Baías e Baronis – Académica 0 vs 3 FC Porto

Só vi o jogo depois de chegar a casa, com a recta alcoólica a descer abruptamente depois de um dia em que andou a flutuar por valores bastante mais altos que o expectável para o final de Março. Assisti ao jogo já sabendo o resultado, porque é impossível tentar esconder tudo de toda a gente e há sempre alguém que está pouco interessado no diferido mesmo que não possa ver o directo, por isso a forma como o vi foi mais relaxada, com muito menos stress que o normal e deu para perceber melhor o estado anímico da equipa e a forma como isso influencia o desenrolar de jogadas ofensivas, a concentração nas defensivas e, acima de todas estas teorias…é tão fácil perceber como anda a cabeça de Danilo quando o homem acaba de marcar um bom golo e não festeja. Vamos a notas:

(+) A facilidade da vitória. Foi tão simples, tão fácil, que me deixa sempre a questionar porque raio não se consegue fazer isto todas as semanas, ou pelo menos partir de uma base tão simples como esta. Jogo prático, sem inventar muito, com facilidade de troca de bola mesmo contra um adversário ultra-defensivo. É a imagem de marca de 80% do nosso campeonato e não conseguir contrariar este estilo só nos deixa na mão dos nossos oponentes directos, como aconteceu este ano, especialmente quando perdemos pontos frente a este tipo de equipas. Jogámos bem, sem brilho mas com eficácia, sentido prático e facilidades criadas por nós e não cedidas pelo adversário. Safámo-nos bem.

(+) Castro, pelo golo e pelo seu significado. É irresistível elogiar o rapaz pelo golo, mas acima de tudo pela celebração. Depois de Danilo, no segundo golo, ter mostrado que nem sempre um golo chega para arrebitar a moral de um jogador que sabe que pode fazer muito mais e não corresponde às expectativas dos adeptos, temos no outro extremo o golo de Castro. Foi o terceiro, o ponto final de um jogo banal, sem grandes motivos para excitações, com uma exibição à imagem da equipa. E mesmo esse terceiro golo aparecendo quase aos noventa minutos, em final de festa, foi celebrado por Castro como se fosse um game-winning goal na final da Taça de Portugal. Castro sorria e os adeptos sorriam com ele, porque representou o que tantos portistas estão a ver desaparecer jogo após jogo: o portismo dos jogadores, que para lá do profissionalismo, é um desejo de todos. Parabéns, puto. Podes não participar tanto quanto querias, mas sempre que o fazes a malta sorri.

(+) Moutinho. Há ali um passe na segunda parte em que Moutinho recebe a bola de Fernando ou Danilo, esqueço-me agora quem foi o remetente. João, com meio segundo de tempo disponível para olhar à sua volta e descobrir uma linha de passe antes que Wilson Eduardo (ou Edinho, mais uma vez não posso garantir…mas também não interessa muito à questão, acreditem) lhe caia em cima e lhe tire a bola dos pés, faz um passe de trinta metros direitinho para o caminho de Alex Sandro, que tem o corredor à sua mercê para atacar a área adversária pelo lado esquerdo. E o número oito faz isto repetidamente durante um jogo, de uma forma natural, como se nada o abanasse, com uma confiança que parece estar sempre em alta. Excelente.

(-) O ricochete do desânimo. Vou abordar este tema daqui a uns dias, mas parece-me evidente que nem o apoio das claques (até elas resistentes ao futebol que adormece tanta gente mas que os parece conseguir manter em força no apoio à equipa…e ainda bem!) pode esconder alguma desilusão dos jogadores para com a equipa. Parece fácil pensar que os rapazes vão entrar em campo com a confiança de Thor com o martelo nas mãos, mas a verdade é que se nota que há uma tristeza latente na forma de jogar, no passe, até no festejo dos golos e dos lances mais bem conseguidos. Os jogadores parecem unidos e se há alguma divisão no plantel, não creio que passe cá para fora. O que passa é uma espécie de infelicidade exteriorizada que consigo entender na perfeição, mas que mais uma vez não compreendo o porquê de se terem deixado chegar a este ponto. Danilo foi o expoente máximo dessa tristeza. No final de um excelente lance de ataque, onde Lucho aproveita a subida do lateral para rasgar a defesa, contrariar o movimento de quatro adversários e coloca a bola direitinha nos pés do brasileiro que só precisa de encostar para marcar, o que faz na perfeição pelo meio das pernas de Ricardo. A celebração deste banquete futebolístico? Um punho levantado, a cabeça caída, os abraços dos colegas, que compreendem o desânimo do companheiro e continuam a festejar sem chama, sem entusiasmo. Se não conseguirmos ser campeões, esta é uma das imagens que me vai ficar na memória.


