Baías e Baronis – SC Braga 0 vs 2 FC Porto

foto retirada de publico.pt

Aparentemente, tivemos sorte. O golo de James apareceu vindo do nada, quando quase todos os portistas já estavam a contar com dois pontinhos perdidos e lamentados, porque tínhamos feito o suficiente para os sacar, mais o do empate. Mas o Braga esteve bem, altivo, pressionante e mostrou que é um clube grande. Mas tivemos sorte, é verdade. O remate de James bateu num dos melhores jogadores em campo e Jackson aproveitou bem a falha do Salino (que poético ter acontecido a um homem que já não devia estar em campo, várias foram as patadas que Xistra, como de costume, ignorou). Foi sorte. Até houve um penalti contra nós que não foi marcado (e devia). Foi muita sorte. E também foi sorte, mas para o Braga, não termos enfiado logo duas pazadas à Dona Brites mesmo nas nalgas dos de Braga logo no início do jogo. E também foi sorte para o Braga terem ficado com onze gajos em campo durante todo o jogo. Mas a sorte, aquela que dá frutos, também se trabalha. E o jogo foi rijo, bem disputado, com (ou contra?) um árbitro que tomou muitas decisões no mínimo não-salomónicas e com um adversário que deu a luta esperada e caiu quando já não merecia. Tivemos sorte. Fizemos por isso. Vamos a notas:

 

(+) Otamendi e Mangala Não gosto de ver Otamendi a jogar do lado direito da defesa, acho-o lento demais para compensar as ausências de Danilo e prefiro vê-lo do outro lado. Mas hoje, para me contrariar, esteve impecável na intercepção e continua a saber pegar na bola e arrastar o jogo para a frente pela relva. Serve como ponto de contacto com o meio-campo (Fernando e/ou Moutinho) e é o homem com cabeça mais tranquila na nossa zona defensiva. Vou repetir: é o homem com cabeça mais tranquila lá atrás. É estranho dizer isto, mas é a verdade. E ao lado dele, a aproveitar o pé esquerdo para jogar nessa mesma zona, Mangala. Mangalhador. Mangaleiro. Mangalão. Excelente na antecipação, no corte rápido pelo chão e pelo ar, está muito melhor no posicionamento e acima de tudo na agressividade, que temi pudesse ultrapassar o seu talento. Nada disso, pelo menos por agora. Maicon vai ter trabalho a meter-se entre estes dois…

(+) Helton Nas alturas certas, nos momentos adequados, qualquer bola que veio na direcção da nossa baliza foi interceptada pelas luvas de Helton, que salvou tudo o que tinha a salvar. Pelo ar, pelo chão, fora da baliza, em cima da linha de baliza, quase dentro da baliza (!), Helton esteve em todo o lado e mais uma vez foi o guarda-redes que o FC Porto precisava num tipo de jogo que é tão importante ter um guarda-redes que possa safar eventuais falhas dos defesas. Helton hoje defendeu tudo. Nada mais há a dizer.

(+) Os golos de James e Jackson Um orgasmo, foi o que foi. Porque é nestas alturas, em que o jogo que está empatado a zero está a entrar nos “golden years” e a luz já se começa a ver ao fundo, quando os suplentes já entram depois de aquecerem tempo demais e só servem para queimar tempo…e nestas mesmas alturas, quando um puto colombiano com primeiro nome inglês se lembra de mandar um tiraço à entrada da área e faz um rapaz exultar num apartamento bem longe de Braga. E o golo de Jackson, curiosamente outro colombiano com primeiro nome inglês, pôs-me a saltar e a ganir para o ar em festejos enormes, exactamente por ter feito o contrário do que tinha vindo a fazer até aí: mudou de direcção e rematou em vez de continuar a correr no mesmo sentido. Excelente.

 

(-) A definição de loucura Einstein disse que a definição de loucura é tentar fazer a mesma coisa vezes consecutivas e esperar resultados diferentes. E tomemos como exemplo as atitudes de Atsu e Jackson durante o jogo, em que tentaram passar por Salino e Douglão respectivamente, usando sempre as mesmas artimanhas que não tiveram grande arte e quase nenhuma manha. Tanto um como outro simbolizaram os principais problemas do FC Porto neste jogo e em vários outros que não conseguiu ter a capacidade física e mental para furar as barreiras adversárias de uma forma individual. E temi que voltássemos a esse paradigma da arrogância ali em alguns momentos durante o jogo porque vi alguma atrapalhação e demasiadas bolas perdidas. Há que continuar a manter os jogadores focados no jogo de equipa e abdicar de jogadas individuais quando não há condições de sucesso provável.

