Ouve lá ó Mister – União de Leiria

André, oitavo-finalista!

Já consigo respirar melhor desde o jogo de quinta-feira, André. Aquela primeira parte em Moscovo deixou-me à rasca, pá, ver o Sapu e o Rolas a defender tão bem como o Benítez e o Stepanov foi assustador! Vá lá que a malta atinou na segunda parte e ficamos-te a dever uma porque foste tu que os convenceste que lá por estarem a jogar de amarelo, não era preciso jogarem ao nível de um Estoril ou Gondomar.

E agora voltamos à pasmaceira. Os jogos costumam são mais lentos, mais previsíveis e menos entusiasmantes, mas são sempre para ganhar. Concordo contigo quando dizes que nada está decidido, mas contamos contigo para decidires isto de uma vez por todas! Já sabes que há um fino com o teu nome para bebermos juntos quando formos campeão. É só dizeres onde e a que horas.

São onze pontos de avanço mas a caravana está aí à espera para nos mandar abaixo à primeira falha inesperada. Continua no rumo certo e acaba rápido com isto.

Sou quem sabes,
Jorge

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Baías e Baronis – FC Porto vs Vitória Guimarães

 

Enervei-me hoje ao fim da tarde no Dragão. Uma das primeiras partes mais ineptas dos últimos meses, com uma gritante incapacidade de ruptura do meio-campo e do ataque através de uma estrutura branca que parecia uma estação de recolha dos STCP. O Guimarães veio ao Dragão simplesmente para não perder e tentou conseguir o objectivo à custa de fita, traulitada e tranca no meio-campo. Não o conseguiu e nem me lembro de ter feito sequer um remate à baliza de Helton, mas lixou-nos a organização ofensiva de tal forma que ao final da primeira parte pensei que não íamos conseguir ganhar o jogo. Depois…apareceu James e Falcao, Guarín e Varela, Álvaro e Rodríguez, Fucile e Ruben. A história foi diferente, fomos muito mais agressivos sobre a bola e empurramos o adversário para trás, com os laterais finalmente a fazerem o flanco todo e os dois avançados das pontas a recuarem para o centro do terreno e a criarem os espaços que precisávamos. Ufa. Vamos a notas:

 

(+) James Excelente jogo do puto, principalmente na segunda parte. Mostrou, como já tinha feito em Olhão, que rende muito mais quando joga atrás do avançado do que encostado à linha. Mais solto, mais inteligente e mais prático, está a crescer em forma e confiança. Nota-se bem a evolução táctica e no passe para o primeiro golo é evidente que o rapaz sabe o que está a fazer e fá-lo muito bem. Mexeu com a equipa e Villas-Boas usou a substituição na altura perfeita para criar empatia com os adeptos que começam a ficar convencidos que temos ali um jogador que já tem presente mas que terá um futuro muito interessante.

(+) Guarín Preparem-se, porque esta frase muito raramente podem ler em qualquer local. Prontos? Cá vai: Guarín foi o responsável pela estabilização do jogo ofensivo e sem ele o meio-campo do FC Porto nunca poderia ter ganho a consistência que mostrou nos últimos 30 minutos do jogo. O que é mais interessante nesta frase é que é tudo verdade, mesmo não parecendo. Guarín entrou decidido, com confiança, a rematar cheio de garra e de força e conseguiu em 10 minutos o que os outros colegas não fizeram no resto do tempo. Foi o desiquilibrador de serviço. Não se riam, é verdade! Grande jogo.

(+) Fernando É fácil descrever o jogo do “polvo” hoje à tarde no Dragão. Simples, directo, prático e eficaz. Não inventou, não se meteu em buracos de onde não podia sair, limitou-se a rodar a bola e a interceptar muitas jogadas de perigo dos adversários com carrinhos perfeitos e antecipações dignas de um Desailly. Excelente.

