Baías e Baronis – Benfica 1 vs 3 FC Porto

 

foto retirada de MaisFutebol

 

Ainda estou a pensar como é que foi possível. Depois do pior jogo da época nos ter ferido o orgulho quase de morte, incluía-me no grupo dos cépticos, nós que somos sempre mais negativos e que raramente acreditamos que se pode dar a volta a um resultado negativo deste nível. Quando o jogo chegou ao intervalo, dei comigo a pensar: “Bem, os rapazes até estão a tentar, mas está a faltar qualquer coisa. Se ao menos entrasse um golo, era só preciso um golo para lhes dar mais alento. Carago, povo, é só mais um bocadinho de querer, vamos a isso!!!”. Sim, eu penso com pontuação e tudo, é uma coisa minha, não questionem. Na segunda parte…Valhalla em Lisboa. Moutinho em grande forma, Hulk mais prático, Falcao mais acertado, Fernando com a mesma consistência, Otamendi e Rolando a defender muito bem e Álvaro a jogar quase como médio-ala, a pressão foi excelente, eficaz e converteu em golos alguma sorte que fizemos por merecer. Estamos na final! Vamos a notas:

 

(+) FC Porto É um jogo que define uma época. A vontade que hoje mostramos de tentar dar a volta a um resultado negativo é equivalente, perdoem-me a comparação, ao jogo da segunda mão da Taça UEFA de 2002/2003 onde a derrota nas Antas com o Panathinaikos levou ao famoso “esperem, isto ainda vai a meio” de Mourinho. Foi uma jornada fabulosa de querer, de garra e de total concentração num jogo em que partíamos com uma desvantagem muito complicada de conseguir anular. Porra, tínhamos perdido em casa com o Benfica por 2-0! Mais que isso, tínhamos perdido muito bem! Acredito que foi essa noção, o facto dos jogadores se aperceberem que o orgulho estava em jogo levou aquele extra de enfoque e compenetração que a vitória era a única opção. Notava-se isso nos jogadores, desde Beto a Falcao, desde Fernando a Hulk. Sempre a tentar, sempre a forçar, sempre a arriscar. Ganhámos e demos a volta a um resultado extremamente negativo com o contrário do que tínhamos mostrado na primeira mão: garra, luta, concentração e acima de tudo uma inabalável fé nas nossas próprias capacidades. A minha salva de palmas, meus amigos, foi memorável!

(+) João Moutinho De todos os jogadores do FC Porto que hoje calcaram o relvado da Luz, o mais importante e influente foi o mais pequeno. Moutinho fez hoje um dos melhores jogos que o vi a fazer com a bela camisola azul-e-branca, mostrando tudo o que esperamos dele e confirmando todo o talento que tem. Passes a rasgar, concentração no meio-campo, inteligência na rotação da bola e um cerrar de dentes de cada vez que disputava uma das muitas bolas divididas que venceu durante o jogo que aposto que até o Sereno não lhe mostrava os pitões num treino se a atitude fosse sempre aquela. O Sereno talvez, mas mais nenhum. A somar à influência na equipa, foi o marcador do primeiro golo, o arranque da louca sequência que abanou a estrutura do Benfica, num remate seco, forte, rasteiro, colocado. Perfeito.

(+) Fernando Se Moutinho pautou o jogo ofensivo da equipa, Fernando foi o garante da estrutura da defesa. Para além dos cortes providenciais (um dos quais deu origem a um dos golos num carrinho fabuloso a roubar a bola a Franco Jara), a forma confortável e controlada com que saiu da defesa e rodava a bola para os outros colegas do meio-campo e mesmo para o ataque deu segurança a todos e garantiu que as subidas dos laterais tinham cobertura quando havia uma perda de bola. Foi o Fernando do costume, o que diz tudo.

(+) Álvaro Pereira Sem ele o flanco esquerdo do ataque do FC Porto fica manco, a funcionar ao ritmo de serviços mínimos numa repartição de Finanças em dia de ponte. Álvaro dá energia à ala, subindo desenfreado ao nível de um Roberto Carlos de boca aberta, a tabelar com o médio centro e a ajudar os colegas em todas as jogadas que entra, somando a isso alguns cruzamentos de grande nível. É essencial que se mantenha em forma até ao final da temporada.

