Baías e Baronis – SC Braga 1 vs 0 FC Porto

Uma final tem este tipo de características, que enervam toda a gente. Há duas equipas, uma de cada lado, ambas a tentar ganhar o jogo sem o perder antes de poderem sequer tentar. E quando se juntam duas equipas com capacidades ofensivas igualmente fracas, uma das quais (a nossa) com um permanente engasgar na criatividade e na criação de lances de ataque coerentes, a somar a erros defensivos que são tão evidentes que se tornam patéticos, é impossível afirmar que jogamos bem. Mas…e há um mas…não jogamos assim tão mal. A equipa pareceu motivada, com garra, com mentalidade de “final” como se exigia. Mas foi evidente que nunca conseguiu uma produtividade ofensiva que causasse medo ao adversário, esse sim com um jogo parecido com o que fez no Dragão, sem problemas em jogar lá atrás até se ver a jogar a mais…e mesmo assim mantendo-se a controlar sem bola. Foi frustrante ver o jogo, mas ainda mais frustrante ver que seria quase impossível, a jogar com dez jogadores, conseguir a claridividênvia necessária para lhe dar a volta. Vamos a notas:

(+) Fernando. A maior injustiça deste jogo é o facto de Fernando não o ter ganho. Pareceu sempre jogar a um nível substancialmente superior a todos os colegas, a recuperar bolas da defesa ao ataque, correndo muito mais do que a Fernanda Ribeiro em dias de treino intensivo. Apanhou pancada de tantos jogadores do Braga que não o censurava se fosse ao Sameiro urinar na entrada, mas tentou vingar-se em campo com a força que mostra, com a forma como tenta continuamente levar o jogo para a frente mesmo quando os colegas já não aguentam com as pernas. Está em grande forma física e só tenho pena que poucos o acompanhem. Porque em campo só ele, James e Moutinho se lembravam da última final contra o Braga. E garanto que Fernando não jogou tão bem dessa vez como fez nesta.

(+) Alex Sandro. É muito bom no ataque, este puto. É tão bom que acho que vai ser complicado agarrá-lo para a próxima temporada, mas atravessemos essa ponte quando lá chegarmos. Muito activo na tentativa de levar o jogo sempre para a frente, sempre pelo flanco, com excelente toque de bola e só a precisar de melhorar um pouco nos cruzamentos. Foi o do costume, com alguma brincadeira mas a conquistar os adeptos pela força e inteligência com que ataca. Uma pérola que temos aqui no plantel.

(+) Fabiano. Uma grande defesa aos oitenta e tal minutos depois de um balázio do Hugo Viana e uma saída incrível aos pés de João Pedro ainda mais tarde já seriam momentos altos, mas foi por todo o jogo de segurança (até com os pés, por implausível que pudesse parecer) que transmitiu aos defesas que não senti falta de Helton. Não foi por culpa dele que perdemos o jogo, que é mais do que se pode dizer acerca da última Taça da Liga, quando o actual treinador do Rio Ave enfiou um enorme perú e tramou o resto dos rapazes.

(-) Incapacidade de criar jogadas de perigo. Um Baroni chega para todo este jogo, até porque mantenho a minha opinião: para uma final, não jogamos assim tão mal. Mas a quantidade absurda de erros que cometemos durante uma partida é simplesmente incompreensível. Houve uma repetição de tantos e tantos erros que se vêem há tanto tempo nesta equipa do FC Porto que me questiono se de facto há treino conjunto e um mínimo de tentativa de melhorar os níveis técnicos dos jogadores ou se apenas se foca na troca de bola em peladinhas. Sim, é uma “queixa” antiga dos treinadores de bancada, mas depois de ver esta exibição com tanta falta de inteligência na troca de bola na frente, com o enorme número de passes falhados, más recepções e falta de entrosamento entre laterais e extremos, aliados a alguma imaturidade de vários jogadores, começo a pensar que os treinos se limitam à parte física e pouco mais. Este jogo em particular fez-me lembrar aquelas jogatinas na escola primária, em campos de cimento com balizas sem rede (sim, na minha escola eram assim), onde a malta zarpava em louca correria mal tocava a campaínha para intervalo, juntando-se todos ao molho no centro do campo para pegar na bola e andávamos como doidos a tentar acertar na bola. Não havia equipas, só havia grupos de pó como em bandas-desenhadas antigas, com agudíssimos gritos de pré-adolescentes que ainda não quebravam a voz. E ninguém controlava a bola, só a chutava se visse alguém próximo da baliza, quer estivesse de costas ou de frente para os postes. E quando entrava um golo, naqueles momentos de bênção divina que faziam com que a bola atravessasse a linha sem ninguém fazer nada por isso…ninguém sabia o que raio tinha acontecido. E às vezes penso que há jogos em que o FC Porto só consegue marcar um golo se fôr empurrado por um qualquer arcanjo. Este foi um deles.

