Ouve lá ó Mister – Mónaco

Camarada Sérgio,

Rapaz, dias tristes nos vão acompanhando desde sexta-feira, sem que tenhamos grande conforto da parte daqueles que estão acima de ti e que parecem estar menos preocupados com isto do que com o estado da arte do marketing puro e do primetime televisivo. Mas eu, que como tu estou chateado com F grande com esta treta toda, ainda estou doente depois do jogo com o Benfica e preciso de redireccionar as minhas forças para outra competição antes de voltar a este desterro nacional. Por isso, siga para a Europa.

E siga, mas infelizmente segues sozinho porque não vou ver o jogo. Nem em directo nem ao vivo. Admito que não estejas muito preocupado com isso porque o terceiro jogo consecutivo contra equipas vermelhas e brancas (já viste a nossa sorte…ao menos despachamos grande parte destes confrontos logo aqui e ficamos com as vistinhas mais limpas nos próximos tempos) deve ocupar-te uma boa parte da mona, mas não vai mesmo ser possível. Por isso vou estar a roer as unhas quando me sentar para ver a bola, aí pela meia-noite, sem saber o que se passou, enquanto espero pelos golos que acredito que vão surgir, com a vontade que sei que vai estar em campo e a capacidade que sei que está dentro de ti e dentro dos nossos. É um dos jogos do ano, rapaz, joga-o como tal!

Sou quem sabes,
Jorge

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Baías e Baronis – Besiktas 1 vs 1 FC Porto

Não foi mau. Podia ter sido bem pior se Sá não tivesse feito algumas excelentes defesas (e a trave, num remate estupendo do Babel) e se aquele horrendo arranque de segunda parte tivesse tido alguma eficácia por parte dos turcos. Mas estivemos bem na primeira e pudemos marcar o segundo golo numa altura em que o Besiktas cascava na nossa defesa sem pensar duas vezes…e falhámos. Mas esse lance, apesar de não dar golo, mudou o jogo e fez com que se tornasse mais calmo, pacífico, sem grandes situações de golo e com uma gestão da qualificação pelos da casa e a vontade de manter um ponto da nossa parte. Notas abaixo:

(+) Sem tremideiras exageradas. Papões que bebem sangue, um estádio com nível de decibéis equivalente a doze bodas medievais, guerreiros otomanos e o Pepe. Era assim que alguns viam o jogo contra esta malta, especialmente depois de termos perdido em casa, mas a equipa entrou sem medo, com sentido prático e vontade de furar sempre que possível. Fê-lo com critério, boa troca de bola a meio-campo e boas incursões pelos flancos, com os laterais a subirem sempre que possível e onde só faltou algum acerto no remate de longe. A audácia apenas deu um golo mas a imagem foi muito positiva na primeira parte. Só a segunda manchou um bocadinho a exibição (ver abaixo).

(+) Sá. Fez o melhor jogo com a nossa camisola, salvando a equipa várias vezes a remates de longe do Besiktas. Houve várias ocasiões no início da partida em que me pareceu nervoso mas em conversa com amigos não consegui perceber se só sente isso quem está de fora e se os jogadores lá dentro não sentirão o mesmo. Seja como for, Sá pareceu crescer em confiança e segurou um ponto importante.

(+) Sérgio Oliveira. Pareceu o único homem do meio-campo a manter alguma coerência de espírito e estabilidade mental durante aquele período menos b…esperem, não foi menos bom, foi mau mesmo, por isso há mérito do nosso puto em conseguir assentar jogo, procurar o espaço e fazer com que a equipa mantivesse a posse de bola durante mais alguns segundos, já que tanto Danilo como Herrera pareciam estar noutro modo de jogo. O modo fraco, diga-se.

