FCP vs Benfica – parte II



“How yet resolves the governor of the town?
This is the latest parle we will admit;
Therefore to our best mercy give yourselves;
Or like to men proud of destruction
Defy us to our worst: for, as I am a soldier,
A name that in my thoughts becomes me best,
If I begin the battery once again,
I will not leave the half-achieved Harfleur
Till in her ashes she lie buried.
The gates of mercy shall be all shut up,
And the flesh’d soldier, rough and hard of heart,
In liberty of bloody hand shall range
With conscience wide as hell, mowing like grass 
Your fresh-fair virgins and your flowering infants.
What is it then to me, if impious war,
Array’d in flames like to the prince of fiends,
Do, with his smirch’d complexion, all fell feats
Enlink’d to waste and desolation? 
What is’t to me, when you yourselves are cause,
If your pure maidens fall into the hand
Of hot and forcing violation?
What rein can hold licentious wickedness
When down the hill he holds his fierce career?
We may as bootless spend our vain command
Upon the enraged soldiers in their spoil
As send precepts to the leviathan
To come ashore. Therefore, you men of Harfleur,
Take pity of your town and of your people,
Whiles yet my soldiers are in my command;
Whiles yet the cool and temperate wind of grace
O’erblows the filthy and contagious clouds
Of heady murder, spoil and villany.
If not, why, in a moment look to see 
The blind and bloody soldier with foul hand
Defile the locks of your shrill-shrieking daughters;
Your fathers taken by the silver beards,
And their most reverend heads dash’d to the walls,
Your naked infants spitted upon pikes, 
Whiles the mad mothers with their howls confused
Do break the clouds, as did the wives of Jewry
At Herod’s bloody-hunting slaughtermen.
What say you? will you yield, and this avoid,
Or, guilty in defence, be thus destroy’d?”


em “Henry V” (Acto III, cena 3)
William Shakespeare





Domingo.
20h15.
É este o espírito.

Link:

O senhor dos biscates

No day after da vitória justíssima do Benfica frente ao Sporting, resultado que muito provavelmente lhe dará o título, fica um ficheiro de som que encontrei aí pelos tubos e que decerto vai colocar um sorriso na cara de muitos não-benfiquistas e aposto que até nalguns que gostam das cores da águia. Mesmo que não saibam quais são (ouçam).

Link:

Hitler está vivo e surfa com Élvis no Hawai!

Know your enemy, diz Zach De La Rocha dos Rage Against the Machine, e diz bem. Costumo visitar blogs do FC Porto mas também do Benfica e do Sporting, para saber o que por lá se diz sobre nós, Portistas, até porque creio ser necessário para um blogger estar atento às diversas formas de escrita e de ver o mundo que por aí vão proliferando a cada dia que passa.

Hoje, num passeio não muito entusiasmante pela blogosfera futebolística, recheada de elogios ao Messi e fugazes comparações a Hulk em termos da importância para o clube, antevisões líricas do jogo de Anfield e róis (rol em plural…é assim que se escreve, fui confirmar, carago!) de eventuais treinadores para o Sporting, deparei-me com esta pérola. Um blog que não conhecia e que se chama “Eu só quero o Benfica Campeão“.

Para além do grafismo moderno e das linhas estéticas apreciavelmente espartanas e bem delineadas, juntamente com palavras como “Brazil” ou “concelhos matrimoniais”, o rapaz que o escreve (JJD) teve a presença de espírito habitualmente associada aos lagartos que povoam o deserto do Gobi e colocou no site um video com um programa que habitualmente passa na BenficaTV, que dá pelo nome de 45 minutos, e que aparentemente se dedica a emular uma conversa de café entre três garbosos rapazes, cada qual com as suas manias e trejeitos. O tema deste programa, pelo menos desta edição, era o nosso Antero Henriques, ou como foi considerado ao longo do programa, “esse cavalheiro”.

Das inúmeras expressões geniais que fui ouvindo, eis uma pequena amostra:

  • “lambe-botismo”
  • “it’s a fíne line” (sim, com o “i” acentuado)
  • “corporeite guvernânce”
  • “vamos ouvir a transcrição de mais uma escuta”
  • “o lobby de Coimbra”
  • “qualquer ‘coisa’ está no camarote”
O link para o post com o video está aqui. Vale a pena perderem 45 minutos a ouvir aquela malta. Acreditem que qualquer semelhança com um mundo coerente e de gente normal é pura coincidência.
Não questionando o conteúdo das escutas, que apesar de relativamente bem interpretadas por dois geniais actores vocais, houve algo que neste programa me fez lembrar do Meaning of Life, dos Monty Python.

Assin sendo, aqui fica a minha resposta:

Quem quiser dar lá um salto e escrever qualquer coisa simpática na caixa de comentários, esteja à vontade. Sugiro o seguinte:


Caro JJD,


Conselhos escreve-se com “s”, não com “c”. E Brazil é inglês, rapaz, aqui diz-se Brasil. 
Para além disso, adoro o site, está digno da tua classe e bem compostinho. E os artigos são do melhor! Sai, Lobo Antunes, tens concorrente!


