Ouve lá ó Mister – Sporting

Camarada Sérgio,

Durante muitos anos vi o Sporting como um clube rival. Um clube que quando aparecia pela Invicta para jogar era tratado como um oponente valioso, um adversário rijo, firme, lutador, inteligente e agressivo, que nos dava água pela proverbial barba nas alturas certas e que, mais vezes do que queríamos, nos lixava a vida. Mas nunca houve aquela acintosidade que sempre sentimos com a visita de outra malta lá vizinha deles. O Sporting era razoavelmente bem tratado, não ao nível de um clube estrangeiro, mas com alguma cortesia e simpatia.

Not anymore.

Hoje quero pisar-lhes as maçãs de Adão. Gostava imenso que lhes conseguíssemos aplainar as glandes. Limar as unhas dos pés com uma lixa industrial. Sete coronhadas na nuca. Um ICBM no rabo. Qualquer coisa que os fizesse acalmar e perceber que não podem estar continuamente a atirar merda para o ar sem que arrisquem a que lhes caia de volta nos dentes. Mostrar que ao fim de quatro jogos conseguimos vencer e convencer com números, não só com moral. Empurrá-los para fora da luta pelo título de uma vez por todas e despachar este assunto de uma forma simples, prática e justa. Porque se nos primeiros três confrontos da época fomos tão melhores que eles, não conseguimos espremer esse particular citrino para que nos dê um sumo decente. Este é o que mais importa, minha gente. É hoje.

Sou quem sabes,
Jorge

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Baías e Baronis – Portimonense 1 vs 5 FC Porto

foto retirada do twitter oficial do FC Porto

É pena dizer isto, mas quem não se fecha com noventa chaves, sete gigantes à porta e óleo a ferver pronto a ser largado por cima do Marega…apanha. E tem sido quase sempre assim, porque este FC Porto quando começa a trocar a bola daquela forma prática, rápida e directa ao objectivo. Há alturas em que esta equipa faz lembrar, como vi vários amigos a mencionar (eu próprio já disse isso no Cavani e noutros fóruns), uma mentalidade à Robson, de jogo largo, sem grandes rodeios, desinteressado na posse e directo à baliza, ao golo, à vitória. Ao objectivo, perdão. Notas a seguir:

(+) Marega + Soares. Se todos andávamos com o metafórico pito em formato bouncy castle ao ver Aboubakar e Marega a partilhar a frente de ataque, a verdade é que esta combinação parece estar a funcionar tão bem que se fosse possível mandar os gajos dormir juntos sem arriscar que se chateassem, até podiam dar um casalinho bonito. Estranho, mas bonito. Porque apesar de Marega e Soares parecerem que ocupam as mesmas posições (pelo simples facto de serem dois canastrões, apenas isso), a verdade é que…não, nem perto. Entendem-se, criam mais oportunidades para facturar que um contabilista zeloso a anfetaminas e acabam mesmo por meter a bola lá dentro, combinando entre eles e com o resto do povo. Como diria o outro idiota, acasalam bem.

(+) Maxi. Deixa-me satisfeito ver que este gajo ainda joga. O facto de ainda bater é feitio, não é defeito (ou melhor, era mais defeito quando não era punido pelas faltas, mas isso são outras cores e outras conversas), porque ao que parece Maxi sabe fazer mais do que apenas bater e este jogo foi um bom exemplo. Esteve em todo o lado e subiu para apoiar o ataque durante noventa minutos. Se Ricardo demorar a chegar, temos uma boa alternativa…pelo menos até ser expulso. Vai acontecer, é só uma questão de tempo, não vale a pena preocuparem-se com isso.

(+) Dalot. Entrou nervoso, mais uma vez. Tremeu num ou noutro corte, demorou a assentar e foi aprendendo a ritmar as entradas e a acelerar no ponto certo. E começou a subir bem, a entender-se melhor com Brahimi, a temporizar bem melhor quando subir e como o fazer, o que acaba por ser interessante porque ainda se vê muita “segunda liga” na forma de jogar, mas Diogo tentou sempre ser simples e não abusar da subida em linha recta que costuma funcionar no FC Porto B, melhorou em campo e acabou com duas assistências. No primeiro jogo a titular. Aos dezoito anos. Enough said.

