Baías e Baronis – Sporting vs FC Porto

Foto retirada do MaisFutebol

Vi o jogo em casa de amigos, com uma emissão via internet que soluçava tanto como Maicon na defesa portista. Depois de chegar a casa, revendo o jogo, fiquei com a mesma ideia: correu bem. Correu particularmente bem porque esta equipa do Sporting que jogou hoje não foi a mesma que tinha vindo a jogar nas partidas anteriores. Foi mais rija, mais agressiva e mais matreira, factos aos quais não serão alheios a presença de dois jogadores bem mais experientes no onze como Pedro Mendes e Liedson, que cada um à sua maneira trataram de dar cabecinha ao resto dos colegas. Ainda assim não posso dizer que jogamos bem, longe disso. Fomos uma equipa mais lenta, menos solta e incapaz de conseguir superar as falhas individuais que foram muitas e que quase davam a primeira derrota oficial da época. Ou seja, o FC Porto ganhou um ponto, não perdeu dois, por muito que queiram pintar o quadro desta forma. E nem o golo de Valdés em fora-de-jogo pode mudar isso. Vamos a notas:

(+) Falcao Foi o melhor jogador do FC Porto. Marcou mais um golo à ponta-de-lança, a aparecer no sítio certo na altura certa, e andou todo o jogo a recuar para vir buscar a bola e a lutar para a receber mais vezes e com mais espaço. Devia ter marcado logo no início do jogo.

(+) Hulk Não fez um grande jogo, longe disso, mas soube recuar quando era preciso, soube fortalecer o flanco defensivo ao aparecer perto do lateral que jogava por trás dele, por vezes bem perto do colega, o que ajudou a tapar a subida dos flanqueadores do Sporting. Fez mais uma assistência para golo e tentou sempre rasgar a defesa contrária, com pouca sorte.

(+) FC Porto com 10 jogadores Tal como tinha acontecido na Turquia, voltei a gostar de ver a equipa a jogar com menos um jogador. Continuo a achar que a maior parte dos Portistas exigem demais da equipa, mesmo quando era notório que o jogo não estava a correr bem, a outra equipa corria mais, mostrava uma determinação acima da média e as contrariedades do jogo obrigavam a que se estruturasse bem a equipa para evitar chatices. Esteve bem Villas-Boas, a retomar os quatro defesas e a fazer recuar as linhas. Um ponto é melhor que nenhum e o campeonato ainda é longo.

(+) Sporting Não via o Sporting a jogar com tanta garra há muito tempo. Superou o FC Porto em determinação e em vontade de jogar um futebol mais positivo, o que é obra tendo em conta o que tinha vindo a fazer há uns meses para cá. A isso não foi alheio a opção de Paulo Sérgio de colocar três caceteiros no meio-campo, prontos a acertar em tudo o que mexia que estivesse vestido de azul-e-branco. Se tivesse começado o campeonato assim, garanto que não estariam nesta posição.

(-) Fernando Não me importo que um jogador como o Fernando, que jogue na posição onde ele habitualmente alinha, acabe por falhar alguns passes. É natural tendo em conta que faz uma quantidade bem mais alta de passes que uma boa parte dos seus colegas. Ainda assim, hoje falhou demais. Perdeu muitas bolas em zonas perigosas e pôs várias vezes a defesa em risco com os buracos que abriu pelo centro do terreno com as distrações parvas que teve especialmente com Liedson por perto. Não pode continuar a falhar desta forma.

(-) Maicon Por muito que Valdés estivesse fora-de-jogo (e estava, se bem que me cheira que não vai ser dada a relevância que devia, como aconteceu com o golo de Saviola no ano passado na Luz), não pode nunca facilitar perante o adversário como fez hoje. A expulsão é na minha opinião um erro do árbitro graças à matreirice de Liedson, mas Maicon peca ainda pela lentidão quando enfrenta um adversário como aquele. E no ano passado tinha sido tão perfeito a marcá-lo no Dragão por isso desiludiu-me um pouco hoje.

(-) Belluschi Nunca conseguiu soltar-se da pressão do meio-campo do Sporting e consequentemente nunca apareceu em jogo. Com Moutinho permanentemente a levar calcadelas e pontapés mal se aproximava da bola, Belluschi teria o papel de aparecer surgir mais disponível que o colega para poder levar a bola onde pudesse. Não o fez. Era complicado contra um meio-campo de caceteiros, mas já o vi a fazer excelentes jogos contra estruturas similares que lhe apareceram à frente. Hoje não foi um deles.

(-) Maniche O que dizer acerca desta personagem? Do alto dos seus 173 centímetros de altura e 300 de largura andou a tentar atingir tudo o que via, acabando por dar uma bela duma patada JetLiana em Moutinho, culminando com um jogo inteiro de perseguição por parte do trio maravilha do meio-campo sportinguista. André Santos tentou, mas é puto e ainda não sabe acertar bem nos sítios certos; Pedro Mendes também varreu muita relva e perna à cacetada mas sem classe. Já o Gordiche, com a finesse que lhe é reconhecida, marcou a diferença da experiência…marcando os pitões na coxa de Moutinho. Expulsão? Nada disso. Comentário de Miguel Prates na SportTV: “É uma jogada de Maniche por trás, perigosa.”. E mais nada.

(-) Liedson É um grande jogador, não tenho dúvidas. Enerva-me vê-lo a correr a todos os lances, como um Derlei mais magro ou um Lisandro mais brasileiro, nunca dá uma bola como perdida e é vital na equipa do Sporting, nem que não marque golos. Parece que me falta alguma coisa aqui…ah, sim, é a inteligência de conseguir sacar faltas que o árbitro (seja este ou outro qualquer) consistentemente dá como a favor dele quando o máximo que aconteceu foi uma leve brisa que o abanou e da qual soube tirar partido. É ridículo que depois de tantos anos a criticarem os jogadores que pervertem a lei do jogo continuem a dar guarida a este mulato anorético e a permitirem que roubem jogadores a uma partida que, mais inocentes ou inexperientes, caiam na rede de Liedson. Não sou gajo de advogar à violência, mas se é para tirar faltas, então que se lhe acerte com força. Pode ser que para a próxima pense duas vezes antes de se lançar para o terreno sem ninguém lhe tocar com a força que simula ter sido exercida…

Um empate em Alvalade não é um mau resultado e custa-me ver que muita gente pensa assim. Neste tipo de jogos interessa não perder e esta foi mais uma batalha em que não saímos derrotados e que nos continua a suportar no caminho da vitória final. Podíamos ter jogado melhor e mais soltos, especialmente na primeira parte que acabou por ser aborrecida e sem chama, mas alguma inépcia indiv
idual somada a diversos erros de arbitragem em alturas chave do jogo acabaram por tornar a tarefa mais complicada. Não foi bom mas também não foi mau de todo.

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Ouve lá ó Mister – Sporting

André, proto-messias!

Mais uma semana, mais um clássico! Ah, rapaz, que eu no ano passado acabei o jogo com uma raiva…deves-te lembrar, foi uma das piores exibições que me lembro de ver uma equipa do FC Porto a fazer, desorganizada, desinteressada, desinspirada e des-tudo. Hoje em dia, graças a ti, as perspectivas são diferentes!

Não vai ser um jogo fácil, mais uma vez, se bem que hoje em dia quase nenhum jogo é fácil. Todos os treinadores estão a queimar as pestanas para perceber como é que podem contrariar o teu jogo e a tua estratégia que até agora está a resultar na perfeição. Sabes tão bem como eu que há alguns pontos menos fortes e para este jogo o único que te pode causar insónias é mesmo o de defesa-esquerdo. Se tens o Fernando e o Varela prontos para jogar, parece-me que não há dúvidas nesses dois fulanos. Já na lateral sinistra, a coisa pia mais fininho. O Emídio, que já foi verdinho, ainda está verdinho (mau jogo de palavras, perdão) e o Fucile nunca se sabe se vai fazer um jogaço à Mundial ou uma borrada à Arsenal. Eu hoje estou numa de rimas, desculpa.

E quanto ao Moutinho…fala com o rapaz. Fá-lo ver que este jogo é tramado mas não define nada nele como jogador nem como homem. Não tem de se sentir impelido a mostrar serviço extra, basta que continue fiel ao que tem mostrado. Eu e tu esperamos dele um jogo simples, prático, inteligente. E se marcar, como me disseram, um golo aos 93 minutos numas cuecas ao Patrício, ainda melhor. Mas se não acontecer, não é por isso que o vamos vender ao Benfica.

No fundo de tudo é um clássico, um Sporting/Porto, e como qualquer clássico todos temos a noção que é muito parecido com o José Castelo-Branco: pode dar para os dois lados.

Sou quem sabes,
Jorge

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O pacote

Na edição desta semana dos Grandes Adeptos na Antena 1 (que podem escutar aqui), Alfredo Barroso estava a falar do seu Sporting e disse qualquer coisa deste género:

“(…) O momento actual do Sporting tem de ser analisado em pacote, aliás em mais de um pacote. Há um pacote que inclui as duas derrotas incríveis (…), há um segundo pacote que inclui por um lado o presidente do Sporting e o director desportivo, Costinha (…) e o terceiro é o Paulo Sérgio.”

O jornalista, curioso pela ausência da crucificação de Maniche, questiona:
“E o Maniche?”

Responde o Barroso:
“Eu incluo o Maniche no pacote do Costinha.”

Duas coisas ocorrem-me ao ouvir esta frase:

  • Há uma notável falta de sentido de humor brejeiro naquela estação de rádio.
  • Ainda bem que estão em Lisboa. Se fosse no Porto garanto que a frase continha qualquer verbo acabado em “rabar”.
  • Alfredo Barroso foi o único sportinguista que veio a público explicitar metaforicamente o que é que Maniche fez a Costinha tendo em conta a aposta que o ex-Ministro fez no seu ex-colega no início da temporada. Propositadamente ou não.
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