(+) Otamendi Mostrou hoje exactamente aquilo que o FC Porto precisava de ter desde a saída de Bruno Alves: a capacidade de sair da defesa com a bola controlada e criar desiquilíbrios no meio-campo adversário. É curioso e levemente irónico que o Benfica, a tapar bem os espaços na zona central do terreno, tenha sofrido com as subidas de Otamendi com a bola, a fazer lembrar um jovem guedelhudo que saiu do plantel aqui há uns meses. O argentino hoje mostrou a todos que é o único que pode ser fazer par com Rolando no eixo defensivo e fazer com que a equipa não tenha medo de qualquer falha.

 

(-) Carlos Xistra O penalty é um exemplo da má arbitragem. O problema é que mostrou a coerência de Xistra durante todo o jogo, marcando faltas atrás de faltas, qual delas a mais forçada. Houve tanta fita dos jogadores do Benfica na primeira parte que mais parecia que estava na serenata da Queima em plena Sé do Porto. E a somar a isso houve mais uma distribuição de cartões por tudo o que mexia pouco e nada de cartões para os que mexiam muito (Martins, segundo a Rodríguez), foras-de-jogo não marcados quando deviam (2º golo do FCP) e marcados quando não deviam (Álvaro Pereira quando ia a caminho da baliza), juntamente com uma tentativa parva de agarrar o jogo…matando-o. Felizmente os jogadores arrebitaram na segunda parte e deram uma imagem do futebol mais agressivo que Xistra tratou rapidamente de serenar, com mais faltas e mais cartões. Exagerado.

(-) Ineficácia no contra-ataque É uma das (poucas) falhas do FC Porto, apesar dos muitos golos marcados já nestas condições. Há uma estranha consistência nos constantes desperdícios de contra-ataques em que estamos em vantagem de 3 ou 4 atacantes para apenas um ou dois defesas e hoje voltamos a ver mais do mesmo. O que me incomoda é que a maioria destes lances acontecem em alturas que podem terminar o jogo e matar qualquer resistência do adversário. Como não damos a facada na carótida quando podemos…depois andamos a sofrer até ao fim, por demérito próprio. A rever.

(-) Sapunaru Não sei o que se passou. Não vi nada de especial mas acredito que tenha ficado lixado com qualquer coisa, talvez pelo penalty em que não teve culpa do que aconteceu. Seja pelo que fôr, não tem desculpa e tem de ser castigado.

 

 

Foi épica esta vitória em pleno Estádio da Luz. A forma clara como impusemos o nosso futebol, como empurramos o Benfica para trás e os obrigamos a defender com onze jogadores recuados, a maneira positivamente arrogante com que chegamos, entramos e dissemos: esta merda vai ser nossa! E três pancadas de Moliére depois, com uma outra leve pancadinha a causar algumas cócegas mas pouco mais que isso, o pano fechou-se sobre a carreira do Benfica na Taça. Vamos à final com mérito. Venha o Guimarães!

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Baías e Baronis – FC Porto vs Sporting

 

foto retirada de MaisFutebol

Vi um bom jogo hoje no Dragão. Estiveram em campo duas equipas que estão em pontos antagónicos de forma e moral mas que tentaram vencer durante todo o jogo. No entanto, apesar de não se poder dizer que passamos o jogo a brincar, a verdade é que os golos do Sporting surgiram a partir de duas parvoíces do FC Porto, com o primeiro a aparecer depois de estarem a brincar na área e o segundo…nem vale a pena falar porque parecia que estavam a juntar-se ao estádio a cantar “Campeões, campeões”, tão baixo era o nível de concentração na área. Enfim, um resultado que peca por escasso porque Rui Patrício e o poste salvaram o Sporting de (mais) uma goleada. Trinta e cinco pontos atrás. Porra. Onwards and upwards to the notes:

 

