Just B

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Acompanho a equipa B desde que foi reconstituída e faço-o por vários motivos, todos eles naturais. Vi a grande maioria dos jogos, em directo ou diferido e se não falei mais neles durante a época (e nas épocas anteriores) devo-o à preguiça ou à falta de tempo. E só não fiz o mesmo com os sub-19 porque foram exibidos menos jogos durante o ano, mas vou seguindo e evolução de muitos destes rapazes há vários anos. E vejo esta malta da mesma forma como ouço uma música de uma banda desconhecida, pondo o meu melhor chapéu hipster e inventando um postiço bigode à Dali, ao mesmo tempo que penso cá para mim: “eu estava cá quando começaste a jogar, rapaz, lembro-me bem de ti.”.

Numa era em que tantas referências nos faltam dentro de campo, ver os Bês a jogar é um prazer. Não por serem geniais, pela fluidez tremenda do futebol ou pelas jogadas de entendimento cósmico que os leve a um patamar Barcelónico. Mas é a facilidade no jogo colectivo, a quase total ausência de vedetismos, onde as individualidades cedem perante a força e as necessidades do colectivo, onde cada um é só mais um dentro de um todo. O prazer de ver a evolução de homens como André Silva, Rafa, Victor Garcia, de  ou Graça, que cresceu tanto durante a época que me fez mudar radicalmente de opinião, eu que não gostava dele no início da temporada. E, porque não, assistir à reencarnação de antigas glórias com novos nomes, onde vejo um Ruben Macedo a lembrar Jorge Couto, Ismael a ter laivos de Hulk, Gleison como novo Derlei e Tomás (talvez o meu jogador preferido dos Bs já como o era nos sub-19) a partilhar o Óscar de Melhor Moutinho com Francisco Ramos. Nenhum deles é um génio mas há muito talento neste grupo e começam a escassear as desculpas para não apostar nalguns destes rapazes no próximo ano. Luís Castro fez um trabalho sério e mostrou que a estrutura de um grupo vale tanto como a sua liderança. Parabéns, mister!

É um grupo bom. Um grupo saudável. E tem feito por merecer bem mais o aplauso de todos os sócios e adeptos portistas que uma grande parte dos As. Há portistas vivos na B. É só querer aproveitá-los.

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Dá mais gosto ver os Bês

São quase duas da manhã e estou a ver o jogo dos Bês contra o Sporting. Tenho escrito pouco sobre estes rapazes (e sobre os outros também, admita-se) este ano, mas vejo todos os jogos que consigo e só posso estar satisfeito com o que tenho visto. Não há ali enormes talentos, nem mini-Ronaldos nem mini-Messis. Mas há meia-dúzia de rapazes de qualidade que têm feito com que a equipa esteja em primeiro lugar na segunda Liga com todo o mérito. E há mais que isso. Há consistência. Os jogadores sabem o que fazer em campo, dos relativamente ineptos defesas centrais que cortam a bola para fora quando precisam; dos médios, talvez os mais pequenos de toda a nossa história, que trocam a bola entre eles com o entrosamento que o convívio habitual traz e que as rotinas que vão criando ajudam a construir e a trabalhar em permanência; dos avançados, que recebem apoio dos laterais e que se cruzam e trocam de posições com inteligência; dos próprios laterais, ambos titulares de caras em metade das equipas da divisão acima, que defendem com afinco e sobem com critério. Jogam porque se conhecem e conhecem-se porque jogam.

Não há Messis mas há talento. Ismael, um Hulk em potência que faz os mesmos erros que o brasileiro fazia quando chegou à Invicta. André Silva, que tem mais de Domingos que o seu próprio filho, agora a penar em Coimbra. Rafa, que fará corar de vergonha quem optou pelas contratações de Cissokho e Angel. Victor Garcia, que há tempos merece ser utilizado na equipa principal com mais frequência. Francisco Ramos ou Graça, que “roubou” o lugar a Tomás, qual deles o mais inteligente com a bola nos pés.

Há talento, há. Não para entrar directo para o onze da primeira equipa mas sem dúvida para fazer comichão às escolhas dos principais. E acima de tudo pelo gozo que dá vê-los a jogar, ao contrário dos que lhes tapam o lugar no Dragão e os obrigam a jogar em Pedroso.

