Baías e Baronis – FC Porto 2 vs 1 Chaves

Há jogos assim. Certo, já usei esta frase várias vezes este ano, especialmente quando tentávamos acertar na baliza e parecia mais fácil fazer uma cratera na Lua com um ponteiro de laser a partir da minha varanda. Mas este foi um jogo estranho, com uma primeira parte muito má e uma segunda parte muito boa, ao mesmo tempo que o Chaves mostrou tudo o que uma equipa pequena tem de ter para tentar roubar pontos a um grande: intensidade, contra-ataque rápido, garra, capacidade tremenda para anti-jogo e a complacência do árbitro para que isso aconteça. Pesando os prós e contras, a vitória é justíssima e só podia ser nossa. Vamos a notas:

(+) Casillas. Iker salvou o FC Porto hoje, muito à imagem do que tinha feito no jogo do ano passado na Luz. Um jogo tremendo, com celebrações conjuntas, uma defesa quase impossível, outras de elevadíssimo nível e uma presença sempre permanente no comando da defesa e da equipa. Os campeões são feitos disto mesmo, de jogos complicados onde brilham e mostram porque têm o nome nos livros de histórias até à eternidade. Grande.

(+) Maxi. Lutou, atacou, conquistou terreno contrário como um mouro (historical pun intended) e esteve sempre na busca de um melhor resultado. Apanhou com adversários pouco complicados na defesa, o que fez com que ajudasse bem nos ataques da equipa, acabando num deles a sofrer um abalroamento não autorizado que devia ter sido causa justa para penalty. Não foi porque Vasco Santos fez vista mais grossa que as pernas do central que abalroou o nosso defesa direito.

(+) Os golos. Danilo devia procurar aparecer à entrada da área para criar desequilíbrios e rematar, ou pelo menos tentar fazê-lo. Já Depoitre fez talvez o melhor jogo com a nossa camisola, com uma cabeçada a enviar a bola com a força de sete Guaríns chateados para dentro da baliza. E ambos chegaram no melhor momento possível.

(+) O público. É tão fácil não assobiar os nossos, não é? Quando todos funcionamos unidos num objectivo comum, com a equipa em campo a ajudar mesmo quando não joga bem mas que dá imagem de trabalho e empenho contagiando a audiência. Trinta e cinco mil no Dragão a uma segunda-feira à noite é uma boa casa e com o frio que estava foi uma agradável surpresa depois da miséria da assistência contra o Marítimo. E esses trinta e cinco mil levaram a equipa às costas com apoio de início a fim. Gostei de ver e de contribuir.

(-) Zero de empowerment nas substituições. Nuno toma uma de duas opções possíveis quando se vê perante um resultado tremido: a mais fraca. Retira jogadores criativos e coloca organizadores defensivos, atrasa a equipa e age como um treinador de equipa pequena, partindo-a entre blocos de defesa e contra-ataque, que no fundo acaba por dizer à equipa que não confia neles o suficiente para os manter em campo até ao fim, procurando em alternativa minimizar a possibilidade do adversário criar estragos. A outra opção seria a de manter os homens em campo, fomentando a união e convencendo-os de que são capazes de manter um jogo consistente, organizado e controlando o jogo com ou sem bola mas com a estrutura assente nas mesmas peças, trocando um ou outro jogador por homens que façam o mesmo papel. Talvez não sinta que tenha profundidade suficiente no plantel para esse approach, mas desagrada-me que estejamos sempre a fazer figura subalternizadora em momentos críticos do jogo.