(+) Falcao Não há muito mais que se possa dizer sobre este rapaz que não tenha já sido dito. Se houve olheiros no Dragão hoje à noite, tiveram o prazer de assistir a mais uma exibição de qualidade insuspeita protagonizada por um dos melhores avançados do Mundo. Sim, já o disse, e então? A simplicidade com que desfaz o marcador directo duas vezes na primeira parte, com uma cabeçada ao poste e um golo, poderiam bastar. Mas Radamel não se contenta só com um golinho, e mais uma vez desmarcou-se com uma facilidade incrível e enfiou mais uma lança no lombo do leão. Perfeito.

(+) Ruben Micael O Ruben que vi hoje é o Ruben que queria ter visto no resto da época. A jogar simples, de cabeça levantada, a tocar e trocar a bola entre o resto dos jogadores da equipa, a rodar para o sítio certo e com a certeza de uma confiança que não via há muito tempo. Foi o jogador perfeito para fazer a ligação entre o meio-campo de contenção e as alas, especialmente do lado esquerdo onde teve em Álvaro o apoio sempre presente e que lhe permitiu uma linha permanente de passe para construir jogo. Ruben esteve muito bem e parece estar a subir de produção. Deus me ouça.

(+) Álvaro Pereira O homem não se cansa? Foram 98 minutos a sprintar pelo flanco esquerdo, com bons cruzamentos e um sentido de apoio na zona central ao pobre do Maicon. Foi rijo, duro, agressivo e se não fosse o cabelo ridículo diria que era um jogador completo. Assim, vai ficar pelo “Parabéns, Palito!”.

(+) O momento de glória de Sereno Guarín recebe a bola de um canto marcado por Hulk, prepara o remate a 40 metros da baliza e a bola ressalta num qualquer rapaz de verde-e-branco que não me lembro quem foi. Valdés leva a bola controlada e arranca completamente sozinho para a baliza. E, vindo do nada, um alentejano anti-natura e anti-piada começa uma cavalgada qual Bugatti Veyron, quase voa ao nível da relva e ganhando 5 metros por cada 10 ao chileno, consegue chegar perto dele e interrompe uma jogada de golo quase certo. Saltei da cadeira como se tivesse uma mola agarrada aos glúteos. Aplaudi Sereno de pé, aos berros, gritando, apoiando, vibrando com o esforço de um jogador que compensa o talento com a capacidade de luta. E hoje, naquele lance, fez o que poucos conseguiriam fazer. A minha renovada salva de palmas: clap! clap! clap!

 

(-) Maicon Assim não dá, rapaz. Não sei se tens qualquer problema a jogar contra o Sporting, mas é o segundo jogo que fazes contra eles este ano e é a segunda exibição que merecia não só um Baroni como talvez um Quintana ou até um belo dum Cajú. Só foi coerente na tremideira que mostrou em todo o jogo, que se reflectiu na forma como cortou as bolas hoje: ou para a bancada quando havia pouca pressão e podia calmamente travar, dominar a bola e rodar para o guarda-redes; ou então para a entrada da área com o pé ou com a cabeça, habitualmente para a pata de qualquer leão que podia perfeitamente ter rematado com perigo à baliza. Maicon tem de melhorar muito para poder deixar de ser um permanente susto para os adeptos, porque neste momento é isso que ele representa.

(-) Lesão de Helton Toda a malta azul-e-branca que estava no Dragão susteu a respiração quando o nosso capitão e guarda-redes caiu estatelado no relvado depois de saltar por cima de Guarín. Os colegas chamaram logo os médicos mas como a maca não entrou em campo, fiquei menos preocupado. mas rapidamente se notou que o rapaz não estava em condições para continuar e a saída era inevitável. Com Fucile e Emídio Rafael no estaleiro até ao fim da época e Belluschi também inapto para algum tempo, não vinha nada a calhar mais um jogador de fora, ainda por cima aquele que é um dos mais importantes do plantel e da equipa que entra normalmente em campo. As melhoras rápidas, capitão!

