Ouve lá ó Mister – Sporting

Companheiro Nuno,

 

Daqui a umas horas vou sair de casa, meter-me no carro e por-me a caminho do Dragão. Depois de passar algum tempo a tomar um café e a beber uns finos com amigos, vou vestir o casaco, colocar o gorro na careca e o cachecol ao pescoço e vou seguir viagem pela Alameda abaixo até entrar na minha porta (que não é a 19 porque essa estará ocupada por gente de verde e branco) e eventualmente sentar-me no meu lugar. Uma mijinha, um cigarro, uma garrafa de água para equilibrar a cerveja e humedecer a garganta, algumas conversas nervosas e siga lá para dentro. Tudo isto acontece nos jogos normais e é uma rotina que me agrada, que me acalma, que me faz sentir que o mundo é normal, pelo menos aquele que eu controlo. Mas este não é um jogo normal, Nuno. É um dos grandes. É daqueles que a partir do momento em que o árbitro bota os lábios no assobio, tudo muda. Fico tenso, intranquilo, distante, como se estivesse fechado numa redoma em forma de estádio onde o tempo é infinito e a capacidade de sofrimento aumenta exponencialmente à medida que o jogo vai decorrendo. Raro é o clássico em que me divirto e não prevejo que este seja muito diferente.

Mas há uma forma de me transformar num adepto, digamos, normalzinho: jogar a sério e ganhar. Pensa que se venceres tens o Sporting a noventa mil pontos de distância somados à vantagem no confronto directo. Pensa que pode ser o primeiro clássico que vences. Pensa que pode ser o primeiro jogo que vences o senhor otchentchaeotcho. Pensa que é a tua primeira grande hipótese de limpares a imagem de medricas que ficou desde o último clássico que jogaste no Dragão. Pensa em morder os calcanhares ao Benfica e só vencendo o conseguirás.

Pensa nisso tudo. Transmite aos rapazes essa mesma ideia e entrem em campo para ganhar de início a fim. É só isso que te peço.

Sou quem sabes,

Jorge

3 comentários

  1. No Alfa Pendular vindo de Lisboa a caminho de Campanhã… Hoje à noite TUDO AO DRAGÃO!
    Visto de Azul e Branco desde o dia em eu nasci!

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