(-) Xistra Já cá faltavas, Carlos. Uma arbitragem absurda, com inúmeras decisões a serem tomadas em sentido contrário perante situações idênticas, que só serve para enervar os jogadores e para confirmar que até pode ser bom rapaz, mas como árbitro é uma nódoa. O penalty até acaba por ser dos lances mais perdoáveis porque é quase impossível de ver sem ser em câmara lenta (mas não tragam a merda das novas tecnologias, Deus me perdoe se eu não estou de acordo com o Rui Santos…), mas veja-se o caso do final da primeira parte, em que depois de Alan ter tentado pregar o pé de Varela à relva, elevando o banco portista em protestos e queimando-se ali pelo menos 40 ou 50 segundos, Xistra decide não só não dar amarelo ao pseudo-Predator, mas permitir que Moutinho coloque a bola no local para marcar o livre…e mandar toda a gente para o balneário. Ismaily mas principalmente Salino e Alan, abusaram de belos momentos de pancada durante o jogo todo e Salino então com várias entradas a pé juntos, acabou por levar amarelo…aos 87 minutos. Xistra consegue reunir consenso entre quase todos os adeptos: é mau para todos.


A primeira (e mais importante) barreira de Braga está ultrapassada e um dos jogos mais difíceis de todo o campeonato foi ganho com todo o mérito, contra onze fulanos de vermelho e um de amarelo. Custou-me ver o jogo todo e recebi várias repreensões da zona do sofá no meu lado direito onde a benfiquista residente assistia ao jogo. Aparentemente o vernáculo que saía da minha boca era um tanto ou quanto exagerado para um Domingo à noite, ainda mais com o Natal tão próximo: “A culpa é daquele filho da puta!”, e percebia o que estava a fazer. Não quis saber. E garanto que não houve vernáculo em nenhuma das bolas que entraram na baliza do Beto, só um grito de “GOLO!” como que a reproduzir o que um amigo me enviava por SMS. Soube bem. Sabe sempre bem.

9 comentários

  1. Quase que assino por baixo o que escreveste… se tivesses dado um Baroni ao Moutinho assinava!
    Não é por um crítica negativa que deixa de ser dos melhores senão o melhor centro campista português, mas hoje esteve mal… complicou… tinha duas hipóteses de passe, escolheu várias vezes o mais complicado de fazer e falhou-o.. Isto de um jogador como o Moutinho é “inadmissível para quem não quer levar um Baroni”! :)
    João que tantas vezes elogiei por jogar simples, rápido e prático hoje não o fez… esforçado como de costume, do Moutinho não se pode esperar um jogo como Beluchi fez tantos no Porto.

    Ainda assim, ganhamos! Esta equipa e o treinador (sim leste bem…) cada jogo que passa me convencem mais que vão renovar o título e alimentam a esperança de fazerem um brilharete Europeu que vai crescendo dentro deste portista!!

    Abraço! Poooooooorrrtooooooo

    1. “João que tantas vezes elogiei por jogar simples, rápido e prático hoje não o fez… esforçado como de costume, do Moutinho não se pode esperar um jogo como Beluchi fez tantos no Porto.”

      hesitei em dar-lhe nota negativa, mas acho que ele se esforçou e só não conseguiu produzir mais porque teve de construir de uma zona muito recuada. mas não foi o melhor jogo dele, de longe…

      abraço,
      Jorge

  2. Boas Jorge ,

    Antes de mais reforçar as palavras de Vitor Pereira, a sorte dá muito trabalho …
    Começamos com uma dupla falta de sorte nos primeiros 5 minutos por Otamendi, e uns primeiros 20 minutos de pleno dominio azul e branco. Depois o Braga equilibrou e pressionou, mas estivemos á altura em termos defensivos, no entanto ofensivamente faltava sempre qualquer coisa, até que Danilo insistiu deu para James e a “sorte” chegou … 2 minutos volvidos, Jackson com “sorte” ganha a bola e remata á ponta de lança e faz um golaço. Ja merecia por todo o trabalho que fez durante o jogo.

    Resumindo e concluindo realmente a sorte dá muito trabalho.

    Um abraço

    http://fcportonoticias-dodragao.blogspot.pt

  3. Sabe sempre bem berrar GOLO, mas como portuenses que somos sabe ainda melhor quando o complementámos vernacularmente com um C@R@LHO! :) No primeiro, no sofá aqui de casa, apenas esbracejei. Mas no segundo do Cha Cha Cha foi comemoração completa! :D

  4. caro Jorge, caríssimas(os),

    na pedreira, onde habita o «salBaduôre», tiBemos mesmo aquela “pontinha de suórte” que o burgesso das madeixas tanto não queria que acontecesse.
    com aquele ar de palonço que tanto lhe é característico (e comum a qualquer lampião), até se engasgou quando desejou que «bóm éra que perdêreçem os duois»…
    esta noite, vai ter que digerir um mamute. e “inventar” o autocarro de dois andares para não ser muito humilhado em Barcelona. e pensar que o duelo da Segunda Circular é já na próxima jornada. a Vida não lhe sorri e a Sorte não quer mesmo nada com ele, ‘tadinho.
    (peço desculpa por concentrar a minha raiva na azia lampiónica do abstrôncio em causa, mas estava entaladinho :D)

    ps:
    « mas a Sorte, aquela que dá frutos, também se trabalha«
    cuidado com o que escreves; “eles andem” por aí, a gravitar ;)

    somos Porto!, car@go!
    «este é o nosso destino»: «a vencer desde 1893»!