 

 

Quem não tiver visto o jogo até pode achar que foi equilibrado e que o FC Porto ganhou à rasca. Não é totalmente verdade. O Sporting não mostrou capacidade suficiente para vencer uma equipa que é melhor em todos os sectores. Foi destemido, teve vontade de marcar e ganhar…e até conseguiu a primeira mas a segunda durou alguns minutos. Continuo a afirmar que o FC Porto 2010/2011 tem a capacidade de subir a produção quando se sente pressionado e hoje foi mais um exemplo disso, especialmente no final da primeira e no arranque da segunda parte, onde mostrámos a todos que estamos cansados mas combativos, fatigados mas lutadores, e que acima de tudo continuamos na procura de conquistar todos os objectivos que faltam. Campeões, todos à Luz!!!

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Baías e Baronis – Spartak Moscovo vs FC Porto

 

foto retirada d'a bola

10-3. Dez contra três. E não foram 8-0 e depois uma derrota por 2-3. Foram duas vitórias consistentes, coerentes e por diferenças similares, porque depois da vantagem de quatro golos ganha no Dragão fomos a Moscovo enfiar mais cinco na pá russa. Surpreendente? Só para quem não viu os jogos. Este, especialmente na segunda parte, foi jogado a ritmo de treino com os jogadores a recusarem meter o pé às bolas contrárias, acabando por sofrer dois golos que não seriam facilmente digeríveis em situação normal de jogo (ver aquela torre manca a fazer uma cueca ao Otamendi e uma “comidela” ao Rolando…só a brincar) mas desta vez posso deixar passar sem lhes bater metaforicamente. Sorrisos, muitos sorrisos para todos os Portistas, porque estamos de novo numa meia-final europeia! Da notes:

 

(+) Guarín Mas este rapaz vai parar de marcar golos? Aparece em todo o lado na primeira parte, a arrumar jogo e a pressionar o Spartak no meio-campo deles, cheio de força e de vida, a jogar e a fazer jogar (muito embora continue a passar a bola com muita força) e, com maior surpresa ainda, a marcar. Conseguiu a proeza de tirar o lugar a um Belluschi que estava a fazer uma temporada excelente e cheia de futebol, esforço e sacrifício. Que grande mea-culpa que eu tenho de fazer, um dia destes em forma de ode, como fiz a Mariano no passado.

(+) Hulk Não só pelo primeiro golo mas pelo facto de ser notório que sempre que tinha a bola nos pés havia um tremor a atravessar a espinha dos russos, tal era o cagaço de ver Givanildo a voar por lá fora e eles sem capacidade pulmonar/muscular/anímica para conseguir chegar perto dele. É um perigo constante quando está em campo, esteja a brincar com passes de calcanhar ou a rematar de longe.

(+) Cristián Rodríguez Em 2010/2011 a visão do Cebola a fazer um jogo completo já é peculiar. Vê-lo a marcar um golo, ainda mais. De cabeça, upa upa. Depois de um canto? É a loucura, amigos! O rapaz jogou muito bem, com garra e alta intensidade, a mostrar que tem vontade de continuar a ser opção. A experiência que tem neste tipo de provas, a somar a algum cansaço de Varela fez dele uma escolha muito boa para este jogo, salvaguardando sempre uma eventual estupidez que o leve a apanhar um ou outro amarelo.

(+) Imagens de Villas-Boas no banco Vencer o Spartak por 5-2? Excelente. Arrumar a eliminatória com 10-3? Brilhante. Observar a euforia com que o nosso André celebrava cada golo da equipa? Priceless.

 

(-) Álvaro Pereira É verdade que a equipa estava a jogar em ritmo de treino. Mas a partir do momento em que o Spartak começou a atacar pelo seu flanco, qualquer gajo de vermelho e branco que queria passar tinha uma passadeira a fazer lembrar a festa das flores de Campo Maior. Álvaro relaxou demais, confiou numa eventual lusitanização do árbitro húngaro (vá-se lá saber porquê) ao atirar-se para o chão ao mínimo contacto e pareceu sempre distraído e fora do jogo. Até um certo ponto compreendo o relaxamento, mas não perdoo. Foi das únicas notas negativas da equipa hoje em Moscovo, já que decido não incluir as falhas de Rolando e Otamendi ou as hesitações de Helton na segunda-parte porque percebi que não queriam abusar de entradas mais rijas para evitar cartões. Mas ao menos pareciam mais ou menos atentos, ao contrário do uruguaio.

