Achas o quê, ó imbecil?

Se alguém estiver com problemas a arranjar motivação para este jogo que amanhã nos vai arrastar para o Dragão, é só olhar para as declarações do treinador do Dínamo Zagreb depois do jogo contra o Paris Saint-Germain e enquanto punha uma pomadinha para as almorródias, inchadas enquanto os croatas levavam quatro na pá dos franceses:

Ante Cacic, treinador do Dinamo Zagreb, já defrontou o FC Porto e o Paris SG e não tem dúvidas em assumir que os parisienses são «a melhor equipa do grupo».

«No início, teria dito que o FC Porto era o favorito mas, depois de ver o que o PSG pode fazer, acho que esta é a melhor equipa do grupo», reconheceu Ante Cacic.

Quem viu o jogo que disputámos em Zagreb certamente se lembra da pouca qualidade dos rapazes ao dispôr desta idiota com aspecto de sargento russo dos anos 80 num posto fronteiriço, antes de levar uma rebarbadela por estar a beber vodka a mais em hora de expediente.

Venham ao Dragão amanhã. Há uma promoção que permite a um detentor de Dragon Seat comprar um bilhete por dez euros e levar outro à borla para um amigo. Se fosse possível, era bonito o estádio estar cheio para nos ver a dar uma mão-cheia de lapadas na boca deste infiel.

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Baías e Baronis – Dinamo Kiev 0 vs 0 FC Porto

foto retirada de desporto.sapo.pt

Tenho para mim que na grande maioria destes jogos da Champions em que uma das equipas tem tudo a perder e a outra está a navegar num mar de relativas facilidades, o que tende a acontecer é que a equipa que mais arrisca é a que mais perde. E o Dínamo não arriscou muito e não conseguiu criar oportunidades suficientes para embaraçar um FC Porto que se apresentou sóbrio, fiel aos princípios de jogo que tem vindo a mostrar e que controlou o jogo quase desde o início. É evidente que para mim, um humilde adepto, ver a equipa a empatar com um adversário jeitoso mas não extraordinário…custa um bocadito, especialmente quando vejo tanta bola a ser enviada em balão para perto da nossa área, que activa desde logo a minha glândula do cagaço. Fico logo a pensar “e se algum deles lhe dá uma coisinha má e escorrega ou falha o corte?“…e perdem-se três pontos e uns milhares de euros. Mas correu bem, a defesa esteve impecável e só não ganhámos por algum azar e porque…bem, vejam abaixo nas notas:

 

(+) Otamendi O melhor em campo. Secou tudo o que viu pela frente, rasgando relva, varrendo adversários, vencendo bolas aéreas e deslizando pelo terreno sempre que foi preciso para compensar algumas das (poucas) falhas dos colegas da defesa. Ao seu lado teve um colega estável com poucas hesitações e bastante firmeza para o jogo de estreia na maior competição de clubes a nível mundial, mas o argentino brilhou a grande altura numa das defesas mais multi-nacionais que me lembro de ver no FC Porto (um argentino, um brasileiro, um senegalês e um francês…haja diversidade, amigos!), continuando a trilhar rampa de crescimento que este ano tem feito dele o defesa mais seguro e fiável do FC Porto até ao momento.

(+) Helton Um zero-zero raramente se consegue a não ser à custa de um guarda-redes firme, seguro e que garanta aos colegas que lá atrás está uma parede que não vai deixar passar nenhuma bola que possa atravessar a primeira barraca defensiva. E Helton hoje foi mais uma vez essa garantia, agarrando cruzamentos perigosos, defendendo no ar e no chão como um líder tem de fazer em jogos complicados com adversários a jorrarem bolas directamente para a nossa área. Foi capitão sem braçadeira, como sempre.

(+) James Está cada vez melhor, reagindo bem ao contacto e pegando na bola sem medo do adversário e do que lhe pode acontecer quando pega na bola em zonas mais afastadas do centro e arrasta a pelota mais para o meio, onde gosta de jogar. É o motor de jogo da equipa, mais até que Moutinho nos últimos jogos e é o principal criador de lances perigosos, ofuscando os colegas de meio-campo que lhe fornecem a bola sempre que podem para que dos seus pés saia sempre a melhor solução possível no espaço que tem e constrói. Lutou muito e foi uma pena que os colegas não tivessem concluído um dos lances que criou.

(+) Mangala, dentro dos limites da técnica O homem tenta e tenta com tudo o que tem. À semelhança de Maicon do outro lado no ano passado, o francês sobe no terreno a apoiar Varela e com Moutinho ao lado, sempre com Otamendi a tapar-lhe o traseiro, e não fossem as enormes falhas técnicas no passe e no domínio de bola de primeira e teríamos uma opção mais válida para jogar à esquerda. Assim temos um defesa central a tapar um flanco com intensíssima presença física e garra, que tem chegado e sobrado para as encomendas. Mostra uma vontade tremenda em cada lance, o que ajuda a equipa a ficar unida e a garantir solidez defensiva. Bom jogo.

 

(-) Defour Acertou muito pouco hoje o Steven. Muito nervoso no centro do terreno, nunca conseguiu estabilizar o jogo e providenciar a segurança que precisávamos para manter a bola em nossa posse de uma forma calma e tranquila, talvez devido ao jogo directo que o Dínamo usou e abusou durante quase toda a partida. Seja como fôr, o belga perdeu bolas que não pode perder, cometeu erros em demasia com passes falhados em zonas perigosas e foi sempre um elemento que não esteve ao nível dos colegas.

(-) A gestão do zero-zero É sempre a mesma conversa, já sabem do que a casa gasta. Enerva-me bastante ver a nossa equipa a tentar manter um resultado que é tão parecido com um “swing state” nas eleições americanas, só para no final haver um velhote que caminha lentamente na direcção da urna para enfiar lá o tremido voto no gajo X ou Y e decidir as coisas para o lado que quer…ou em linguagem futebolística, uma porra dum livre directo ou um ressalto nas largas costas do Abdoulaye. E só me deixa nervoso durante um jogo inteiro, o que não faz mal a ninguém a não ser às minhas unhas, mas poderia ser evitado com mais alguma calma na gestão da posse de bola e do timing do jogo. Conseguimo-lo durante largos períodos de tempo mas a falta de um único golo (com oportunidades mais que válidas para que pudéssemos lá chegar) não me agradou.


Bottom line: estamos qualificados para os oitavos da Champions. Dinheiro em caixa, fresquinho como sardinhas em dia de São João, e a passagem para a lista dos melhores dezasseis equipas da Europa 2012/2013. E tudo feito à custa de algum bom futebol, inteligência competitiva e acima de tudo seriedade. Foi um jogo sóbrio, seguro e apesar de pouco incisivo no ataque deixou boas indicações quanto à solidez defensiva contra equipas que têm um estilo diferente do que estamos habituados. Foi bom, enervante mas bom. E lá vai o meu clube obrigar-me a gastar dinheiro em Fevereiro ou Março de 2013…que adorável maldição!

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Ouve lá ó Mister – Dínamo Kiev


Amigo Vítor,

Ainda estou a recuperar do jogaço da passada sexta-feira, mas é daquelas ressacas porreiras que não custam absolutamente nada e não se gasta nem uma patela de Guronsan. Saímos todos do estádio bem dispostos, pá, como devia sempre acontecer todas as vezes que faço aquela peregrinação ao Dragão, mesmo que rime e soe parolo. Mas ficam os meus parabéns pela forma como os rapazes conseguiram jogar como jogaram e só há um problema com isso: a malta fica à espera sempre de mais um bocadinho.

No entanto desta vez ainda houve outro problema. Não sei se foi do relvado ou das botas ou lá do que raio terá sido, mas quatro gajos lesionados num só jogo dá para pensar em ir à bruxa. Ou então aquele gajo na Maia que estala as unhas à beira das orelhas do “paciente” e o manda para casa para recuperar. Um endireita/pseudo-homeopata dos bons, pá. Mas ainda que não queiras recorrer a esse tipo de parvoíces do oculto e antes de começares a matar galinhas pretas e a invocar nomes direitinhos do Necronomicon, foca-te antes nos gajos que vais pôr em campo. Não há tempo para pensar muito, por isso faz uma matriz das opções que tens e decide. Se queres a minha opinião, e provavelmente não a vais querer mas vou-ta dar na mesma, escuta bem: Atrás, à esquerda avança o Mangala, à direita o Danilo e ao meio ficam o Otamendi e o Rolando. No centro: Defour, Moutinho e Lucho. Na frente, enfia-se James, Varela e Jackson. É ela por ela, Vitor, sem inventar, sem pegar em gajos que não estão habituados a jogar nos sítios certos, sem desviar o Danilo para o meio ou enfiar o Miguel Lopes à esquerda. E temos de estar firmes nas nossas convicções e não fraquejar como fizemos no Dragão contra estes mesmos rapazes. Aquele resultado foi suficiente mas podemos fazer muito melhor e tu sabes disso.

Ah, e vê se pões os gajos concentrados nas bolas paradas. É uma puta duma vergonha a maneira como as estamos a defender, homem! E vamos lá ganhar essa treta para arrumar logo a qualificação, já viste o descanso que podias ter nos dois últimos jogos?

Sou quem sabes,
Jorge

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Baías e Baronis – FC Porto 3 vs 2 Dinamo Kiev

Pensei que ia ser um jogo tranquilo, mas rapidamente percebi que já não há jogos tranquilos com este FC Porto. Toda a partida foi disputada a um ritmo tão lento, vagaroso, com fraca qualidade de passe e rotação, jogadores constantemente parados à espera que a bola lhes chegasse aos pés e uma enervante incapacidade de manter o esférico no relvado. Não vi vontade de jogar para ganhar, para arrumar o jogo cedo e chegar a três vitórias noutros tantos jogos. Hoje, os jogadores não estavam para aí virados e insistiram em cometer erros infantis e displicências de um amadorismo inexplicável. Conseguimos vencer o jogo porque a eficácia, outrora tão ausente dos nossos pés, hoje fez uma aparição na altura certa e no lugar certo pelos…pés de Jackson e de Lucho, talvez os únicos que se safaram com notas positivas. Enfim, valeram os três pontos. Notas abaixo:

 

(+) Jackson Finalmente, golos normais, de ponta-de-lança, a aparecer no momento certo a receber os passes dos companheiros e a desmarcar-se na perfeição para acertar na baliza em condições, ao contrário do que tinha feito em Zagreb. Parece estar mais habituado ao nosso estilo e tem razões de queixa dos companheiros porque por diversas vezes conseguiu controlar bolas pontapeadas sem grande preocupação de pontaria por Helton ou Maicon…e não tinha ninguém para quem as passar. Se o primeiro golo é um excelente movimento para um avançado, a aguentar a carga do central ucraniano e a passar a bola por baixo do guarda-redes, o segundo é exactamente o que se pede a um ponta-de-lança: estar no trajecto da bola em condições de marcar. Salvou a equipa, quase sozinho.

(+) Lucho Correu que se fartou e teve ainda de aguentar o jogo inteiro, ele que não deve ter assinado contrato para jogar mais de 70 minutos por jogo foi um dos poucos que esteve ACIMA do ritmo dos colegas, o que é obra tendo em conta a habitual passada lenta do argentino. Duas assistências e muitas tentativas de animar a equipa fizeram dele uma das figuras do jogo, mas surpreendeu-me mais pela pressão alta que continuava a fazer no meio-campo contrário. Bom jogo.

 

