Fearless

estadio_da_luz

You say the hill’s too steep to climb,
Chiding!
You say you’d like to see me try,
Climbing!
You pick the place and I’ll choose the time
And I’ll climb
The hill in my own way
just wait a while, for the right day
And as I rise above the treeline and the clouds
I look down hear the sound of the things you said today
Fearlessly the idiot faced the crowd, smiling
Merciless, the magistrate turns ‘round, frowning
and who’s the fool who wears the crown
Go down in your own way
And everyday is the right day
And as you rise above the fearlines in his frown
You look down
Hear the sound of the faces in the crowd

Fearless
Pink Floyd

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Dois ao burro

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Vi o “LXderby” a espaços, mas pareceu-me que sempre que olhava para a televisão estavam os tipos de verde com a bola. Os mesmos que nos plantaram três batatas no focinho em pleno Dragão, a jogar uma espécie de futebol triste e sem incisividade, com tantas situações de perigo como as que podem ser contadas pela mão de um serralheiro alcoólico. Do outro lado, um grupo de tipos de vermelho que estiveram todo o jogo a tentar empatar. E conseguiram. Os mesmos que vieram ao Dragão e estiveram todo o jogo a tentar empatar. E ganharam.

Por outro lado, se nós, que sem querer com muita força mostrámos mais futebol no sábado em Moreira de Cónegos que estes dois juntos ontem à noite, estamos quatro pontos atrás de um e três à frente de outro. Assim como quem não quer a coisa, não acham que temos tudo para, com algum niquinho de sorte, mandar ambos à fava e ganhar esta treta? Se não o conseguirmos, sem acusações parvas nem apontar de dedos, só podemos atirar a culpa para o nosso lado.

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Baías e Baronis – FC Porto 0 vs 2 Benfica

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Há dias em que nada corre bem. A cerveja está choca, o trânsito está um caos, o céu parece mais cinazento que o costume, as dobradiças estão a ranger e o soalho a estalar quando um gajo chega a casa meio bêbado às quatro da manhã e não quer acordar os pais mas acaba por largar a porta que dá um estrondo quando acerta no batente. Desses dias. E hoje, tanto Jackson, Herrera, Danilo e todo o resto dos jogadores de azul-e-branco que estiveram no Dragão não estiveram nos seus dias. Escolhi esses três, podia ter escolhido outros ou ainda outros três, porque raro foi o momento alto de uma equipa que, não tendo jogado mal, sucumbiu a uma sucessão de infortúnios e a uma tremenda eficácia adversária para ceder todos os pontos, todos os golos e toda a moral a uma equipa que fez para merecer a vitória com mais engenho que arte e mais astúcia que talento. Notas já aqui em baixo:

(+) Quaresma. Entrou cheio de força (apesar de ter perdido a bola logo na primeira jogada) e nunca virou a cara aos duelos contra um dos adversários que, aposto, mais gosta de defrontar e vencer. Tentou tudo o que conseguiu para furar a defesa do Benfica e forneceu mais que uma bola de golo que ninguém conseguiu meter lá dentro. Talvez tenha chegado a altura de substituir Brahimi no onze, porque parece em melhor forma e a tomar melhores decisões perto da área que o argelino.

(+) Casemiro a defender. Forte, rijo, agressivo…às vezes demais, porque arriscou o segundo amarelo em várias ocasiões, foi o tampão possível contra um meio-campo bastante mais forte do Benfica (em todos os sentidos, tanto no físico como no mental, nem falo da absurda diferença no jogo aéreo), servindo como principal homem na recuperação das bolas perdidas no centro do terreno. Só esteve mal nos passes longos, porque assume que consegue fazer o que nenhum trinco faz no FC Porto desde Kulkov. E assume mal.

(+) A eficácia do Benfica. Conto três oportunidades de golo para o Benfica: dois golos e um corte de Alex Sandro que tirou o terceiro. Num jogo deste nível, a equipa que é mais eficaz tende a ganhar e foi exactamente o que aconteceu, porque a forma como aproveitaram falhas de marcação e/ou lentidão na resposta dos jogadores da nossa linha defensiva foi letal e fez a diferença. Estiveram bem no meio-campo, saíam facilmente da zona de pressão no meio-campo e mataram o jogo na altura certa. O resto foi gerir, com bola para a frente, porque nada mais era preciso fazer. Já estava tudo feito, infelizmente para nós.

(-) Saída da defesa em posse. Das duas uma: ou se revêm as possibilidades de interligação entre defesa e meio-campo, ou se compram pés e cérebros novos para Indi, Marcano e Maicon. É que começa a ser absurda a quantidade de bolas desperdiçadas na saída da defesa por jogadores que não conseguem conduzir a bola para diante mais que uns metros e abanam tanto quando um adversário chega próximo o suficiente para lhes cheirarem o after-shave que assusta qualquer adepto. A invariável forma como o central procura o trinco para receber a tabela de volta, ou entrega na linha para o lateral procurar subir com o extremo na sua frente…torna-se previsível e fácil de anular. Hoje, com o Benfica a fechar muito bem nas linhas (Gaitán e Sálvio estiveram em grande na forma como conseguiram tapar o flanco) e o meio-campo a pressionar alto, não tivémos capacidade para fazer melhor que meia-dúzia de passes pelo ar, quase sempre inconsequentes. Se o meio-campo não se mobiliza para vir buscar a bola, vamos ter mais jogos com zero golos marcados.