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Baías e Baronis 2013/2014 – A equipa B

Acompanhei a progressão da equipa B desde a sua recriação no ano passado e há algo que salta imediatamente à vista e que tem sido habitualmente negligenciado por toda a malta que fala da bola, em particular do FC Porto: a relação com a equipa B é bipolar. Se ganham meia-dúzia de jogos são os melhores do Mundo, não há formação como a nossa, é um Cristiano Ronaldo atrás de cada pedra e os cegos da SAD e do treinador é que não vêem isso; se perdem a mesma meia-dúzia, o projecto visão 611 é uma merda, os scouts são uma merda, os putos são uma merda, os treinadores são uma merda, a aposta na juventude devia ter sido feita há mais tempo ou então era acabar a equipa B porque só tira dinheiro e oferece emprego a jogadores que vieram para cá para dar comissões a ganhar aos elementos da SAD. A habitual esquizofrenia da malta, portanto.

A equipa B é exactamente isso. B. Não é A, não é A2, é B. É uma equipa que intermedeia a passagem dos jogadores que crescem e amadurecem nos escalões de formação do clube para que possam ser testados a um nível profissional, acima das picardias e loucuras da juventude. Serve também um segundo propósito: para dar minutos a jogadores da equipa principal que tenham menos oportunidades de jogar, para que possam manter uma condição física aceitável e ritmo de jogo que propiciem uma fácil entrada para o onze caso seja necessário. Definições auto-wikipedianas aparte, vamos a curtas notas porque a época já acabou há mais de um mês e o atraso torna as análises cada vez menos e menos prementes.

A temporada foi simpática, com alguns momentos de menor fulgor exibicional mas que manteve desde a primeira jornada uma perspectiva de luta e de consistência táctica notável especialmente se tivermos em conta o que se passava na equipa sénior principal. O segundo lugar assenta bem à equipa que muito à imagem do que se passou no Hóquei, acabou por perder os pontos necessários para conquistar o título contra adversários menos cotados. Tanto Luís Castro como José Guilherme tiveram um approach muito similar à gestão activa dos seus homens, com seriedade e a conseguir estabilizar um onze-base a partir do primeiro terço da época, fechando o grupo a um núcleo de 14/15 jogadores que lhes deram todas as garantias de qualidade, com uma ou outra alterações pontuais devido a lesões e/ou castigos. Raramente houve quebras exibicionais grandes ou exageros de vedetismo. Houve esforço, muito esforço e mostrou-se ao país futebolístico que com trabalho duro e inteligência táctica, a água lá chega ao moínho.

A nível de aproveitamento individual, não há como não mencionar Tozé. Foi a confirmação que os adeptos precisavam depois de vários anos de hype gerado e que raramente foi visto em campo pela maioria do povo. Rápido, prático, lutador, continuo a ver nele um possível futuro Alenichev a jogar ao lado de Quintero e Defour, no meio-campo mais pequeno da história do FC Porto. I jest, of course, mas o puto tem talento e foi um prazer vê-lo jogar. O segundo homem que rendeu acima da média de todos os outros foi Mikel. Já no ano passado tinha evoluído, crescido como jogador e adaptado a várias posições em campo, todas no veio central do terreno. É a trinco que mais rende, ocupando o espaço logo à frente da defesa, percorrendo quilómetros na recuperação de bolas perdidas e a servir como principal fornecedor de bola aos criativos (Tozé, Ivo ou Kayembe) ou aos volantes (Pedro Moreira, Leandro Silva – que fortíssimo pontapé tem este rapaz – ou Tomás). Gonçalo Paciência também brilhou a partir do meio da época, tornando-se no foco principal da atenção ofensiva da equipa, servindo como alvo para as deambulações de Kayembe pelo flanco direito. O belga parece ter talento mas creio ainda estar verdinho para andanças mais exigentes. No entanto, o rapaz que mais me entusiasmou foi Ivo, um extremo à antiga, a jogar pela linha, sem medo dos laterais, a funcionar como uma seta apontada à baliza adversária com um bom remate e uma técnica individual acima da média. Era ainda sub-19 e vai para o ano fazer a segunda época na B mas tem tudo para progredir e chegar em breve à equipa principal.