(-) A lei do menor esforço Devo dizer que Vitor Pereira me surpreendeu quando a equipa surgiu sem alterações para a segunda parte e ainda mais quando vi que no final apenas tinha rendido três dos seus homens de campo. Digo isto porque a ideia com que teria ficado, caso não soubesse que o jogo contava para a terceira jornada da fase de grupos da Champions League, era que o Dínamo tinha vindo à Invicta para um particular a meio da temporada e ia ser um daqueles jogos chatos em que se muda meia-equipa ao intervalo e os onze que terminam não são os que a começam. Porque foi um jogo inteiro de esperar que o adversário fizesse alguma coisa para que a equipa pudesse espevitar (ma non troppo) e procurar marcar um golo para fechar o jogo. Mas só um, que trabalhar faz calo e isto até se está bem aqui sem cansar muito. James andou perdido grande parte da partida (vêem agora porque é que quando um “10” está em baixo a equipa sente ainda mais que ele?), Danilo raramente conseguiu subir pelo flanco, Mangala não sabe subir pelo flanco (faz lembrar Maicon no ano passado a jogar à direita, faz o que pode), Varela pouco mais fez para lá do golo e até Fernando perdeu algumas bolas por atitudes displicentes. Foi fraco, muito fraco para quem estava claramente a subir de produção até ao jogo com o Sporting e não me convenço que foi a paragem competitiva que lhes tramou a confiança. Foi preguiça, só isso, preguiça. Foi a falta de vontade de mostrar ao Dínamo, como tiveram contra o Paris Saint-Germain, que quem manda somos nós e mandamos porque somos muito melhores. Equipas como esta de Kiev (como o Rio Ave antes dela, com as diferenças ajustadas para a competição em que as defrontamos) arriscam-se a ganhar pontos ao FC Porto quando os nossos rapazes se acham superiores a terem de sujar os calções para vencer um jogo. Não gosto de arrogância prematura quando há muito ainda para provar e por isso não gostei do jogo de hoje.

(-) Moutinho Um jogo totalmente off do João. Falhou mais passes hoje à noite que em toda a época 2010/2011 e nunca pareceu confiante em levar a bola para a frente ou criar linhas de passe em movimento. Displicente a receber a bola, fraco nos passes de retorno e inconsequente nas desmarcações, foi pouco mais que uma parede a três dimensões que passeou pelo relvado a ritmo de treino sem nunca conseguir entrar no jogo. Saiu bem, apesar de Defour pouco ter trazido de novo ou de muito mais produtivo.


É verdade que ainda podemos não nos qualificar para a próxima fase, o que seria injusto mas perfeitamente ao alcance de uma equipa de duas caras como esta do FC Porto de Vitor Pereira. Quem este ano apenas tiver assistido aos dois jogos do FC Porto no Dragão a contar para a Champions, devem pensar que o equipamento secundário traz com ele uma dose de calmantes e uma garrafa de brandy, porque comparar a partida de hoje com o que se fez contra o Paris Saint-Germain é pura brincadeira. Não consigo entender como é que se entra em campo tão motivado a não fazer quase o mínimo exigível para uma equipa que quer ser grande mas que insiste em ter performances abaixo do que pode e sabe fazer. Não consigo entender, palavra.

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Ouve lá ó Mister – Dínamo Kiev


Amigo Vítor,

Hoje não sou eu quem te falo. Opto por dar a palavra à malta que no ano passado jogou contra nós de laranja e preto e que vive em Donetsk, bem mais perto do nosso adversário de hoje que eu. Esses moços, que entrevistei aqui para o cubículo há treze meses, lembraram-se de mim e enviaram-me alguns pedidos bem endereçados para desejar boa sorte à nossa equipa no confronto contra os grandes rivais deles, recolhidos do site dos gajos.

Tudo que eles possam dizer é melhor do que as minhas palavras porque do Dínamo conheço pouco, admito. Kranjcar, Shovkovsky, Milevsky, Yarmolenko e Miguel Veloso. Pouco mais. Por isso ficam os votos (*) de ucranianos anti-Kiev que compuseram este excelente cartaz que represento aqui em baixo e aos quais me junto com menos antagonismo mas o mesmo sentimento. É para ganhar, Vitor!

(*)

  • Vamos ficar desiludidos com uma vitória de 2-0. Três ou mais golos devem entrar para a baliza do Dínamo. Força Porto! O Dínamo, como Cartago, deve ser destruída. (Max)
  • Uma vitória fácil. Deixem que o jogo seja decidido de uma vez com o apoio dos vossos devotos adeptos! (Valentin Burinchenko)
  • O Dínamo perdeu em Donetsk, Poltava, Kiev e Paris, por isso vamos deixar que o Porto os atire para o fundo do mar! (Dill Pomidorych)
  • Uma vitória portuguesa, 6-0 (vovan79)
  • Boa sorte, Porto, que ganhem com uma goleada!  (KieV1965 )
  • Desfaçam-nos! (Rerer)

Sou quem sabes,
Jorge

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