(-) Falta de ratice. Eu sei que a equipa está cheia de gajos novos. Sei que há jogadores que não têm experiência a jogar clássicos. Mas também sei que as duas frases anteriores só são verdadeiras porque queremos acreditar nelas. Reparem em dois casos que ilustram bem a falta de inteligência emocional e de manha que estes miúdos não mostram e que fazem toda a diferença quando se encontram os Maxis deste mundo: André Almeida vê um amarelo logo no primeiro minuto por falta sobre Tello que lhe ganhou em velocidade. Onde esteve Tello e onde esteve a bola durante a meia-hora que se seguiu? Não sei, mas poucas vezes tentamos puxar o segundo amarelo a André Almeida, ou pelo menos forçar o rapaz a cometer um erro ou a alhear-se da bola com medo de ver o vermelho. Era algo que deveria ter sido aposta imediata (na minha cabeça, pelo menos) para a equipa, forçar o ataque para aquele flanco, massacrar o lombo do rapaz para fazer dele o defesa-esquerdo mais castigado desde que Hulk desfez David Luíz aqui há uns anos: a outra situação passou-se no primeiro golo do Benfica, em que Brahimi é obrigado a ficar a mais de dois metros da linha onde Maxi ia fazer o cruzamento…e ficou. Devia ter mexido os pés, continuamente reclamando com o árbitro, o fiscal de linha, levantando os braços, saltando, importunando o adversário, a chegar-se lenta mas continuamente para a frente (como o Benfica fez em TODOS os lançamentos laterais, claro, e bem) ou como abusou em todos os lances divididos ou nem tanto…até perdi a conta às vezes que Jardel usou os braços ou Samaris levantou os pés com o árbitro a deixar seguir…o que não fez com que os nossos rapazes se erguessem como Brahimi se devia ter erguido, aproximando-se um pedacinho de cada vez mais próximo da linha. Com manha, provocador, inteligente. Estes jogos nem sempre se ganham pelo futebol praticado mas pela tranquilidade e gestão emocional dos jogadores em campo. Hoje, não fomos espertos como eles.


Foi uma patada na traqueia, sem dúvida, mas nada está perdido. Pelo menos até chegar o Arsenal nos oitavos da Champions. E também nada vai estar perdido aí. Ou vai. Já não sei. Dormir, isso, dormir por cima disto e esperar que amanhã o sol brilhe. Vai ser um dia longo, foda-se.

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Ouve lá ó Mister – Benfica

Señor Lopetegui,

Anda um gajo todo o ano à espera deste jogo, Julen. Um ano de misérias ou fortunas, de tristezas ou alegrias, de tanto que nos traz o entusiasmo de uma vida que pode ser mais ou menos efusiva mas que se coloca em perspectiva perante estes noventa minutos que se jogam no nosso estádio, com a nossa equipa, perante o adversário mais imponente que se nos coloca pela frente e que em situações tradicionais é um dos mais complicados de abater. E não tenhas dúvidas, por muito que o histórico recente nos dê um favoritismo tranquilo, a estatística é atirada para um canto e o jogo, quando começa, é de tripla. É sempre de tripla. Sempre.

Ninguém está à espera de um jogo de futebol agradável hoje à noite no Dragão. Garanto-te, do fundo do meu coração que se aperta tanto desde que a bola começa a rolar naquele relvado, que não haverá uma alma naquele hino à arquitectura moderna que pense que o jogo está a ser fraquinho e que o futebol praticado deveria ser mais consonante com o talento que está disposto em campo. A malta quer é ganhar. Pode ser por um-zero, por dois, três, quinze, o resultado é pouco importante nestes momentos. O que o povo portista te pede é que ganhes, ou que quando muito tentes ganhar. Nuances tácticas, movimentações de meio-campo bem conseguidas, incursões pelos flancos, remates de longe, tudo fica muito lá no fundinho quando pensamos no que será poder arrumar com estes gajos em nossa casa e sair do estádio com um sorriso de uma orelha à outra a dizer: “Hoje estes cabrões não passaram!”. Dá-nos a oportunidade de passar a semana a falar do jogo, a reviver todos os momentos como se um video estivesse a rodar sem parar no interior dos nossos cérebros. Imagina-nos felizes, com os “bragging rights” que deteremos com a emoção e alegria imensa de podermos dizer, de punho cerrado a bater no peito, que vencemos. Quem marcou? Não sei, mas vencemos. Foi um bom jogo? Não sei, mas vencemos. Houve lesões? Não sei, mas vencemos.

Venceremos. Venceremos, raios me partam, venceremos. E está tudo nas vossas mãos. Força, rapazes.

Sou quem sabes,
Jorge

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