Baías e Baronis – FC Porto 2 vs 0 Lille

brahimi

foto retirada de desporto.sapo.pt

Um final de tarde de Nov…Agosto, bem à maneira de um jogo europeu. A chuva miudinha não incomodava, até ajudava a refrescar o corpo e a mente durante a partida, que foi tensa e complicada, também à maneira dos confrontos na Europa. E a vitória assenta-nos bem porque somos e fomos a melhor equipa em campo, mas também porque soubemos crescer nos momentos certos e acertar na baliza quando era necessário. Tudo graças a um jogo inspirado de Brahimi e ao grande ponta-de-lança que temos e que nem sempre é apreciado como devia, tanto cá como lá fora. Pouco há a reter do jogo a não ser o golão do argelino e a confirmação do apuramento de uma equipa ainda verdinha mas que tem tanto talento que parece cruel ainda não conseguir colocá-lo em campo. Early times, my friends. Vamos a notas:

(+) Brahimi. Há um lance em que faz uma “vírgula” num espaço de vinte ou trinta centímetros que deixou o estádio babado para ver mais. E apesar do jogo o ter obrigado a um papel mais defensivo, que aposto não desempenha com particular agrado, foi na frente que se mostrou eficaz, com um golo de livre directo a fazer lembrar Diego e uma assistência perfeita para Jackson enfiar lá dentro o segundo. É muito talentoso com a bola nos pés e é a sair de situações complicadas que mais brilha e põe o povo em chama. Fintar uma equipa numa cabine telefónica? Brahimi consegue isso com a bola controlada e os olhos vendados, amigos!

(+) Jackson. Esteve estupendo a receber a bola e ainda melhor a rodá-la para os colegas. Só tenho pena que tivesse de recuar tantas vezes até ao meio-campo para a poder receber, mas o jogo do FC Porto ainda não se estica como deveria para que Jackson possa ficar mais tempo em zonas de tiro, à espera que a bola lhe vá lá cair redondinha. E o golo que marcou é daqueles dignos de ponta-de-lança, recebendo “en passant” de Brahimi e fuzilando Enyeama com um remate cruzado de pé esquerdo. Excelente jogo e mais um visto na lista dos marcadores deste ano. 3 golos em 4 jogos, metade dos golos da equipa. Os números não mentem: neste momento, Jackson é essencial no FC Porto.

(+) A entrada de Evandro. Ruben parecia cansado e apesar de conseguir fazer aos 17 o que Raul Meireles fazia aos 27 (jogar meia-hora e ser substituído, certinho como um relógio atómico nas substituições de Jesualdo), notava-se que a frescura mental não era a mesma, os passes saíam mais tortos e menos inteligentes. Evandro ajudou a equilibrar o meio-campo, pausando o jogo e temporizando na altura certa para medir bem os passes e ajudar a segurar o centro do terreno que contava com Herrera em modo crazy-time e Casemiro ancorado um pouco mais atrás. E se tivesse tido pernas para ultrapassar Rozehnal, o Otamendi checo (o homem passou meio jogo a fazer carrinhos…), podia mesmo ter marcado. Fica para a próxima, rapaz.

(-) Jogo horizontal em demasia. Discutia no final do jogo os hábitos que se vão criando na estrutura de jogo e a necessidade de ir corrigindo erros para que não se tornem…habituais. A forma como a equipa começa a construção de uma jogada de ataque faz com que o jogo se torne excessivamente horizontal, com pouca vontade de avançar com a bola controlada em direcção à baliza. E isso nota-se mais em jogadores como Óliver ou Ruben Neves, mais rápidos a decidir e que começavam quase sempre por olhar para a lateral em vez de perceber se havia uma melhor linha de passe à sua frente. É com a posse de bola que melhor jogamos, não contesto, mas manter a bola entre nós sem tentar furar enquanto se espera por um erro do adversário pode levar a que em muitos jogos onde sejamos menos eficientes, especialmente no campeonato, comecemos a ficar nervosos e tomemos decisões arriscadas e rápidas demais para acelerar em altura de desespero. Espero para ver a evolução da equipa nos próximos tempos.

(-) O nervosismo do final da primeira parte. A equipa é nova mas não só em termos de contratações e estrutura. Os rapazes que lá estão também são jovens e se podemos salivar com a perspectiva da evolução de tanto talento em campo até que formem um colectivo consistente, também teremos de aguentar alguns jogos em que as decisões não são as melhores e onde há alguma tremideira em determinados momentos em que nada parece correr bem. Os últimos dez minutos da primeira parte foram uma sucessão de más escolhas para o passe, movimentações erradas e um mal-estar generalizado que parecia contagiar as bancadas, que agora parecem cheias de filhos únicos mimados a quem lhes tiraram os brinquedos por meio minuto. Cabe ao treinador acalmar as tropas e o arranque da segunda parte pareceu mais tranquilo (o golo ajudou e muito), mas vão haver jogos em que esses dez minutos podem ditar a diferença entre um bom resultado e uma catástrofe…

(-) Os assobios a Lopetegui. Ainda vou escrever sobre isto mais tarde (a ideia é esta, por isso se não acontecer, fica aqui registado que era este o meu intuito original!) mas só há uma coisa a dizer a esta montanha de unhas encravadas: se querem que as substituições ocorram sempre como suas excelências desejam, mesmo que essa substituição não seja adequada ao que o jogo está a mostrar, fica uma sugestão: vão a uma loja e comprem uma cópia do Football Manager e já podem meter o Quaresma sempre que vos apetecer. Até lá espero que se calem e deixem de pressionar a equipa, de insultar a inteligência do treinador e de lixar a cabeça dos vossos colegas de bancada. Ou então não apareçam, que tal?


