Baías e Baronis – Estoril 1 vs 3 FC Porto

foto retirada do Twitter oficial do FC Porto

Veni. Vidi. Sofri. Intervali. Bancadi podri. Esperi trintisetidiis. Vinci. Se alguém acha que esta segunda parte teve algum mérito táctico, técnico, tecnico-táctico ou qualquer outro cliché futebolístico, desengane-se. Ou engane-se, faça o que quiser. Mas acreditem em mim quando vos digo, meus amigos portistas, que esta foi uma vitória do querer. Da vontade de empurrar o adversário para a área, de intimidar com actos, não com insinuações. De atacar com força, não com estratégia. Foi uma vitória, mais do que qualquer outra, dos jogadores. Vamos a notas, apenas sobre estes 45 minutos que tanta gente transformou numa espécie de apocalipse anunciado (daí o não-muito-subtil-tema da crónica) porque os outros…é que nem me lembro do que se passou. Siga:

(+) Fome. Soares está em grande. Sérgio Oliveira está em grande. É curioso perceber que estes homens, que ainda há menos de um mês eram considerados como dispensáveis pela grande maioria dos portistas e um recebia críticas de tanta gente por ter tido uma reacção de desagrado numa substituição durante a meia-final da Taça da Liga ao passo que o outro era rotulado como promessa perdida, são agora pivotais no ataque ao título. Se há coisa a que nos temos de habituar este ano é mesmo a estes impensáveis, como uma dupla de ataque Soares/Marega, um jovem de 18 anos a substituir um dos melhores assistentes da Europa e um esquecido a subir à titularidade indiscutível. Soares joga, marca e reina. Sérgio joga, assiste e controla. Ambos com vontade de mostrar, com fome de jogar e de vencer. Que continuem assim, mesmo quando Aboubakar e Danilo regressarem.

(+) Guerra. Rijos, fortes, plenos de vontade e garra para contrariarem um destino que parecia traçado. E vários dos que hoje jogaram foram os mesmos rapazes que entraram em campo há umas dezenas de dias para fazerem uma das piores primeiras partes da época. Houve mudanças, é certo, mas acima de tudo houve mentalidade, que tinha fraquejado nessa noite parva em Janeiro. Desde o primeiro segundo que as tropas estavam colocadas como que numa investida para tomar de assalto um castelo até então inviolável e desde a primeira defesa quase miraculosa de Renan ao remate de Herrera que o FC Porto cascou, bateu, impôs um metafórico e gigantesco ariete que deixou o Estoril sem resposta. Era exactamente isto que era preciso fazer e pelas cuecas do Lucho, conseguimos. Um passo enorme para a conquista do título foi hoje dado na Amoreira. Lembrem-se dos nomes, porque podem ter de os gritar a uma só voz daqui a uns meses. A jogar com este empenho e determinação não nos vai fugir.

(-) Morte. Vou tentar ser polémico. Ouçam lá, não acontece todos os dias, mas vou por aí. O primeiro golo do FC Porto é marcado com a vantagem de um fora-de-jogo. What?! But, but…but, but o carago. Se o mesmo Soares que quase cabeceava a bola foi o mesmo Soares que o VAR determinou como estando fora-de-jogo no jogo contra o Sporting e que anulou um golo que eu achei que devia ter sido validado, também este deveria ser anulado se seguirem o mesmo (errado) princípio. E porquê? Porque caso seja validado, o VAR é uma merda obrada directamente do ânus de Belzebu. E o VAR não é uma merda, é uma ferramenta que deve ser usada exactamente da forma que foi, hoje, naquele lance. Há dúvidas do árbitro. Há dúvidas do fiscal de linha. Deixam seguir o jogo e consultam o árbitro sentado a uns quilómetros de distância. Esse fulano olha para as imagens e não consegue discernir se está ou não em jogo. E como tal…deixa correr. Como deixa correr, contradiz o que o colega a cargo do VAR fez nesse jogo contra o Sporting. Por isso, minha gente, das duas uma: ou o VAR está doente logo desde que nasceu, propenso a falhas imensas que não podem acontecer pela sua própria natureza; ou estão a usá-lo mal. E isso é pior que não existir.

(-) Doença. A lesão de Alex Telles deixou metade do povo portista em lágrimas (a imagem do próprio jogador a chorar no banco é enternecedora mas acima de tudo preocupante) e Dalot num misto de alegria e nervosismo que ainda não conseguiu abalar. Espero estar a ser extremo na minha hipérbole, mas se Alex acabou para a época, também morre um pedacinho de mim com isso, porque estava a ser um dos jogadores que representava na perfeição o espírito que todos adoramos ver em campo. Não digo que Dalot não consiga calçar as mesmas botas e agir com o talento e a capacidade que tem feito pela B, mas a perda de Telles é um murro na nuca que nos vai doer muito. Diogo, puto, o lugar é teu. Com a “morte”, pode haver um nascimento e tens tudo para chegar, ver e vencer. Cá estarei para te aplaudir.


