Baías e Baronis 2013/2014 – Os médios

Naquele que terá sido o sector mais rodado de todas as equipas do FC Porto desde Oliveira, houve tanta indefinição e incapacidade de manter um fio de jogo que conduzisse à vitória que espanta olhar para estes nomes que aqui estão em baixo e pensar que estes eram os que esperávamos poder suprir a falta de um jogador tão extrordinariamente importante como Moutinho…mas foi o que tivémos e não conseguiríamos nunca substituir o 8 à altura que o rapaz brilhou.

Se Moutinho foi o organizador de jogo do FC Porto durante três anos consecutivos, o ano começou com a opção pelo segundo médio por parte de Paulo Fonseca, que cedo se percebeu que não iria resultar. Cedo, para a malta cínica de fora, que vê os jogos com olho de adepto, porque para o treinador principal do FC Porto havia sempre algo que poderia funcionar no plano teórico, mas nunca o conseguiu traduzir em jogo jogado. As experiências foram muitas e nem vou aqui enumerar todos os meios-campos do FC Porto que alinharam ao longo dos 53 jogos disputados porque a página ficaria pesada e demoraria tanto tempo a carregar que o meu caro leitor rapidamente encheria o balão metafórico e desatava a carregar no botão de refresh com a intensidade de um jovem masturbador dos anos 80 a folhear edições antigas do National Geographic. Se Fernando foi dos poucos elementos que conseguiu destacar-se porque salvou a equipa em muitos jogos da derrota certa (ONZE Baías, a maior parte na primeira metade da temporada, como este, na eliminatória da Taça em Guimarães: Ouve lá, ó maluco, se tu me vieres dizer que fizeste de propósito para marcar aquele golo, meu menino, mando-te dar uma volta ao maior bilhar que encontrares! Mas lá que foi bonito e me fez dar um salto que acordou a minha filha que ia dormitando nos meus braços, lá isso não haja qualquer dúvida. E para lá do que fez nesse lance, foi o que fez em todo o resto do jogo que me continua a fazer crer que está a ser “O” jogador do FC Porto versão 2013/2014, pela luta, pelo posicionamento e pela inusitada inteligência a levar a bola para a frente.), mantendo a intensidade com que disputava cada lance, apenas Defour lhe chegou perto em termos de força e garra colocadas em campo. Mas o belga não é Moutinho, nunca foi e nunca será, e esse selo que lhe foi colado no início da temporada passada foi demasiado para que o rapaz conseguisse mostrar que é um jogador certinho, habituado a receber e rodar a bola para o melhor sítio…mas só isso. É trinco na selecção mas joga bem nessa posição porque tem jogadores na sua frente como Witsel, Fellaini ou Dembelé, fortes como Guarín e dinâmicos como um Lucho nos bons tempos (já lá vamos). A jogar “à Porto”, com um trinco varredor disposto a lutar pelo ar e a despachar pelo chão…não chega. E perdeu muito crédito com os adeptos por ser, convenhamos, honesto ao dizer que preferia sair do que ficar no banco, o que leva sempre a malta a irromper em idiotices tacanhas e proto-xenofobia de trazer por casa. Enfim, o costume. Não o escondo, gosto do rapaz. Escrevi isto no jogo em casa contra o Nápoles: o estupor do tolinho andou a correr em todo o lado como se Derlei e Lisandro tivessem sido juntos e fechados num invólucro de chocolate belga. Esforçou-se imenso e deu o impulso de força e de combatividade que o nosso meio-campo tão desesperadamente precisava há alguns MESES a esta parte.

Lucho foi o maior sacrificado da época e a forma como foi obrigado a jogar perto de Jackson durante vinte e muitos jogos fez com que o argentino, que nunca foi rápido mas sempre foi resistente, fosse abaixo das pernas e não aguentasse um jogo até ao seu final a um ritmo que era incapaz de manter e acima de tudo de o fazer sendo minimamente produtivo. Foi-se perdendo e chegou a um ponto em que os próprios adeptos pediam que o treinador se decidisse: ou o punha a jogar numa posição condizente com o seu talento e capacidades…ou mais valia tirá-lo do onze. Oh inclemência, oh martírio! Acabou por sair a meio da temporada, numa altura que acabou por fragilizar ainda mais a equipa, já de si órfã de referências e líderes. Disse, na altura: “A notícia bateu-me como se tivesse levado um estalo no focinho. Lucho teria comunicado à Direcção que tinha uma oferta do tamanho da Torre dos Clérigos para ir jogar ano e meio para o Qatar e encher os bolsos de uma maneira que o ia obrigar a comprar calças novas todas as semanas. O FC Porto teria aceite a saída e o capitão já não ia jogar contra o Marítimo. Pumba, embrulha.”