(-) Vitor Pereira. Culpar o árbitro pela derrota é tão redutor como dizer que os Alemães caíram nas Ardenas porque havia um ou dois carvalhos a mais na floresta. O que Vitor devia ter dito era qualquer coisa como isto: “Não entendo como é que desde há alguns meses a esta parte treinamos semanas após semanas para chegar aos jogos e raramente conseguirmos criar situações de perigo decentes. Continuo a não perceber porque é que os adversários chegam quase sempre primeiro à bola que nós e trocam a bola ao primeiro toque e nós precisamos de qualquer tipo de influência divina para chegar a esse ponto. Gostava de falar com os rapazes que estão no balneário para saber se já viram aquele número 25 que joga com as mesmas cores que eles e se percebem porque é que ele é dos poucos que o pessoal aplaude. O árbitro? Não falo de arbitragens.” E não falava. Isso é que eu gostava de ver. Perdi a esperança.

(-) Mossoró. Um anão nojento que merece tudo de mal que lhe possa acontecer em campo. É a representação de tudo o que um jogador brasileiro traz consigo, desde o excelente na finta, no drible e na visão de jogo, somados à ridícula propensão para a simulação e para a fiteirice interminável. Gostava de o ver a ser bitch-slapped por algum central maldoso. Um Materazzi bêbado, por exemplo. Batia palmas de pé, palavra.


Perdemos, perdemos bem e perderemos sempre enquanto não conseguirmos impôr o nosso estilo. E esse estilo e o autor do estilo estão por um fio, especialmente depois deste jogo. É que a malta até tolera perder a Taça da Liga. Mas não na final. Muito menos contra o Braga. Lamento, mas a vida é mesmo assim, Vitor.

10 comentários

  1. Boas Berto,

    fiquei chateado, não por ter perdido a taça da liga, mas por ter perdido o jogo.

    Não concordo que jogámos bem, nem mais ou menos (vou ter que discordar de ti).
    O Porto não tem pernas, jogou com algum intensidade na primeira parte e depois, pufff, tinha um a menos? Já vi muitos jogos do Porto com menos um em que jogámos muito, em que o Porto saia de pé e aplaudido, mesmo quando não conseguíamos a vitória. Ainda no outro dia estávamos a ver o video com os senhores do Ajax a trocar a bola a 30 ou 40 metros de distância, a quantidade de passes falhados é assustador…

    Gostava tanto de perguntar ao sr. que tem a braçadeira de treinador, porque é que não resguardou o Abdoulaye, todos sabem que o Mossoró arranca faltas como outros grandes artistas (ex: levezinho, James, Aimar, etc…) e o moço estava a fazer por sacar o 2º amarelo ao puto, e aquele palerma não me tira o miúdo antes da 1ª parte terminar?!?!? E sinceramente não me tinha chocado se o Abdoulaye tivesse sido expulso aos 18 minutos, pelo menos sem ver repetições.

    Depois, põe o Kelvin sem antes ter o Atzu em campo para puxar os defesas ???

    É muito fraco este treinador.

    Com o risco de este ano sermos o clube da Foice (e não me falem da supertaça) chegamos ao final do ano sem equipa para o próximo ano (temos 11 jogadores bons, mas se um ou outro sair, estamos tramados).

    Acho que PC vai ter que fazer um mini milagre para o próximo ano…

    Agora é o arrastar da esperança até onde for possível no nosso campeonato.

    Tchau VP, não vais deixar grandes saudades, levas o campeonato no CV sem saberes bem como….

  2. O Ba faz aquilo que faz aos 18min e não merece um Baroni?
    Jogámos bem?
    Muito mal estaremos quando num jogo em que não fomos goleados pelo Braga por pura sorte achar que jogámos bem.
    Mossoró cava a falta?
    Claro que sim, mas quantos e quantos lances já não aplaudimos quando são os nossos avançados a fazer o mesmo?
    Qualquer árbito do mundo teria de marcar aquele penalty.

  3. Eu acho que não jogamos um caralho… Já não tenho paciencia para tante mediocridade.
    Resumindo: VP pede para cagar, sai e não voltes!

