Baías e Baronis – FC Porto 2 vs 0 Estoril

790 (2)

Se eu fosse treinador do FC Porto, quando chegasse ao balneário depois daquela primeira parte mandava untar os bancos todos com estrume e via a reacção dos meus jogadores. Aposto que alguns deles se sentava na mesma, de tão cansados e distraídos que pareciam estar depois de sair de quarenta e cinco penosos minutos em que pouco houve para se aproveitar. E depois veio a segunda parte, ainda pior. Não esperava grande coisa do arranque de temporada, a equipa ainda está sem entrosamento, com demasiadas falhas de posicionamento e capacidade criativa. Mas esperava um pouco mais de tino e concentração e hoje não vi nem uma nem outra. Valeu pelos golos. Notas já aqui em baixo:

(+) Maxi. *suspiro* Três jogos oficiais, três Baías para Maxi. Não surpreende quem o tem visto a jogar, especialmente pela diferença que tem mostrado em relação a grande parte dos colegas (ouviste, Tello?) e pela atitude que mostra em campo. Manda abaixo todos que ousavam vir a criticá-lo quando se esforça como se tem vindo a esforçar em lances quase perdidos e como aparece na área contrária a tentar o golo quando o extremo à sua frente parece menos talhado para o mesmo destino (OUVISTE, TELLO???). O número dois está bem entregue.

(+) Danilo. Sem inventar muito, usando bem o corpo (está aí uma boa alcunha para ele: “o corpo”) para proteger a bola e para a fazer rodar logo que possível. Ainda tentou várias incursões pelo meio-campo contrário, sempre inclinado para a direita (a rever, caso contrário começa a ser um lance “à Tarik”, sempre igual com resultados nem sempre positivos) mas raramente teve linhas de passe para criar perigo. Foi dos poucos que se safou.

(+) Casillas. Não teve muito trabalho mas teve duas intervenções importantes que fez com que a equipa continuasse sem sofrer golos no Dragão. Os guarda-redes de equipas de topo têm muitas vezes este papel ingrato de terem de ser 100% eficazes nas poucas vezes em que estão activos, sem haver margem para falha. Foi o que fez e segurou bem a vantagem.

(+) Estoril. Pressionou sempre alto, sem medo, com força e garra e intensidade tais que me envergonhou olhar para os nossos e perceber que não conseguiam manter-se a par dos amarelobranquinhos. É raro ver uma equipa tão interessada em tirar pontos ao adversário num estádio que teoricamente é complicado, por isso louvo o esforço.

(+) Lopetegui. Teve os cojones de mudar o esquema ainda na primeira parte e de retirar um dos mais produtivos bonecos de azul-e-branco que me lembro de ver a jogar e admitir que a experiência de colocar Brahimi a 10 não estava a funcionar. Nem sempre vejo um treinador a mudar quando vê que não está bem e gosto disso. Herrar é o mano.

(-) Os extremos. Tello mantém a sua forma de início de época que se equipara à do ano passado: é incapaz de fintar qualquer jogador que seja mais móvel que um ecoponto. Tão rápido quanto indeciso, raramente se atira para cima do defesa com propósito, com audácia de tentar passar por ele, levando a que o seu processo mental se torça num nó górdio que é incapaz de desatar. Do outro lado, o Silvestre, numa das piores exibições desde a galinha que foi atirada para perto do Roberto aqui há uns anos, foi incapaz de acertar passes, tabelinhas, amortecimentos, you name it. Pareceu a um certo ponto que lhe era complicado manter-se de pé, usar os polegares ou pôr água ao lume. Só faltou dissolver-se numa poça de água e esvair-se dali para fora. Assim percebo a putativa vinda de Corona: os que temos, se continuam assim, não chegam.

(-) A entrada na segunda parte No jogo contra o Guimarães escrevi isto: “Lentos, distraídos, com pouca movimentação no meio-campo e demasiadas hesitações na defesa, foi por nossa culpa que o adversário se impôs durante quase dez minutos e nos empurrou para uma sequência de perdas de bola e bolas paradas defensivas que, com o resultado em apenas 1-0, podia ter corrido mal. Agradeço à equipa ter-me poupado a criatividade de imaginar outras palavras para dizer exactamente o mesmo. E podia somar o resto da exibição, cinzentíssima, sem capacidade de percepcionarem o que deveriam fazer em campo de uma forma construtiva, optando constantemente pelo jogo lateralizado nem sempre bem feito. Houve mais que uma altura em que vi o meio-campo a formar uma linha vertical, com Danilo-Imbula-Brahimi a fazerem lembrar uma espécie de batuta basculante sem propósito nem organização posicional consistente. Foi muito fraco o jogo e muita pobre a exibição.


Pára o campeonato para mais uma absurda jornada de Selecções. Que ninguém se magoe e que voltem com mais cabeça e menos destrambelhamentos. E com o mercado fechado, já agora.

13 comentários

  1. Achaste mesmo que a mudança foi uma questão de cojones?

    Daqui do sofá pareceu mais casmurrice. É que se as coisas estavam mal de início, na segunda parte, como tu dizes, foram ficando pior.

    E foi assim até à entrada do Herrera, em que talvez por algo que o Feng-chui explique, minimamente se recompuseram.

    Gostei do herrar é o mano.