Respeitosamente, 
Link:

Baías e Baronis – Benfica vs FCP




(foto retirada do MaisFutebol)


Se formos a analisar a performance do FC Porto durante toda a partida, acabamos por embarrar na mesma parede mental na qual temos vindo a constantemente cabecear durante toda a temporada: somos fracos. Mentalmente, tecnicamente, tacticamente, em todos os aspectos estamos abaixo do nível ao qual estávamos habituados desde que Jesualdo Ferreira tomou o leme. O jogo de hoje mostrou um FC Porto quezilento, com pouca capacidade de rotação da bola e de controlo da partida, sempre mais lento que o adversário, a perder duelos constantemente e a não conseguir de forma nenhuma contrariar a dinâmica muito mais agressiva (no bom sentido) e audaz da equipa que hoje enfrentamos, aquela que será muito provavelmente sagrada campeã nacional daqui a umas semanas. Vamos a notas:

BAÍAS
(+) Rodríguez. O rapaz não parou todo o jogo. Pode não ter sido muito eficaz (onde diz “muito”, leia-se “nada”), mas lutou, esforçou-se e foi dos poucos que tentou arrastar a equipa para a frente, no meio do marasmo que se via no resto da equipa. Faltou-lhe apoio, claramente, mas mesmo sem o ter, Cebola tentou sempre forçar jogadas ofensivas, tentando entender-se com Álvaro Pereira, jogando ao lado de Falcao e descaindo para as alas sempre que possível. Merecia um golo.
(+) Falcao. Mais uma vez, um dos mais esforçados, numa luta inglória entre os centrais, tentando dominar a bola (o que nem sempre lhe saiu bem) e esperar pelo apoio, que apareceu no máximo duas vezes durante o jogo.
(+) Fernando. Qualquer portista que acompanhe minimamente os jogos da equipa tem-se apercebido da falta que o brasileiro faz no meio-campo defensivo. Nem Tomás Costa nem o pobre Nuno André Coelho, atirado às feras no Emirates Stadium, conseguiram fazer esquecer a forma como Fernando domina a sua zona quando está em forma. Hoje, ainda que não tenha conseguido impedir a derrocada no resultado, tentou lutar com as forças que tinha contra a melhor organização do meio-campo benfiquista. Fica o bom esforço.
(+) Benfica. Quando se ganha dá gosto atirar uma ou duas boquinhas ao adversário, só para rejubilar no prazer de uma vitória. No entanto, quando se perde, há que saber perder com dignidade e humildade, particularmente quando o adversário prova ser melhor que nós em campo. Foi isso que aconteceu hoje no Algarve, onde o Benfica, a jogar a passo, chegou e sobrou para nos vencer por três a zero. Limpo. Parabéns, Ruben Amorim (melhor em campo) e Jorge Jesus, que me surpreendeu na flash interview, comovido e a dedicar a vitória ao pai. Espero que para o ano cá estejam para nos dar os parabéns a nós. Se merecermos, claro!
BARONIS
(-) Bruno Alves. No jogo contra a Académica, escrevi o seguinte: “Bruno Alves reclama com árbitros com uma atitude quase intimidatória e excessivamente agressiva; age impulsivamente e sempre com nervos em franja perante os adversários, arriscando inúmeros cartões vermelhos com pequenas quezílias que um dia destes, quando os árbitros perderem o medo, lhe vão mostrar; está a facilitar em demasia em zonas defensivas, raramente pressionando o avançado que lhe aparece na frente (lembram-se do Bruno Alves a fazer um carrinho em algum jogo este ano?) e acabando por fazer faltas em áreas recuadas que levam perigo para a própria baliza. Bruno parece instável e nervoso, e essas são qualidades que num capitão de equipa se acabam por transmitir para o resto dos jogadores.“. O jogo de hoje foi tirado a papel químico do jogo de semana passada. Analisarei o momento de Bruno Alves num post nos próximos dias, mas fica uma pequena frase que espelha a minha opinião sobre o que se passa com o nosso capitão: há que saber perder. Sobre o jogo e o comportamento de hoje não há muito mais a dizer, apenas o seguinte: um capitão de equipa, líder de homens e alguém que se quer que seja um modelo a seguir, não pode ter reacções absurdamente violentas e agressivas como as de hoje.
(-) Intranquilidade. A incapacidade técnica, juntamente com as lesões, os casos extra-relvado e a falta de motivação acabaram por transformar este final de época num pesadelo, o que se reflecte dentro de campo. Os jogadores reclamam uns com os outros, sem capacidade para fazer mais e melhor. Ninguém me convence que os rapazes de azul-e-branco são tão maus quanto o que mostram em campo.

(-) Claques. Desta vez não pode haver atenuantes. O clube tem de reagir perante as atitudes animalescas que se viram a caminho do Algarve. Sim, incluo tudo no mesmo lote, aquela malta tem atitudes de gado e tem de ser tratado como gado. Quanto às bastonadas da Polícia que deixaram alguns hematomas pelo caminho, é simples perceber que quem vai misturado com gado tem de se aperceber que arrisca ser tratado como gado. E já tendo trabalhado num matadouro, sei bem como se deve tratar gado.



E cá vai mais uma frase que já me começa a cansar ter de proferir no final dos jogos: perdemos bem. É triste admiti-lo mas estamos num mau momento do qual este ano creio ser muito pouco provável conseguirmos sair. O campeonato ainda não acabou e ainda temos a Taça de Portugal para tentar vencer, mas ainda que o consigamos, servirá de pouco consolo às fraquíssimas exibições e à falta de garra e organização que consecutivamente mostramos em campo. Mas levantemos a cabeça, am
igos! Temos de saber perder, dar os parabéns ao adversário por uma vitória limpinha, por merecer e por fazer por merecer. E venha a próxima manhã, que há treino…
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