Preparem-se para mais umas semanas de sofrimento, meus caros. Os jogos continuarão a ser vencidos (ou assim esperamos), e os três pontos não parecem falhar aos moços de vermelho. A culpa de todo este desterro é total e completamente alocada a nosotros, por isso não nos podemos queixar do destino ou da performance de terceiros. Insisto que se tivéssemos marcado dois penalties, estaríamos em primeiro lugar com um jogo no bolso se conseguíssemos vencer o Benfas em casa daqui a uns tempos. Enfim, assim vão as glórias por-agora-adiadas do nosso mundo…

5 comentários

  1. “(…)se tivéssemos marcado dois penalties, estaríamos em primeiro lugar com um jogo no bolso se conseguíssemos vencer o Benfas em casa daqui a uns tempos. ”

    Dois “ses”. Um portista não fala assim. Os “ses” só se invocam quando se deixam as coisas aos caprichos da sorte; é a justificação dos amadores perante a possibilidade da derrota. É preciso reconhecer que o Benfica tem jogado sempre melhor que o FCP, com excepções pontuais. Falhou-se na planificação da época, de forma amadora, falhou-se no mercado de inverno, falhou-se na gestão do plantel. É preciso ter o estofo de campeão para reconhecer as presentes faltas e passar à sua correcção. É preciso uma nova equipa técnica. Tem sido insuportável ouvir as conferências de imprensa de Vítor Pereira; humilhantes para um portista na sua forma bacoca de distorcer a realidade. Parece o célebre ministro da informação de Saddam, mas sem qualquer panache humorística. Já comentei esta característica da presidência de Pinto da Costa com outros portistas, que me disseram concordar comigo, que é a necessidade de perder um campeonato para entender que um treinador não dá mais.

  2. Ganda Jorge…….desde ja ….boa tarde,este time esta na posicao que esta por merito propio,nao por demerito o merito de outros…….EU NAO FALO do tecnico apenas o apelido de peras(e uma arvore que nao da frutos), e se puder quero concordar com o amigo ai de cima mas discordar na parte das conferencias de imprensa do peras……..a maioria das conferencias de imprensa de bola em portugal sao um desperdicio de tempo(antes o depois) .QUANTO o que me preocupa na bola E NO MUNDO DA BOLA TUDO SE PAGA …….e o reverso pode estar a chegar “APAGAO”,,,,,,,,ja agora gostava de puder deixar aqui umas palavras que para MIM fazem logica,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,FUTEBOL E A COISA MAIS IMPORTANTE ,DAS COISAS QUE NA VIDA,REALMENTE NAO TEM IMPORTANCIA PARA NADA,ate logo.Jorge se me permite