    1. E acrescento, em relação ao Corona, que por aquilo que vi, e admito que não foi muito, é mais um interior/segundo avançado, do que um extremo. Adaptação à vista.

  2. mais um jogo e o que fica?nada mais do que a gritante incapacidade de qualquer adepto portista conseguir perceber como é que jogadores,pouco mais do que amadores,entram para dentro do DRAGAO,e correm muito mas muito mais do que os nossos craques,aliando-se a isso um futebol tao previsivel lento e xoxo.NOvo esquema de jogo ou entao talvez novo treinador,penso que pior nao deve fazer.cump

  3. Pardon my french, mas falta um baroni para todos os filhos da puta que comecaram a assobiar a equipa aos 10 minuros de jogo (quando, imagine-se ,estavamos já a ganhar). Ao segundo jogo em casa fui obrigafo a ofereeri porrada aos cabrões dos assobiadores que estavam perto de mim.. Receio que até ao fim do ano alguém me parta o nariz..

  4. realmente desde os tempos do Fonseca que não jogámos tão mal como óntem. alguém explica-me porque é que temos que tentar jogar com duplo pivot todas as épocas? não percebo minimamente. claro que se calhar não seria preciso contratar montes de médios sem criatividade não fosse o duplo pivot, mas isso já são outras contas… e em abono da verdade, no início da época passada também fartava-me de dizer mal do Casemiro e só mais tarde percebi o que valia.

    concordo muito com o Baía ao Estoril, poucas vezes viu-se uma equipa pequena tão subida no terreno no Dragão (se bem que tiveram sorte, se jogassemos alguma coisa não saíam de lá só com 2 golos certamente).

    e se Varela e Tello foram duas nulidades para mim mesmo assim teria saido o Tello, que estava ainda mais desastroso. mesmo assim acho que era mais importante investir em laterais de qualidade e num médio criativo, mas é capaz de já não ser altura para fazer um negócio aceitável.

    o bom nisso tudo é que tenho plena confiança no Lopetegui pra por a equipa a funcionar como deve ser outra vez

  5. Boas,

    Marcamos um golo de livre: já não posso falar das bolas paradas :)

    Sobre o jogo pelo que percebi (só vi a 2ª parte.. grávidas… ) jogamos bem os primeiros 15 minutos e no fim jogamos bem os últimos 15. De resto pareceu-me mais do mesmo… aquela maldita sina dos passes na defesa chateiam-me tanto como ouvir os assobios.

    O que é reconfortante é saber que o treinador também não gosta do estilo de jogo ( pelas substituições ) e por isso até fiquei com um bom sentimento.

    Outra coisa que já falaram e que de facto é de louvar é o Estoril ter tido os tomates para atacar.

  6. Boas Jorge, este jogo foi um misto de sentimentos. Primeiro porque o meu filhote me suplicou para ir ao Dragão pela primeira vez e eu fiz-lhe a vontade (ainda te procurei porque fiquei na arquibancada da porta 20…), só aquela cara de felicidade em entrar no estádio valeu pelos kms e a merda de jogo.

    Já agora um grande Baroni para a venda de bilhetes. Comprar na net e imprimir é quase impossível e fiquei nas bilheteiras quase 1h para conseguir bilhetes e inclusivé ouvir o primeiro golo do lado de fora… enfim.

    Quanto ao jogo propriamente dito, não assobiei mas tentei usar o vernáculo mais educado possível principalmente ao Tello. Para mim consegue ser pior que o Varela. Agora começo a questionar as opções do Lopetegui. Vendo o que este cepo espanhol joga, porque não apostar no Hernani ou no Ricardo? Estão lá para museu?

    E as merdas das transições do meio campo em que somos incapazes de sair com a puta da bola a jogar?! Não seria melhor convocar o Ruben ou o Sergio? Não entendo.

    Gostei da entrada do André. Deu ali alinhamento ao meio campo, achei melhor do que o Mr. 20M que ainda não vi fazer a ponta de um corno.

    Abraço,
    João

    1. e não disseste nada, estupor! ainda tinha dado tempo para beber um fino antes do jogo e pôr a conversa em dia!!! pra próxima ai de ti! :)

      abraços,
      Jorge

      1. Se não estivesse 1h à espera de bilhete… Mas agora já vou meter a miudagem sócia e já evito isto. Está combinado!!!!

  7. Com as laterais entregues a Indi, Varela, Tello e Maxi (o único que se safa, baía completamente merecido) não sei porque esperava grande caudal ofensivo e combinações de qualidade no ataque. Para atacar neste 11 só o Brahimi, que pelo meio de toda a sarrafada criou jogadas quando só tinha o Aboubakar para fazer de parede lá na frente e inventou sozinho o primeiro golo (com um bom passe do Maxi).

    André André pode não ser o gajo com mais talento na equipa, mas só pelo facto de querer jogar e aparecer sempre a apoiar com linhas de passe já merecia estar no onze. Já o Herrera partilha a mesma falta de talento, juntando a isso falta de neurónios e nenhuma vontade de jogar. Tudo bem, posso ser suspeito porque não gosto do gajo, mas juro que não o vi fazer uma única coisa boa quando tocou na bola neste jogo.

Responder a Alex F. Cancelar resposta

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.