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Baías e Baronis – Benfica 0 vs 1 FC Porto

foto retirada do zerozero

Estes jogos não se vêem, não se observam, assistem, analisam. Estes jogos não permitem uma opinião racional, baseada em factos e números de cruzamentos, recepções orientadas e remates enquadrados com a baliza. Estes jogos não se vêem. Estes jogos sentem-se. E como tal, qualquer tipo de análise feita por mim nestas alturas peca por ser demasiado emocional, com muito pouca atenção ao detalhe, à minúcia que seria exigida com naturalidade para qualquer outro jogo. Como tal, peço desculpa mas cá vai: O HERRERA É O MELHOR JOGADOR DESTE LADO DO IMPÉRIO GALÁCTICO E SE ELE ME MANDAR VESTIR UMA SAIA DE PALHA E CANTAR KATY PERRY, WELL BABY YOU’RE A FUCKING FIREWORK! Ufa. Vamos a notas:

(+) Herrera. Lutas contra tudo, Hector. Lutas contra moínhos que surgem do solo e te travam o andamento; contra as superiores orelhas que ostentas nas laterais do teu crânio; contra adeptos que não te entendem e acham que devias ser um jogador melhor do que és e estariam dispostos a levar-te ao aeroporto no início da época (olá!)…há duas épocas, pelo menos; contra uma fronha que não te trouxe amigos toda a tua vida; contra uma quase patológica incapacidade de jogar cansado a um nível decente. Entre muitos outros obstáculos que se te vão aparecendo pela frente, que vais ultrapassando com maior ou menor dificuldade. E depois fazes uma destas. Tu, que fizeste aquela borrada num jogo contra estes mesmos rapazes e que sentias, talvez mais que todos os outros, a vontade de limpar a imagem. Tu, que és capitão de uma equipa que já morreu várias vezes e ressuscitou outras tantas, numa espécie de multi-take da Paixão que tem em ti uma figura principal. Tu, meu demente. Tu, que não jogas nada. Tu, que podes ter conquistado o campeonato.

(+) A importância de ter o Marega e não um “Marega”. É muito diferente ter aquele chaimite na frente de ataque e ter qualquer um dos sucedâneos que andámos a tentar adaptar com graus variáveis de sucesso. Porque Marega, por muito que possa ser complicado de perceber, é um jogador único de características únicas e com um impacto também único na equipa. A facilidade com que conseguimos esticar o jogo e assim continuar a cumprir o modelo do treinador depende muito da capacidade física dos jogadores que estão em campo e nenhum consegue oferecer o que Marega oferece. E hoje, no primeiro jogo depois de uma lesão prolongada…não fez um grande jogo mas pareceu fresco, rijo e cheio de vontade. Que continue assim até ao fim!

(+) A segunda parte. A primeira não tinha sido má, mas foi frouxa. Demorámos muito tempo a perceber o que fazer sem a bola e deu-me sempre uma ligeira sensação de contentamento com o empate, como se a equipa estivesse a jogar o que sempre quis mas sem arriscar muito para não colocar em perigo o resultado mas também sem procurar um que fosse melhor. E na segunda parte aparecemos com o mesmo esquema, os mesmos rapazes mas uma atitude mais audaz. Uma pressão mais agressiva, uma posse de bola mais prática, mais incisiva, acima de tudo mais Sérgio Conceição e as suas ideias que têm vindo a ser mostradas desde o início do ano. Acabámos por vencer depois de vários lances em que podíamos ter marcado. Nada mau para um candidato morto.

