Baías e Baronis – Sporting 0 vs 0 FC Porto (4-3 em penalties)

foto retirada do dnoticias.pt

Primeiro ponto: somos melhores que eles. Segundo ponto: somos bem melhores que eles. Terceiro ponto: vamos ter mais três oportunidades para mostrarmos que somos melhores que eles. E só nos faltou marcar um golinho, porque fizemos mais e melhor durante o jogo para conseguirmos evitar os penalties, mas mais uma vez faltou…isso mesmo. Foi um jogo feio, um jogo com demasiadas paragens e um jogo que faz com que estejamos mais um ano sem ganhar esta merda. Vamos a notas:

(+) Pressão alta e recuperação rápida. Nem parecia a mesma equipa que se estava a arrastar em campo no jogo contra o Tondela, tal foi a vivacidade e a forma física e rija como se mostraram em Braga. Pressão alta a aproveitar o 4-3-3 e mesmo com a lesão de Danilo (ou talvez “devido à lesão de Danilo”, porque houve um step-up depois da saída dele e da entrada de Óliver), o meio-campo esteve impecável a defender, forçando o Sporting a um jogo à Stoke, com Bas Crouch e Rory Coentrão a servirem como únicas forças de médio-micro-perigo que nos poderia causar alguma chatice. E só o fez num cruzamento depois de uma bola parada marcada tão rápida que a equipa estava ainda a preparar-se na área, o que mostra que os rapazes estiveram em grande durante todo o jogo, impedindo que Ruben e/ou Bruno fizessem o mínimo para justificar o ordenado. Depois da recuperação, a bola raramente era colocada em condições na frente a não ser para a corrida de Marega, mas isso são outras conversas…

(+) Marega. Foi o que menos mereceu não estar presente no sábado para tentar vencer o troféu. Trabalhou como um doido, debulhou relva e obrigou os jogadores do Sporting a alugarem sete ou oito bulldozers para o tentar parar, nem sempre com sucesso. Mas nunca desistiu, este estupendo espécimen de cimento núbio, mesmo tendo pela frente um dos jogadores mais esbofeteáveis do mundo, que merecia perder todos os jogos em que estivesse envolvido (caramba, deixem-me lá ser irracional um bocadinho, se eu não gosto do Briguel nem do Nelson Oliveira, também tenho direito de não gostar deste camelo sem me justificar, não tenho?).

(+) Ricardo. Que jogaço, puto. Mesmo apanhando com um oponente que merece que lhe puxem o prepúcio por cima da testa e o graffitem com rebites, esteve muito bem na intercepção e acima de tudo nas subidas pelo flanco, aproveitando o puxão gravitacional de dois colegas (Marega à direita pela imponência física e Sérgio Oliveira um pouco mais ao meio, pelo avantajado rabo que possui) que lhe abriam avenidas naquela linha mais-ou-menos-recta-na-diagonal-assim-vá-quase-coiso e rompia por ali fora como se estivesse atrasado para apanhar o autocarro. Merecia ter marcado numa dessas correrias doidas e era menino para me meter no carro e ir até Braga só para lhe pedir a camisola.

(+) A luta dos centrais contra o Bas Dost. Como o futebol típico de JJ contra equipas grandes se reduz em 95% dos casos a atirar a bola pelo ar e esperar que um arcanjo miraculosamente lhe atire a bola de volta para os pés de um qualquer pupilo e acidentalmente entre na baliza, os nossos centrais estiveram razoáveis. Perderam umas, ganharam outras, mas ambos estiveram rijos na luta contra o que parecia uma espécie de instrutor de Yoga vertical de barba feita. Poucos erros, muita luta, muita vontade e acima de tudo poucas faltas.

(-) Demasiadas bolas perdidas em construção. Não queria ser “that guy”, mas tenho de fazer uma achega ao Sérgio Oliveira e ao Óliver, que estiveram tão bem a defender e a pressionar mas um e outro falharam demasiado na altura da construção. O Sérgio porque tomou quase sempre a opção errada na altura de rematar, chutando quando não devia e passando quando devia pontapear; Óliver porque apesar de ser o único naquela zona com capacidade de inventar passes do nada, pareceu sempre pensar a um nível diferente dos colegas. Vou copiar o que disse aos Cavanis numa conversa aqui há minutos: “ele recebe, olha, faz os cálculos mentais setenta vezes mais rápidos que o Herrera e passa a bola perfeitinha…e não está lá ninguém.”. Herrera foi trapalhão e perdeu algumas bolas importantes e Brahimi esteve tanto tempo sem apoio dos colegas e rodeado por sportinguistas que pensei que pudesse estar no meio da claque sem se aperceber. Percebo que é utópico pensar que há pernas e organização táctica e capacidade técnica e tudo está embrulhado com uma bela fitinha azul (que a todos fica bem, hey-oooo escola primária!), mas duas em três por vezes (como hoje) não chega.