(-) Caiu? Oh porra, outro que se estourou. Também vos acontece isso? Sempre que vejo o FC Porto, ou pelo menos desde há um mês para cá, quando cai um jogador nosso fico logo apreensivo e a pensar que o homem se foi para a época. Pode ser hipérbole minha e vocês sabem que sou capaz de as ter, mas garanto que vi Felipe a cair e na minha cabeça rodou logo o Reyes para aquecer; vi Otávio a levar uma panada nos gémeos e logo imaginei ver a entrar o Óliver ou o AA ou até o Marega para a direita e o Waris na frente; há uma tensão que vai ganhando controlo sobre mim à medida que a temporada se aproxima do final (último terço, juventude!) e com tanto em jogo é complicado não ficar stressado com isto. Ainda por cima o meu treinador está a espremer tudo o que pode destes moços, é normal que os veja a cair e pense: “caramba, este não podia descansar um bocadinho?!”. Parece que não. Siga.


Dez jogos. Dez joguinhos. São só dez jogos. Só.

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Ouve lá ó Mister – Portimonense

Camarada Sérgio,

Ufa. Agora que estamos com o calendário certo, são cinco pontos de vantagem. É uma merda, é o que é, porque se estamos à frente é porque temos de manter a vantagem e os gajos estão a morder os calcanhares da malta e só de pensar nisso veio-me aqui um bocado da francesinha à boca. Porque a quantidade de germes que há num calcanhar deve ser suficiente para criar condomínios de doenças e acima de tudo porque qualquer merdice vai fazer com que percamos essa vantagem.

É verdade, também, que é melhor estar à frente que ir atrás. Ao menos tens essa almofadinha que te deixa mais descansado no caso de teres um daqueles dias como em Moreira ou nas Aves, em que nada corre bem. Mas não podemos pensar nisso e o que interessa mesmo é continuar a ganhar. E se entrares em campo com a metade da vontade que fizeste contra o Estoril, é meio caminho andado. Tu não, calma, não te metas em trabalhos antes do Sporting que te quero lá no relvado para sorrires em frente ao JayJay depois de lhe espetares quatro batatas. Mas isso é só para a próxima semana, por isso foca-te neste jogo, volta para a Invicta com os três pontos e só aí pensas no Sporting. Ainda há muita relva para pisar, muito jogo para jogar…miles to go before you sleep…

Sou quem sabes,
Jorge

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Baías e Baronis – Estoril 1 vs 3 FC Porto

foto retirada do Twitter oficial do FC Porto

Veni. Vidi. Sofri. Intervali. Bancadi podri. Esperi trintisetidiis. Vinci. Se alguém acha que esta segunda parte teve algum mérito táctico, técnico, tecnico-táctico ou qualquer outro cliché futebolístico, desengane-se. Ou engane-se, faça o que quiser. Mas acreditem em mim quando vos digo, meus amigos portistas, que esta foi uma vitória do querer. Da vontade de empurrar o adversário para a área, de intimidar com actos, não com insinuações. De atacar com força, não com estratégia. Foi uma vitória, mais do que qualquer outra, dos jogadores. Vamos a notas, apenas sobre estes 45 minutos que tanta gente transformou numa espécie de apocalipse anunciado (daí o não-muito-subtil-tema da crónica) porque os outros…é que nem me lembro do que se passou. Siga:

(+) Fome. Soares está em grande. Sérgio Oliveira está em grande. É curioso perceber que estes homens, que ainda há menos de um mês eram considerados como dispensáveis pela grande maioria dos portistas e um recebia críticas de tanta gente por ter tido uma reacção de desagrado numa substituição durante a meia-final da Taça da Liga ao passo que o outro era rotulado como promessa perdida, são agora pivotais no ataque ao título. Se há coisa a que nos temos de habituar este ano é mesmo a estes impensáveis, como uma dupla de ataque Soares/Marega, um jovem de 18 anos a substituir um dos melhores assistentes da Europa e um esquecido a subir à titularidade indiscutível. Soares joga, marca e reina. Sérgio joga, assiste e controla. Ambos com vontade de mostrar, com fome de jogar e de vencer. Que continuem assim, mesmo quando Aboubakar e Danilo regressarem.