(+) Villas-Boas Ainda que possamos questionar a opção por Maicon em vez de Otamendi na equipa inicial, é inegável que hoje Villas-Boas esteve quase perfeito. As substituições foram perfeitas e ao agrado dos sócios o que é quase impossível de acontecer porque o pessoal não se impressiona facilmente. Tirou Belluschi que estava a ter a produtividade de um cacto ao sol e colocou em campo Guarín que fez um jogão; retirou Varela, exausto, e enfiou em campo um Rodríguez que parecia o mesmo que chegou ao Dragão em 2008; tirou James para trinta e seis mil aplausos e colocou em campo Ruben que fez a assistência para o segundo golo. Melhor só mesmo se tivesse entrado em campo para dar dois estalos no Jorge Ribeiro e calcando-lhe a traqueia dizer-lhe: “Oh minha besta, porque é que não fazes um favor a todos e vais jogar para o Chipre? Qualquer coisa para não ter de cheirar o teu hálito a lixo, verme nojento!”. Se calhar era pedir demais.

(+) Todo o flanco esquerdo É um luxo ter Álvaro Pereira na equipa. Se soubesse apontar os cruzamentos para os avançados em vez de os enviar em balão, tínhamos um jogador quase perfeito, mas enfim…agora se somarmos um Varela muito esforçado e produtivo ao contrário dos últimos jogos e um Rodríguez que entrou com um fogo no traseiro como já não o via há muito tempo, temos uma capacidade de criação de lances ofensivos que rivaliza com Evra/Giggs. Pronto, pronto, talvez não tão bom, mas pelo menos ao nível de Cissokho/Michel Bastos. Sim, bem melhor.

 

(-) Belluschi Um rotundo e completo zero. Menos que zero, um cinco negativo. Falhou no passe, no controlo de bola, na pressão, na ruptura em movimento, no remate e na postura. Desaminou muito rapidamente e fez lembrar o Belluschi de ano passado que fugia das bolas e que não conseguia acertar um passe se a vida da sua filha recém-nascida (parabéns, puto!) dependesse disso. Há jogos assim e esta exibição não mancha a boa época que tem vindo a fazer, mas hoje foi mau demais para ficar em campo para lá do que lhe foi permitido.

(-) Qualidade de passe. Outra vez. Mais uma vez. É um tópico recorrente aqui nos Baronis e não o vou largar até ver melhorias. É uma vergonha perceber que a equipa principal do FC Porto tem em média a capacidade técnica de um iaque paralítico. O que nos vale, felizmente, é que compensam a inépcia com o esforço e com alguma qualidade táctica e de desenvoltura, porque se dependêssemos apenas de cruzamentos ou de passes curtos a vida tornar-se-ia muito complicada. Vi Fucile, Varela e Belluschi, três jogadores de topo em Portugal, a trocar a bola pelo ar sem a conseguir baixar para o relvado e, em consequência, a deixarem-na sair do campo; vi Maicon repetidamente a pontapear a bola para a bancada…quando tentava passes longos; vi cruzamentos de Álvaro a embaterem no primeiro gajo de branco que aparecia à frente porque nenhum deles teve como objectivo a cabeça de Falcao ou de outro colega; vi um contra-ataque que chegou a ser 5×1 a transformar-se num 3×2 e a terminar num remate para a bancada porque Ruben não conseguiu dominar a bola em condições. Vi o que vejo vezes sem conta: um grupo de rapazes inteligentes, tacticamente disciplinados e esforçados mas que se tivessem de acertar num poste de electricidade a 30 metros para evitar que o Dragão explodisse, tínhamos de alugar o Bessa para os jogos em casa.