(-) Demasiada cautela na primeira parte. Como disse acima, a primeira parte não foi má de todo, mas foi lenta, com muitos jogadores a jogarem um pouco mais retraídos do que é habitual. Vi pouco Telles, preocupado com Rafa e Cervi; pouco Herrera, lento a desmarcar e mais lento ainda a tapar as subidas de Pizzi e Zivkovic; pouco Otávio, sem conseguir impedir Fejsa de controlar toda a zona defensiva e incapaz de furar para ajudar Soares, ele também bastante sozinho na frente. O Benfica esteve ligeiramente melhor que nós e Iker segurou bem o empate, felizmente. Acabou por resultar bem mas se o remate de Hector tivesse ido por cima, estaria agora a lamentar os quarenta e cinco minutos de avanço que lhes demos…


Quatro jogos para o final. Três vitórias para o campeonato. Dois jogos em casa. Um objectivo único. Está quase, amigos.

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Baías e Baronis – FC Porto 0 vs 0 Benfica

foto retirada do zerozero

Não gosto de jogos destes. Jogos em que não dominámos mas podíamos ter ganho. Jogos em que não jogámos grande coisa mas podíamos ter ganho. Jogos em que não fomos eficazes porque se tivéssemos sido…you got it, podíamos ter ganho. E acima de tudo, um jogo em que eu pensei que não podíamos não o ganhar, com toda a envolvente fora do campo a passar para dentro, a tensão do momento do confronto entre os dois clube que passava para lá da relva e das chuteiras e das bolas…e afinal, lá dentro, somos mais iguais do que pensava. Igualmente maus, entenda-se. Notas abaixo:

(+) Marega a esticar. FC Porto em sufoco defensivo, Brahimi recebe a bola no meio-campo e zumba lá vai ela a voar para Marega, que aguenta, corre quarenta metros e ganha um canto. Isto aconteceu várias vezes na primeira parte, antes do “1º Grande Conferência Das Adaptações Tácticas Defensivas” chegar ao fim sem estrondo nem grande folia. Marega foi um dos principais corredores da equipa, porque o fez sempre com critério, com força e vontade de ajudar a equipa, mesmo que não tenha sido sempre esclarecido como podia (e como nós gostávamos, ou pelo menos eu…mais abaixo podem ver o outro lado do espelho).

(+) Danilo. Fez o que pôde no meio-campo e esteve em tantos lances de bola dividida que me cansei de os contar. Procurou ser um elemento firme na zona defensiva e mesmo com a passagem de Herrera para o meio acabou por ser o que mais se mostrou, com boa movimentação e sempre a tentar levar a equipa para a frente.

(+) Sá. Estes jogos decidem-se muitas vezes em detalhes e Sá participou em dois momentos de stress intenso em frente à sua baliza. E mais nada. No primeiro, saiu mal pelo ar mas salvou muito bem também no ar; no segundo, saiu aos pés do adversário e salvou mais uma imbecilidade dos colegas. Mais uma, entenda-se. Imbecilidades que, sem desprimor para com o nosso actual guarda-redes, pareciam acontecer menos com Casillas, mas pode ser apenas coincidência.

(-) 4-D-2-1-2-1? E depois, um 4-2-2-O-1? Como és um gajo que até parece entender bem o vernáculo e não me parece complicado de falar contigo a esse nível, apesar de arriscar levar um bufardo no focinho, quero dizer-te isto: vai inventar ao caralho, Sérgio. Colocar o Marega naquela terra de ninguém até entendo, mas o Herrera a tapar atrás dele quando o Sérgio Oliveira também descai para lá…uff, que desequilíbrio táctico em que esteve aquele meio-campo durante a primeira parte e só perdemos com isso. Explica-me lá porque raio é que metes mais um médio em campo se só vai servir para tapar as investidas do Benfica pelo centro como se fosse um grupo de vikings que fura por ali com um tronco em riste para fazer cair a porta do castelo?! É que a ideia que dá é que ficaste contente com a opção apesar de estar tudo a destruir-se à tua volta, com o Herrera a não tapar nem construir na direita, o Brahimi a vir ao meio receber e a criar apenas com o passe (quando tens um espanhol tão jeitoso para fazer o mesmo) e os médios a desentenderem-se quanto às posições que deveriam ocupar (a sério que houve alturas em que vi três todos juntos). Tinhas um modelo porreiro, que agrada a alguns e desagrada a outros, mas conseguias ganhar jogos com isso. Os adversários perceberam a manha, encheram o meio-campo e agora? Bola, estás lixado. Solução? Desce o avançado ou faz subir outro médio para a ruptura. Ou arranja mais um Marega e continua a rusga. Mas estas adaptações não favoreceram em nada a equipa, homem. Nadinha.