(-) Golinhos? Um? Please? Não houve assim tantos golos falhados hoje, mas houve muitas oportunidades que podiam ter chegado lá se houvesse um bocadinho mais de calma e de percepção de espaço e de presença de jogadores em melhores posições que o homem que tinha a bola. Ou então era só o Aboubakar ter levantado a bola mais um bocadinho naquele quase-chapéu…e eu calava-me.

(-) Lesão de Danilo Não faço a menor ideia se é grave. Espero que não. Rezo para que não seja. Ou por favor que não seja. Porque se o Óliver entrou bem para o jogo, não há garantias que o volte a fazer na próxima vez que seja chamado. Ou então…é altura do Sérgio Oliveira justificar a aposta nos jogos grandes e extendê-la para os menos grandes…se bem que até ao final do campeonato, todos os jogos são “grandes”, né?


Perdemos. Não perdemos bem, mas perdemos. Siga, há mais, muito mais para ganhar este ano.

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Ouve lá ó Mister – Sporting

Camarada Sérgio,

Hoje será o primeiro dia do resto das nossas vidas. É um cliché absurdo, como a maior parte deles são e por isso tento não os usar, mas este tem uma particularidade que me toca perto do coração, porque hoje é o penúltimo passo para a primeira vitória nesta competição. Quantas competições vos faltam ganhar, portistas? Das que ainda existem, porque já estou a excluir a Taça das Taças e outras que tais que já passaram à história. Ah, e a Eusébio Cup, que não prevejo possibilidade de virmos a ser convidados num futuro próximo. Ou seja, esta é a que falta. E é hoje que vamos reservar lugar no museu para a exibirmos ao comum dragão que a queira ver sem ser na televisão.

Estou confiante, Sérgio. Estou, pá, porque não haveria de estar? É um clássico, é um confronto de grandes equipas e de um bom treinador contra ti. Louco, mas bom. Não é bom em tudo (até o Deco falhava passes, caramba) mas é um gajo de fibra e garra e tu vais fazer-lhe exactamente o que não conseguiste acabar de fazer na primeira volta da Liga. E daqui a uns dias vais repetir a dose. E depois sabes o que vais fazer? Repetir a repetição. E depois? Ainda falta mais uma repetição da repetição do original arraial de pancada metafórica com que vais mandar os moços para casa. “Só” faltam quatro jogos contra o Sporting e são todos para ganhar.

Vamos lá, rapaz. Ganha esta merda de uma vez por todas para voltarmos a dizer que não queremos saber disto para nada.

Sou quem sabes,
Jorge

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Baías e Baronis – Paços de Ferreira 2 vs 3 FC Porto

foto retirada do Twitter (não me lembro de que conta, sorry!)

Um jogo que devia ter sido mais tranquilo a nível do resultado mas que foi bem pacífico em termos tácticos e do controlo que tivemos durante toda a partida. Bastava acelerarmos um poucochinho e via-se logo que a diferença entre os nossos jogadores e os do Paços era enorme e só pecamos pela incapacidade de enfiar pelo menos mais umas cinco ou seis bolas na rede. Notas abaixo:

(+) Brahimi. É impossível ver Brahimi e não ficar logo na beirinha da cadeira, sofá, poltrona, onde quer que estejam sentados, prontinhos para saltar depois de mais uma finta em progressão. E depois de um jogo destes, onde Brahimi mais uma vez levou pancada como se fosse um saco de boxe em frente ao Rocky, vê-lo marcar um golaço daqueles e ser o principal desequilibrador da equipa com alegria e vontade de jogar, só posso ficar babado por tê-lo moralizado e em força no nosso ataque. Continua assim pelo menos até ao fim do ano, rapaz!

(+) Herrera (até ao cotovelo maroto). Jogaço do capitão, com excelente posicionamento em recuperação defensiva e acima de tudo a pautar o jogo como era preciso, especialmente numa altura em que os centrais decidiram começar a jogar longo e Hector começou a pegar mais na bola e rodá-la para os locais mais indicados. Estou a ter um momento Guarín com este fulano, depois de o criticar tanto e durante tanto tempo, rendo-me à evolução positiva de um homem que nos pode garantir equilíbrio no jogo e tino nas acções com bola. Quem diria.