(-) Apanha-bolas do Dragão Ainda me têm de explicar o porquê de termos apanha-bolas que não conseguem segurar uma bola em condições. Hoje vi um rapaz, que não podia ter mais de 8 ou 9 anos, descansado da vida e sentado provavelmente a pensar na data em que orgulhosas pilosidades começarão a florescer da sua renovada púbis, enquanto Álvaro Pereira desesperadamente procurava uma bola para efectuar um lançamento lateral. Só quando o estádio o alertou com o som de quarenta camionistas em marcha lenta é que o puto se mexeu, para espanto da audiência. É ridículo que um clube profissional do nosso estatuto “empregue” estes miúdos que não ligam pevide ao que se está a passar em campo e é confrangedor ver jogos lá fora em que os dinâmicos rapazes entregam a bola de imediato aos seus jogadores (e até aos da outra equipa, vejam lá) e olhar para os nossos, indolentes, adormecidos, parvos. Por favor mudem os rapazes ou ponham placards de publicidade mais altos para ver se as bolas não saem tantas vezes do recinto de jogo.

(-) Critérios de arbitragem Jorge Sousa hoje ainda conseguiu manter o seu critério até Jorge Ribeiro, ele que é uma pobre desculpa para um jogador de futebol em forma de monte de estrume humano, começar a arruaça. A partir daí foi um festival de erros, más decisões tanto dele como dos fiscais-de-linha, especialmente o rapazola que jogou do lado da minha bancada que trocava pontapés de baliza por cantos, lançamentos ao contrário e uma incapacidade geral de ser normalzinho. Jorge Sousa conseguia ver como normais os lances em que Edgar ou qualquer outro anormal vitoriano espetava os cotovelos no peito de Maicon, mas uma pressão um pouco mais forte pelas costas que levava a um arremesso directo para a piscina de um senhor de branco…prriiiiu. Anedóticas são também as declarações de Manuel Machado depois do jogo, a contestar os amarelos que recebeu. Nelo, desculpa lá, rapaz, mas foram bem dados. E ainda faltaram alguns.

 

No final do jogo, em conversa com o autor do Revolta Azul e Branca que tive o prazer de conhecer antes da partida, discutíamos o sofrimento que ambos sentimos. Foi um jogo de nervos e se o golo de Falcao não tivesse entrado naquela altura acredito que ainda tinha sofrido mais. A subida de rendimento na segunda parte foi fundamental mas como já aconteceu no passado voltamos a entrar lentos, previsíveis e incapazes de imprimir a velocidade que o jogo exigia. A defesa está sólida (mesmo com Maicon) e não vem mal ao mundo esperar pelas segundas-partes para resolver, mas o exemplo do jogo contra o Sevilha mostra que nem sempre as coisas correm bem. Ainda faltam mais 8 jogos para acabar a Liga e não podemos falhar. Não duvido que essa pressão está a afectar os rapazes, mas estou a gostar do empenho, mesmo que não seja bem orientado durante alguns períodos do jogo. Temos de ser mais constantes e coerentes com o talento e a posição que ocupamos para evitar chatices até ao final…

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Baías e Baronis – Olhanense vs FC Porto

foto retirada do Record

Vi o jogo sem ouvir os comentários, por isso não me apercebi se a dupla Valdemanha fez o tradicional trabalho de denegrir aquilo que foi uma vitória justíssima num jogo disputado a um nível muito alto. Se a primeira parte terminou a zero, por culpa da organização defensiva do Olhanense e de alguma lentidão na execução principalmente perto da área contrária, a segunda parte mostrou um FC Porto com um futebol implacável, a responder à letra à agressividade positiva de uma equipa do Olhanense que mostrou o porquê do bom campeonato que tem vindo a fazer. Fomos rijos, fomos trabalhadores e merecemos o resultado de uma forma brilhante. Vamos a notas.

(+) Belluschi O golo que marcou fez-me imediatamente lembrar o que tinha marcado aqui há uma dezena de meses contra o Benfica. Domínio de peito e remate por cima do guarda-redes, com força e colocação perfeitas. É capaz do melhor e do menos melhor, mas este ano tem mostrado o valor que lhe apontaram quando cá chegou e que raramente tinha exibido em campo. Luta imenso, trabalha como poucos e é capaz de andar a correr durante todo o tempo que está em campo. Adorei.