O sorteio é na próxima quinta-feira, a meio da tarde. E lá estaremos, pela 19ª vez, a ver as bolinhas a serem sacadas por uma qualquer figura do futebol mundial, à espera do papelinho que diz “FC Porto”. Com mérito.

10 comentários

  1. Realmente não dá para perceber os assobios. As pessoas não percebem que ao fazerem isso podem criar divisões no balneário? Numa época em que até me parece que a equipa está unida, alguns adeptos (?) parecem querer estragar tudo. Foi uma estupidez que espero não se venha a repetir no futuro.

    Grande abraço Jorge

  2. Olá Jorge,

    os assobios vão muito para além da questão do Quaresma. Os pipoqueiros não tem já em grande parte noção do que é o futebol moderno. Ainda ontem foi possivel ver essa malta a assobiar o maicon por colocar a bola no chão e pensar o jogo numa altura em que faziamos mais passes disparatados para a frente do que outra coisa mais racional.

    Eu também gostava de ver o Porto mais longo em campo, a atacar mais e a tentar dar 4 e 5, mas também não posso dizer que deixo de gostar de ter 4 jogos oficiais e 0 golos sofridos. Uma coisa de cada vez…

  3. O mais engraçado disto tudo. Contra o moreirense acredito que Lopetegui vai fazer descansar jogadores, Ruben e Herrera e ate o Oliver pareceram-me cansados. Evandro deve entrar assim como Quaresma. Se o mustang fizer disparates aposto que os mesmos que assobiaram o lopetegui por nao meter o mustang serão os mesmos a assobiar uma exibição menos conseguida.

  4. caro Jorge, caríssimos,

    não há como escapar a este facto, porventura incómodo para alguns: (pelo menos) 10.7M€ encaixados (2.1M€ pela participação no ‘play-off’ e 8.6M€ pela passagem à fase de grupos).

    é certo que foi “no risco”, e espera-se que “a graça” não se repita tão cedo, mas assim ainda soube melhor a vitória.

    abr@ços
    Miguel | Tomo II

  5. Eu só quero dizer que aqui de Gibraltar adorei passar a fronteira para Espanha e ver o nosso Porto na TVE1. Atenção, sinal aberto, canal público, e Porto – Lille em directo e a cores…

    Que ganda Brahimi, que ganda Brahimi mesmo cum carago. o homem e o Oliver juntos fintam uma equipa de rugby em três quartos de um elevador.

    Não gostei muito de ver o Herrera sinceramente o homem está a falhar passes como se estivesse a jogar no ano passado… :(

  6. Jorge,

    Mais uma vez boa posta! Tenho só a contestar a ausência do Baía para Casimiro e o Baroni para Herrera. Não ando mesmo a gostar de ver o Mexicano (e acredita que eu quero muito que ele seja bom, porque acho que o pode ser) em campo e acho que o Evandro está melhor e devia ficar com o seu lugar.
    De qualquer forma fizemos um bom jogo, o melhor dos oficiais até ao momento, e acredito piamente que iremos fazer coisas bonitas este ano.

    Ainda assim, e infelizmente, aquilo que mais me marcou no jogo de ontem foi algo que considero extremamente negativo (e sobre o qual explodi ontem “em directo” na caixe de comentários do “ouve lá ó mister”). Ainda hoje estou revoltado com aquilo que infelizmente assisti ontem no momento da 3ª substituição do FCP (não que os outros assobios não tenham incomodado, mas estes revoltaram-me e deram mesmo nojo). Anda um treinador a fazer um trabalho, até ver, de grande qualidade a gerir homens e egos, numa equipa cheia de qualidade onde todos querem (e vão poder jogar), mas não vão poder jogar todos ao mesmo tempo, e há uma trupe de trogloditas, de verdadeiros atrasados mentais que se dizem Portistas (serão mesmo????) que se põe a assobiar uma substituição que ajudaria o FUTEBOL CLUBE DO PORTO. A substituição e a equipa orientada por Lopetegui é o FC Porto, não é FC Quaresma!!! Eu tenho estima e admiração pelo Quaresma, não esqueço o que já fez pelo Porto e acho que ainda tem muita qualidade para ajudar a equipa. Mas também pode estragar muito se não tiver rédea curta, rédea essa que Lopetegui está a conseguir ter nele. Escusam, os acéfalos dos assobios, de minar esta autoridade porque, potencialmente, o único prejudicado é o FC Porto.
    Um conselho para essa manada: comprem o redpass ou a gamebox e vão assobiar para o c******!

    Um abraço e viva o FUTEBOL CLUBE DO PORTO!!!!!

  7. ” les Dogues ont été surclassés par les Portugais et n’ont jamais semblé en mesure d’inverser la tendance ou même d’inquiéter le troisième du dernier championnat lusitanien” [ in Le Monde ]. Quando os franceses escrevem assim, nada a dizer. Limpinho! Next…

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