(-) A primeira parte. Estava a enervar-me tanto ver aquela equipa em campo. Tudo corria mal, desde as fintas consecutivamente mal inventadas por Corona às impossíveis combinações de Jota e André, passando pelas cabeçadas tortas de Felipe e pela incapacidade de Brahimi em endossar a bola a um companheiro depois de passar pelo defesa. Tudo em esforço, tudo com pouco discernimento e uma incrível falta de sorte que parecíamos condenados ao regresso da seca. O golo do Chaves é prova disso mesmo porque tudo lhes corria bem, em completo contraponto com o que nos ia acontecendo. Óliver corta a bola para trás e Felipe escorrega sem a conseguir alcançar, onde o avançado do Chaves a recupera, inclina para o interior e remata, a bola ressalta em Danilo e passa metros por cima de Casillas, entrando na baliza. Enervante. Impossível. Azarado.

(-) Aquele penalty sobre o Maxi…é tão evidente e foi de tal maneira ignorado pelo árbitro que se vestíssemos um rinoceronte com um fato de rena e lhe puséssemos um nariz vermelho aposto que Vasco Santos continuaria a dizer que era o Rodolfo.


Dois jogos complicados, duas vitórias arrancadas com garra, algum saber e muita, muita vontade. Agora, férias. Não 100% merecidas, mas esperemos por melhores momentos depois delas acabarem. Ou pelo menos momentos mais tranquilos. Boas férias, rapazes!

16 comentários

    1. Em relacao aos vouchers nota-se bem aqui como este pais e Benfiquista em todas as esferas da nossa governamentacao e opiniao. Ha uns anos, nao sei se foi com os irmaos Calheiro, o Porto levou nas orelhas ate mais nao por pagar uma viagem ao Brasil. O Benfica descobre esta tremenda forma intelectual de chamar aos parvos, de estupidos, e diz que Minha Nossa Senhora, mas alguem realmente se deixa corromper por uns vouchers de almoco. Nao servira entao a pergunta para o mesmo efeito, mas alguem se deixa corromper por uma viagem ao Brasil? A resposta nos dois casos e simples, corrupcao e corrupcao em ambos os casos, e tendo em conta os valores dos almocos, entao ai e que nao deixa mesmo de feder.

      Mas mais claro do que favoritismos enunciados pela camara de Lsboa ao perdoar uma divida ao maior clube de Lisboa, e dificil. Prova concreta de que todos os pequenos clubes amadores e semi-profissionais merecem da parte da CML pouquissimo ou nenhum respeito e complicado de negar. Regra geral no mundo de ontem, hoje e infelizmente no Orwelliano de amanha e que os grandes serao cada vez maiores, os pequenos cada vez menores e assim sendo o futebol implodira no ocaso de um buraco negro. E facil de perceber-se, senao vejamos, os buracos negros atraem para si ‘gananciosamente’ toda a massa que gravita a sua volta, sem do nem piedade, absorvendo-a como senso a sua propria materia critica. Ora chega a um ponto que se extinguem todas as estrelas e corpos orbitantes em seu redor, passando estes a fazer parte do buraco negro. E este o estado do futebol portugues dentro de alguns anos.

  1. vitoria na raça, mas fizemos mesmo assim para dar 4 ou 5. Jota nao esta a jogar nada e contra equipas fortes no fisico tem poucas hipoteses, depoitre deu peso e presença na area, excelente substituiçao. O problema do porto contra este ipo de equipas fortes fisicamente e a falta de cabedal e claro de falta de intensidade, a B sofre do mesmo, os sub 19 do mesmo e portanto tem a ver tambem com preferencias de scouting. casillas em 99% das vezes o que for possivel defender ele defende.

  2. Há muito tempo que não insultava a mãe de alguém como insultei ontem a mãe do árbitro…
    Não querendo tirar mérito ao Chaves, que fez um jogo no Dragão que outros rivais bem mais poderosos não ousaram fazer, pareceu que alguns jogadores do Porto já tinham a cabeça no check-in do aeroporto. Vá lá que ainda regressaram no intervalo e fizeram um jogo enorme.
    Da mesma forma que aparece a classificação das equipas nos jornais, devia aparecer a classificação dos árbitros. Estou mesmo curioso pela nota que o árbitro de ontem vai ter. Cartões amarelos para o jogadores do Porto saiam do bolso por protestos, Iker leva um amarelo por demorar a repor a bola quando antes os jogadores do Chaves recorreram ao anti jogo de forma impune. E eu não consigo entender como é que o jogador do Chaves não levou amarelo quando o Iker chuta a bola e deliberadamente estica o braço… Um penalti e um golo mal anulado, mesmo assim ganhamos. Mas se isto vai ser assim até ao fim da época, vai ser uma luta inglória.