(-) Felipe. Juro que não te entendo, moço. Têm sido umas atrás das outras e se estás com problemas na cabeça, por favor fala com alguém, vai ao médico, arranja umas bagas ou umas garrafas de bom single malt e apanha a bebedeira todas as noites para poderes ao menos saboreá-la em condições, porque me parece que tens andado a beber sem ninguém notar e entras para o campo todo roído da mioleira. Já são demasiadas falhas em vários jogos e desta vez tiveste muita sorte de não termos sofrido um golo que poderia colocar a época em questão. Sim, é isso mesmo, neste momento és uma menos-valia na equipa e juro que se eu não achasse que o Reyes serve melhor como vara para segurar trepadeiras do que para jogar no FC Porto, punha-o a titular e mandava-te passar uns dias a umas termas para acalmares. Tu sabes que precisas.

(-) O filho da puta do banco do Benfica que chutou a bola para longe. Não sei quem foi, nem sequer se é jogador ou treinador ou copeiro. Não vi ainda repetições dos lances e escrevo a quente. Mas estimo que o engolidor de falos que sujou aquele banco e fez aquela imbecilidade acabe a sua vida em posição fetal num esgoto com vários tipos de esperma a sairem-lhe da boca. É do tipo de coisas que pode despoletar motins, daqueles que matam gente. E se é para morrer alguém, que seja este, seja lá quem for.

(-) Marega a finalizar. Eu também gostava de ter um gajo que corresse como o Marega, que esticasse o jogo como o Marega, que tivesse a força do Marega e a capacidade de luta e esforço que o Marega tem. Mas também gostava de poder depender de alguém que não tem talochas nos pés, mas é o que temos. Não vencemos hoje, como na Turquia, porque um jogador do FC Porto falhou um golo de baliza completamente aberta. E não é admissível.

(-) Arbitragem. Pois lá está. Só posso falar do que vi ao vivo e do que me disseram por mensagens, mas fica a minha opinião a partir das bancadas. Não percebi o lance do Luisão, estava muito longe para discernir. O fora-de-jogo pareceu-me no limite mas já me constou que o Sálvio punha o nosso jovem em jogo. A expulsão do Zivkovic é tão acertada como desnecessária, mas a culpa é do jogador e só dele. O Jonas é mais esperto que os outros todos, esse cabrãozinho, porque puxa sempre o adversário mas cai primeiro, sacando a falta (outro que merecia um final digno de Calígula, já agora) e sorrindo a seguir. Várias faltas não marcadas a Brahimi e apontadas igualzinhas do outro lado…


Podíamos chegar ao jogo contra o Benfica com a moral em alta? Podíamos. Podíamos sair do jogo contra o Benfica com a moral em alta? Podíamos. E agora, com dois pontos em dois jogos…não estou com a moral em alta. Nem perto.

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Baías e Baronis – Benfica 1 vs 1 FC Porto

Não foi um mau resultado. Afinal de contas jogamos no estádio mais complicado do país, contra o actual tricampeão, num ambiente difícil onde nos vimos a perder com meia dúzia de minutos jogados. E não desistimos, conseguimos um empate interessante numa partida onde o Benfica fez talvez o melhor jogo do ano e onde se notou a diferença entre um futebol mais cerebral e outro mais directo, onde tradicionalmente nestes jogos a equipa que é mais prática e incisiva acaba por vencer. No final, os maiores responsáveis pelo empate foram os guarda-redes, num jogo rijo e intenso que acaba com um resultado justo. Não era o que precisávamos mas não merecíamos mais. Vamos a notas:

(+) Maxi. Meu maravilhoso cabrão, que sofreste os meus insultos e sempre os encaraste de peito estoicamente empinado para a frente durante anos a fio, chegou a tua hora. A forma como celebraste o golo foi uma enorme prova da forma como vives e te empenhas pela equipa, seja qual for a camisola que defendas. És bruto, feio, duro, mas és um lutador e creio que morrerás como um lutador. Estou a ver-te a empurrar um pobre enfermeiro que te vá cateterizar quando tiveres os teus noventa anos, ou a pontapear a ceifeira nos cojones quando chegar perto de ti. É este espírito de luta de um homem que já passou os seus melhores anos mas que só vira a cara à luta de uma forma literal, se a luta lhe fizer frente. Escreveste uma página na tua história com a nossa camisola e fizeste-o no momento certo e acima de tudo no estádio certo. Só tenha pena que não tivesses arrancado uma orelha do Jonas à dentada, mas pouco mais se podia pedir.

(+) Casillas. Iker gosta de grandes jogos e hoje esteve mais uma vez em estupendo nível, um pouco à imagem do que tinha feito no ano passado neste mesmo estádio. Extraordinário em várias defesas consecutivas, muito bem a sair dos postes e acima de tudo com o timing certo a controlar o tempo de jogo (vês, Bruno Varela? é assim que se perde tempo com nível!). É um dos que mais mereceria ser campeão e se conseguirmos lá chegar será um dos mais satisfeitos com isso. Incrivelmente.

(+) André². Lutou como um touro no meio-campo e só não saiu porque estava a ser tão importante como primeira parede no meio-campo que Nuno optou por refrescar os três avançados e manter o meio-campo consistente. Com Danilo preso nas movimentações de Rafa e Óliver a tentar soltar-se para criar (também um jogo muito esforçado do espanhol, atenção!), foi André que mais se mostrou na defesa e no lançamento do contra-ataque, onde falhou alguns passes mas procurou sempre a melhor opção para manter a bola controlada. Fez um excelente jogo.

(-) A entrada em jogo. Os piores dez minutos do FC Porto aconteceram logo no arranque. E foi pena que o Benfica tivesse tido exactamente a atitude oposta entrando estupendamente em jogo, agressivo no meio-campo, intenso e subido para recuperar a bola em zonas onde procurávamos ainda descobrir linhas de passe primárias que raramente existiram. O penalty acabou por ser um infeliz corolário a alguns minutos de intensa pressão e o Benfica fez por merecer isso. E já agora, sobre o penalty. É perfeitamente normal que Xistra tenha assinalado a falta mesmo que depois da repetição se veja que é Jonas (mais sobre este imbecil abaixo) que acerta em Felipe e não o contrário, porque em jogo corrido é natural que Xistra veja uma falta que parece existir. Quando assim é não há nada a dizer e se eu em directo penso que até eu marcaria aquele penalty, não seria capaz de criticar o árbitro por tomar a mesma decisão. De qualquer forma, a entrada do Benfica foi muito melhor que a nossa e acabou por condicionar uma boa parte do primeiro terço do jogo. Felizmente conseguimos recuperar a moral e a rapaziada não se foi abaixo. Ufa.

