Baías e Baronis – FC Porto 0 vs 1 Borussia Dortmund

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“And when they seek to oppress you
And when they try to destroy you,
Rise and Rise again and again
Like The Phoenix from the ashes
Until the Lambs have become Lions
and the Rule of Darkness is no more“

Maitreya The Friend of All Souls
The Holy Book of Destiny

Amigos, estamos nas trevas. Notas abaixo:

(+) Danilo. Não desistiu. Chateou-se quando não lhe passavam a bola enquanto tentava furar a fortíssima estutura do meio-campo alemão, com aquelas montanhas amarelas a obstruirem-lhe o caminho. A incapacidade dos colegas em posicionarem-se à sua frente (e ao seu lado, e atrás dele…) tornava-o cada vez mais frustrado, arrancando até onde podia antes de conseguir enviar a bola para um colega estragar o que fazia de bom. Foi dos que menos mereceu a derrota.

(+) Marcano. Nunca se deixou ficar no confronto directo com os avançados do Dortmund e procurou sempre antecipar-se pelo chão, pelo ar, a meia-altura, inconformado com o que parecia ser uma verdade tão dogmática como evidente: eles eram melhores. Mas Ivan não quis saber e nunca se atemorizou com as investidas dos fulanos de amarelo, ao contrário do colega à sua esquerda.

(-) Peseiro. Perdi um bocadinho de respeito por ti hoje, Zé. Compreendo que os teus rapazes não consigam lutar com um saco de algodão doce sem que os fios de açúcar dêem a sensação que têm cinturão negro nas artes do esbofeteanço sucessivo, mas a forma como escolheste o onze não bate certo com o que vieste a dizer durante a semana. Não podes andar a dizer que queres vencer o jogo e espetar com o Varela no ataque e o Layún no centro da defesa. Não quero saber se tens medo de estrear o Verdasca ou de fazer cair para lá o Danilo, mas as tuas escolhas fizeram com que os jogadores entrassem em campo sem pensar em vingar-se da derrota da primeira mão, mas a racionalizar o que seria uma tarefa mais complicada que empurrar um Pedro Guerra coberto de vaselina desde a Covilhã até à Torre. E essa racionalização lixou-os e lixou o resto dos adeptos todos, que mal viram o onze perceberam que não iam ver mais uma noite épica do FC Porto na Europa. Faltou tudo à equipa hoje e tu sabias disso, talvez por isso tenhas optado por colocar esta competição de lado. E o público percebeu isso, eu percebi isso, toda a gente ia percebendo isso à medida que o tempo ia avançando, percebíamos que os alemães estavam vários graus de magnitude acima de nós em força, fibra, organização e determinação. Mas fica a questão: será que os teus jogadores perceberam isso? A resposta tem de ser dada no Domingo, caso contrário desperdiçaste uma boa oportunidade de mostrares aos adeptos que estamos vivos depois de estarmos no limbo tantas vezes antes e depois da tua chegada. Hoje, Zé, hoje foi uma bela merda.

(-) Angel perante Aubameyang. Numa simples frase: deixar-me-ia mais descansado ver o Briguel de cadeira de rodas como titular no FC Porto em vez do Angel.


Três competições com “Liga” no nome já lá vão. A terceira está amarrada com arames mais fracos que uma anémona pisada por um rinoceronte. A época está triste e eu triste com ela.

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Ouve lá ó Mister – Borussia Dortmund

Camarada José,

Acabei de ir ver as odds para o jogo num dos sites de apostas mais famosos por aí fora. Dão-nos 3.40 para ganhar o jogo, o que não é mau, tendo em conta que o Dortmund está com 2.10. Era giro sacar um guito simpático para pagar a casa e/ou comprar um Bentley (o carro, não o David), mas não sou gajo de apostar. Sigo com aquela estranha dicotomia que coloca a fé e o pessimismo em pratos opostos da balança, onde acreditar é um elemento comum mas que diverge nas vertentes pelas quais se manifesta.

Por um lado, o portista ferrenho, orgulhoso e moderadamente pragmático no meu ombro esquerdo diz-me que não há motivo para que não consigamos passar. Os gajos são bons, sim, mas não são imbatíveis, longe disso, e não vamos enfrentar uma versão do Brasil de 1970 com calções pretos, longe disso. Temos de de ir para cima deles com a força de dezenas de anos de história cheia de glórias e feitos julgados impossíveis e escrever mais uma página épica no nosos livro de recordaçoes.