Na defesa Victor Garcia esteve quase sempre bem, rijo a defender e activo no ataque. Rafa, do outro lado, foi alternando a titularidade nos sub-19 e na equipa B e mostrou que sabe marcar livres directos como poucos. No eixo, Tiago Ferreira foi a grande decepção, com muitas falhas e desconcentrações e apesar de ter qualidades suficientes para poder ser uma alternativa em último recurso para subir de nível, não mostrou a qualidade que esperava dele. Quiño, como já referi acima, foi pouco hábil no flanco, tacticamente inexistente e propenso a enormes erros de julgamento e posicionamento que o devem fazer sair do FC Porto sem grande glória.

As notas de destaque da equipa B ficam abaixo:

BAÍAS:
GONÇALO PACIÊNCIA
IVO
KAYEMBE
KADU
MIKEL
PEDRO MOREIRA
TOZÉ
VICTOR GARCIA
BARONIS:
KELVIN
KLÉBER
QUIÑO
STEFANOVIC
TIAGO FERREIRA

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Plano B

Em Olhão, gostava que entrasse em campo a seguinte equipa:

Kadu; Victor Garcia, Quiño, Maicon, Tiago Ferreira; Mikel, Pedro Moreira, Quintero; Kelvin, Tozé, Gonçalo Paciência. No banco pode ficar o Ivo e o Leandro, mais o Tomás e o Fréderic, sem esquecer o André e o Kayembe. E o Fabiano, pronto.

E perguntam vocês: “Mas tu estás doido, Jorge, então isso é uma equipa com uma média de idades ao nível do QI da malta da Casa dos Segredos!”

And. So. What? Está tudo decidido, os As estão todos com a cabeça no Brasil ou em qualquer outra praia e a malta está farta de ver sempre os mesmos mortos que já não sabem o que fazer. Ergo, avancem os putos.

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Os sósias dos Bs

Regresso à equipa B. Enquanto via o jogo no Domingo contra o Tondela, passavam-me pela cabeça diversos pensamentos. Será que o perú ainda está em condições para comer ao almoço? Quanto é que paguei para lavar o carro ontem de manhã? A que horas é que tenho de sair de casa para estar na Feira do Mirtilo a tempo de assistir ao seminário: “Míldio: o inimigo silencioso” ? Mas de todas estas, havia uma que me atravessava o córtex com mais insistência: “Quem é que este gajo me faz lembrar?”. E isto aconteceu com vários jogadores, por isso decidi juntar uma pequena lista daqueles que serão putativos dopplegangers dos nossos jogadores da B. Limito a selecção aos nossos antigos jogadores, para que o termo de comparação seja mais prático. Aqui vai:

Jogador da B Doppleganger ex-FCP Razões, absurdas ou não
Dellatorre Derlei Rápido, remate pronto, muito móvel e disposto a recuar no terreno para ajudar os colegas.
Fábio Martins Tarik Brincalhão, quase sempre a mesma finta, faz uma jogada brilhante e desaparece do jogo no minuto seguinte.
Tiago Ferreira Ricardo Carvalho É inteligente com a bola, não inventa lances impossíveis e é prático no corte mas consegue sair com a bola controlada. Perdoem-me a heresia, mas se o David Luiz alguma vez tivesse lutado pelas forças do bem, também podia ser parecido.
Stefanovic Kralj O jogo aéreo está ao nível do nosso ex-gigante sérvio. Espero que a miopia não seja idêntica. Espero estar muito enganado. MUITO enganado.
Victor Luiz Benítez Fraco no 1v1, excessivamente duro nas entradas ao adversário e com fraco posicionamento na cobertura da zona central
Mikel Peixe com a técnica do Vinha Rapaz…as intercepções são boas…mas tens de te focar na bola. SÓ na bola. E passa uma hora por dia a chutar bolas para uma parede. Vais ver que o teu controlo do esférico melhora.
Sérgio Oliveira Bino à velocidade de Bolatti Lento demais, com poucos passes de ruptura e uma incapacidade tremenda de vencer no 1v1 com adversários que pesem mais de 30 kg.

Se alguém se lembrar de mais algum, força.

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