Baías e Baronis – FC Porto 7 vs 0 Nacional da Madeira

Prometiam chuva da boa para a tarde e início de noite e a minha mãe, preocupada como sempre com o bem estar do seu filhote, acusou-me de ser, passo a citar: “um tolinho” por me ir meter na bola durante uma tempestade. Pois, mami, a verdade é que houve outro tipo de tempestade no Dragão. Uma tempestade de futebol ofensivo, pautado por dois irreverentes jogadores de futebol, de estatura média-baixa, que douraram um espectáculo interessante e a espaços muito bem jogado, que resultou numa vitória como não se via há quase vinte anos. O facto do Nacional ser tão jeitoso como um cacho de bananas podres ajudou, mas a equipa esteve bem e notou-se em campo. Vamos a notas:

(+) Setazero. Não há como dar a volta a isto: foi uma coça. Uma sova das boas dada por uma equipa que procurou sempre o próximo golo como se fosse o primeiro e onde houve muito mérito do treinador, pelas opções que tomou a partir do banco, em levar a equipa a um resultado épico. Nuno ajudou e incentivou a equipa a erguer-se com tremenda facilidade até aos sete golos que marcou com uma postura constantemente ofensiva (contra onze ou contra dez) que se fez ver ao longo de todo o jogo, onde só não entraram mais porque nem sempre foram tomadas as melhores decisões em frente à baliza. E se Brahimi, Óliver e companhia estiveram bem, muito disso esteve no trabalho do treinador que optou sempre pelo jogador que mais verticalidade conseguia trazer à equipa, nunca desistindo e jogando para a bancada em vez de procurar travar e descansar à espera do apito final. É certo que podemos sempre ser cínicos e dizer: “oh, mas ele só mostra que tem tomateira quando joga a mais ou quando está a ganhar por três ou quatro”, mas a verdade é que foi audaz, agressivo e deu um docinho aos adeptos. E todos gostaram de se lambuzar com ele.

(+) Brahimi. Roda, passa, dribla, arranca, faz tudo. Brahimi está num bom momento e nota-se pela forma como se lança por cima do defesa (talvez seja melhor usar o plural, tal era a facilidade com que Yacine passava pelos múltiplos oponentes que lhe apareciam à frente) com uma confiança tal que desafiava a matemática, provando que dois ou três eram o mesmo que um. Rijo a aguentar o 1×1, audacioso nos arranques, foi o principal rompedor pelo meio-campo contrário e fez pela vida até sair debaixo de uma das maiores ovações que já recebeu neste estádio que também é dele. Excelente jogo.

(+) Óliver. Um passe de Óliver não é fino. Não é elegante. Não é forte nem fraco nem alto nem baixo. É a perfeição transformada em futebol, é a precisão convertida em lirismo, a funcionar como um robot pronto a dançar o Lago dos Cisnes com um módulo de doçura e talento enfiado no processador da máquina. É um homem como poucos na forma como vê o jogo e selecciona a melhor opção como um boss de último nível num jogo de computador impossível de bater. Dizia-me um dos amigos de bancada que desde Moutinho que não víamos isto. Sinto-me tentado a concordar.

(-) André². Parece quase ridículo atribuir um Baroni individual a um jogador do FC Porto num jogo em que o resultado é tão evidente e a exibição tão absurdamente avassaladora a nosso favor. Mas André² não fez o que devia ter feito na maioria dos lances onde esteve envolvido e travou imenso o jogo da equipa, especialmente na primeira parte. Com passes demasiado curtos ou excessivamente longos, não foi o apoio que Óliver gostaria de ter e raramente conseguiu ser o transportador de jogo ao nível que a equipa precisava, um homem como Maniche foi para Deco ou Guarín para Moutinho. Esforçado mas pouco produtivo…exactamente na posição que é talvez a mais exigente no actual esquema de Nuno.

(-) Nacional da Madeira. Fraquinho, muito fraquinho. Quando um homem como Zequinha é um dos principais elementos desequilibradores de uma equipa, é sinal que essa equipa está destinada a descer de divisão ou quase falecer ao tentar não o fazer. Basta dizer que terminamos a nossa competição directa contra estes rapazes com um resultado de 11-0 em dois jogos. É suficiente para fazer corar o Luís Campos, palavra.


O Feirense, tal como o Braga, não serve para nada. Temos de subir a pulso, carago!!!

12 comentários

  1. Bom dia,
    Texto excelente. Só não concordo com a avaliação do André2. Aliás, se há dia em que tudo foi perfeito, esse dia foi ontem!

  2. Yep, de acordo em tudo. Mas mesmo tudo. Se conseguíssemos, que não conseguiremos, manter este meio campo, era só acrescentar um Battaglia no lugar do André. Feito.

  3. Man, u outta lay off da booze!
    Sempre andaram a distribuir bejecas durante o jogo, não?!
    As jogadas dos 4 primeiros golos passaram todas pelo André André. Como é que o rapaz esteve tão mal ontem?
    As mães têm sempre razão, no quentinho do sofá estavas melhor!
    😲

    1. Estive lá e corroboro. O A2 é pouco explícito a distribuir e tê-lo como distribuidor de jogo é desapontante. Contei pelo menos duas ocasiões em que devia ter rematado, mas prefere entregar, mal, a outros. Uma vez rematou e foi fraco.
      Irrita solenemente que se invoquem adversários no Nosso estádio. porra, puxem pela equipa e não dêem importância aos demais

      1. Concordo! Ja chega dessa merda! Se jogam connosco, claro! Se não jogam, é dar-lhes a importância que ELES. NÃO. TÊM!

  4. Ao A2 um Baroni ? … mas que foi que o frio lhe fez, Jorge ? Vi um jogo muito positivo do A2 ; talvez o melhor esta época. Antes do golo estiveram todos nervosos e apreensivos, é verdade. Havia pouca crença, faltava o Maxi a empurrar. Mas depois do maestrinho ter inaugurado, chegou a ser quase perfeito por vezes. Tantos eram os que se desmarcavam e tantas as combinações ensaiadas! E o A2 sempre esteve lá…
    (Aliás, isto deveria ser como os fora de jogo – na dúvida favorece-se quem ataca; na dúvida deixam-se os Baronis em casa!)

    1. mantenho o que disse. o André não é o que precisamos naquela posição e está muito longe de ser uma solução. neste momento, apesar de ser esforçado, não traz mais-valias à equipa. lento a criar, lento a passar, demasiado fora do jogo quando a equipa precisa de romper. é uma das posições mais importantes para o esquema do Nuno e o que dava jeito era um Guarín, não um Soderstrom. e o André está mais sueco que colombiano.

  5. André André foi ontem dos melhores em campo, foi eleito o melhor jogador pela tsf e antena1, e dos melhores para o jornal a bola (ou record, nem sei, costumo ler o jogo mas hoje teve de ser um desses)

  6. “Não é forte nem fraco nem alto nem baixo. É a perfeição transformada em futebol, é a precisão convertida em lirismo, a funcionar como um robot pronto a dançar o Lago dos Cisnes com um módulo de doçura e talento enfiado no processador da máquina. ”

    Jorge estava 0-0 e o oliver num passo “fraco” passou para um jogador do Nacional que ficou praticamente em frente ao casilhas, se não fosse o felipe ou marcano ( ja nao me lembro) bem que tinha sido diferente o jogo todo.
    Os passes do oliver são maioritariamente “fracos”, lamento. :P … lá para o fascinio pelo meco. :P

Deixar uma resposta

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.