    saudações desportivas mas sempre pentacampeãs a todas(os) vós! ;)
    Miguel | Tomo II

  5. Já antes do jogo tinha arranjado um nome para o xistra -Xistrash que depois mudei para Xistralho e que foi mimoseado com algum vernáculo e com várias frases de dúvida sobre a sua paternidade… Passei também pela fase de mimosear o Vítor Pereira com alguns impropérios aquando das substituições, sim porque fazer entrar o Kléber não lembra ao diabo… Festejei com alívio o primeiro golo deliciando-me com a intervenção de Douglão porque já não podia ouvir as loas do Freitas Lobo mas aplaudi efusivamente e com sonoras palmas (que devem ter sido ouvidas pelos vizinhos do lado) o golo de Jackson rindo um bocado da cara do Beto (de quem gosto muito mas amigos amigos, jogos do Porto à parte) e pronto a sorte dá imenso trabalho e depois de 90 minutos de sofrimento lá tivémos a recompensa. ah e melhor que tudo o mestre da táctica deve estar ainda a roer-se.

  6. Bom dia,

    Hector Berlioz, compositor francês, no século XIX disse “A sorte de ter talento não basta, é preciso, também, ter talento para a sorte”, e foi o talento de El Bandido que definiu a sorte que nos levou à vitória na Batalha da Pedreira.

    À partida para este desafio, adivinhavam-se dificuldades, o adversário é de qualidade evidente, tem excelentes executantes, e tratava-se portanto do primeiro grande desafio na Liga para a nossa equipa.

    E assim foi, um jogo disputado, e que foi decidido pelo talento de James.

    Uma excelente vitória que nos coloca no lugar que é nosso por mérito.

    Realces individuais para Helton, que transmitiu segurança à defensiva, Otamendi que fez mais um excelente jogo e que com Mangala foram uns esteios na defesa, para James, o homem do jogo, que apontou o golo que nos abriu o caminho para a vitória, e por último para Jackson que apontou mais um fantástico golo.

    Muito apagados na partida de hoje Lucho e Moutinho, estando bem VP nas substituições.

    De saudar os regressos de Fernando e Alex Sandro que estiveram bem na partida após pausa prolongada.

    Na sexta-feira, nova Batalha na Pedreira, desta vez para a Taça de Portugal.

    Espera-se mais um jogo disputado e que poderá ser tal como o de hoje, definido por um momento de magia de um jogador.

    Última nota para o fantástico apoio dos nossos adeptos à equipa.

    Abraço e boa semana

    Paulo

    pronunciadodragao.blogspot.pt

  7. Bom dia,

    Hector Berlioz, compositor francês, no século XIX disse “A sorte de ter talento não basta, é preciso, também, ter talento para a sorte”, e foi o talento de El Bandido que definiu a sorte que nos levou à vitória na Batalha da Pedreira.

    À partida para este desafio, adivinhavam-se dificuldades, o adversário é de qualidade evidente, tem excelentes executantes, e tratava-se portanto do primeiro grande desafio na Liga para a nossa equipa.

    E assim foi, um jogo disputado, e que foi decidido pelo talento de James.

    Uma excelente vitória que nos coloca no lugar que é nosso por mérito.

    Realces individuais para Helton, que transmitiu segurança à defensiva, Otamendi que fez mais um excelente jogo e que com Mangala foram uns esteios na defesa, para James, o homem do jogo, que apontou o golo que nos abriu o caminho para a vitória, e por último para Jackson que apontou mais um fantástico golo.

    Muito apagados na partida de hoje Lucho e Moutinho, estando bem VP nas substituições.

    De saudar os regressos de Fernando e Alex Sandro que estiveram bem na partida após pausa prolongada.

    Na sexta-feira, nova Batalha na Pedreira, desta vez para a Taça de Portugal.

    Espera-se mais um jogo disputado e que poderá ser tal como o de hoje, definido por um momento de magia de um jogador.

    Última nota para o fantástico apoio dos nossos adeptos à equipa.

    Abraço e boa semana

    Paulo

    pronunciadodragao.blogspot.pt

  8. Vitória suada e iluminada pela estrelinha dos campeões. Como disse e bem Vítor Pereira, em resposta ao bronco vermelho, a sorte dá muito trabalho.

    Foi um teste qualitativo à liderança portista, num palco sempre difícil frente a uma equipa que valorizou e de que maneira a vitória portista.

    Os campeões nacionais não conseguiram praticar o seu habitual futebol apoiado e fluído, muito por mérito do adversário, que conseguiu «apagar» alguns dos jogadores nucleares da equipa (Moutinho e James). Porém, ao contrário de Peseiro, Vítor Pereira, perto do fim do jogo, deu uma mensagem de inconformismo, quando tirou um médio (Lucho) e meteu um avançado (Kléber). A verdade é que a equipa parece ter percebido e nos últimos minutos da partida fez o resultado. Foi feliz, é verdade, mas fez por merecer.

    A liderança continua a ser uma realidade ainda que presa apenas por 1 golo, o resto é folclore.

    Um abraço

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