(+) Mar Azul. Com o estupendo agendamento de um jogo a um sábado à noite, dia 30 de Dezembro, com frio e possivelmente alguma chuva, houve milhares de portistas que foram até Paços de Ferreira apoiar a equipa e encheram o estádio de azul e branco, cantando durante todo o jogo e fazendo daquele estádio uma casa fora de casa. E apesar das tochas, foi uma alegria ver uma bancada completamente cheia de malta das nossas cores a incentivar os rapazes. A repetir já na quarta-feira!

(-) Demasiados golos falhados. No jogo contra o Rio Ave, para esta mesma competição, escrevi isto: “Meninos, não me lixem. Houve demasiadas oportunidades falhadas para poder ser considerado normal. Muitos remates por cima, indecisões na altura da opção de finalização e quase todos estes lances em bola corrida (sim, porque marcamos dois golos de bola corrida, huzzah!) que não se percebe muito bem se os rapazes estavam a tentar colocar a bola de uma forma mais bonita ou apenas se ficaram surpreendidos pela facilidade com que interceptavam a bola logo no início das jogadas. Ainda assim, merecia um dia de treino específico para todos.”. Só mudo os “remates por cima” para “remates à figura”. Vinham todos à Ben-Hur, amarrados atrás do autocarro até ao Olival para aprenderem.

(-) Os centrais a nanar. Oh minha gente, o jogo tem quarenta e cinco minutos multiplicados por duas partes e vocês passaram uma boa parte da primeira numa indolência terrível, com maus passes longos e curtos, desconcentrações a rodos e uma doentia soneira na altura de fazerem alguma coisa para interceptar bolas do adversário na área. Demasiada passividade nos dois golos do Paços que, aposto, levou a que o Sérgio lhes ganisse aos ouvidos durante o intervalo, porque vieram mais atentos e afoitos para a segunda parte.

(-) A expulsão de Herrera. Foi bem expulso, nada a dizer. O capitão de equipa não pode fazer aquele gesto e colocar em risco a sua continuação em campo e a participação no próximo jogo, porque nem o próprio João Pinto ou Jorge Costa, dois dos capitães que identifico como maiores símbolos do clube a usar a braçadeira (do meu tempo, atente-se) poderiam fazer aquilo sem arriscar um puxão de orelhas de quem quer que seja que mande na equipa. E eu já vi o Jorge Costa a arrancar um escroto com as mãos, regá-lo de bagaço e assá-lo num espeto ao lado da baliza! Pronto, não vi, mas imagino que poderia acontecer cmo alguma facilidade! Foi desnecessário e só pecou pela ineficiência, porque se ia fazer aquela parvoíce, ao menos que tivesse servido para fazer com que o gajo do Paços tivesse de ir para o hospital para lhe tirarem os pré-molares do estômago…

(-) A não-expulsão de vários gajos do Paços. …e continuando com o ponto acima, vamos passar para o outro lado. Gian fez pelo menos quatro faltas que mereciam amarelo com aviso que a reincidência daria mais um. O André Leão passou o jogo a acertar o que via (com uma coerência incrível, ele que só sabe jogar assim há tantos anos), esse mesmo André que amarrou o Herrera como se o fosse raptar fez o mesmo em vários lances e o Mateus entrou para bater em gente de azul e branco. Só, porque nada mais fez em campo. Não discuto o lance do Herrera (nem há nada para discutir) mas vários homens do Paços teriam de ir para a rua mais cedo. Como de costume, foi o nosso que seguiu para tomar banho antes dos outros, tal como Danilo na jornada anterior. Não devia haver um livro de regras para nós e outro para os outros…pero que lo hay…


Final four. Não me consigo entusiasmar muito com isto, apesar da meia-final ser contra o Sporting e um clássico é sempre para ganhar e viver e sofrer…mas ainda há muito campeonato para jogar até lá chegarmos. E é bem mais importante.

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Ouve lá ó Mister – Paços de Ferreira

Camarada Sérgio,

Como vai essa pança? Da maneira que te imagino, tu és gajo para alapares a peidola na cadeira, arrastares a dita para a mesa enquanto te acomodas para receber o repasto natalício e depois de mastigares o equivalente à dívida externa da Papua em forma de bacalhau ainda és menino para mamares mais uns quantos single malts ao mesmo tempo que gritas para a família “Oh Marega, oh Marega o caralho que se não fosse eu era oh marega vai pró caralho oh moço aí ao canto bota mais uma gotinha que ainda preciso de mais um digestivo!”. Pelo menos é isso que acontece na minha cabeça, se assim não for, as minhas desculpas e parabéns pela vida de asceta que levas, oh worthy one.

