Ouve lá ó Mister – Sporting

André, invicto!

Está a ser uma semana porreira. É estranho ver resultados em que a equipa do outro lado da nossa tem tantos golos marcados, mas sabendo que a nossa tem ainda mais, estamos tranquilos. Ainda por cima acho que ninguém se importa de sofrer dois do Portimonense com o campeonato ganho e mais dois do Spartak com a eliminatória resolvida. Para além do mais, lembra-te que em Sevilha, no grande ano de 2003, também sofremos dois golos. E sofremos mais um bocadinho por arrasto, mas o que importa é que marcamos mais que os escoceses. Se quiseres passar o Villarreal com mais uns 10-3 ninguém te censura, mas vamos com calma. Primeiro, temos uns convidados especiais para mais uma festarola.

É um clássico. É sempre um clássico. É o sexto clássico deste ano e até agora a colheita não tem sido má. Três vitórias e uma derrota contra o Benfica e um empate contra a malta de hoje. Um empate que me soube a ovos estragados, André, e a ti também porque te puseram na rua e nem precisaste de esmurrar ninguém…ou tentar esmurrar, que faz toda a diferença. É como se eu andasse a tentar acertar num gajo com um paralelo sacado da rua e em 40 arremessos falhasse todos por 2 centímetros de distância à moleirinha. Tenho lá culpa de ser torto?!

Mas enfim, de volta ao jogo.

Não quero perder isto, André. Até podemos perder com o Marítimo no último jogo, não quero saber lá de recordes, o que me interessa são taças. Isso dos recordes é tudo muito bonito mas é só uma brincadeirinha que só serve aos que não ganham nada, porque os vencedores contam-se pelos troféus. Que me adianta dizer que somos a equipa que menos golos sofre dos 36 minutos aos 41 nos jogos fora ao Domingo à noite? Uhhh, que grande recorde. O que me interessa é ganhar. E se for a equipas como o Benfica ou o Sporting, isso é que interessa! Ainda por cima eu tenho montes de amigos sportinguistas e não gostava muito de chegar à beira deles, franzir o sobrolho e admitir: “Porra, vocês este ano andam numa de nos lixar a vida!”, mas com muito mais vernáculo, como deves compreender.

Por isso dá-lhes. Dá-lhes com força. Empurra o resto da faca e fá-los acreditar que os charters que já não vão vir eram mesmo a salvação. Siga!

Sou quem sabes,
Jorge

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Baías e Baronis – Portimonense vs FC Porto

foto retirada de MaisFutebol

 

A vitória não fugiu, mas por pouco. O FC Porto encarou o jogo com pouco mais intensidade que um treino com equipamento principal e a primeira-parte, lenta e previsível, foi uma imagem evidente que os rapazes estão a pensar mais no próximo jogo que neste. Compreendo, como é lógico, e seria utópico estar a exigir uma intensidade ao nível que exibimos na Luz ou no Dragão contra o Spartak, mas há sempre que proteger o nome da equipa e dos jogadores e, como diz Villas-Boas, manter os objectivos sempre presentes. Por pouco interesse que tenha conseguir marcar mais de X ou sofrer menos de Y, é sempre um objectivo extra e há que lutar para o conseguir. E não sofrer golos de canto, isso é que é um objectivo impecável! Como de costume, seguem as notas:

 

(+) Hulk Quando não lhe apetece jogar muito, como acontece na maioria destes jogos que não interessam ao senhorio de um primo afastado do Menino Jesus, é uma nódoa e apetece esbofetear repetidamente. Mas de vez em quando parece que se enerva e arranca, remata, assiste, bombeia, massacra. O golo que marcou é um dos melhores do ano, e só ele já teve alguns excelentes candidatos ao mesmo pódio.

(+) Sapunaru e Sereno Não quiseram encarar o jogo como um treino. Com a missão de subir mais no terreno, Sapunaru apareceu quase sempre no meio-campo do Portimonense a apoiar Hulk e a tentar sempre servir como mais um no ataque. Sereno, mais limitado mas extremamente esforçado, parecia mais um médio esquerdo que um lateral, tantas foram as vezes em que surgiu na área contrária a tentar cruzar a bola usando a infeliz perna esquerda que tem, mais talhada para as entradas de carrinho do que para produzir lances ofensivos. Mas estou a ser mauzinho, o rapaz correu muito e fez um jogo muito bom na defesa, já que convém não esquecer que teve de lidar com Candeias que é sempre um chato com as fintas e a velocidade. Sereno safou-se muito bem e tanto ele como Sapunaru merecem este Baía.