  3. bom, considero que a troca do Jota pelo Depoitre tinha de acontecer – podia não ter resultado, mas até resultou em golo, e tinha de se tentar. Ficar com o Jota inconsequente é que não – e não vejo como se possa criticar o Nuno por isso! Tempos houve em que tínhamos um treinador que tudo ganhou e que recorria à força no final dos jogos para os resolver, mas era mais vistoso, vendia-se melhor…
    Além disso, não me parece que o jovem João Teixeira seja força e não criatividade… E, se há coisa que os jogadores saibam é que ele confia neles; se não não lhe davam esta entrega e dedicação…

    – Que embirração com o moço !

    1. ai não concordo mesmo nada, ai não! se confiasse neles deixava-os em campo e não mudava o esquema quando lhe dão os calafrios do cagaço!

  4. Boas,

    Não acham que o Corona parece que anda desmotivado ?? Pena.
    O depoitre é um jogador para estas equipas ao invés do jota. Nem percebo o que o jota anda a fazer nos últimos jogos.

    Foi um bom jogo em que acho que nunca ninguém duvidou que íamos marcar um golo, daí o constante apoio que se fez sentir.

    Outra nota: gostei do amarelo que o marcano levou. :)

      1. Ehehe foi do genero, às vezes é preciso e no caso era preciso. …Quando é que o camone do Brahimi vai para a CAN ? É que desde que ele voltou que dou o braço a torcer e entre ele e o octavio escolhia o gajo que não passa bola :|. Infelizmente para o FCP parece-me que ele faz mais falta que o octavio…

  5. Há que dar os parabéns a Nuno Espírito Santo por estes últimos jogos, espero sinceramente que tenha aprendido algo com a derrota ante o Benfica (para mim aquilo foi uma derrota…). Se não tiver medo dos adversários (sejam eles quais forem) a probabilidade de ganhar jogos será sempre muito maior e terá muito mais apoio vindo das bancadas…

    Creio que também temos de dar os parabéns pela forma como tem conseguido fazer regressar alguma da mística perdida nos últimos anos. Basta ver aquela indignação de Marcano ontem à noite – deu-me um prazer enorme ver aquilo!

    Agora é esperar que venham das férias em forma e com ganas de partir esta merda toda…

  6. “o Chaves mostrou tudo o que uma equipa pequena tem de ter ”
    De equipa pequena, este Chaves tem muito pouco, a seguir ao Roma (com 11) foi a melhor equipa que vi este ano a jogar no Dragão. Excelentes jogadores (os laterais, os 2 médios centro e os avançados principalmente), grande atitude e organização de jogo.
    Pena até para eles que a grande exibição que fizeram na 1ª parte fique completamente ofuscada com a vergonhosa actuação da equipa de arbitragem, que ontem não fez mais que um roubo à mão armada em pleno Dragão! Grande segunda parte dos nossos, com raiva e revolta, mas com este tipo de arbitragens, isso não vai chegar para ganhar todos os jogos em que nos anulem golos limpos e neguem penalties flagrantes.

  7. Sinceramente, ele ontem faz a substituição que literalmente vira o jogo, e com um jogador com o qual já poucos contavam. O Porto joga (muito) mais do que alguma vez jogou nos últimos 3 anos, sem falar nos anos do Vitor Pereira. E não tem propriamente o plantel que estava ao dispor do Flopetegui no 1º ano…

    Dêm lá algum mérito ao NES, caramba…

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