(-) Jonas. É um bom jogador. Muito bom. Tecnicamente, tacticamente, é uma enorme mais-valia para o Benfica e para a nossa Liga. Mas é um enorme imbecil, um jogador sujo, vil, porco, um nojo. É daqueles gajos que dá vontade meter o guarda-redes suplente a defesa central a alguns minutos do fim do jogo e dizer-lhe: “vais ali ter com ele e cospes-lhe direitinho nos olhos e quando ele reclamar, dás-lhe um pontapé a sério nos tomates e enfias-lhe uma beringela no rabo. depois podes começar a pontapear-lhe as têmporas, sem pressas mas com comvicção. vai, rapaz, vive um bocado!”. Se os lances de arremesso para o relvado não fossem suficientes (o penalty que tenta sacar na segunda parte e que mereceria um cartão amarelo é só ridículo), aquela atitude que teve com Nuno era digna de levar quatro murros nos dentes e ficar a comer sopa passada durante uns meses. É simples: Jonas agrediu o treinador do FC Porto. Não há outra forma de ver o lance onde Jonas salta ostensivamente para empurrar Nuno e causar confusão perto do banco do FC Porto. Foi deliberado e é a imagem de um jogador que merecia ser castigado severamente ainda durante o jogo e fora dele, porque fê-lo com a única perspectiva de provocar o adversário, levar a que a malta se exaltasse e causasse uma ou outra expulsão. Foi um acto nojento de um homem nojento e que provou que continua a ser um dos jogadores mais protegidos do nosso campeonato em vários vectores.


Não dependemos apenas do nosso próprio esforço e suor para ganharmos esta treta. Temos um calendário mais complicado e uma equipa menos consistente. Mas temos alma, carago, temos vontade de lutar até ao fim e é isso que temos de fazer. Sempre.

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Baías e Baronis – FC Porto 1 vs 1 Benfica

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Naquele que foi um dos jogos contra o Benfica em que melhor estivemos nos últimos anos, o resultado é uma valente trampa. E ninguém que foi ao Dragão esperaria que tal acontecesse depois de um jogo em que estivemos quase sempre por cima do adversário, soçobrando perto do minuto K (bonito este murro no estômago, não?) e acabando com as mãos na cabeça. A razão? Muito simples: pensar e continuar a pensar pequeno. Vamos a notas:

(+) A equipa em campo. Não há quase nada a apontar aos jogadores e nem quero individualizar porque estiveram todos bem. Sim, o Corona por vezes falhou na decisão e tremeram-lhe as pernas. Certo, o Otávio podia ter sido mais prático nalgumas situações. Maxi não conseguiu cortar todas as bolas nem Telles cruzar com acerto. Mas houve empenho, entrega máxima, luta até cair para o lado que não teve um final correspondente por algum azar, más decisões do banco (voltaremos a elas em baixo) e uma excelente exibição de Ederson. André, Jota, Óliver, Danilo e todos os colegas lutaram até à exaustão e não mereciam este resultado depois de um jogo em que dominaram o Benfica durante largos períodos e mostraram um futebol interessante, prático até ao último terço e sem grandes invenções, distracções nem paralizações. Ões foram eles. Grandalhões, apesar da estatura. Mereciam, como já disse, outro resultado e mostraram que a montanha-russa de exibições não pára mas fez uma pausa neste jogo. Encararam o jogo como um clássico e estiveram à altura dele.

(+) O público do Dragão. Se houve jogo em que todos estiveram do lado da equipa, foi este. Apoio de princípio a fim, vozes calibradas, músicas moderadamente afinadas mas cantadas em voz alta e forte, o estádio esteve sempre a empurrar a equipa para que conseguisse ficar com os três pontos no bolso. Aplausos estrondosos para os substituídos, gargantas elevadíssimas no golo e uma vibração constante a ser transmitida para dentro de campo. Fosse sempre assim e nunca haveria assobiadores que resistissem.