(-) Lesão de Fucile Não sei se o problema foi do relvado ou só da infelicidade da queda do Jorginho. Mas o que é certo é que o perdemos para algum tempo e nesta altura em que estava cheio de moral, a jogar bem e a regressar à forma que mostrou no Mundial, é uma perda enorme para a equipa. Sapunaru não tem estado mal mas todos sabemos que são dois jogadores incomparáveis quando Fucile está em forma. As melhoras, muchacho!

 

 

Segue-se o Villarreal. Lembram-se de Abril de 2003? O adversário na altura chamava-se Lazio e tinha um plantel muito experiente, com jogadores de alto nível e, para além disso, eram italianos. Estes são de outro país, mais parecidos cá com a malta, mas igualmente perigosos e será um desafio enorme. Vai ser uma meia-final entre os dois principais favoritos (Benfica e Braga que me perdoem) à vitória final e vamos encontrar aquele que é na minha opinião o adversário mais forte que já encontramos até agora nesta época. Apelando à simetria, primeiro foi uma espanhola, depois uma russa e depois outra russa. Só falta…outra espanhola! Venha ela!

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Baías e Baronis – Portimonense vs FC Porto

foto retirada de MaisFutebol

 

A vitória não fugiu, mas por pouco. O FC Porto encarou o jogo com pouco mais intensidade que um treino com equipamento principal e a primeira-parte, lenta e previsível, foi uma imagem evidente que os rapazes estão a pensar mais no próximo jogo que neste. Compreendo, como é lógico, e seria utópico estar a exigir uma intensidade ao nível que exibimos na Luz ou no Dragão contra o Spartak, mas há sempre que proteger o nome da equipa e dos jogadores e, como diz Villas-Boas, manter os objectivos sempre presentes. Por pouco interesse que tenha conseguir marcar mais de X ou sofrer menos de Y, é sempre um objectivo extra e há que lutar para o conseguir. E não sofrer golos de canto, isso é que é um objectivo impecável! Como de costume, seguem as notas:

 

(+) Hulk Quando não lhe apetece jogar muito, como acontece na maioria destes jogos que não interessam ao senhorio de um primo afastado do Menino Jesus, é uma nódoa e apetece esbofetear repetidamente. Mas de vez em quando parece que se enerva e arranca, remata, assiste, bombeia, massacra. O golo que marcou é um dos melhores do ano, e só ele já teve alguns excelentes candidatos ao mesmo pódio.

(+) Sapunaru e Sereno Não quiseram encarar o jogo como um treino. Com a missão de subir mais no terreno, Sapunaru apareceu quase sempre no meio-campo do Portimonense a apoiar Hulk e a tentar sempre servir como mais um no ataque. Sereno, mais limitado mas extremamente esforçado, parecia mais um médio esquerdo que um lateral, tantas foram as vezes em que surgiu na área contrária a tentar cruzar a bola usando a infeliz perna esquerda que tem, mais talhada para as entradas de carrinho do que para produzir lances ofensivos. Mas estou a ser mauzinho, o rapaz correu muito e fez um jogo muito bom na defesa, já que convém não esquecer que teve de lidar com Candeias que é sempre um chato com as fintas e a velocidade. Sereno safou-se muito bem e tanto ele como Sapunaru merecem este Baía.

(+) Souza Aparte algumas Guarinices (versão 2009) o que se compreende porque continuo a afirmar que é um 8 a jogar a 6 e o facto de ainda não percebido que não pode ir por ali fora como um louco contra equipas de nível superior, fez um bom jogo. Foi o elemento da força do meio-campo a tapar bem as subidas de Moutinho e a não-comparência de Ruben. Só lhe falta um pouco mais de calma na definição das jogadas ofensivas, mas esteve em bom plano hoje no Algarve.