Do outro lado, o sacana do portista pessimista e cínico sussurra-me pornografia estatística ao ouvido direito. Virar uma eliminatória com 0-2 é quase impossível, ainda por cima estes são alemães e nunca lhes vamos ganhar nem que seja a contar feijões porque os gajos até invadem a Polónia para ir buscar mais feijões só para não ficar mal. E o Aubemayang vai virar o Maxi do avesso e o Myhthtesaarian ou lá como se escreve (o pessimista não é bom em línguas, não precisa, só de números) vai espetar duas ou três nas trombas do Casillas e o resto deles vão celebrar em pleno Dragão enquanto urinam no relvado e comem as balizas ali mesmo com um bocadinho de tabasco e um fininho.

I say: fuck’em. Não temos nada a perder e se tentares ganhar o jogo ninguém te censura se o perderes. Jogar como na primeira mão deixou de ser uma opção, por isso força nas canetas, manda os rapazes enojar o amarelo, dá dois biqueiros no Reus e siga a rusga. Vêmo-nos no sorteio dos oitavos!

Sou quem sabes,
Jorge

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Baías e Baronis – Borussia Dortmund 2 vs 0 FC Porto

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Uma derrota que não me deixa triste é algo raro de acontecer, como um bom controlo de bola do Varela ou um remate bem alinhado do Suk. Mas apesar da exibição pobre e da ausência quase completa de jogadas ofensivas, esta manta de remendos que é a actual equipa do FC Porto fez tudo o que pôde para impedir a vitória de um adversário firme, rotinado, rijo, cheio de excelentes jogadores e acima de tudo uma equipa a sério, que brinca pouco e joga muito. Não foi bom. Mas não foi assim tão mau. Notas já aqui abaixo:

(+) Esforço. Cá vai um exercício: imaginem defrontar o Villarreal em 2011, na rampa final do êxito Villasboasiano, e avançamos com a seguinte equipa: Helton, Varela, Fucile, Rolando, Emídio Rafael, Castro, Ruben Micael, Souza, Ukra, Hulk, Falcao. E lá para o meio entravam o Walter, o Mariano e o Cebola. Garanto-vos que o Sol arde mais depressa do que nós alguma vez conseguiríamos passar a eliminatória da forma que passámos e muito menos com os resultados que conseguimos. E essa era uma equipa motivadíssima, bem treinada, com rotinas estabelecidas durante meses a fio e um controlo emocional acima da média! Seria sempre uma tarefa muito complicada esta de tentar vencer no Signal Iduna, mas os rapazes lutaram e fizeram o que puderam para manter o Borussia longe da nossa área e acabaram por sofrer dois golos de caca que fizeram para não merecer. Fizeram o que podiam.

(+) Casillas. Sofreu dois golos onde não teve hipótese de defesa (ainda esperei que conseguisse ir buscar a bola que bateu no Indi, mas ao que parece só defende as que o holandês CHUTA para a baliza, não os ressaltos…) e ainda salvou a equipa por mais algumas vezes. Manteve controlo quase absoluto da defesa, em constantes indicações e gritos para os colegas. Não foi por ele que perdemos.

(+) Herrera como capitão. Surpreendeu-me a postura bélica de Hector, como que a querer assumir o papel do mítico guerreiro troiano e finalmente a mostrar que a braçadeira tem um significado bem superior ao que tinha vindo a ser feito no passado recente. Sempre em conversa com o absurdo árbitro italiano (que adorava marcar faltas contra nós mas parecia invisual quando os jogadores do Dortmund faziam o mesmo aos nossos rapazes) e a coordenar o meio-campo com indicações a Sérgio e a Brahimi a serem permamentes e, espero, positivas. Que se habitue a usar a braçadeira e que ela, com o seu poder braçadeirínico (existe, perguntem ao João Pinto!), o ajude a subir de produção.

(-) Macios. Eu sei que é um cliché monumental e que dizemos sempre o mesmo quando jogamos contra alemães ou ingleses: somos macios. Mas a verdade é que somos mesmo. Há uma tendência natural recente no FC Porto de assumir uma postura expectante e de pouca pressão física sobre o homem que leva a bola nos pés e na cobertura dos espaços acontece o mesmo. Ficamos para trás, recuamos com medo do adversário e quando vamos tentar tirar-lhes a bola, aqui d’el Rei que há que bater no gajo em vez de usar os ombros ou o corpo e de aumentar a intensidade. Custa-me tanto ver a forma rija como outros jogadores enfrentam uma situação defensiva e quando comparo ao que nós fazemos…que me preocupa perceber a forma infeliz com que se encara um jogo com tanto medo do confronto físico. Somos mais franzinos, não temos tanta capacidade de lutar contra gajos mais corpulentos…então mordam-lhe os calcanhares, apertem-nos entre dois dos nossos, abraçam-lhes o pescoço, puxem os calções…lutem, goddamnit!!!