(+) Fernando Se Belluschi está a ser o expoente do jogo imprevisível e criativo, Fernando voltou à forma que o notabilizou. Recebe, domina e roda a bola quando a equipa está no ataque; recupera, domina e roda a bola quando a equipa defende. Esteve perto da perfeição hoje à noite no Algarve e ocupa o lugar sem qualquer contestação.

(+) Hulk Não marcou mas trabalhou muito para o ataque da equipa, levou tanta porrada como um puto de óculos numa escola de bairrantes e tentou sempre marcar mas só acabou por assistir Falcao para o segundo golo do clombiano. Rematou mais de dez vezes à baliza e tem de continuar a fazê-lo mas precisa também de melhorar a pontaria que está desafinada como se tem notado nos últimos jogos. O amarelo que levou é justo e impede-o de jogar em casa contra o Guimarães. Espero que a equipa saiba dar a volta ao facto de não o ter em campo.

(+) Falcao Não há dúvidas: com Falcao em campo o FC Porto é melhor. Muito melhor. Inequivocamente melhor. A forma como aparece nos espaços certos nas alturas certas é vital para uma equipa que joga apenas com um avançado no centro do ataque, e por muito que não consiga vencer muitas bolas com a cabeça e continue a parecer-se com Farías na velocidade de execução (é verdade, desculpem, o rapaz é lento), compensa a lentidão com a inteligência e uma finta de corpo que não devia fazer os defesas cair mas o que é certo é que funciona. Dois golos à ponta-de-lança, mais dois do melhor avançado-centro do nosso campeonato.

(+) Intensidade de jogo de ambas as equipas Pensei antes do jogo que este em nada se iria parecer com um jogo europeu como tivemos na passada quarta-feira. Os jogos da nossa liga tendem a ser mais lentos, mais calmos, com menos emoção e um ritmo bastante mais baixo. Nada disso. O Olhanense joga bem, joga rápido e joga prático e Daúto Faquirá, um dos melhores nomes do futebol português desde Marlão Brandão, conseguiu colocar a equipa a pressionar baixo mas intenso, a trocar bem a bola para o contra-ataque e a obrigar o adversário a trocar a bola com velocidade para tentar chegar à baliza. Nós? Respondemos à letra, com um jogo fluido e bem aberto nas alas, com Álvaro e Fucile (na segunda parte) a romperem pelo meio-campo fora em apoio a Hulk e James para aparecerem em posição de cruzamento, Falcao a servir como pivot e Belluschi ao lado de Moutinho a pautar o jogo como sabem. Gostei muito de ver.

(-) Varela Hoje há poucos Baronis, dirão. É verdade, poucos jogaram mal, com uma excepção: o shôr Silvestre. Uma pequena miséria espalhou-se pelo campo com o número 17 nas costas azuis-e-brancas e trouxe infelicidade a quem o viu a “correr”. Tem tido altos e baixos esta segunda parte da temporada de Varela, e este foi talvez o ponto mais rasteiro. Fraco para o 1-contra-1, lento a passar e a mexer no jogo, foi muito bem substituído ao intervalo por um James que mostrou muito mais em 5 minutos que Varela em 45. Tem obrigação de fazer muito mais, porque hoje se tivéssemos entrado em campo com 10 jogadores não se tinha notado a diferença.

 

Foi um excelente jogo que decerto não terá impacto nos artigos dos jornais e muito menos nas capas. Se é também com jogos como os que fizemos contra o Rio Ave ou o Portimonense que se ganham campeonatos, ninguém contestará que estes dão muito mais gozo ver e vencer. Foi um jogo rijo, bom, rápido, agressivo, com duas equipas a jogar para ganhar e uma delas com mais e melhores argumentos. O resultado aceita-se mas talvez o Olhanense merecesse um golinho para irem para casa mais bem dispostos. É que não mereciam apanhar três batatas em casa por tudo o que fizeram em campo.

