Baías e Baronis – Juventus 1 vs 0 FC Porto

Não gosto de perder. Ninguém gosta. Nao gosto de perder quando mereço ganhar e também não gosto de perder quando mereço perder. Lido bem com a falha mas não me agrada. E não gosto de perder jogos a sério contra equipas a sério, mas perder contra esta Juventus não é uma derrota. É uma naturalidade ligada à segunda lei de Newton, que diz que a força é igual à massa vezes a aceleração: e quando compararem as duas massas e capacidades de aceleração de ambas as equipas, facilmente percebem que as forças são ridiculamente díspares e o resultado é, como disse, natural. Vamos a notas:

(+) O empenho de todos os rapazes. Não gosto muito de dizer coisas como “estou orgulhoso dos nossos rapazes” num jogo em que perdemos. Mas a verdade é que estou, porque conheço ambas as equipas e os jogadores que as formam e se a eliminatória não fosse ganha pela Juventus, algo de muito importante teria acontecido ao longo dos 180 minutos. Mas fizemos pela vida, sem desorganizações loucas, sem perderem a cabeça nem a noção do ridículo e mostrando que este grupo de jogadores que parecia tão destrambelhado aqui há uns meses pode mesmo ter cimentado uma equipa. Estivemos no limite das capacidades físicas, com luta tremenda a meio-campo (André² deve ter acabado o jogo a vomitar de tanto ter corrido, o mesmo para Danilo e Soares), solidariedade no apoio defensivo (Marcano desviado para a esquerda, André Silva para a direita, Óliver a lutar por bolas aéreas…raios, até Brahimi ajudou enquanto pôde!) e uma tremenda vontade de mudar as coisas para conseguirem subir ainda mais alto (Marcano e Felipe nas subidas pelo centro ou pela ala esquerda ou em permanente atenção perante uma frente de ataque com Higuaín, Dybala e Mandzukic – SÓ! COISA POUCA!) fizeram com que possa dizer: ferido, mas não no orgulho. Ferido na alma pela derrota, mas orgulhoso pelo esforço.

(+) O apoio do público. Ouvi, como todos devem ter ouvido, cânticos portistas em Turim. Durante largos minutos fomos mais sonoros, mais vocais, mais entusiastas que os homens da casa, que estariam satisfeitos pela qualificação e com pouca vontade para gastar a garganta em apoio desnecessário. Mérito para os nossos, que fizeram pela vida e foram apoiar a equipa a Itália e a equipa só lhes pode agradecer. Terá oportunidades para isso muito em breve.

(-) Corpo. Nota-se em quase todas as jogadas: eles são maiores que nós. São mais altos, mais fortes, mais largos, mais rápidos. Cobrem mais terreno, avançam mais depressa, tapam melhor as zonas vazias do meio-campo e desdobram-se com uma elegância de movimento que lhes permite colocar em campo o melhor futebol desta eliminatória a dois sem que se tenham de preocupar muito com a oposição. Porque quase não houve, não por nossa culpa, mas porque temos um plantel curto fisicamente e incapaz de lidar com esta malta. Teríamos de conseguir jogar de olhos fechados (algo que eles quase conseguem) para fazer a bola rodar ao ponto de não a verem. E ainda estaremos um pouco longe de o conseguir.

(-) Mente. Outra coisa que nos falta é mesmo esta mentalidade competitiva que vimos na Juventus. Jogaram a passo, com jogadas tranquilamente gizadas, ao alcance de jogadores de calibre bem superior ao nosso e que não podemos, a curto prazo, tentar emular. Mas apenas o faziam quando tinham a bola em sua posse, pois mal a perdiam, logo se lançavam em modo “oficial” para tapar as nossas iniciativas, compensar falhas dos colegas, agindo com velocidade, agressividade e com noção táctica muito acima da (nossa) média, para conseguirem rapidamente retirar a bola aos nossos rapazes e ficar com ela para reiniciar o processo. Dois exemplos simples: a forma como o flanco direito conseguiu “roubar” lançamentos ao FC Porto quando tínhamos jogadores mais bem colocados para receber a bola e quando confrontados com a maior agressividade (mental, não física) dos italianos, perdíamos o confronto antes sequer de o tentarmos travar. Uma vez foi Dani Alves a fazer isso a Layún e na outra foi Cuadrado, depois de encostar Brahimi para fora do campo, tirando-lhe a bola. E Brahimi “respondeu”, no limite da falta…


Aquela entrada de carrinho do Telles sobre o Lichsteiner (que hoje nem jogou) acabou por deitar por fora qualquer hipótese que poderíamos ter de vencer a Juve. A partir daí…foi um bom esforço mas ficaram visíveis diferenças enormes entre as duas equipas e o resultado final é natural. Venha a Champions do próximo ano onde, salvo qualquer catástrofe, voltaremos a estar!

5 comentários

  1. A capacidade de aceleração do meio campo deles é de Ferraris e do nosso é de Casal Boss. Conseguimos disfarçar um pouco quando Brahimi faz gincana no parque de Ferraris e Danilo pára aquela geringonça, mas é muito pouco.

  2. E, afinal, concordo com tudo…só que a mim o que mais me custou foram aqueles dois golos, sobretudo o do Jota, que não o quiseram ser… que os moços não marcaram porque de repente viram quem tinham pela frente!… Isso é super importante: para além de corpo, faltou experiência !
    Mas, exatamente por isso é que temos orgulho, porque se for só isso, o caso estará resolvido…

    PS: Na TV inglesa o comentador arbitral dizia que era double jeopardy ter expulso o Maxi e marcado o penalty; que se fosse ele só marcava o penalty e daria amarelo…para não estragar o jogo! (e, eu acho que ele está certo, mas acabamos a jogar melhor só com 10 …)

  3. Não sou defensor de muitas coisas que aconteceram no nosso CLUBE nos últimos anos, nem sou de me consolar com pequenas e médias alegrias.
    Convenhamos que fomos manifestamente inferiores à Juventus. Hoje por hoje, sem duvida alguma, uma das TRÊS grandes equipas da Europa ( do mundo diria), com Chelsea e Bayern.— Barça e RM são uma desilusão em 2017 e as outras famosas estão uns degraus abaixo. Portanto aconteceu o normal e justo.
    Foi mais uma AULA para os nossos Jogadores e para o nosso Técnico, que bem precisa.

    Só uma pequena palavra sobre um caso que nunca ninguém mais falou:

    Afinal Antero Henrique, o Braço Direito, o Principal, o Futuro,o Mais Que Perfeito, saiu…e tudo melhorou. E o ambiente lá dentro nem dá para comparar…

  4. Li o post e os comentarios, e so falta uma das coisas mais impressionantes que vi este ano e o ano passado acontecerem no Porto – O INCRIVEL JOGO DE MARCANO A LIMPAR EM TODA A LINHA COM UMA CLASSE E MESTRIA IMPRESSIONANTES. O que e que este gajo tomou que o fez ficar este jogador?

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