Herrera foi um jogador em que depositei alguma esperança mas que raramente conseguiu mostrar o que vale. Melhorou na segunda metade mas a semelhança com um motor start-stop é enervante e não fosse o facto de lhe reconhecer talento, não conseguiria encontrar muitos pontos positivos na época. A exibição no Sporting vs Porto para a Taça da Liga é um bom exemplo: “Tem de ir rapidamente ao médico para perceber se sofre de qualquer forma mexicana de narcolepsia. Há alturas do jogo em que lhe parece parar o cérebro e alhear-se do lance que está a decorrer QUANDO TEM A PUTA DA BOLA NOS PÉS! Não consigo entender-te, coño, palavra que não, mas se não mudas rapidamente a tua capacidade de estar atento 100% do tempo em que estás em campo, vais levar muitas mais notas destas.”.

Quintero foi uma exigência dos adeptos durante vários meses até que se percebeu que ainda tem muito para aprender. Mas ao ver Carlos Eduardo e Josué a desaparecerem gradualmente dos bons índices de aproveitamento que mostraram nos primeiros jogos em que estiveram presentes, o português no arranque da temporada (que até lhe valeu uma chamada à Selecção) e o brasileiro a partir de Dezembro, era notório que a aposta no colombiano poderia ter sido mais constante e a titularidade seria mais natural e poderia ter rendido mais se tivessem apostado mais nele. Josué foi a imagem do jogador à Porto (e do Porto) que jogou demasiadas vezes fora da posição em que mais rende. O facto de ter sido utilizado na ala ou a 10 limitou-o inevitavelmente à condição de fringe player e nunca conseguiu sair do fosso em que parecia entrar quando o jogo não lhe corria bem. Demasiados passes falhados, hesitações em excesso, perdas de bola assassinas. Carlos Eduardo foi pior, incapaz de assumir o jogo quando alinhava numa posição de criação de jogo, onde a irreverência é obrigatória e a intervenção em jogo é essencial em determinados pontos da partida. Já o brasileiro pareceu sempre fisicamente longe do jogo, escondido atrás das marcações dos densos meios-campos que nos enfrentaram esta época. No jogo fora contra o Nápoles: “não merece ser titular do FC Porto neste momento e depois da boa entrada no onze aqui há uns meses, o capital de confiança perdeu-se e a deambulação pelo relvado, escondido dos colegas e longe de qualquer linha de passe, é algo que devia envergonhar qualquer médio criativo. Francamente, o que fez hoje foi o equivalente ao que a minha filha faz diversas vezes por dia. A diferença é que ela tem várias fraldas para mostrar o trabalho realizado.”

Marat quase não jogou, Tozé e Mikel foram usados no finzinho da época…e questiono-me o que lhes teria acontecido se tivessem jogado mais vezes durante o ano. Talvez tivessem perdido a aura de esperança que agora ostentam…

O quadro-resumo dos médios fica abaixo:

CARLOS EDUARDO: BARONI
DEFOUR: BAÍA
FERNANDO: BAÍA
HERRERA: BARONI
IZMAYLOV: BARONI
JOSUÉ: BARONI
LUCHO: BARONI
MIKEL: BAÍA (em grande parte pela época nos Bs)
QUINTERO: BAÍA (pelo talento e potencial mal aproveitado)
TOZÉ: BAÍA (em grande parte pela época nos Bs)

9 comentários

  1. Discordo veementemente do Baroni a El Comandante!!

    Se há pessoa que lutou para levar jogo em frente, para inverter o desassossego táctico do palerma do treinador, foi o Lucho!

    Jogou numa posição que não é a sua, quem esteve no estádio viu-o tentar organizar o meio campo, perdi a conta quantas vezes o vi mandar subir o Josué ou reclamar com aquela posição ridícula, a atropelar Jackson, junto do banco.

    Foi-se um carismático líder, decerto farto de tanta estupidez e desnorte. Eu sei de fonte segura que não foi pelo guito, mas de coração partido.

    Como ficou o meu. Soube que perderíamos o campeonato quando ele saiu. Mais do que o treinador, a perda do Comandante matou a época.

    Lucho Gonzáles foi muito mais Baia que a porcaria do Defour. Lucho devia voltar já, a 8.

  2. concordo quase com tudo, só dava um Baia ao Josué, porque tem talento, porque tem portismo, e porque foi fundamental naquilo que talvez foram os melhores 45 min que vi do Porto esta época, o 2º tempo no San Paolo. acho que a caída de rendimento nos últimos jogos teve muito a ver com o afastamento dele, tem ar de ter sido algo extra-desportivo.

    uma palavra para o Defour, também gosto do homem, não é só injusto como idiota pedir-lhe de ser o novo Moutinho, tem que ser ele próprio.

    e um Baroni para o Lucho, bom… vê-se escrito aí e pensa-se: aqui deve querer dizer “Baia (porque sim)”.

