesa francesa à imagem de Thuram? James deu-lhe dois ou três nós que o pôs à procura dos rins no relvado. Van der Wiel é o futuro do futebol holandês? Varela fintou-o e depois Alex Sandro fintou-o outra vez. E riram-se dele e para ele. Acima de tudo e acalmando um pouco a arrogância, só quero dizer que não temos que ter medo de boas equipas, porque também somos uma delas. Jogámos com convicção, inteligência e acima de tudo vontade de vencer, sem exageros e vedetismos. Uma equipa solidária, firme e unida. Só faltou acertar mais uma ou duas vezes na baliza para ser perfeito. Não somos geniais, mas somos competentes. E devíamos ser competentes como hoje em todos os jogos que disputamos…mas isso é conversa para outro dia. Hoje só há tempo para celebrar uma excelente exibição numa bela noite para o nosso clube. Notas abaixo:

 

(+) Fernando Vergo-me na sua presença, senhor Reges, pois a brilhante aura da sua exibição paira ainda por cima da minha cabeça como se tivesse sido atingido por um relâmpago de intensidade acima da média. Esteve perfeito no posicionamento, na intercepção e na capacidade de jogar simples e prático, como quase sempre faz quando está com a cabeça no sítio. Roubou montes de bolas ao adversário e rodou-as sempre no sentido certo, com a dose certa de força e a percepção perene da situação da sua equipa e do adversário. Dizia-me o Dragão Crónico, com quem costumo ter o prazer de partilhar os jogos em casa, que não compreende como é que este rapaz ainda por cá anda e não houve nenhum clube europeu que o viesse buscar. Nem eu, meu amigo, nem eu…

(+) Varela Quando penso que já não me pode surpreender, Varela fá-lo. Apesar de um falhanço tremendo num 1×1 contra o guarda-redes do PSG, que nestes jogos dá vontade de bater no autor da ignomínia, a entrada de Varela em campo foi tremenda e ate os próprios franceses devem ter ficado surpreendidos com a vontade do Silvestre em forçar o flanco esquerdo. Recuperava bolas, jogava nas tabelinhas e acima de tudo mostrava um empenho em quase todos os lances que me deixou eufórico e cheio de vontade que Varela volte à forma de 2009/2010, quando cá chegou. Saiu esgotado para a entrada de Atsu, com um aplauso como já não recebia há muitos meses. Totalmente merecido.

(+) MoutinhoUma excelente exibição do nosso João, sempre a pegar na bola em zona recuada e mesmo sem conseguir lançar os ataques como gostava graças ao lento avanço da equipa em campo conseguiu ser um pivot no meio-campo a partir do qual nasceram quase todas as jogadas perigosas do FC Porto. Normalmente virado para o lado esquerdo, com Lucho também muito bem a seu lado, Moutinho entendeu-se muito bem com Alex Sandro e Varela, enquanto as pernas do português aguentaram e continuou a entender-se magnificamente bem com Atsu (que entrou com uma garra notável, parabéns, puto!) por aquele flanco. Mas foi no centro, nas triangulações de primeira com Fernando e Lucho, que Moutinho mais brilhou, pondo os jogadores do PSG atrás de bola com os olhos, nunca lhe conseguindo chegar sequer perto. Excelente.

(+) James Não teve uma grande noite e no início do jogo apagou-se perante a força da entrada de Varela. Sim, foi o que acabei de dizer, fechem a boca. As coisas não lhe corriam bem, a bola prendia na relva e naquelas miseráveis partículas de azoto no ar, as malditas. Não parecia ser a sua noite, mas apareceu mais solto na segunda parte e o golo que marcou foi completamente merecido, porque ao contrário do que vi já muitas vezes James a fazer, desta vez nunca desistiu, só parou quando não teve pernas para mais.

(+) A dupla de centrais À primeira vez que a bola chegou perto da nossa área aos pés de Ibrahimovic, imediatamente o sueco sentiu a presença da Ceifeira a seu lado. Mais concretamente por detrás, porque Nicolas Otamendi tratou de lhe dizer que estava ali e não admitia parvoíces. Belo. Algumas falhas pontuais não mancham uma excelente exibição de ambos, com Maicon a jogar nitidamente nervoso depois daquela gigantesca ingenuidade em Vila do Conde, mas Otamendi deu-lhe a confiança que precisava para crescer durante o jogo e acabar em grande. Secaram quase sempre os avançados do PSG. Nada mais lhes foi pedido.

 

(-) Defour Entrou mal, o belga. Não conseguiu manter o ritmo que Lucho até então tinha imposto, mas as pernas cederam e a entrada de Defour era essencial, mas não correu bem. Perdeu várias bolas, fez passes fracos e nunca conseguiu estabilizar o meio-campo como Lucho, deixando que os franceses conseguissem subir frequentemente até à nossa área, felizmente sem causar mossa de maior. Um mau jogo no meio de vários bons.


Fim de tarde a meio da semana na Invicta? Check. Camisola do FC Porto no lombo? Check. Trânsito a fazer parecer que estavam a atirar benfiquistas abaixo da ponte do Freixo? Check. Carro estacionado no meio de novecentos outros perto da Velasquez? Check. Café tomado no Bom Dia? Check. Poucas variantes podem fazer com que o meu destino não fosse o Dragão, em jogo de Champions. Digam o que disserem, mas estes jogos são especiais, há um ambiente no ar que não se nota nas outras tradicionais partidas de competições menores, porque esta é a grande. É a minha mais melhor preferida, de longe. E com uma partida jogada a este nível com um resultado positivo…que mais pode um portista pedir?

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