Cinco pontos. Onze jogos. Milhões de adeptos. Um campeonato. Siga.

Link:

Ouve lá ó Mister – Estoril

Camarada Sérgio,

Por alturas do pré-primeira parte deste encontro, escrevi o seguinte:

Fuck’em. Fuck’em all! É o Estoril à segunda e o Tondela à sexta? Fuck’em! É o Sporting doze vezes seguidas? Fuck’em! É o Braga com as mangas pintadas para parecer ligeiramente diferente do dono? Fuck’em! É tudo contra nós e nós contra todos! Fuck’em! E fuck também para o gajo que parece que comprou pontos de exclamação num grossista e agora quer gastá-los de uma só vez! Fuck para mim também!

E hoje, setenta e nove mil fucks depois, está tudo na mesma. Continuamos na frente, com vontade de lá ficar e não há bancadas nem árbitros nem nada que nos faça frente. Ou melhor, há e eles bem tentam, mas cabe-te mostrar jogo após jogo que és melhor que os outros. E hoje, com condicionantes que fazem lembrar uma entrevista de emprego para um programador do Football Manager, só tens uma solução: entrar em campo tranquilo mas convicto que as pernas são para usar enquanto as temos e que 45 minutos são tempo suficiente para ganhar esta trampa. São dois golos, Sérgio. Só dois golos. E que a tua maior preocupação seja o estado da bancada.

Sou quem sabes,
Jorge

Link:

Ouve lá ó Mister – Estoril

Camarada Sérgio,

Siga a rusga! Menina não paga mas também não anda! Mais uma moedinha, mais uma voltinha e cá estamos nós outra vez para mais uma jornada! Quinta, segunda e depois sexta! Os putos correm, as modas nem têm tempo de passar e voltamos ao ataque! Já sabias que era isto que ias apanhar quando cá chegasses, meu caríssimo e calmíssimo Sérgio, tu que tens uma calma olímpica para aturar os Abéis e Ruis deste burgo à beira-mar plantado e coberto de uma camada de estrume a vários níveis que um gajo nem imagina como é que deve cheirar em tanto tasco por aí fora. Tens de aturar esses, os outros onze que jogam contra ti e, more often than not, os idiotas de apito na boca e lata nas costas!

Fuck’em. Fuck’em all! É o Estoril à segunda e o Tondela à sexta? Fuck’em! É o Sporting doze vezes seguidas? Fuck’em! É o Braga com as mangas pintadas para parecer ligeiramente diferente do dono? Fuck’em! É tudo contra nós e nós contra todos! Fuck’em! E fuck também para o gajo que parece que comprou pontos de exclamação num grossista e agora quer gastá-los de uma só vez! Fuck para mim também!

Mais a sério, é sempre difícil, seja o último ou o segundo. Ou o primeiro, se o calendário nos tramar. E tens de ganhar sempre, com ou sem Brahimi, árbitros justos ou pernas. Hoje é só mais uma vitória. Tem de ser, né?

Sou quem sabes,
Jorge

Link:

Baías e Baronis – FC Porto 4 vs 0 Estoril

O primeiro jogo oficial de Sérgio Conceição como treinador do FC Porto podia ter corrido muito mal. Um azar, dois azares, três pontapés ao lado, nove golos anulados, um murro no nariz do nosso capitão (talvez acidental mas não menos doloroso) e uma lesão inoportuna. Mas eis que aparece uma espécie de D.Sebastião núbio a salvar a alma portista e a desencadear uma pequena avalanche de futebol ofensivo, soltando os rapazes da tensão do arranque para uma boa exibição colectiva. Foi bom, podia ter sido melhor e tenho a certeza que será. Mas também podemos sofrer até lá chegarmos, mas atravessemos essa ponte quando chegarmos a ela. Vamos às primeiras notas do ano:

(+) Marega. Esquerda é direita. Cima é baixo. Azul é branco. Wait, esta não funciona tão bem, mas percebem o padrão: está tudo ao contrário. Eu, que um dia pensei em trocar o nome desta mesma rubrica para Madjers e Maregas, fico a pensar que há uma razão para não se construirem estátuas ou fazerem homenagens enquanto os alvos estão vivos. Nuns casos, dá em tretas como o busto do Ronaldo, noutras dá no Marega a bisar no jogo de arranque do campeonato. Há coisas que não lembram a ninguém a não ser a casas de apostas, que teriam perdido pau e bolas se alguém tiver apostado nesta invulgar combinação de factores que levou a tal desfecho. Eu, portista pecador, me penitencio: obrigado, Moussa. Foi jeitoso.