 

(-) Ruben Micael Um jogo pouco mais que absurdo. Produtividade quase nula, parece incapaz de disputar uma bola dividida sem retirar o pé e começo a pensar que não vai conseguir atingir no Dragão o nível que mostrou na Choupana. Não parece o mesmo jogador que foi quando chegou e a quantidade de bolas perdidas e mal direccionadas em que teve intervenção directa retiram-lhe qualquer hipótese de lutar pela titularidade. Até Belluschi a perdeu para Guarín pelo elevado sentido prático do colombiano, mas ao menos quando o argentino entra em campo, faz pela vida. Começo a perder a paciência contigo, rapaz.

(-) Bolas paradas E voltamos ao tempo de Jesualdo. É inadmissível sofrer dois golos de bola parada, quase iguaizinhos, a não ser que estejamos a jogar contra uma equipa de Carsten Janckers. Má marcação, lentidão na aproximação à bola, um guarda-redes que não sai da baliza e algumas distracções. Tudo junto na mesma jogada. Duas vezes. Não pode ser.

(-) Inépcia nas bolas longas O que me faz sempre chegar a mostarda ao nariz é a futilidade das jogadas pelo ar. Quando Maicon, Souza ou Rolando tentam fazer um passe de 30 metros alados quando podiam perfeitamente rodar a bola para o gajo do lado e continuar a jogada, enervo-me. Porque vejo e leio comparações entre o FC Porto e o Barcelona a nível de estilo, com a posse e o carrossel, com a progressão pausada e pensada…e depois vejo estes passes e rio-me.

 

 

São mais quatro jogos destes que vamos “aturar” até ao fim do campeonato. Não contam para nada e apenas servem para conseguir, com maior ou menor dificuldade, confirmar a vitória de um campeão já confirmado. É verdade que o orgulho pode e deve servir como motivação para conseguir os resultados que são teoricamente mais acertados, mas compreendo que não seja fácil pensar a sério neste jogo quando outros aparecem num horizonte bem próximo e que fazem com que ponhamos em perspectiva estas quatro jornadas. Enfim, é o que dá ser campeão tão cedo!

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Baías e Baronis – FC Porto vs Spartak Moscovo

 

foto retirada de Record

 

Foram cinco batatas mas podiam ter sido muito mais. A segunda-parte do FC Porto, a somar a tantas outras, foi brilhante. Numa noite de calor no Dragão, o povo estava renitente ao intervalo, temendo que a equipa, que já mostrava que as pernas não estavam a funcionar como deviam, se fosse definitivamente abaixo das gâmbeas quando reentrasse para o relvado. Nada mais longe da verdade. Eu, semi-afónico, a rouquejar com uma voz digna de um jovem Plácido Domingo depois de levar um pontapé no testículo esquerdo, saltei como um louco com cada um dos nossos golos, com o excelente futebol que de novo mostrámos ao mundo, com uma nota de destaque: Falcao. O melhor ponta-de-lança a vestir a camisola do meu clube desde Big Jardas. Saí de barriga cheia (metaforicamente, porque na realidade saio sempre dessa forma) e com a convicção que podemos mesmo ganhar esta treta. Notas abaixo:

 

(+) Falcao Por onde começar? Três golos, qual deles o mais inteligente e oportunista, a somar a uma assistência, deliberada ou não, para Varela, nos quartos-de-final da Europa League, são a imagem de um jogador que está a um nível muito superior a qualquer outro que jogou naquela posição nos últimos 10 anos no FC Porto (Lisandro era um avançado móvel, não um ponta-de-lança, antes que comecem os insultos). É uma delícia observar a forma como se move na recepção e saída com a bola controlada, removendo da sua presença um qualquer defesa adversário como se fosse um jerrycan de gasoil e avançando vitoriosamente do duelo com leveza, noção estratégica e visão de jogo, sempre pronto a lançar um colega pelo flanco ou a rodar a bola para o médio mais próximo. Hoje fez o que quis dos centrais do Spartak e voltou a mostrar ao mundo que há mais um goleador latino em Portugal.

