Baías e Baronis – Braga 0 vs 1 FC Porto

Ganhamos. E ganhamos bem por uma série de motivos. Porque o Braga raramente criou perigo suficiente para sequer pensar em justificar outro resultado. Porque marcamos um e podíamos (perdão, devíamos) ter marcado mais uns quatro ou cinco. Porque fomos bravos e rijos mas também calmos e inteligentes quando foi preciso. Mas arriscamos mais do que seria necessário e temi que uma bola aleatória entrasse na baliza nos últimos minutos e me fizesse lembrar daquele famoso jogo contra o Benfica no ano passado (onde foi NES que o perdeu, não o Herrera). No final, uma vitória merecida e doze pontos em doze possíveis antes da paragem. Goody. Sigam as notas:

(+) Danilo. Que parvoíce de jogo, rapaz. Impecável na cobertura, rijo na marcação e a subir com a bola, foi o bloqueio que precisávamos para conseguirmos arrancar as bolas no meio-campo e rodá-las rapidamente para as laterais, já que Óliver esteve muitas vezes preso por Fransérgio e Vukcevic, ao passo que os extremos inclinavam para o centro e precisavam da linha de passe. E quem a recebia? Danilo, pois claro. Foi o elemento mais constante num dia em que todos estiveram em boa forma e com espírito de luta. E quem vê esta equipa a jogar assim e a viu no ano passado…nem é bom pensar.

(+) Marega. Espero mesmo que não leiam esta frase com qualquer conotação racista, mas eu não resisto: o Marega é uma preview do que acontecerá quando o Bolt for jogar futebol. Corre imenso, joga razoavelmente bem mas esforça-se tanto que mesmo quando não marca golos não consigo criticar o rapaz. E é complicado não criticar porque pode parecer que estou satisfeito “só” com um Marega, até porque tenho a certeza que vai encostar quando o Soares estiver de volta, mas a verdade é que Marega está a fazer tudo para que o Sérgio tenha grandes dúvidas em tirá-lo da equipa. E nada mais lhe posso pedir.

(+) O golo de Corona. A meio da semana vaticinei numa conversa com amigos que íamos vencer o jogo com um golo de Corona. Juro que é verdade. Também disse que ia ser na segunda parte em contra-ataque, mas não nos foquemos nos falhanços e louvemos não só a minha visão oracular mas também o estupendo trabalho do único mexicano que ainda conta para alguma coisa e fiquemos maravilhados com aquele picar de bola por cima do adversário e o míssil que fez com que a bola passasse pelas coxas do Matheus e nos sacasse os três pontinhos que procurávamos. Corona está cheio de vontade e se continuar a fazer coisinhas destas tem lugar no onze de caras.

(+) Telles (especialmente a defender). Safou várias vezes a equipa com cortes fundamentais a cruzamentos largos ou a ajudar a tapar quando Brahimi já estava sem pernas. Não esteve tão interventivo na frente apesar daquele remate cruzado que Matheus, mais uma vez, defendeu para o poste. Está em grande forma e há que sugar o rapaz até ao tutano. Ou não, já que alternativas não abundam…

(-) Xistra. É impossível jogar assim. É impossível estar constantemente a levar pancada e sermos os primeiros a levar um cartão amarelo. É impossível assistir a um jogo em que o adversário tem muito mais corda solta para poder usar a expressão “canela até ao pescoço” sem qualquer problema e usar os braços como se estivesse a pregar ao Santo Adelino dos Barrotes no Esfíncter. Xistra permitiu tudo isto e mais, com Fransérgio a ficar mais de meia-hora em campo a merecer não dois mas pelo menos três cartões amarelos, com Ricardo a levar um cartão amarelo igual ao que não foi dado VÁRIAS VEZES a Fábio Martins, com Sequeira a entrar a varrer de pés juntos, com pés levantados até ao céu durante todo o jogo, mais puxões que uma Black Friday no Nebraska. Aliás, se o Benfica empatou em Vila do Conde à custa daquele…pá, chamemos-lhe “Jonalty”, hoje tinha havido trinta Jonalties a nosso favor. Foi o Xistra do costume contra a equipa do costume. Nem sei porque é que espero outra coisa.

(-) Felipe. Não anda bem, este maravilhoso estupor. Nem é tanto nas falhas quando é obrigado a fazer um jogo vertical positivo (que é como quem diz mandar a bola para a frente), é mesmo na temporização da abordagem aos lances e na maneira infantil como se deixa “comer” pelos avançados em alturas que tem de proteger a bola e obrigar o adversário a fazer uma falta do tamanho de seis Maregas para lha tirar. E Felipe não anda a fazer nada do que fez quando cá chegou. Nem auto-golos (felizmente) nem cortes para a bancada (infelizmente). Assim não gosto, rapaz.