(+) Brahimi. Parece bem disposto, o nosso Yacine. Solto pelo centro ou colado à linha esperando a passagem do lateral ou aproveitando as corridas de Óliver que várias vezes por lá apareceu, foi o elemento principal de desequilíbrio na frente de ataque e uma das peças fundamentais na criação de lances ofensivos. Serpenteou tantas vezes por Mano e amigos limitados que fez lembrar uma estrada de montanha, de quadris amplos e ondulantes, em busca de um santuário que para ele parece ser no fundo das balizas adversárias. Que continues assim, meu maravilhoso magrebino.

(+) A criação de oportunidades de golo. Chiça que isto assim dá mais gosto. Não tenho noção absolutamente nenhuma dos números e sou tão mau para me lembrar deles como o Mareg…ah, porra, tenho de arranjar uma metáfora diferente, pera lá…isso, como o Hugo Miguel a apitar. Onde ia eu? Ah, sim, os lances de golo. Foram muitos, variados, surgindo de arranques pela ala, cruzamentos para a área em bola corrida, cruzamentos em bola parada, lances individuais pelo centro, contra-ataques em superioridade numérica, contra-ataques em inferioridade numérica e atrasos mal calculados. Faltaram remates de meia-distância, algo que foi muito visível na pré-época, mas o caminho parece ser este: avassalar pelos números e esperar que pelo menos uma ou outra bola lá entre na baliza. Não me parece mal.

(-) Parece que pica, amigos! A equipa entrou nervosa e o golo de Marega (o primeiro, claro…já agora, é muito estranho dizer “o primeiro golo de Marega” porque assim admite-se que houve mais… a imprevisibilidade do futebol é tão emocionante, carago!) ajudou a acalmar o povo mas notava-se que queriam fazer as coisas com o mínimo risco e ao mesmo tempo manter a matriz. Houve muitos passes falhados, demasiadas combinações descombinadas e tabelinhas destabeladas. Houve confusão, pouca movimentação e alguma complicação. (chupa, Seuss!) As coisas tenderão a melhorar com o tempo mas o arranque mostrou que ainda há muita incerteza na confiança dos jogadores, mas nada que uma boa sequência de vitórias não cure.

(-) A concretização de oportunidades de golo. Parece ligeiramente arrogante estar a criticar os golos falhados quando acabamos de vencer a partida por quatro bolinhas contra zero bolinhas. Mas já estive em demasiados jogos em que criámos dezenas de oportunidade de golo sem as conseguirmos concretizar e ficamos à rasca por causa disso. Aboubakar foi o principal falhador de serviço mas outros homens estiveram incapazes de acertar num Pedro Guerra depois de seis doses de cozido. Ou, como ele chama, um aperitivo interessante. Há que apontar melhor e tentar ser mais eficaz.

(-) A forma do video-árbitro (não o conteúdo). Nada contra o conceito. Prefiro saber que não foram cometidos erros grosseiros ou que, no mínimo, foram corrigidos. Mas a forma como foi aplicado hoje, ao vivo, deixa-me aborrecido especialmente porque juntamente com grande parte do estádio, não me apercebi sequer que o lance estaria a ser revisto na têvê. Não há hipótese de aparecer no écran do estádio algum aviso ou de se ligarem umas luzes nas balizas como se faz no hóquei em gelo? Há pontos a melhorar num conceito que está a ser aplicado pela primeira vez e este é um deles, para que o público não tenha de festejar com atraso como se estivesse a ver um jogo pela net e a ligação tivesse falhado no momento do remate.


One down, 33 to go. É assim que se fazem as contas no Dragão este ano. Que remédio.

Link:

Ouve lá ó Mister – Estoril

Camarada Sérgio,

Em primeiro lugar, apresentações. Olá, eu sou o Jorge. Escrevo aqui neste pouso há mais de oito anos e se te disser que estou num ponto de baixíssima motivação e vontade para continuar a escrever, não me parece que te surpreenda muito. Afinal, os tempos são de magreza e de baixo espírito porque os últimos anos não foram fáceis de aguentar. Dores de maus hábitos criados ao longo de tantos anos, como bem sabes. E se todos os anos esperamos pelo arranque da época com a saliva a pingar delicadamente dos cantos da boca, este ano não será diferente. Porque não sabemos ser de outra forma, porque só queremos vencer e depois de tanto tempo sem vencer, ainda queremos vencer com mais garra, mais força, mais vontade.

Por isso hoje, no dia em que arrancamos mais uma longa sequência de batalhas que nos vão levar até Maio, peço-te que mantenhas o espírito que foste transmitindo desde que chegaste. Depois de um verão tão longo, com tanta tinta que correu sobre claques, castigos, emails, padres, árbitros com e sem vídeo…já chega de jogadas laterais e tenho fome de bola a sério. Vou ao Dragão para te ver, para ver a tua equipa e para começar de novo este sofrimento que adoro, estas dezenas de minutos em que estou tenso e vibrante e feliz e excitadíssimo e eufórico…e ainda falta muito para começar o jogo?

Bem vindo, Sérgio. Dá cá um salto, vamos ter muito para falar durante o ano.

Sou quem sabes,
Jorge

Link: