Baías e Baronis – FC Porto 0 vs 0 Olympique Lyonnais

foto gamada do MaisFutebol

Ah, o Dragão. É sempre uma alegria voltar ao nosso estádio, numa tarde solarenga que rapidamente se transformou num início de noite morrinhado. Que é como quem diz, o meu azar de há tantos anos que diz é mais provável que chova em dia de jogo do FC Porto em casa que Portugal ganhar uma medalha de ouro nos Olímpicos mantém-se estóico. Enfim, fui de camisola vestida, peito em riste e pronto para o arranque de uma nova temporada. E não gostei muito do que vi porque estava à espera de mais. Mais fio de jogo, mais criatividade, mais rotação no meio-campo, mais empenho, mais garra. Foi o último jogo da pré-época e nesta altura pensei que a equipa já tivesse um rendimento mais alto e que conseguisse ser, no fundo, uma equipa. Vi pouca evolução desde o final da época passada e nem tudo é desculpável pelas ausências de vários elementos. Mas não quero começar a tirar conclusões precipitadas porque ainda é cedo e a época só começa para a próxima semana…mas ainda não tenho confiança naqueles rapazes. Vamos a notas:

 

(+) Atsu O que mais me impressionou no puto é que afinal estava enganado: sabe jogar devagar. Sabe pensar o jogo, perceber quando é a melhor altura para subir e atacar o defesa e quando deve parar, esperar pelo lateral ou rodar para o meio. Teve algumas iniciativas individuais que mostram que tem tudo para lutar pela titularidade na ala esquerda porque ganha a Varela em velocidade, a Iturbe pela calma e a Kelvin no sentido prático. Só não ganha a James porque o colombiano nunca iria fazer o que Atsu faz e vice-versa, mas é um candidato a aplausos constantes dos adeptos. Que continue assim.

(+) Fernando Se Fernando sai do FC Porto até ao final de Agosto, estamos bem tramados. Não há nenhum elemento com as suas características no plantel, com a disponibilidade física para pressionar alto (até ao lado do ponta-de-lança o vi a correr hoje) mas acima de tudo com a inteligência táctica para cobrir a lentidão de Lucho a tapar o flanco direito da defesa que vai dar pano para várias fardas militares este ano. Fernando é único e continuo a acreditar que se soubesse sair da posição dele com a bola controlada e fosse mais perfeito nos passes verticais, já estava a jogar em Inglaterra há que tempos. Fica, rapaz, pelo menos mais um ano, caso contrário lá vamos nós ter de virar o triângulo ao contrário em permanência em vez de transitoriamente em alturas difíceis durante o jogo…

 

(-) Ritmo Quem acompanhou minimamente a última temporada do nosso clube, e creio que todos os que lêem o que escrevo o fizeram, sabe que o FC Porto de Vitor Pereira não é uma equipa que se possa considerar rápida. Longe disso. Mas a intensidade que colocámos hoje em campo frente ao Lyon foi baixa demais para o nível que se pretende. Não acredito que o próprio Vitor Pereira se reveja na velocidade de troca de bola, na incapacidade de criação de lances em cima da área do adversário e na quase impossibilidade de ver um normal desdobramento para acções ofensivas que demore menos de vinte ou trinta segundos a ser efectuado. Compreendo que se queira manter a posse de bola, alternando o toque curto com alguns passes laterais longos pelo ar, mas é cansativo ver uma equipa que, ao fazer isso mesmo, não progrida no terreno. Teremos de ser mais rápidos, mais assertivos na imposição de um ritmo de jogo que crie espaços nas defesas adversárias, sob pena de termos bola sem fazer nada com ela.

(-) Passes e rotação do meio-campo Ora voltamos ao mesmo: o toque de bola dos jogadores do FC Porto está novamente a assemelhar-se ao de três guaxinins alcoolizados a pontapear tijolos esféricos. Há vários jogadores que têm técnica individual de meter inveja a milhares de jogadores por esse mundo fora, mas que incorporam o espírito de Mariano sempre que a bola chega perto dos pés e não se conseguem desenrascar com um simples passe-e-corta pelo relvado. A somar a isso temos a fraquíssima rotação do meio-campo quando é necessário criar linhas de passe a partir da defesa. Fernando recua para vir buscar jogo, Defour roda sozinho a tentar encontrar a saída do poço do inferno e Lucho passeia em campo, lento, arrastado, com boa visão mas fracas pernas. Vi várias vezes Otamendi a sair com a bola controlada ou Maicon a virar o flanco com passes de quarenta metros simplesmente porque não havia ninguém a quem pudesse colocar a bola em segurança. Ou correm todos…ou não há produtividade.

Foi bom voltar ao Dragão. Foi bom rever a malta, sentar-me na minha cadeira e apreciar a vista do interior de um dos mais bonitos estádios do mundo. O jogo não foi bom. O jogo foi mau. E a equipa que vai entrar em campo em Aveiro daqui a uma semana tem de apresentar um nível de futebol muito superior ao que vimos hoje porque tudo ainda parece muito insípido, muito fraco, muito…pouco. Passei mais de metade do jogo a desculpar-me mentalmente com o facto de ainda estarmos em pré-época, com as ausências e os fracos índices físicos. No próximo jogo…começo a não ter razões para me desculpar.

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Baías e Baronis – FC Porto 1 vs 2 Olympique Lyonnais

foto retirada de olweb.fr

Quem começa um jogo de treino como este com um golo sofrido contra o fluxo ofensivo que se via na altura, consegue recuperar, marcar o golo do empate e passa o resto dos quase 80 minutos a tentar marcar o segundo com jogadas bem estruturadas, excelentes trocas de bola e conjugando incisividade no ataque com inteligência e rigidez na defesa, não merecia perder. Mas é o que acontece quando se falham muitos e muitos golos contra uma equipa que tem estaleca de Champions’, quem falha, morre. E se somarmos a esta eficácia mortífera algumas distracções de rapazes que têm de melhorar os níveis exibicionais em vários degraus, as coisas complicam-se. A derrota não me preocupa absolutamente nada, nem deve preocupar nenhum portista que tenha visto o jogo. Porque, meus amigos, hoje jogámos muito e bem. Vamos a notas:

 

(+) Fucile Um jogaço. O flanco esquerdo foi sempre dele e ajudou Varela (que pareceu melhorzinho no início mas acabou por perder força rapidamente) a pressionar o adversário. Ganhou montes de lances pelo ar (sim, estou a falar a sério) e foi o melhor jogador da equipa, o mais estável e mais consciente que o jogo podia ser a brincar mas era aqui que ia marcar pontos para ser titular. Enquanto Álvaro continua de férias, Alex Sandro na Selecção e sem termos noção da sua valia, Addy a saltar à corda ou seja lá o que fôr que o impede de ser opção e David ainda muito verde para este nível, Fucile é por mérito próprio titular do lado esquerdo. Alguém quer honestamente abdicar deste rapaz, desta garra e força de vontade aliada à versatilidade, por muito que às vezes apeteça esbofeteá-lo quando se arma em Dani Alves? Eu não. Fica, rapaz.

(+) Hulk Está a falhar muitos golos mas os remates parecem estar a ir mais vezes à baliza. Continua fortísismo nos arranques e a técnica individual está no ponto, Hulk tem tudo para continuar a ser o elemento desiquilibrador do nosso ataque. É quase audível o tremer nas pernas dos laterais adversários quando o rapaz lhes aparece pela frente, e a facilidade com que remata de qualquer lado com uma potência absurda é uma mais-valia que dá campeonatos.

(+) Souza Está diferente, não há dúvida. Mais prático, com melhor posicionamento (apesar do golo de Lisandro ter sido parcialmente culpa dele, porque ainda não percebeu que tem de acompanhar um avançado com a facilidade de remate do Licha especialmente quando se dirige para a entrada da área, nada que duas vergastadas não resolvam) e acima de tudo uma melhor noção de quando transportar a bola e quando a passar. Caso Fernando continue a jogar ao nível de um Fernando Aguiar lobotomizado, é o titular naquela posição para o início da época.

(+) Pressão alta Sou um apoiante céptico das vantagens da pressão alta e contínua. Por um lado é excitante ver a nossa equipa a carregar com a vontade e raça que hoje mostraram, a chatear os jogadores adversários em permanência e a forçar bolas recuadas para o guarda-redes e a obrigar ao erro na outra equipa. Por outro lado, é extremamente exigente a nível físico, tem de ser seguido por eficácia no contra-ataque para ser rentável e acima de tudo não pode resultar num “meiinho”. Até agora tem resultado e as perdas de bola da equipa contrária têm aumentado exponencialmente, mas há espaço para melhorias, especialmente na estrutura de pressão que tem de deixar de ser individual ao jogador e transformar-se numa zona pressionante em bloco. O que é que é preciso para isso acontecer? Tempo e trabalho. As bases, pelo que vejo, estão bem lançadas.