(+) Guerra. Rijos, fortes, plenos de vontade e garra para contrariarem um destino que parecia traçado. E vários dos que hoje jogaram foram os mesmos rapazes que entraram em campo há umas dezenas de dias para fazerem uma das piores primeiras partes da época. Houve mudanças, é certo, mas acima de tudo houve mentalidade, que tinha fraquejado nessa noite parva em Janeiro. Desde o primeiro segundo que as tropas estavam colocadas como que numa investida para tomar de assalto um castelo até então inviolável e desde a primeira defesa quase miraculosa de Renan ao remate de Herrera que o FC Porto cascou, bateu, impôs um metafórico e gigantesco ariete que deixou o Estoril sem resposta. Era exactamente isto que era preciso fazer e pelas cuecas do Lucho, conseguimos. Um passo enorme para a conquista do título foi hoje dado na Amoreira. Lembrem-se dos nomes, porque podem ter de os gritar a uma só voz daqui a uns meses. A jogar com este empenho e determinação não nos vai fugir.

(-) Morte. Vou tentar ser polémico. Ouçam lá, não acontece todos os dias, mas vou por aí. O primeiro golo do FC Porto é marcado com a vantagem de um fora-de-jogo. What?! But, but…but, but o carago. Se o mesmo Soares que quase cabeceava a bola foi o mesmo Soares que o VAR determinou como estando fora-de-jogo no jogo contra o Sporting e que anulou um golo que eu achei que devia ter sido validado, também este deveria ser anulado se seguirem o mesmo (errado) princípio. E porquê? Porque caso seja validado, o VAR é uma merda obrada directamente do ânus de Belzebu. E o VAR não é uma merda, é uma ferramenta que deve ser usada exactamente da forma que foi, hoje, naquele lance. Há dúvidas do árbitro. Há dúvidas do fiscal de linha. Deixam seguir o jogo e consultam o árbitro sentado a uns quilómetros de distância. Esse fulano olha para as imagens e não consegue discernir se está ou não em jogo. E como tal…deixa correr. Como deixa correr, contradiz o que o colega a cargo do VAR fez nesse jogo contra o Sporting. Por isso, minha gente, das duas uma: ou o VAR está doente logo desde que nasceu, propenso a falhas imensas que não podem acontecer pela sua própria natureza; ou estão a usá-lo mal. E isso é pior que não existir.

(-) Doença. A lesão de Alex Telles deixou metade do povo portista em lágrimas (a imagem do próprio jogador a chorar no banco é enternecedora mas acima de tudo preocupante) e Dalot num misto de alegria e nervosismo que ainda não conseguiu abalar. Espero estar a ser extremo na minha hipérbole, mas se Alex acabou para a época, também morre um pedacinho de mim com isso, porque estava a ser um dos jogadores que representava na perfeição o espírito que todos adoramos ver em campo. Não digo que Dalot não consiga calçar as mesmas botas e agir com o talento e a capacidade que tem feito pela B, mas a perda de Telles é um murro na nuca que nos vai doer muito. Diogo, puto, o lugar é teu. Com a “morte”, pode haver um nascimento e tens tudo para chegar, ver e vencer. Cá estarei para te aplaudir.


Cinco pontos. Onze jogos. Milhões de adeptos. Um campeonato. Siga.

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Ouve lá ó Mister – Estoril

Camarada Sérgio,

Por alturas do pré-primeira parte deste encontro, escrevi o seguinte:

Fuck’em. Fuck’em all! É o Estoril à segunda e o Tondela à sexta? Fuck’em! É o Sporting doze vezes seguidas? Fuck’em! É o Braga com as mangas pintadas para parecer ligeiramente diferente do dono? Fuck’em! É tudo contra nós e nós contra todos! Fuck’em! E fuck também para o gajo que parece que comprou pontos de exclamação num grossista e agora quer gastá-los de uma só vez! Fuck para mim também!

E hoje, setenta e nove mil fucks depois, está tudo na mesma. Continuamos na frente, com vontade de lá ficar e não há bancadas nem árbitros nem nada que nos faça frente. Ou melhor, há e eles bem tentam, mas cabe-te mostrar jogo após jogo que és melhor que os outros. E hoje, com condicionantes que fazem lembrar uma entrevista de emprego para um programador do Football Manager, só tens uma solução: entrar em campo tranquilo mas convicto que as pernas são para usar enquanto as temos e que 45 minutos são tempo suficiente para ganhar esta trampa. São dois golos, Sérgio. Só dois golos. E que a tua maior preocupação seja o estado da bancada.

Sou quem sabes,
Jorge

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