Ouve lá ó Mister – Málaga


Amigo Vítor,

Cá voltamos de novo à taça com o hino e os estrangeiros todos, e não me refiro a uma final no Jamor contra o Nacional. É disto que estamos todos à espera há meses, com os corações apertados, as palmas das mãos a suar, os lábios secos e as gargantas nervosas mas afinadas. É esta a competição que nunca nos passa ao lado, que vibramos em cada minuto de cada jogo com a intensidade de quinhentos Moutinhos e a pujança de duzentos saltos do Mangala. Estamos cá, estamos prontos e estamos ansiosos.

Vai ser um jogo tramado, como de costume. O Málaga é uma equipa muito jeitosa e tu sabes mais que ninguém que isto vai ser um osso daqueles rijos como cornos de mamute. São rápidos, os estupores, trocam bem a bola e têm alguns gajos que só ainda lá jogam porque o mercado anda em crise e os investimentos cada vez se escolhem com mais critério, caso contrário os Iscos e os Caballeros já andavam por outras paragens. E não nos esqueçamos dos veteranos que ainda percebem muito da poda, os Demichelis e Luganos, os Joaquíns e Saviolas. Todos esses são gajos que conhecemos e vemos a jogar todas as semanas aqui ao lado, num campeonato que tem menos Moreirenses que o nosso e onde estes moços se vão safando como gente grande. São bons, não te iludas, que ninguém se iluda, porque uma equipa que arruma o Milan e o Zenit (e o Anderlecht, pronto) não pode ser fraquinha. Não pode. Mas nós também não somos.

E é isso que quero que mostres hoje à noite no Dragão. Mostra aos infiéis vizinhos que aqui deste lado da fronteira está uma equipa que lhes vai limpar o canastro. A arrogância de um ou outro dos moços deles não pode passar de hoje, e se ninguém está à espera que lhes espetes cinco como o teu antigo chefe cacetou no Villarreal, a verdade é que estamos à espera que venças.

Ouve o que disse o Fernando: “Vamos fazer de tudo para não sofrer golos e tentar fazer um ou dois.”. É só isso que te peço.

Sou quem sabes,
Jorge

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