(-) A entrada para a segunda parte. Se alguém pensou que o jogo da Turquia ia ser uma repetição do jogo do Dragão, rapidamente percebeu que não seria bem assim, muito por culpa nossa. Estivemos muito melhor, com mais acerto e muito mais cabeça, mais capacidade de luta e mais eficácia. Mas acima de tudo entramos em campo com vontade de vencer o jogo e a primeira parte foi bem jogada e podia pender para o nosso lado. A segunda…not so much. A equipa desprendeu-se da forma, despegou-se da estrutura e quase se lixava no meio de perdas de bola infantis, deslizes no passe e desatenções na marcação. Houve ali 10/15 minutos de parvoíce que podia ter dado golo para os turcos e tivemos sorte (e Sá) em evitar que isso acontecesse. Depois apareceu o lance do Ricardo e o Besiktas acalmou.

(-) O falhanço de Ricardo. Desculpa, rapaz, mas não pode ser. Não pode ser mesmo e nestas situações tens de acertar na baliza. Estiveste todo o jogo a trabalhar para a equipa, assististe o Felipe (sem querer, mas conta na mesma!) para o primeiro golo e depois tens um momento parvo daqueles? Tu, melhor que ninguém, percebeste a parvoíce de lance que protagonizaste e a necessidade de fazer melhor, especialmente nestes jogos em que um golo faz a diferença, e faria, porque se tivesse entrado e tivéssemos aguentado até ao fim…estaríamos agora todos contentes e chegava um empate contra o Mónaco. Todos falham e só não falha quem não está lá, mas caramba, fiquei lixado contigo. Ah, percebo, queres que a malta mantenha a pressão até ao fim, não é? Siga, rapaz, continua o trabalho mas aponta melhor da próxima vez, sim?

(-) O basqueiral. Aposto que os rapazes dão uma pastilhinha com cada bilhete que se vende, para que o povo possa ser transportado até tempos em que os Otomanos conquistavam, pilhavam e tinham uma atitude bastante pouco new-age perante o Mundo, por forma a poderem estar a ganir todo o jogo. Começo a perceber do que se queixava o Werner quando teve de sair de campo e louvo os nossos rapazes por conseguirem estar em campo, sem conseguirem ouvir o treinador (não deviam conseguir ouvir um F16 a bater a barreira do som por cima deles com aquelas vuvuzelas humanas a gritar) nem a conseguirem comunicar uns com os outros.


Tudo se decide no último jogo. Tudo depende de nós. SÓ depende de nós. Menos mal.

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Ouve lá ó Mister – Besiktas

Camarada Sérgio,

Jogos da Champions às 17h são o equivalente a um gajo ser careca toda a vida começar a crescer cabelo de novo a partir dos 70 anos porque é fora de horas e não dá jeito nenhum. Mas é o trabalho que nos deram e como bons e obedientes seguidores do Deus das Vitórias Europeias, vamos procurar agradar a divindade e agradecer-lhe a protecção que nos deu durante décadas com mais uma vitória em plena capital cultural europeia do século coiso. Quero dizer V ou VI AC, mas começo a atrapalhar-me com as numerações e as siglas misturadas e é uma confusão que ninguém se entende. A verdade é que isto de ir jogar à Ásia que não é Ásia mas afinal também não é bem Europa…numa competição europeia, é a modos que giro.

Depois do jogo da primeira volta, gostava muito de acreditar que vamos lá para nos vingarmos e para chegar a roupa ao pelo dos turcos. Não acredito, porque sou um pessimista que acha que estar a perder com o Portimonense em casa aos noventa minutos é um sinal moderadamente negativo. Ao que parece, nem tu nem os teus acham o mesmo, pelo que talvez possa ganhar algum entusiasmo para a bola que aí vem. Afinal, pode ser que hoje tenhamos um Quaresma do nosso lado como também tivemos aqui há uns anos, que aí nos ganhou um jogo no último minuto. Ganha antes ou depois do último minuto (paradoxal mas possível), ganha. E se é para escolher um messias, que seja o Corona. Dude needs a boost.