Começa a ser altura de te arranjarmos um título à futebol. Tem de ser qualquer coisa acabado em “one” porque…eh pá, porque vende e cola ao ouvido e porque sim. Proponho: “The Recycling One” tendo em conta a quantidade de gajos que foste re-buscar, os Abous e Maregas e Reyeses e afins, que ainda nos dão alegrias e podem (devem!) continuar a dar. E hoje é dia de regressar ao trabalho e nada melhor que um jogo decisivo que nos obriga a ganhar e a fazer pela vida para passar a fase de grupos desta coisa da Taça da Liga. Vê lá quem está em melhor estado, quem tem as perninhas cansadas e quem comeu como um Walter, escolhe bem o onze que eu vou acreditar que é possível jogar à Boxing Day em Portugal. Pá, deixa-me sonhar um bocadinho. Olha, sonhos…volto já!

Sou quem sabes,
Jorge

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Baías e Baronis – FC Porto 3 vs 0 Rio Ave

foto retirada do zerozero

Quando os jogos começam a ganhar contextos de “vitória or bust”, exigem-se exibições deste nível, onde os jogadores encaram a partida com cinismo, sentido prático e acima de tudo noção de responsabilidade para vencer sem ser preciso jogar bem. Ou bonito. Ou só jogar. E à boa maneira de Mourinho em 2004, foi um jogo que controlamos sem dominar e que teve dois vencedores: o FC Porto e Sérgio Conceição. Notas abaixo:

(+) Ganhar vs jogar. É uma forma interessante de ver um jogo de futebol e algo que raramente acontecerá se não estivermos a torcer por nenhuma das equipas que está em campo: aposto que ninguém estará muito entusiasmado a ver um jogo em que uma equipa joga apenas para ganhar e preferiria que ambas as equipas estivessem em confronto de ideias iguais, numa espécie de justa medieval entre cavaleiros semelhantes e que dura noventa deliciosos minutos em que um e outro se equiparam de olhos nos olhos e atacam com as mesmas armas e a mesma mentalidade. Nem sempre é assim, sabem, meus líricos do carago. Por vezes, os treinadores optam por vencer o jogo em vez de jogar bem e foi isso que o FC Porto fez hoje. Abdicou de jogar para ganhar. Adequou a sua estratégia às valências do adversário, percebeu como o contrariar e fê-lo bem. Fê-lo muito bem. A espaços, fê-lo extraordinariamente bem, tão bem que quase sem atacar podia ter goleado o Rio Ave. E garanto que este Rio Ave pode jogar melhor que o adversário em oitenta por cento dos jogos que disputa. Mas vai perder sempre que apanhar uma equipa que jogue para ganhar.

(+) Pressão alta. Foi o ás na manga de Sérgio Conceição e que abanou toda a construção do Rio Ave, um pouco como todos os adversários nos fizeram no início da curta carreira de Paulo Fonseca no Dragão, quando os jogadores não conseguiam quase sair da área sem serem pressionados. E foi com empenho e qualidade que a equipa apertou toda a linha defensiva do Rio Ave de uma forma de tal maneira sufocante que até a ver o jogo na televisão me cansou ver a equipa tão esticada no terreno. Funcionou muito bem e só não marcamos mais golos porque mais uma vez estivemos em dia de fartura de oportunidades e fome de eficácia.

(+) Ricardo. Não sei o que me fez gostar tanto da exibição dele hoje. Se as subidas muito bem feitas pelo flanco, as intercepções pelo ar ou pela relva, a maneira como apanhou o Yuri Ribeiro sempre com muita vontade de o vergar a um falo metafórico e de lho enfiar pela goela abaixo (sim, é mais um daqueles gajos que merece engolir tudo o que lhe derem para engolir, esse neo-Briguel) ou até pela maneira como o vi sempre muito empenhado e sem falhas. Gostei, mais uma vez.

(-) Demasiados golos falhados. Meninos, não me lixem. Houve demasiadas oportunidades falhadas para poder ser considerado normal. Muitos remates por cima, indecisões na altura da opção de finalização e quase todos estes lances em bola corrida (sim, porque marcamos dois golos de bola corrida, huzzah!) que não se percebe muito bem se os rapazes estavam a tentar colocar a bola de uma forma mais bonita ou apenas se ficaram surpreendidos pela facilidade com que interceptavam a bola logo no início das jogadas. Ainda assim, merecia um dia de treino específico para todos.

(-) A expulsão de Danilo. Só consigo ver aquilo de uma forma: Danilo forçou o segundo amarelo para se poupar em Paços de Ferreira no dia 30, porque para lá de dar um murro na bandeira de canto também insinuou em voz alta que o árbitro se deitava em conchinha com carneiros. Porque se foi apenas pela coisa da bandeira…porra, foi a expulsão mais soft da época e quase incompreensível.


Não pude ir ao Dragão e como tal tive de aguentar o Bruno Prata. Deus está stressado com o nascimento iminente do filho, sinceramente.

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