(-) 4-4-2 para 4-3-3 para 4-5-1 para… . Lembro-me bem de NES a tirar Corona e a meter o Ruben. E a fazer o mesmo com Óliver para entrar Layún. E depois Herrera no lugar de Jota. Lembro-me bem porque fui ver ao zerozero já que a minha memória tem capacidade equivalente a um ZX Spectrum. Partido. Anyway, tive um arrepio quando me apercebi que podia acontecer o mesmo e quando vi as três primeiras intervenções de Herrera depois de entrar…assustei-me mesmo (para memória futura, foram: a) tentar desviar a bola com grande intensidade oftalmológica, b) hesitar entre andar ou enveredar numa carreira de homem-estátua e c) tocar na bola com o braço cedendo um livre perigoso because why the fuck not). O final do jogo acalmou-me pela forma mais inteligente como gerimos o tempo e apesar de ser um jogo fora num dos estádios mais complicados, o que até justifica a atitude, é preciso ter cuidado para não perdermos a vontade de ganhar e eventualmente ganhemos a vontade de não perder.


Mais importante que termos vencido o jogo é o facto do Benfica ter perdido pontos e termos conseguido aproveitar isso. Há quanto tempo não acontecia? Depois não querem que um gajo fique com moral…

9 comentários

  1. E o Óli que (quase) todos apreciamos: intenso, com uma leitura prodigiosa do jogo, e neste momento, também agressivo na recuperação de bola e rápido no apoio defensivo. A Óli só falta golo. Fenomenal maestrinho.

  2. Eu ja disse isto ha uns tempos atras e acho que tu ate te riste (sem malicia), mas o Oliver aos 23 num clube europeu de maior expressao era candidato para se desenvolver para titulo de melhor do mundo. Vai na volta eu sou so parvo ou tendencioso, mas que senhor futebolista!!!

    Quanto ao Jonas, ha milagres que so certos padres, ou reviravoltas que so certos ministros conseguem. Jonas esta sob a alcada patetica da fusao prodigiosa clero-estado. Nao ha aqui laicismo nenhum, so lacaios.

    Quanto ao “(-) 4-4-2 para 4-3-3 para 4-5-1 para…” – entao mas nao foi isto que ganhou o jogo? Pelas palavras do Sergio, foi.

  3. o golo foi a Deco, precisamos claramente de mais dois medios fortes e intensos. Gosto do luisao da B bom jogador. vitoria decisiva por varios motivos, os lampioes estao completamente desesperados

  4. Agora noutro ambito completamente diferente, li a entrevista do Augusto Inacio e tive que extrair de la esta frase porque e simplesmente genial, verdadeira, transparente: “O orçamento não ganha os jogos, são os jogadores. Não acredito em nenhum projeto no futebol português. Porque quando se faz um projeto para três anos, ao fim de duas ou três derrotas o projeto já foi e o treinador vai para a rua”. Concordo com o que ele disse a 100%

  5. acho que a maioria dos adeptos estão a ser injustos com o Marega. Ele até nem fez um mau jogo e com a continuação da titularidade vai ganhar mais ritmo e marcar mais golos importantes.

    1. E daquelas coisas, o Marega fez uns tres/quatro jogos pelo Porto e toda a gente lhe caiu em cima, apesar de sempre, mas sempre ter demonstrado iniciativa… ja jeito as vezes e complicado. Mas o Herrera, fez quantas epocas ja? Tres/Quatro, e nem iniciativa, nem jeito, nem ventos de mudanca. As vezes como adeptos somos implacaveis e esquece-mo-nos que para alem de muita coisa existe a confianca, e essa na maioria dos jogadores tem que se alimentar. Alias, eu estou em crer que o que realmente faz a diferenca entre jogadores tao qualitativamente semelhantes como ha no mundo inteiro, a confianca e o elemento que marca a diferenca. Aqueles como o Ibrahimovic, Messi, Ronaldo tem-na aos potes e nao precisam dos adeptos para se elevarem. ja Maregas e tais precisam e muito.

  6. Sem dúvida que o Oliver numa equipa de maior nomeada tipo Steaua de Bucareste ou Apoel de Nicósia, era uma estrela. George Becali pediria 60 milhões ou mais para quem o quisesse ouvir.
    Nesta clube mediano, claro que qualquer Fransergio lhe faz sombra e a estrela não brilha em todo o seu esplendor.

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