  3. Caro Jorge, compreendo porque destacou negativamente o desânimo da equipa. Estamos num momento futebolístico que os craques só valorizam o imediatismo mediático da Champions, e cujo campeonato nacional é uma mera passagem “para a outra margem” da Europa milionária……………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………..
    Isto para um adepto é o caos. E com razão, digo já. É um caos, a juntar-se a outras insatisfações, mas que no fundo têm uma raiz comum. Descaracterização do FCPorto…………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………. Vivemos tempos que os planteis são ditados pelas oportunidades de mercado, e não pelos treinadores. Vivemos num tempo que todo, TODO, o treinador é treinador da estrutura. JJ pode não admitir, mas a equipa joga, o que os jogadores podem dar. Ele não ensina o Gaitan a cruzar bem, ou o Cardozo a mete-la no ângulo, ou o Salvio a fintar três…Isto está relacionado com o Plantel…a construção e planificação do plantel. Agora o benfica tem a possibilidade de comprar 30 e ficar com 7 bons. o FCPorto não…………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………Na minha opinião a descaracterização do FCPorto está relacionado com a falta de referências no plantel (Jorge Costa, Vítor Baía,…) que sejam portugueses e sintam o clube como ninguém. Está relacionado com um discurso de pouco incentivo do treinador (portista de gema) que só fala em competência, introduzindo apenas uma ideia: temos de trabalhar, corrigir, a culpa é só nossa, tudo depende da competência. O que acho errado, porque um jogador só vê duas coisas: dinheiro e rivais… e só corre mais, só festeja mais, só sofre mais para atingir objectivo se tiver picado… se quiser derrubar rival, se quiser transpor injustiças, que são por demais evidentes………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………..Outra coisa que me chateia, é que os mind-games são essenciais para colocar pressão. As conferências de imprensa são constantemente desperdiçadas, devido à falta de à vontade de VP nas mesmas… Ele é simpático, é portista, trabalha que nem uma formiga na visualização dos jogos, preparação de vídeos, deslocações para ver jogos ao vivo, treino de campo, correcção táctica, método de treino…. mas isso não é ser treinador…isso é ser um EXCELENTE e EXÍMIO treinador de campo (ou adjunto cá em Portugal)…………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………Bastava VP na próxima conferência de imprensa dizer que o benfica ia escorregar – sorridente, para que os jogadores do benfica à primeira dificuldade contra o Olhanese (campo com buracos na relva, muito vento, chuva…uma decisão do árbitro duvidosa… um golo do Olhanense) começassem logo a sentir a pressão dessas palavras e viravam-se logo contra árbitros, contra jogadores agressivos do Olhanense, contra tudo…. e podia acontecer o empate… ou pelo menos iam-se partir todos para se corresse bem golearem, e o cansaço acumulado fosse ainda superior, etc etc etc………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………Os mind-games são essenciais porque: incentivam nossos jogadores, picam os adversários pela falsa ideia de controlo e superioridade, e dão a nós adeptos alento e motivação para torcer, para apoiar, e para nos sentirmos Porto.

    1. os mind-games são essenciais, é verdade, mas o estilo de VP não é esse. e acredito que seja um excelente homem de secretária especialmente ao nível táctico…já na moralização para dentro e para fora…não tenho tanta certeza.

      obrigado pela dissertação!

      abraço,
      Jorge

  4. Ganda Jorge….OLA ….olhe …ESTOU Atonito com as qualidades dos adeptos do fcp,Eu nao vejo um Jogo do Porto ao vivo ha para ai 18anos,nao vivo no Porto para 15anos,mas pertenci as primeiras claques,e hoje sinto que o Povo ja nao e humilde o suficiente,que aproveitem com o novo Papa para se redimirem,neste momento de reflexao que o dragao ate a morte chegou e que tomo me como portista com orgulho passando pelo o cafe das antas e muito mais ,pela falta de coerencia propria porque ha quase dez anos que o Porto ja nao e Porto,mas contudo vou por agua na fervura e dizer que esta epoca em termos de conquistas nao estara mal se ganharmos a taca da liga ,agora a Mim falta me a projecao europeia ha bue,mas bue,esta exatamente como o Povo com pouca humildade ,falta lagarmos o regionalismo bairrista e abrirmos os olhos para a europa que tivemos a nossa merce por merito proprio ,e voltar a ter centrocampista de trabalho muito trabalho ,e qualidade ,,,,,,,,,,VOU ME ,,,,,,,,,,,so dizer que os L ampioes vao nos mostrar como se ganha os inglese por NoS nessa materia somos uns triste,FORCA LAMPIOES

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