  4. Bom dia,

    Só pude ver parte da segunda metade do jogo, mas pelo que vi, foi mais do mesmo. trapalhões na generalidade, sem imaginação, com Fabiano a impedir um resultado mais pesado, e com Fernando uma vez mais a demonstrar que dignifica a camisola que enverga.
    Mossoró conquistou bem o penalti perante o jovem Abdoulaye.

    O nosso jogo é previsível, falta-nos velocidade e magia.
    Temos um treinador que não consegue abanar a equipa, e ser o anti-depressivo que retirasse ansiedade e motivasse. Somos bicampeões e temos de nos assumir como tal.
    A nossa equipa caminha para final da temporada ligada à máquina.
    Vai nos valendo o brio e carácter de alguns atletas, que lutam até não terem forças.
    Nas últimas partidas Fernando e Castro têm sido exemplo daquilo que digo. Podem não ser prodígios, mas têm aquilo que falta à equipa – Garra e Mística.
    Inexplicavelmente Castro desapareceu das opções.
    A sul americanização do plantel ao longo dos últimos anos tem delapidado a cultura do “Ser Porto”.

    A nós adeptos compete-nos continuar a apoiar a equipa, para que o final da época seja menos penoso, e sempre na esperança da conquista do tão ambicionado Tri.

    Parabéns ao Braga pelo troféu.

    Abraço e boa semana

    Paulo

  5. Vi atentamente o jogo e continuo a achar ridiculas aqueles passes mediocres na nossa defesa. Nunca, mas nunca fazemos umas jogada de ataque em que a bola chegue ao Martinez para ele rematar. Ele se fez 3 remates durante todo o jogo o mérito é todo dele. O Danilo não centra, o Alex Sandro não centra ( se vir os centros que ele fez este jogo … e houve lá uma fifia na defesa em que ele se pos a fintar que o Braga falhou miraculosamente ), o james nao centra, o defour centrou uma vez …

    Não gosto deste estilo de jogo, não gosto deste FCP. Aliás, acho que mesmo que o Sporting empate ou ganhe ao Melhores Do Mundo, nós não temos capacidade para ganhar a esses escroques ( espero estar enganado ).

    Honestamente, acho que nos treinos é feita a brincadeira dos passes com a bola da defesa para o ataque, nos jogos a brincadeira fica pela defesa e meio-campo, sem nunca chegar como deve ser lá a frente.

    Que venha o Leonardo Jardim, porque acho que este estilo de jogo é imposto pelo treinador.

  6. Sempre defendi o VP. Mas acho que o seu tempo chegou ao fim. O problema é que os jogadores também acham o mesmo. Vai ser um final de época penoso.

  7. O jogo que o Porto fez não foi mau de todo e uma vez na 2ª parte a jogar com 10 foi mais arrojado do que na 1ª , não percebo porquê ! A equipa devia jogar sempre assim , mais rápido , mais arrojo.
    O penalti foi bem marcado e Abdoulaye foi sacrificado injustamente especialmente quando VP tinha Otamendi no banco e optou por um jogador sem ritmo competitivo e ainda demasiado impetuoso na disputa dos lances , por acaso aconteceu ter sido o Mossoró a fazer a ratice final mas podia ter sido outro.
    VP tem um plantel curto em termos de jogadores com magia e experiência ao mesmo tempo ( só james é muito pouco) e isso deve-se á crise financeira do clube que investiu milhôes em laterais e teve de dispensar muitos players alguns por questões disciplinares ( e bem ) outros para cortar na folha de ordenados , logo VP não pode levar com as culpas todas mas a fatia maior (bem grande) é dele pois não conseguiu potenciar nenhum jogador da equipa B , rentabilizando dessa forma melhor o investimento feito pela Administração.
    Agora o que eu verdadeiramente não suporto é o discurso de desresponsabilização dele ao atirar as culpas para a arbitragem neste jogo e noutros , parece a lampionagem ou os lagartos. O homem pode ser muito competente nas varáveis mensuráveis do jogo mas não atinge os minimos em motivação , mentalização e sobretudo discurso interno e externo !
    O campeonato é uma prova de regularidade e se o ano passado se ganhou por demérito dos benfas que baquearam nos momentos chave , só o ganharemos este ano se o mesmo acontecer mas a irregularidade do comportameto da Equipa não augura nada de bom.
    Se VP não ganhar o campeonato deve sair , se ganhar deve ficar apesar de tudo.

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