(+) Souza Aparte algumas Guarinices (versão 2009) o que se compreende porque continuo a afirmar que é um 8 a jogar a 6 e o facto de ainda não percebido que não pode ir por ali fora como um louco contra equipas de nível superior, fez um bom jogo. Foi o elemento da força do meio-campo a tapar bem as subidas de Moutinho e a não-comparência de Ruben. Só lhe falta um pouco mais de calma na definição das jogadas ofensivas, mas esteve em bom plano hoje no Algarve.

 

(-) Ruben Micael Um jogo pouco mais que absurdo. Produtividade quase nula, parece incapaz de disputar uma bola dividida sem retirar o pé e começo a pensar que não vai conseguir atingir no Dragão o nível que mostrou na Choupana. Não parece o mesmo jogador que foi quando chegou e a quantidade de bolas perdidas e mal direccionadas em que teve intervenção directa retiram-lhe qualquer hipótese de lutar pela titularidade. Até Belluschi a perdeu para Guarín pelo elevado sentido prático do colombiano, mas ao menos quando o argentino entra em campo, faz pela vida. Começo a perder a paciência contigo, rapaz.

(-) Bolas paradas E voltamos ao tempo de Jesualdo. É inadmissível sofrer dois golos de bola parada, quase iguaizinhos, a não ser que estejamos a jogar contra uma equipa de Carsten Janckers. Má marcação, lentidão na aproximação à bola, um guarda-redes que não sai da baliza e algumas distracções. Tudo junto na mesma jogada. Duas vezes. Não pode ser.

(-) Inépcia nas bolas longas O que me faz sempre chegar a mostarda ao nariz é a futilidade das jogadas pelo ar. Quando Maicon, Souza ou Rolando tentam fazer um passe de 30 metros alados quando podiam perfeitamente rodar a bola para o gajo do lado e continuar a jogada, enervo-me. Porque vejo e leio comparações entre o FC Porto e o Barcelona a nível de estilo, com a posse e o carrossel, com a progressão pausada e pensada…e depois vejo estes passes e rio-me.

 

 

São mais quatro jogos destes que vamos “aturar” até ao fim do campeonato. Não contam para nada e apenas servem para conseguir, com maior ou menor dificuldade, confirmar a vitória de um campeão já confirmado. É verdade que o orgulho pode e deve servir como motivação para conseguir os resultados que são teoricamente mais acertados, mas compreendo que não seja fácil pensar a sério neste jogo quando outros aparecem num horizonte bem próximo e que fazem com que ponhamos em perspectiva estas quatro jornadas. Enfim, é o que dá ser campeão tão cedo!

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Ouve lá ó Mister – Portimonense

André, portista e campeão!

Mais uma semana europeia e mais uma barrigada, rapaz. Tem cuidado com isso que a malta começa-se a habituar a estes resultados e um dia destes ganha-se por 2 ou 3 e o povo diz logo que foi um resultado abaixo das expectativas. E vê lá se avisas o Falcao para não dar tanto nas vistas que nós queremos o gajo cá pró ano. A continuar a marcar golos da maneira que o puto tem feito ainda aparece aí o Xélsia ou o Baierne e levam-nos o Radamel. Não pode ser, tá lá atento a isso.

Pois o jogo de hoje é daqueles que não interessa ao Berlusconi nem que lhe ponhas umas mamas e digas que tem 17 anos. Os rapazes estão cansados e depois de quinta-feira termos enfiado cinco balas de boa bodka no bucho dos russos, já está tudo à espera da viagem a Moscovo e de receber o Sporting prá vingança da primeira volta e depois finalmente o Paços para vermos a entrega do troféu da Liga. Vai ser lindo…mas é só daqui a uma semana. Hoje há jogo e tens de arranjar maneira de motivar o povo. Ser campeão era o objectivo, tudo bem, mas sei que vais arranjar mais um ou outro ponto para que os teus meninos se entusiasmem. Acabar o campeonato sem derrotas era interessante, sem dúvida, e garantir que o Hulk limpa já o título de melhor marcador também. Mas é preciso descansar a malta, ainda que já não tens Fucile, Álvaro, Otamendi, Helton e Varela por isso se calhar não vale a pena estar a trocar muito mais gente. Talvez o Ruben a titular em vez do Moutinho, mas pouco mais. Vamos lá mas é ganhar isso que a viagem ainda é longa…se bem que quando comparada com a do meio da semana, é como ir à loja da esquina comprar tabaco.