(-) Liderança fraca. Numa equipa de futebol o principal responsável pela forma como se apresenta em campo é o treinador. Se os jogadores não correm, é ele que não os motiva, seja lá por que método for. Se os homens correm muito, é ele que os incentiva. Se jogam em posse, é por ordem dele e se a forma de jogar passa pelas transições rápidas ou pelo jogo directo, também é o treinador que os ordena a tal. Há sempre um ou outro que não segue as indicações e vai sendo corrigido em jogo ou numa das suas pausas. É ele que coordena a táctica, a estratégia e a disposição em campo que vai mudando durante a partida. Tudo isto para dizer uma coisa: a culpa do empate e de termos perdido dois pontos é de Nuno. Não é do Herrera que chutou a bola em vez de a segurar (foi ele como podia ter sido outro, tal foi o desespero injectado na equipa), não é do Casillas que não conseguiu defender o remate de cabeça, não é de André Silva que falhou a baliza uma ou duas vezes e nem é de Jota que “só” marcou um. É do treinador. E é dele porque transmitiu aos jogadores que é preferível segurar um golo de vantagem em vez de ir à procura do segundo. A culpa é dele porque fez três substituições defensivas num jogo em casa contra um rival que, apesar do jogo ser de tripla, pouco fazia para tentar sequer recuperar o golo sofrido. É dele porque a presunção da solidez defensiva cai por terra num fortuito lance de bola parada ou num ressalto que trai o guarda-redes. É dele porque as opções que toma dizem aos jogadores que não confia neles para conseguir dar a marrada nas têmporas do adversário e talvez seja melhor ficarem à espera que nos rebentem os dentes com uma bigorna que eventualmente cai do céu. A culpa é dele porque empurra a equipa para trás com as entradas de Layun e Herrera em vez de a manter na frente com Brahimi ou Depoitre. A atitude de um treinador é mais importante que a dos jogadores porque não é individual mas colectiva. Porque transmite aos jogadores que está com medo do que o adversário possa fazer e por muito que o adversário não tenha criado grande perigo em noventa minutos (aquele chouriço do Eliseu e o remate do Samaris que Iker defendeu para canto foram as únicas oportunidades decentes), acaba por acreditar e não desiste. Para terminar, a culpa é dele porque deixa a sorte decidir o que o nosso talento poderia ter decidido. E isso, aos meus olhos, não tem perdão.


Entramos a cinco pontos, saimos a cinco pontos. Ainda falta muito mas perdemos uma grande oportunidade de ficarmos a dois. E não vão haver muitas melhores que esta.

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Baías e Baronis – SL Benfica 1 vs 2 FC Porto

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Não acredito que muitos portistas estivessem à espera disto. Eu certamente não estava. Passei o dia nervoso, com uma sensação de desastre iminente que pairava sobre mim como uma nuvem carregada de negativismo. Disse a um colega de trabalho que sou pessimista porque assim o impacto das notícias positivas é maior. E se foi. Uma vitória do trabalho, da eficácia e da força de vontade, de um grupo de homens que há uma semana estavam arrasados mentalmente, com o peso do mundo às costas. Hoje mostraram que estão vivos e deram uma alegria enorme a tantos que os apoiam. Notas, com um sorriso enorme, já abaixo:

(+) O orgulho não está morto. Exceptuando Maxi e Chidozie, estes foram os mesmos homens que jogaram contra o Arouca. Foram estes que desperdiçaram uma oportunidade estupenda de se aproximarem do primeiro lugar e quase deitaram o campeonato fora no passado fim-de-semana. E se calhar já está mesmo fora do nosso alcance, mas os nossos jogadores entraram em campo como se não acreditassem que algo estivesse perdido. Lutaram como raramente os vi a fazer este ano, acabando o jogo com as faces ruborizadas do esforço, os calções cobertos de manchas de relva e o corpo empastado com o suor de noventa minutos doidos de correria e orgulho que recuperaram pelo menos durante uma noite. O futuro dirá se a montanha-russa vai continuar ou se o planalto está próximo.

(+) Casillas. Se havia noite para brilhares, Iker, era esta. Que jogo estupendo, com pelo menos quatro defesas maravilhosas a remates adversários (Pizzi, Jonas, Gaitán e Mitroglou) e uma intercepção absurda de Indi que Casillas atirou para trás da barra com reflexos de gato e que parecia ter voltado dez ou quinze anos atrás, tal foi a facilidade com que saltou e reagiu. Não vencemos por causa dele, mas podíamos ter perdido se não estivesse lá. Enhorabuena, hombre!.