(+) Fernando Simples e prático, mais uma vez. Falhou um golo que faria um iniciado levar uma bela cachaçada depois do livre de Hulk à trave, mas cumpriu a principal função como de costume. Continua a melhorar na defesa e no controlo do 1v1, este rapaz que quando cá começou a jogar parecia um Zé-Sempre-No-Chão, tantas vezes caía nas fintas dos adversários. Está um jogador digno de jogar nos clubes de topo da Europa, talvez mais adaptado ao futebol italiano que a outras andanças, mas não fica a dever nada aos magotes de trincos que aparecem vindos sabe-se lá de onde. É actualmente indispensável no FC Porto.

(+) Guarín Foi dos poucos jogadores que não pareceu acusar alguma letargia inicial e não parou de correr durante 69 minutos. Para lá da produção que exibiu, que esteve um pouco abaixo do habitual, foi essencialmente o gajo que fazia os outros gajos correr. Lead by example, não é verdade, Fredy?

(+) Belluschi Jogou pouco, eu sei. Mas os 21 minutos que esteve em campo foram cheios de vivacidade, inteligência, talento e criatividade. Com a saída de Guarín temi que a equipa se pudesse desagregar fisicamente, mas Belluschi tratou de fazer com que o total domínio do meio-campo se mantivesse e que o FC Porto pudesse continuar a pressionar e brilhou com excelentes desmarcações e um remate estupendo com pouco ângulo que quase deu golo (pelo menos pareceu de onde estava sentado). Guarín tem o lugar seguro…mas há sempre Belluschi no banco para o chatear.

(+) Empatia com o público Falhou um passe? Palmas. Rematou por cima? Palmas. A intercepção correu mal? Suspiro, seguido de palmas. É incrível o que faz a vitória num campeonato à relação entre os adeptos e a equipa, mas o que é certo é que todos ficamos um pouco mais permissivos. Não creio que nos tenhamos tornado menos exigentes e ainda vivamos uma espécie de sonho em que flutuamos em tule, mas creio que a vitória do passado Domingo criou um escudo de protecção à volta das fraquezas pontuais e colectivas que nos habituámos a ver nestes rapazes. Todos sabem que Maicon inventa, que Belluschi falha passes, que Guarín remata torto e que Hulk finta demais. Mas hoje, naquele estádio, a malta não quis saber. Apoiou, gritou, saltou e felicitou. E era sempre assim que devia ser.

 

(-) Primeira-parte, por motivos diferentes dos habituais A palavra, em Inglês, é sluggish. Em Português, diria letárgico. Enquanto que a maior parte do pessoal à minha volta brincava com a hipótese da ressaca da festa do título se ter prolongado até hoje à noite, eu ria-me mas ia observando a movimentação dos jogadores. Moutinho parecia andar devagar a parado, Fucile não subia até à linha, Varela travava antes do tempo e Álvaro só subia quando Guarín descaía para aquele lado e ajudava a tapar o flanco. Estava a ser complicado sair da pressão dos russos e o meio-campo não conseguia criar o espaço necessário para trocar a bola no meio-campo adversário. O público, paciente, esperava melhores jogadas e o golo ajudou a acalmar os nervos, mas foi preciso ir buscar forças onde já não pareciam haver para lançar o ataque às meias-finais.

 

 

Não sei se foi o facto de ter passado no Café Bom Dia (que já reabriu, ficam a saber) antes do jogo que deu sorte. Nem tão pouco se foi uma bela duma bifana no Café Luís em frente ao antigo Matadouro de S.Roque que deu a fezada para o Radamel. Talvez a presença do senhor meu progenitor na cadeira do lado tenha feito com que os jogadores se soltassem e acelerassem para uma exibição de sonho na segunda-parte. Não sei se essas bruxas metafóricas existem, mas o que é certo é que os amuletos, voluntários ou não, funcionaram. Grande equipa, grande jogo, grande vitória!

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