Sou quem sabes,
Jorge

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Afinal é no último jogo

Parece que o preço dos bilhetes para o jogo contra o Sporting (alto, já que para o meu lugar são 25% mais caros que no jogo contra o Spartak, por exemplo), que para mim se deveu ao facto do troféu de campeão ser entregue nesse jogo, não tem a ver directamente com isso. O troféu vai ser entregue no último jogo, contra o Paços. No regulamento diz o seguinte:

Secção 2ª (Liga Sagres)
Artigo 88º


2.O troféu acima mencionado poderá ser entregue imediatamente a seguir ao final do jogo, no qual o Clube se
sagre campeão da competição, independentemente de esse ser ou não na última jornada do campeonato.

É suficientemente vago para que haja acordo com o clube vencedor no que diz respeito ao dia da entrega do bicho. Não dá para reclamar. Pronto, seja, desde que fique lá em casa e que não demorem um ano a esculpir, isso é que interessa.

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Baías e Baronis – Benfica vs FC Porto

 

 

foto retirada de MaisFutebol

Antes da festa, houve jogo. E houve um jogo que não vai desaparecer tão cedo das mentes de um portista que se preze, porque a vitória de hoje foi o limpar de uma imagem que tinha sido deixada após o confronto da Taça no Dragão que perdemos (e muito bem) por 2-0, e que fora explorada até exageros de proporções bíblicas pela imprensa e seus doutos opinadores. Foi um jogo em que mostrámos em campo, na relva, que somos os melhores. Somos os melhores porque quisemos vencer mais do que o adversário o quis impedir. Porque usamos a arma que nos tinha ferido com gravidade (a pressão alta) contra o Benfica, magoando-o sem opção de recobro. Porque houve garra, luta, espírito de sacrifício, capacidade de auto-controlo perante a ridícula exibição de Duarte Gomes, numa das piores arbitragens que me lembro desde Paixão em Campo-Maior, com erros para ambos os lados mas em claro prejuízo da nossa equipa. Porque vencemos em casa do adversário quando o adversário, no ano passado, não o conseguiu fazer. Foi essa vontade, essa alma, que me conquistou. Parabéns, malta! Notas abaixo:

 

(+) Otamendi Se este é o Nico que vamos ter até ao fim da época, se calhar vendemo-lo no Verão. Esteve brilhante em todo o jogo, especialmente no lance do penalty, em que não perdeu a cabeça depois de ver a decisão aberrante de Duarte Gomes mas continuou a trabalhar, a cortar bolas fundamentais e a sair bem com a bola controlada, só para ser novamente injustiçado pela besta de preto num amarelo infundado por uma falta que não existiu e que só no futebol português é que alguma vez se podiam lembrar de marcar. Rolando, ao seu lado, joga melhor, o que não é dizer pouco, já que Rolando só joga bem quando tem ao lado um central melhor que ele. Está tudo dito.

(+) Varela Foi o jogador que mais gostei de ver, especialmente porque mostrou inteligência, astúcia e uma capacidade física que não o via a exibir há meses. Foi brilhante na subida pelo flanco de Airton, aproveitando a inadaptação natural do rapaz à posição de defesa-direito mas não só, porque recebia bolas em zonas mais recuadas, porque esperava pelo apoio de Álvaro na altura certa e na proporção correcta. Foi o principal homem do ataque portista hoje na Luz e saiu por questões tácticas, cansado mas de certeza ciente do papel fundamental que teve no jogo.