(-) Brahimi. Mal vi que Brahimi ia jogar pensei que ia ficar atrás dos dois avançados, mas quando reparei no alinhamento em campo, percebi que era um 4-3-3. E depois Brahimi começou a vir buscar a bola atrás. E a não a soltar. E a perdê-la. E vira o disco e toca o mesmo. É frustrante ver um jogador com tanto talento a fazer um jogo tão pobre, apesar de ter linhas de passe livres com tanta frequência como um metro em Tóquio durante a hora de ponta, mas a forma como se prendeu à bola e a perdeu consecutivamente enervou-me. E também deve ter enervado Peseiro, que o tirou do jogo. Não me parece que o argelino tenha pontapeado o banco desta vez…

(-) Ruben Neves. Talvez o pior jogo do ano para o nosso puto, que não acertou um passe decente durante toda a partida e andou a tentar ocupar o meio-campo com pouca força para o fazer. Nunca até hoje se tinha notado tanto a ausência de Danilo ou a sua importância em confrontos desta magnitude, mas a capacidade física do ex-Marítimo faz com que seja essencial contra equipas deste calibre. Ruben não tem de desanimar, só tem de “botar corpo” e de ter melhor critério no passe vertical.


Dois golos não são impossíveis de recuperar, mas havemos de morrer a tentar. Nem que seja com o Angel à baliza e o Maxi a ponta-de-lança!!!

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Ouve lá ó Mister – Borussia Dortmund

Camarada José,

Estás a chegar a um ponto da temporada onde se torna complicado não ficar todo entusiasmadíssimo com o que ainda pode por aí vir. E depois do jogo da Luz, onde tu e os teus mostraram mais uma vez que ainda estamos vivos e prontos para a luta, aparecem logo mais três jogos tão ou mais importantes, um lá fora, outro cá dentro e outro lá de fora que se joga cá dentro. Mas uma coisa de cada vez.

Já sei que te vais ver numa embrulhada para escolheres o onze para hoje. Não sei se o Ivan está pronto para jogar ou se há uma alta probabilidade de pedir para ser substituído aos dez minutos de jogo com dores nas pernas. E também não sei se o Verdasca se portará tão bem como o Chidozie, não por desconfiar do talento do rapaz (e logo eu que o sigo desde os sub-17 e acho que tem tudo para ser titular do FC Porto daqui a uns anos) mas porque o jogo é diferente, contra um adversário tremendamente rápido e agressivo no ataque e porque sou um pessimista do caraças e acho sempre que duas estreias consecutivas a correrem bem é esmola a mais para um pobre que encarna S.Tomé sempre que pode. Mas também te vais ver à rasca na lateral, porque se pões o Layún à direita ficas com o Ángel à esquerda e esse moço dá tanta segurança como um par de algemas feito de papel vegetal. Decisions, decisions…

Escolhe o melhor onze e tenta não sofrer golos. Era o ideal para conseguirmos resolver as coisas no Dragão! Olha que já comprei bilhete para a segunda mão e garanto-te que vou ficar lixado se tiver de ir ver um jogo como o pós-Manchester em 1997!!!

Sou quem sabes,
Jorge

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Baías e Baronis – Sevilha 4 vs 1 FC Porto

foto retirada do MaisFutebol

Pum. Pum. Pum. Pum. Quando me levantei, logo a seguir ao apito final, havia algo que me incomodava, causando desconforto quase físico. Fechando os olhos, imaginei que quatro bacamartes sevilhanos se encontravam a expandir o meu esfíncter até ao ponto de ruptura, sem que me tivesse apercebido de como raio lá tinham chegado. E regressei a um tempo não muito distante, aqui há uns simples meses atrás, em que via o FC Porto a defender como se estivesse no recreio da escola, a correr atrás da bola sem um semblante mínimo de organização, temendo o pior e vendo-o a acontecer à sua frente, não conseguindo fazer nada para o evitar. Hoje, em Sevilha, fomos exactamente o que temos vindo a ser durante quase toda a época. Ineficazes no ataque, amadores na defesa. E caímos com estrondo e com a equipa caiu também o poucochinho resto da moral de uma temporada. A notas:

(+) Quaresma. Perdeu muitas bolas, falhou muitos cruzamentos e não conseguiu ser decisivo. Conseguiu fazer com que o atrasado do Coke fosse expulso e marcou um golo estupendo que já não serviu para absolutamente nada a não ser para entrar na compilação de golos do ano da segunda prova de clubes a nível europeu. Mas foi dos poucos que tentou, ao seu estilo, sempre a olhar para o que *ele* podia fazer, com pouco jogo de equipa e sem a velocidade de outros tempos mas sempre a tentar fazer pela vida com vontade de vencer. Não foi genial, longe disso, mas foi lutador.

(-) Os laterais. Já disse várias vezes que “este foi o pior jogo de Danilo/Alex Sandro”. Hoje é só mais um jogo que trouxe mais um saco cheio a somar à quantidade de imbecilidades que estes dois rapazes têm vindo a fazer este ano. E se Danilo tem estado menos mal durante a época (mal, mas não tão mal como no ano passado), Alex Sandro é o poster-child da idiotice competitiva, perdendo bolas absurdas em zonas proibidíssimas, causando problemas irresolúveis aos colegas, dificultando (sim, DIFICULTANDO) o trabalho do guarda-redes e fazendo uma exibição, mais uma vez, a roçar o absurdo. Danilo, com o permanente pessimismo que o afecta desde que cá chegou, nunca pareceu concentrado no jogo e abriu o jogo com um penalty depois de um carrinho exagerado em plena pequena área. São jogadores de top, dizem-me. Não se têm mostrado como tal.

(-) A fraquíssima mentalidade competitiva. Sevilha, essa cidade de tantas alegrias no passado, escorregou hoje do panteão para um terreno lamacento onde o nosso espírito hoje permanece, afundado depois de uma exibição que teve tanto de fraca como de, lamento dizê-lo, esperada. Dizer que a equipa que venceu o Nápoles é quase a mesma que hoje se apresentou na Andaluzia é uma idiotice como tantas outras, pelo simples facto destes rapazes não conseguirem manter um jogo coerente. Tremem, os pobres, com os infortúnios. Acham que conseguem fazer exibições sofríveis e continuar a brilhar no meio dos outros que outrora envergaram a mesma camisola e mostraram ao Mundo o que é que um clube de uma pequena região de um pequeno país consegue fazer se tiver mentalidade para isso. E hoje, ao ver a lentidão de Herrera na execução, a ausência quase total de Varela e Carlos Eduardo, a incapacidade de Defour em lidar com um meio-campo que nem estava assim tão densamente povoado (já não parecia tão mal ter jogado o Mikel, pois não?), o desânimo de Danilo ou a atitude estúpida e arrogante de Alex Sandro, ou até o desnorte de Mangala e de Reyes, o pouco sentido prático de Kelvin (não terás culpa de jogar tão pouco, mas por favor pára de fintar a bola. essa merda só enerva, acredita) ou o invulgar apagão de Ghilas, tive a perfeita sensação que a época acabou. Temo os jogos contra o Benfica porque a honra está aí para ser defendida mas não vejo nesta malta a força moral para o conseguir. Falha-se demais e lamenta-se demais. Corre-se menos que os outros, sempre menos que os outros, perdem-se lances de ataque consecutivos e baixam-se os braços. Alinhamos com meios-campos eternamente renovados e esperamos frutos de árvores que nem sequer raízes criaram. Este grupo, este penoso e infeliz grupo de jogadores que este ano apoiámos, incentivámos e tentámos elevar a mentalidade para que fossem de novo uma equipa de vencedores, nunca o será. E não o é por culpa própria, porque perdeu jogos demais contra equipas que estão abaixo deles, sem que os preocupasse em demasia. Acabam o jogo e perdemos, ó que raio de coisa, perdemos outro jogo. Os adeptos, da parte de fora, não compreendem. Eu não compreendo. Ninguém compreende.


E agora, meus amigos? Empacotamos o resto da temporada ou vamos tentar limpar a honra nas Taças que sobram? Se tirarmos o jogo de hoje como uma amostra do que se pode fazer, é certinho que o único highlight que vamos ter até ao Verão vai ser mesmo o campeonato do Mundo…

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