Sou quem sabes,
Jorge

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Baías e Baronis – FC Porto 3 vs 1 RB Leipzig

Não sei que tipo de portal para um universo paralelo é que atravessei hoje à noite antes de entrar no Dragão, mas no final do jogo apercebi-me que tinha aplaudido Marega de pé, Herrera de pé e aos gritos e Maxi Pereira de pé, aos gritos e a abraçar três amigos ao mesmo tempo. Porque o futebol, ao contrário do que diz o Shankly, não é mais importante que a vida ou a morte. O futebol agrega e separa, une e afasta, mas é sempre, sempre, um desporto de emoção. E hoje, no Dragão, vivi mais uma bela noite, onde comecei a sorrir, passei da euforia à fúria e acabei como comecei, a sorrir. Gotta love this game! Vamos a notas:

(+) O espírito de luta. Não há dúvida para ninguém que tenha visto este Leipzig a jogar que os rapazes são bons. Para além de trocarem bem a bola, são fortes, largos, rápidos e cobrem mais terreno que nós em menos tempo. São uma equipa habituada a jogar contra Bayerns e Borussias, trabalham muito bem e valem o que recebem. Mas nós sempre mostramos que estávamos cá para ganhar o jogo e muito embora a estratégia inicial tivesse sido audaz, a lesão de Marega podia ter servido para abanar a equipa. A malta levantou-se e marcou logo de seguida. Impecável. Segue-se cachaçada pujante pelos alemães durante trinta minutos consecutivos de posse de bola, trocas rápidas e criação de perigo com remates de longe e incursões pela área com alguma facilidade, com o FC Porto sempre a lutar mas quase sempre a dar a bola ao adversário, o que parecia deliberado apesar de não poder contar com Marega para romper em velocidade e com Brahimi a complicar um pouco. Marcaram então os alemães no início da segunda parte, talvez na única falha defensiva grave durante todo o jogo. A equipa foi abaixo? Nem pensar, levantou-se de novo e começou a jogar. A jogar com calma, com a cabeça que parecia ter faltado quando a bola tinha estado nos nossos pés. E lutou. Trabalhou. Tapou. Limpou. Salvou. Rebentou. E alguns minutos depois marcou. E acalmou. E controlou. E celebrou. E sentiu que todos à volta celebraram com eles, porque o estádio ficou a aplaudir bem depois do jogo ter terminado, em simbiose com a equipa e a agradecer a bela noite que todos tínhamos vivido. Foi como se o estádio estivesse todo na relva, ao lado deles. E que bem que soube.

(+) Corona. MVP da partida, para mim. Foi um Corona prático, útil, aguerrido na defesa e entusiasmante no ataque, sempre à procura da melhor opção e, ao contrário do que fez em tantos outros jogos, a tomar uma opção antes de estar tudo pesado na sua cabeça. Esse, que é o grande defeito de Corona – a busca incessante da jogada perfeita que raramente aparece – foi hoje colocado em prática de uma forma tão simples e tão directa no melhor que podia ter feito para ajudar a equipa: colaborar com o colega que joga atrás dele e integrar-se no ataque com o resto da equipa, jogando para ela em vez de apenas para si. Foi dos melhores jogos que vi dele e saiu exausto, quiçá lesionado. Faço votos para que banhos, massagens e um ou outro handjob cheguem para o rapaz recuperar para sábado.

(+) Herrera. Mais um excelente jogo de Herrera. Eh pá, eu sei, mas que querem, o homem parece que está determinado em provar que estou errado em relação a ele e eu fico muito contente ao vê-lo a tomar essa atitude, porque Herrera está a conseguir mostrar que é um jogador essencial do ponto de vista táctico e que a sua versatilidade e capacidade de pautar o jogo faz com que o FC Porto consiga ter mais opções no meio-camop do que pensei no início do ano. E agora só falta marcares um hat-trick ao Benfica. Aposto que não consegues, Hector, és um merdas e uma besta e um imbecil. Vá, prova que estou errado como tens feito até agora, eu que já te chamei tantos nomes e agora faço um acto de contrição semanal com as tuas exibições. Seu…seu…capitão!