(+) Moutinho O maestro da equipa está de volta às boas exibições. Encheu o campo na primeira parte com o empenho e a inteligência da pressão que ia orquestrando e na segunda parte foi o principal autor da troca de bola que levou o Benfica a cometer erros atrás de erros e só não fez com que o FC Porto marcasse mais golos por clara inépcia de Falcao hoje em Lisboa. Arriscou no final numa entrada a pés juntos que podia (e talvez devesse) ter levado um vermelho e não um amarelo, o que censuro mas compreendo. Afinal, quando se sai do Sporting para ser campeão, o rapaz faz tudo para ganhar logo à primeira.

(+) Helton Brinca muito. Finta os avançados. Pica a bola por cima dos adversários. Queima tempo. E então? É o nosso capitão, campeão e líder de balneário. À defesa que faz ao remate de Aimar ainda na primeira parte somam-se mais algumas intervenções seguras no segundo tempo e a certeza que a confiança estava em alta (o que nem sempre é bom com o nosso keeper, né moleque?) e que essa mesma confiança se transmitia para os colegas. Excelente.

(+) Villas-Boas Muito, mas muito bom. A conferência de imprensa, onde surgiu um treinador feliz, sorridente, que parecia ter saído de um banho de espumante que aposto levou no balneário, mostrou o que significa ter um treinador portista a celebrar um título no Estádio da Luz. O que significa, acima de tudo, ter um treinador portista. Devia ter gravado o raio da emissão.

 

(-) Passividade do Benfica Fiquei surpreendido e até um pouco decepcionado com a atitude do Benfica. Muito à imagem do que o FC Porto tinha feito no jogo da Taça, foi um Benfica amorfo e que parecia desinteressado em impedir, como lhes era exigido, que pudéssemos ser campeões na Luz. Foi uma fraca exibição e acima de tudo foi uma exibição abaixo do que podem fazer. Mérito para a nossa equipa porque a pressão alta fez com que não houvesse espaços para circular a bola para a frente e obrigou a atrasos sucessivos para o guarda-redes, mas não explica tudo. O orgulho que tive na minha equipa em Março de 2010, quando forçámos a que o Benfica tivesse de sair do Dragão sem o título no bolso deve ser equiparado à desilusão do lado dos adeptos vermelhos pela forma como permitiram que o campeonato fosse entregue no seu próprio campo ao principal rival.

(-) Duarte Gomes Se colocássemos uma couve-lombarda a apitar este jogo, era mais provável que a nota fosse positiva. É evidente que o jogo era do mais difícil que podia haver, mas para o futuro tenho de guardar as decisões que tomou e que vão obviamente ser escondidas pela imprensa nos próximos dias. Para lá da quantidade absurda de cartões amarelos exibidos, fica o penalty marcado a Otamendi onde não há falta; o amarelo a Roberto no penalty contra o Benfica é curto; o segundo amarelo a Otamendi é absurdo, porque não há falta; Aimar deveria ter sido expulso logo nos primeiros dez minutos de jogo por várias entradas violentas; idem para Coentrão; idem para Javi; idem para César Peixoto. Podia continuar aqui a falar de Duarte Gomes por horas e horas. Não vou gastar nem mais um segundo.

(-) Apagões, bolas de golfe e animalices Condeno a atitude do Benfica, até porque já fiz o mesmo depois de ver alguns comportamentos do género no meu próprio estádio. Tanto a nível de segurança como de fair-play, é neste tipo de situações que podemos ver que os comentários de João Gabriel e Rui Gomes da Silva são prova do ridículo em que as pessoas acabam por cair quando criticam a postura contrária e se alheiam de olhar para a sua própria casa, para além das bolas de golfe e bilhar que choveram nos pontapés de canto. O apagão, em termos de segurança, é mau. Em termos de fair-play, não é mais do que estava à espera.

 

 

Hesitei entre correr os jogadores todos com notas positivas mas raramente sou dado a atitudes salomónicas e tal far-me-ia perder a isenção e a forma crítica como julgo os jogos do FC Porto. Mas fiquei tentado, porque quase todos jogaram bem hoje à noite. Sei que não há tempo para celebrar em grande porque há outros jogos muito importantes para disputar, o primeiro dos quais já na quinta-feira no Dragão contra o Spartak. Mas o campeonato, aquela prova que nos envolve todo o ano e a única que verdadeiramente interessa vencer todos os anos (já que as provas europeias são utopias pontuais)…essa, já cá canta!

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