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Baías e Baronis – Braga vs FC Porto

Foto retirada do Record

Rijo, duro, difícil, ultrapassado. Foi um teste muito complicado de passar e pudemos contar com a inspiração de um rapaz que começa a conquistar os adeptos. Nico Otamendi bisou em Braga, desbloqueando o resultado pretendido quando a exibição, especialmente na primeira parte, não foi famosa. Para além da organização defensiva pressionante do Braga e de alguma falta de clarividência do nosso ataque, temos a somar a implacável agressividade que os rapazes do Minho puseram em campo, com patadas, entradas de carrinho a pés juntos, provocações permanentes e um geral estado de “bate primeiro e pergunta depois” que enervou os nossos jogadores e felizmente houve auto-controlo suficiente para impedir que a permissividade de Duarte Gomes pudesse fazer com que o jogo violento continuasse não só com os pitões mas com punhos cerrados. Aborreceu-me, francamente. Notas abaixo:

(+) Otamendi  E esta, heim? Se alguém apostasse que Otamendi fosse marcar dois golos fora contra o Braga e desse a vitória à equipa, chamava-lhe parvo e que não sabia o que fazer ao guito. O que é certo é que o neo-proto-líder da defesa ao lado do sempre presente Rolando acaba por ser um herói que deu alento a uma equipa que tentava furar mas que batia numa parede de pitões e joelhadas. Otamendi, com classe e oportunismo, marcou numa excelente quasi-paradinha de fazer inveja a muito colega da selecção dele. Estás em grande, rapaz, todos esperamos que continues.

(+) Fernando  Voltou o “polvo” a sério. Começou mal e parecia que ia continuar a forma absurda que tinha vindo a mostrar nos últimos jogos com as ridículas perdas de bola a meio campo (és capaz de NÃO DEIXAR que a bola bata no chão antes de a disputar?!) mas rapidamente voltou a interceptar montanhas de bolas e a aplicar o princípio que faz dele um trinco muito acima da média: recebe, domina, passa. Simples, Fernando. É assim que o quero ver sempre a jogar.

(+) Helton  Mais um excelente jogo do nosso capitão. Uma ou outra defesa, um voo e várias situações onde controlou a área como devia, dando confiança à defesa e permitindo que a equipa estivesse solta na zona defensiva. A não-pressão alta do Braga ajudou, mas Helton não deixou que ninguém brincasse em serviço.

(+) Fucile  Sereno pode ser muito esforçado mas não tem a inteligência ofensiva do uruguaio. Algumas falhas de posicionamento que acabam por ser naturais num jogador que sobe pelo flanco mas acima de tudo houve uma superior capacidade de esticar o jogo pela ala ao contrário do que tinha acontecido nos últimos jogos por incapacidade do alentejano. É deste Fucile que precisamos para o resto da temporada.

(-) Ineficácia na frente  Entre passes falhados, remates ao lado e perdas de bola, houve tanto contra-ataque perdido na segunda parte que mais parecíamos uma equipa de verde-e-branco. Se o que vimos hoje em termos de eficácia voltar a acontecer na quinta-feira por terras andaluzes, podemos estar a pôr as mãos na cabeça com ar frustrado porque não se pode falhar tanto em tão pouco tempo. Otamendi salvou o dia e ainda bem, porque os avançados estavam em dia não.

(-) Varela  Inerte e enervante por essa mesma inércia. Duas ou três corridas não justificam que fique a olhar para as bolas que passam perto dele e que Varela parece nunca conseguir atingir. Esteve abaixo do que sempre espero dele e não conseguiu manter o nível da semana passada.

(-) Nervosismo de Belluschi  Não podes, rapaz. Não podes abusar nas faltas a meio-campo, não podes esticar o pé a um avançado na tua própria área, não podes falhar tantos passes fáceis mesmo que sejas dos poucos que tenta as rupturas pela relva, mas acima de tudo não podes “fazer peito” ao árbitro! Homem, por muito que ele te grite aos ouvidos, tens de te acalmar porque és um jogador titular do FC Porto e muito do jogo da equipa passa por ti e pelo teu colega do lado que não está na melhor forma mas que disfarça sempre com a inteligência que mostra em campo. Tem mais calma, pronto, vai lá tomar banho descansado!