(+) Os laterais. Muito em jogo a tentar tapar tudo que aparecia pelos flancos, tanto Ricardo como Telles fizeram um bom trabalho defensivo e ainda conseguiram ajudar na frente sempre que foi necessário. Curiosa a opção de Sérgio a manter Ricardo como defesa direito e Maxi a jogar como ala (tão curiosa como acertada, pelo terceiro golo) mas durante todo o jogo foram os principais garantes que a bola iria ser solta para a frente com algum critério. O termo é mesmo esse: soltar a bola, porque houve largos minutos em que era preciso atirar a bola para a frente com tanta vontade que sempre que um homem nosso pegava na bola…eram momentos de angústia para as bancadas. Ambos ajudaram a que essa angústia fosse reduzida e estiveram bem durante todo o jogo.

(-) André na primeira parte. É verdade que entrou a frio e substituir Marega – pelo tipo de futebol físico que dá opções de criação à equipa que mais nenhum consegue dar – não é fácil, especialmente se pensarmos que Moussa é uma montanha de força e envergadura física ao passo que AA é uma espécie de Tyrion Lannister com calvície precoce. Mas AA ficou tempo demais na terra de ninguém, acabando por não funcionar como segundo avançado porque não conseguiu receber a bola e criar espaços no ataque e pior ainda em trabalho defensivo, já que ao entregar a bola aos alemães a equipa dependia dele para a primeira linha de pressão aos centrais adversários e AA nunca conseguiu fazer em condições, ficando sempre num limbo de posição que prejudicou e muito o trabalho dos colegas do meio-campo. Sérgio Conceição ainda trocou a posição dele com a de Herrera nos últimos minutos da primeira parte para forçar a subida mais pressionante da equipa, mas foi na segunda parte que AA conseguiu finalmente soltar-se um pouco, protegendo melhor a bola e trabalhando bem para ajudar a equipa a recuperar a vantagem e a mantê-la.


Uma espécie de normalidade foi hoje reposta, que é como quem diz: é como se tivéssemos vencido os jogos em casa e perdido os que disputamos fora. E agora, há que inverter a tendência na Turquia!

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Ouve lá ó Mister – RB Leipzig

Camarada Sérgio,

Há quem diga que este é o jogo do tudo ou nada. Também há quem diga que o Otávio ainda vai ser um homem fundamental na conquista do torneio internacional de engomadoria radical de Vilar de Andorinho mas eu tenho dúvidas tanto de uma como de outra afirmação, porque isto não decide nada. Em primeiro lugar porque não decide posições finais no grupo porque ainda ficam a faltar dois jogos para acabar esta fase. Depois, porque raramente aparecem jogos de tudo ou nada a uma quarta-feira em Novembro, muito menos num feriado. Por isso vamos lá libertar um bocado esta pressão que todos colocam em cima dos nossos ombros, especialmente depois de ontem termos perdido mais cinco pontos para os coeficientes europeus da malta e ficamos abaixo de…abaixo de todos, ao que parece.

A verdade é que vai ser um jogo bem tramado contra um grupo de moços que jogam muito bem à bola e que podem bem vir a ser os segundos adversários mais complicados que vamos enfrentar este ano, pelo menos até apanharmos o Manchester City nos oitavos. Estou convicto que vais escolher o melhor onze e que esse onze vai ter não um, não dois, mas três médios! Sim, Sérgio! Eu estou contigo, pá! Eu acho mesmo que vai ser desta que vais colocar o Óliver a jogar e o puto vai destrocar futebol como só ele sabe, rasgando defesas e rodopiando até ao infinito com a arte que tem e a capacidade de ver o jogo como poucos. É isso, nao é, Sérgio? Sérgio? Ah. Ok, então. Seja quem for que ponhas em campo, é para ganhar. O resto, isso dos nomes e tal, só interessa para um gajo mandar umas postas no café…

Sou quem sabes,
Jorge

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