  3. Lucho: Baía
    Se não for por mais nada, pela qualidade do futebol quando o podia jogar, pela cabeça levantada, por ter remado contra a maré, por ter aguentado…
    Também vi muitas asneiras do Fernando, nem por isso considero que não deva ter um Baia. Mas, não foi o Fernando de outros anos. – Se a justificação é de ter jogado fora do seu posto natural, isso tb se aplica ao Lucho, não?

    Essas dos Baias à malta da B deveria ser noutra secção… Baías e Baronis à B…

    1. B&Bs à B ainda vem a caminho…mas ao Lucho não consegui dar uma nota positiva. é verdade que passou meses a jogar fora de posição, sem conseguir render o que esperávamos dele por ter sido colocado noutra posição…mas o que fez em campo não foi suficiente para que pudesse atribuir um Baía. tentei, mas não fui capaz, e tu sabes o quanto eu gosto dele…

      o Fernando não jogou fora da posição natural. teve foi um companheiro demasiado perto ;)

      um abraço,
      Jorge

      1. Pois! acredito: pedias muito, querias muito… mas, visto por outro lado, se o raciocínio do não-Baia é verdade, passa a ser verdade admitir que ele não fez falta; e fez muita…

        acho que resolvi: (também pode ser que tenha sido um não-Baía e não um Baroni)

  4. Jorge,

    Não te esqueças de dar um grande Baroni aos novos equipamentos do CLUBE.

    Se o que está na net for verdade,aquela camisola rosinha já me dá nauseas.

    Só mesmo por um grande contrato financeiro.

    Saudações Azuis e brancas (e nunca de outras cores aze********:))))).

    1. mas qual é o problema do rosa? seriously? não me choca absolutamente nada e até ver a camisola ao vivo, reservo o direito de não a criticar. a principal parece-me demasiado branca, mas daí a fazer como tanta gente e insultar tudo o que mexe só porque a camisolinha não é o que os meninos queriam…deixem-se disso, vá lá…

      abraços,
      Jorge

  5. Baroni ao Lucho !!!!!!!!!!!!!!!!!!????????????????????????”’

    Nem vou comentar esse Baroni porque não é necessário.

    O Baroni ao Josué também não concordo, o homem tem classe , tem raça e é Portista só não teve foi um treinador á altura das realidades e necessidades da equipa e que passou o tempo todo a inventar e a tentar pôr em pratica uma táctica contra natura.

    O Baía ao Defour é um bocado forçado na minha opinião mas aceito-o porque aquando da entrada de Luís Castro soube aproveitar a titularidade para demonstrar que podemos eventualmente contar com ele para o futuro.

  6. Esta frase de Lincoln está genial: ” Não é possivél enganar todos, durante todo tempo!” A verdade virá ao tono e este ano além de ser o maior desatre no futebol sénior, também não ganhamos porcaria nenhuma em qualquer das categorias jovens e nas modalidades tirando o crónico Andebol….nada mais! Por isso será impossivél enganar todos todo tempo… Já não era sem tempo.. O povo não dorme e em breve vão acordar… Haja coragem para dizer bem alto: Basta de enganar todos todo tempo! Esta gente está lá a mais… Sei que muitos estão controlados e “atarrachados” para não falar, publicar, dizer ou comentar… Mas o resultado desportivo diz tudo: pior era impossivél! Claro que já sei que vão falar no histórico das nossas brilhantes conquistas dos ultimos 30 anos, mas isso já cheira a discurso dos mouros, que viviam das conquistas passadas. O dia de ontém, é tanto passado como o de á um mês, um ano, dez, vinte ou trinta. Viver do passado? Viver do histórico? O histórico é que este ano foi um desastre total a todos os niveis e o presente não se mostra melhor. Dai: Não se pode enganar todos, durante todo o tempo! O Povo não dorme… Mesmo que o queiram adormecer! Mete nojo ver certas figuras a viver á custa do nosso clube quando nem portistas são. Para quando a máquina de “Propaganda” irá parar de promover quem se aproveita do clube para ganhar milhões? Atiram areia para os olhos de todos nós, mas infelizmente o resultado desportivo desta vez não deu para branquiar as “jogadas” e vai dai a oportunidade da frase! Vão ser vitimas da sua própria avidez, e gula… Vão ser corridos infelizmente, não por serem apanhados, mas sim por serem incompetentes. Os tempos que ai vêm são dificeis, mas tem a parte boa e positiva: vão ser corridos aqueles que pensavam poder enganar todos , todo tempo! Francisco Holstein

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