(-) Miguel Garcia e os amiguinhos  Já cá faltava uma corja destas. Miguel Garcia foi o belo rosto barbudo e com aspecto andrajoso em geral de uma equipa que passou hora e meia a distribuir lenha gratuita por tudo que corria de azul-e-branco. De Sílvio a Vandinho, passando por Mossóró e pelo garboso Miguel Garcia (que levou um cartão amarelo para lá dos 90 minutos…por protestos!), este conjunto de bestas mostrou uma capacidade notável de diversificação, começando pelas entradas de pés juntos, continuando pela sempre genial patada nos gémeos e terminando com a famosa joelhada nas costas. Duarte Gomes permitia tudo isto com a passividade de um jovem a fumar uma erva agradável e a ouvir Portishead num quarto escuro, e os rapazes de vermelho e branco, quiçá inspirados em Javi e David, a dupla da bordoada legitimada pela nossa arbitragem, continuavam o recital de chuto e pontapé. Todo o jogo. Ridículo.

A pressão estava do nosso lado, depois da vitória do Benfica. A resposta apareceu com dignidade, força de vontade e garra, com uma equipa a querer dizer: “Oh minha gente, por muito que cantem as loas aos outros e desprezem o que fazemos, ainda cá estamos. E estamos no topo por mérito próprio, seus imbecis!”. Notou-se acima de tudo uma maior inteligência na troca de bola e por muito que tenham sido perdidos contra-ataques perigosos e tenhamos sido pouco eficazes na frente, o resultado final é perfeito. E agora…Sevilla!!!

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Ouve lá ó Mister – Braga

André, lutador contra guerreiros!

Não sei se tens lido os jornais. Se conseguires passar à frente da hipocrisia americana no apoio à insurreição egípcia e velhotas em putrefacção, podes sempre apelar ao teu sentido estético e olhar para aquilo que rotulei nos últimos tempos como “as bestas”.

Todos os dias te tentam minar o trabalho, homem. Qualquer dos jornais daquele gado lá de baixo, seja a Bola ou o Record ou até aquele papel bem absorvente e útil em campismo para apanhar trampa de cão, o Correio da Manhã, qualquer um deles está todos os dias a ver se te lixa. Ele é “o Hulk é gay”, ou “Falcao anda a tomar supositórios de ópio”, e temo que um dia destes surja um “Villas-Boas já violou ovelhas e não lhes telefonou no dia seguinte”. Já falta pouco, mark my words!!!

Mas o que interessa é ganhar hoje. Seja com a mão, como disseste, seja em fora-de-jogo, com ressalto no árbitro, de qualquer maneira o que interessa é que o resultado seja uma vitória dos visitantes. Vai ser difícil, como todos os jogos que disputamos naquela cidade, mas é para ganhar. E jogues com o Walter ou com o Hulk no meio, tenhas confiança no Fucile ou ponhas o Sereno a armar-se em em O’Shea a tapar o flanco ao parvalhão do Alan, o que conta é a vitória. Não podemos perder pontos, André, porque a mourada está cheia de vontade e garra e papo e está tudo a espumar para que percamos aqueles centímetros de vantagem que temos para nos calcarem, para minimizar a vantagem que temos para que eles, os grandes, os fortes, os gordos, os dinâmicos, os vivos, os diletantes da bola, para que essa corja de venenosos possam vibrar mais uma vez com as derrotas dos outros muito mais do que costumam fazer com as vitórias dos próprios.

Ouve-me, homem. Ganha. E cala-os não com as tuas palavras, mas com os actos da tua equipa. E assim, acredita, podes responder com a força do clube que defendes. Com alma. Com vida. Connosco atrás da equipa. Como sempre.

Sou quem sabes,
Jorge

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