(+) Lisandro Marcou um bom golo, facilitado pela ausência de Souza que estava sem dúvida distraído por um qualquer bando de pássaros que esvoaçavam nos ares de Genebra (deixem-me pensar que foi por causa disso e não por ainda se estar a adaptar à posição), e não festejou. É daqueles pequenos gestos que não custam nada e que valem muito. Continuas a ter um fã aqui no Norte de Portugal, Licha.

 

(-) Fernando Não querendo entrar pelas cansativas teorias que apontam Fernando como mais um desertor e traidor à pátria-azul-e-branca, vou optar por um avanço diplomático. Postulo que o rapaz que ocupou a posição “6” nos últimos três anos, não tendo desaprendido toda a evolução desde que chegou ao FC Porto, não está bem. Admito que seja em parte por motivos físicos devido à entorse que o tem impedido de treinar continuamente nos últimos tempos, mas por outra parte talvez haja qualquer motivo psicológico que o esteja a afectar, porque nesta pré-época já acumulou mais erros ridículos que em dezenas de jogos consecutivos que fez com a nossa camisola. Depois da estúpida perda de bola no jogo contra o Rio Ave que levou ao penalty e golo do adversário, hoje dominou a bola directamente para os pés do adversário. Perceber que Souza comete menos erros que Fernando nesta altura da temporada e que é um candidato mais adequado à titularidade deveria ser o suficiente para que o 25 se aperceba que caso não seja vendido até 31 de Agosto vai ser difícil recuperar o lugar. Porque neste momento, Fernando nem no banco devia estar.

 

Foi um bom ensaio para a Supertaça. É verdade que perdemos e que houve uma ou outra falha que podem comprometer a integridade defensiva e que vão dar a bloggers não-portistas um verdadeiro “field day” em piadas e insinuações quanto à forma como os golos foram sofridos e como há tremuras incompreensíveis na nossa até agora impecável armadura. Se não viram o jogo, qualquer um desses comentários é parvo e malicioso. Não há vitórias morais, como se sabe, mas esta derrota foi um belo treino físico, táctico e acima de tudo mental, que confirmou o onze-base para o primeiro jogo oficial da época e que deu a Vítor Pereira um novo crédito: as coisas não mudaram muito desde o ano passado. E no Domingo, em Aveiro, vamos confirmar esta premissa com o primeiro troféu. Força, rapazes!

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Ouve lá ó Mister – Lyon

Vítor, preparador-mor dos campeões!

Começamos bem na semana passada, homem. O estádio tinha muita gente, a malta estava bem disposta, o s0l brilhava, blá blá, três golos bem metidos e esteve-se bem. Deu para ver os nossos velhos conhecidos, e não estou a falar do Lourenço que lá estava com a sua gaita reluzente (sim, é exactamente o que estás a pensar, porque eu sei que não és parvinho e fazes conotações badalhocas com tudo o que um gajo diz) a cornetar com alegria enquanto o som saía puro e mais draconiano que nunca. Estava lá o Helton, o Rolando, o Otamendi, até o Walter! Todos esses e tantos outros que no ano passado nos deram tanto motivo de festejo e euforia. E estavam alguns putos novos, aquele com nome de temperatura científica, o inteligente anglicano-portuense ou o DJ Alma, ou como estou a começar a pensar chamar-lhe, o meio-Quinzinho. Mesmo faltando o resto do povo, ausentes a descansar em quaisquer praias americanas, tanto no Norte como no Sul, foi um bom final de tarde. E agora, mais uma jogatina a feijões.

O Lyon é sempre uma equipa tramada e mesmo que tenham saído alguns rapazes jeitosos como o Delgado ou o Toulalan, não penses que vão à Suíça para comer chocolate e mandar piadas sobre neutralidade ou falta de mar. Mas continuo a dizer o mesmo: experimenta. Faz o treino que quiseres em campo, não me importo nada de perder este jogo se servir para tirares conclusões certas sobre quem deve ficar e quem deve sair, porque tens aí as Supertaças à porta e entretanto começa o campeonato, por isso convém começar a perceber os elementos do batalhão que vais manter durante a época. Para além disso, gostava tanto de ver se o Castro atinava da cabecinha, se o Djalma já aprendeu a rematar à baliza e se o Otamendi vai ser titular neste jogo porque acho que vais repetir a equipa contra o Guimarães. Mas ainda tens dúvidas, não tens?

Sou quem sabes,
Jorge

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