Baías e Baronis – FC Porto 1 vs 0 Vitória Setúbal

Não há muito a dizer sobre o jogo, sinceramente, e teria de apelar a seis musas, quatro flasks de whiskey e duzentos e vinte doses de café queniano para me começar a incentivar a pintar um retrato do que se passou hoje à tarde no Dragão. Escalpelizando o jogo ao mínimo, a vitória é nossa com todo o mérito, com ou sem penalties, mais ou menos forçados. Não há como esconder: já estou a pensar em Domingo. Vamos a notas, sem exageros:

(+) Moutinho. Certinho, inteligente, sem inventar, a pautar sempre o jogo com a calma do costume e a tentar soltar a bola para Kelvin ou Sebá tentarem brincar e/ou irromper pela agressiva defesa do Setúbal (trauliteiros, hã?) mas com a imagem de marca que me habituou desde que veste aquela bela camisola: quando não dá, volta para trás e roda para o colega do lado. Jogou prático, simples, sem nervosismos. Como lhe pedimos.

(+) Castro. Esteve bem, finalmente. Rijo no confronto individual, mais calmo e pacífico na posse de bola, fez noventa minutos bem melhores que os habituais quinze ou vinte em que entra nervoso, a tremer, sem confiança e com agressividade em excesso. Talvez comece a assentar um bocado a cabeça e sirva como opção para permitir a Lucho descansar um ou dois jogos, se bem que com Izmai(y)lov a chegar possa ter de provar que é um elemento útil. Hoje, foi-o, e ainda bem.

(-) Um ataque formado por Defour, Sebá e Kelvin. Todos estávamos à espera de poupanças, mas acho que se perguntassem a alguém nos arredores do Dragão no arranque da época: “Meu caro, tente adivinhar qual será o tridente ofensivo do FC Porto no último jogo da fase de grupos da Taça da Liga?”, se alguém respondesse acertadamente era de extremo valor levá-lo a uma papelaria para jogar nos milhões. E se Sebá, apesar do jogo jeitoso que fez, ainda parece verde para estas andanças (vá-se lá saber porquê, os nossos jogadores jovens desde há uns anos são muito verdinhos, muito complicadinhos, muito fraquinhos, muito pouco combativos…e muito pouco aproveitáveis), Kelvin já tem um ano de primeira liga mas é como se viesse agora dos juvenis, tão insípidas são as jogadas de ataque que tenta e raramente concretiza. Sobrou Defour, o trinco/volante/extremo/sapateiro/farmacêutico/membro do GOE – sei lá o que falta ao rapaz fazer – que teve mais vontade que produtividade. O plantel é curto? You bet.

(-) Vitória de Setúbal. Estar a jogar contra uma equipa do FC Porto com o ataque descrito acima e um meio-campo a parecer o Chelsea de Mourinho (uma espécie de Makelele, Mikel e Essien em versão mais esbranquiçada e com mais branco na camisola), criou aí umas duas oportunidades de perigo para a nossa baliza. É um campeonato fraco, tão fraquinho, cheio de equipas a sobreviver ano após ano, rodeados do fausto de três ou quatro equipas que conseguem brilhar um bocadinho acima da medíocre média que pauta a nossa liga. Uma miséria, que nos rouba a motivação, a alma e de vez em quando o campeonato.


Acabada esta fase da Taça da Liga, é curioso que estejamos em excelente posição para chegar à final, o que vai levar a que grande maioria dos adeptos comece a olhar para esta treta como se fosse uma competição a ganhar. E até pode bem transformar-se nisso mesmo, mas não tenho dúvida que será sempre olhada de lado. Ainda assim, os meus parabéns aos moços e às doze mil pessoas que foram ao Dragão numa tarde de chuva miudinha e tempo fresco na Invicta para ver um jogo que, até ver, foi a feijões.

6 comentários

  1. Olá Jorge, acho que a crónica não esconde que viu o jogo em fast forward… hehe!
    – Uma nota positiva para o Sebá era justificada, e outra para alguns pormenores de envolvência do Danilo, que fez uma partida muito positiva… Outra nota positiva para o nosso mal-amado treinador que tem experimentado e dado oportunidades aos putos e que parece que está a ganhar a aposta de um futuro interessante… naquele seu jeito, sem muito jeito, mas sabendo bem onde quer chegar.
    Fora isso uma nota bem negativa para o relvado que está mau de mais – sobretudo nota negativa para quem acreditou que um relvado mau em Outubro iria ficar bom antes da próxima primavera…
    Espero que depois do concerto dos Muse percebam que têm de trocar logo o relvado…não dá para esperar milagres…

    1. o quê?! como se atreve?! eu era incap…sim, é verdade, era tarde e já sabia o resultado ;)

      mas o Sebá, sinceramente, não me pareceu com fibra para outros voos que não jogos a feijões na Taça da Liga. espero estar enganado…

      um abraço,
      Jorge

  2. Missão cumprida é o que me ocorre para classificar a vitória mais que justa do FC Porto, única equipa que apresentou argumentos válidos para vencer o jogo, no mal tratado relvado (continuam os problemas) e com um «apitador» de tendências insuspeitas (é vermelho até à raiz… ia dizer cabelos mas o homem até é careca!).

    A mescla apresentada por VP tirou a natural agressividade e acerto colectivo que com a entrada, na segunda parte de Alex e Lucho, foram de alguma forma recuperados.

    Gostei da atitude e de alguns desempenhos, como o do Fernando, Moutinho e do Sebá (na segunda parte). Faltou o golo ao promissor jovem brasileiro, que tanto procurou mas a superior exibição de Kieszek não permitiu.

    Um abraço

  3. Permita-me discordar quando diz que Castro fez finalmente um bom jogo. Já tinha estado muito bem na Madeira no jogo com o Nacional e melhor ainda em Braga no jogo em que foi mal expulso.
    Menos ansioso, mais tranquilop, Castro tem crescido muito e começa a mostrar que pode ser importante nesta equipa.
    Rotulado como jogador agressivo e que corre descontroladamente, Castro mostra finalmente o seu futebol, num clube de que sempre foi fervoroso adepto, o que nos tempos que correm é uma mais valia a ter em conta.

  4. O futebol português sempre foi feito de 2 ou quando muito 3 equipas!!!!
    Aquilo que o Setubal jogou no Dragão, já jogamos nós, sobretudo nas competições europeias e com Pedroto ao leme; tudo ao molhe e fé em deus!!! E foi assim que levamos 6 do AEK, do Manchester, e fomos eliminado pelo Wrexham da 4ª divisão inglesa!!!!
    Ou foi assim que o clube do regime foi eliminado por uns gajos altamente metaleiros, perdão metalistas, levou com 7 na pá de um clube galego que hoje em dia milita na 2ª espanhola…
    Ou se calhar foi por isso que o clube dos fidalgos falidos perdeu uma final em casa e logo por 3 bolas, quando tudo indicava o contrário…
    Acho que é tudo uma questão de mentalidade, meu caro, e neste país as mentalidades são assustadoramente pequeninas, sejam elas quais forem!!!!

    P.S. Não me leve a mal pois não estou a criticá-lo, apenas a expor que a história do David contra o Golias já me mete fastio…

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