(+) Herrera. Herrera é isto. Oito ou oitenta. Topo ou fundo. Puxando a brasa aqui para perto, Baía ou Baroni. É a representação em campo do estado anímico da equipa e surpreende-me perceber o quão estamos ligados às suas exibições, quer queiramos quer não. Quando Herrera está bem, o FC Porto está melhor, porque é através dos seus pés que as jogadas surgem mais fluidas e a bola rola com mais propósito. Em constante movimento e a procurar o espaço dado pela defesa benfiquista que jogou sempre bem subida, tentou vários passes a desmarcar colegas, quase sempre com pouca sorte. Ainda assim, foi lutador e ajudou a desenvolver o contra-ataque portista durante todo o jogo.

(+) Danilo. William Carvalho parece ser o ungido por Deus e pelos arcanjos para ser o próximo trinco da Selecção Nacional, mas Danilo tem metido o sportinguista num bolso. Excelente na luta física e na protecção da bola, quase perfeito nas dobras rasteiras e a aguentar o meio-campo defensivo quando apanhava com três ou mais jogadores do Benfica, qual deles o maior no jogo de braços. Danilo aguentou tudo e ainda conseguiu ter forças para arrastar a equipa para a frente sempre que pôde. Que jogador estás a ficar, rapaz.

(+) Chidozie. Temi, como tantos outros, que tremesse na estreia. Nada disso. Calm, cool and collected, Chidozie mostrou a tantos outros jovens que o que é preciso para entrar numa equipa como o FC Porto é ter talento, calma e confiança nas suas capacidades. Não foi genial mas nunca inventou à Maicon, nunca passou à Marcano e nunca facilitou à Indi. Dezanove anos. Não sei se continuará a ser titular (não está inscrito na Europa League) mas pode ser opção para o jogo contra o Moreirense e se mantiver o estilo simples e eficaz, começa a ser complicado não apostar em mais jovens da equipa B nos próximos tempos.

(-) Posicionamento deficiente, especialmente na primeira parte. Chocou-me a quantidade de vezes que Mitroglou descia para tabelar com Sanches, Jonas ou Pizzi, rompendo pelo centro sem que lhe fosse obstruída a passagem ou causado algum incómodo. Chateei-me quando via Brahimi longe do lateral quase em overlap ou Layún a recuar perante André Almeida. Aborreci-me sempre que via o Benfica a passear pelo noso meio-campo e a conseguir furar a estratégia defensiva quase sem precisar de suar muito. Enervei-me quando os laterais contrários conseguem quase sempre cruzar em condições e os ressaltos acabavam por ir ter aos pés dos colegas, sem que conseguíssemos sair com a bola controlada. A segunda parte melhorou mas se não fosse Casillas, um segundo golo naquela altura podia ter morto o jogo de vez. Ufa.

(-) Expulsões perdoadas, mais uma vez. Sempre a somar. Jonas entra à Van Damme por cima de André. Sanches joga toda a primeira parte com os braços esticados, acertando várias vezes nos adversários sem grande malícia mas com risco para a integridade física do adversário, só apanhando amarelo depois de um pontapé em Aboubakar com a bola bem longe. E a bola também estava longe quando Carcela tem uma entrada por trás sobre Layún (creio), que era para vermelho directo. Soares Dias não teve uma má noite, longe disso, mas o critério disciplinar inclinou-se muito para os rapazes da casa.


Ganhámos na Luz depois de vários jogos em que lá fomos para não perder. Desta vez, os rapazes fizeram pela vida e tiveram a recompensa merecida. Não sei se somos melhores que eles como equipa. Mas hoje, no campo, fomos mais eficazes e os três pontos cá estão. Parabéns, rapazes!

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