Futres e Folhas – Portugal 0 vs 0 Espanha (2-4 em penalties)

foto retirada do MaisFutebol

Já percebi uma coisa nos últimos anos que tenho assistido a jogos de Selecções: jogar contra a Espanha é como enfrentar o “boss” no final do último nível de um jogo de computador daqueles tramados, antigos, que punham um gajo a espumar-se todo enquanto esventrava o teclado ao carregar em dezenas de teclas ao mesmo tempo para disparar mais um tiro, para lhe dar mais uma facada, para baixar a energia do animal só mais um pentelhozinho que nos permitisse passar para o próximo nível. Mas não há próximo nível e a Espanha, esta Espanha, é uma merda duma grande equipa. E hoje, mesmo sem fazer um grande jogo, teve a sorte dos campeões que nós também procuramos mas nunca conseguimos. O jogo foi fraco, tanto o nosso como o deles, mas a falta de um ponta-de-lança em condições, associada a uma má noite de Ronaldo e Nani, não conseguiram elevar o jogo dos centrais e de Moutinho, bem ajudados por Coentrão, ao nível que era necessário para mandar abaixo os hermanos. Outra meia-final, outra eliminação. Enfim. Notas abaixo:

 

(+) João Moutinho Se o jogo dos quartos contra a República Checa tinha sido impressionante pela capacidade de esforço, a pressão alta e a movimentação no meio-campo com e sem bola, este único jogo contra a Espanha foi mais importante para a imagem de Moutinho no mundo do futebol que toda a época passada com o FC Porto na Europa. Moutinho esteve em todo o lado, a recuperar bolas perdidas na defesa, a lançar contra-ataques com o timing certo para a pessoa certa, a brincar com a bola ao lado de um Xavi que foi ofuscado pela presença do nosso João. Foi talvez o jogador mais consistentemente positivo da Selecção no Europeu. E é nosso. Por agora. Porque se continuar a exibir-se a este nível, não vai ser nosso durante muito tempo…

(+) Coentrão Excelente na garra, na luta, naqueles pormaiores que o levaram para o Real Madrid e o colocaram como titular na equipa de Mourinho. Acima de tudo, e aqui reside a principal diferença, não usou manhas parvas como já o vi várias vezes a fazer e limitou-se a fazer aquilo que melhor faz e sabe: lutar. Sempre com a vontade de ir mais longe, de tirar a bola ao adversário, de procurar a melhor opção e levar a equipa para a frente, sempre para a vitória. Excelente.

(+) Os centrais É a melhor dupla do Europeu, talvez equiparada apenas pelos dois que hoje encontraram do outro lado. Pepe joga alto, longo, na compensação das lateralizações de Bruno Alves e a tapar as saídas de posição de Miguel Veloso para ajudar num ou outro flanco. Bruno, alto, forte, rijo, sem facilitar. Estiveram em grande nível hoje, mais uma vez.

 

(-) Nani É o oito e o zero-ponto-zero-zero-zero-zero-oito. Raramente o oitenta. Nani esteve mortiço, fraco, desanimado, infeliz. Nunca pareceu conseguir furar o flanco sempre tão aberto de Jordi Alba e insistia sempre nos mesmos erros defensivos ao deixar passar o catalão como se não existisse. Nani tem o talento de poucos mas parece estar progressivamente a Quaresmizar a sua influência em campo e a perder influência na Selecção. Hoje notou-se que ficou em campo apenas porque a alternativa (Varela) não é particularmente credível.

 

Caímos de pé, é verdade. Tentamos pouco contra a Espanha, também é verdade. Nada me garante que depois de conseguirmos parar o soporífero espanhol com uma pressão alta que só podia dar cabo das pernas dos nossos rapazes (o que acabou por levar a que no prolongamento a zona de acção passasse da linha de meio-campo para a da nossa grande-área), não conseguiríamos avançar um pouco no terreno e marcar um golo, ou pelo menos tentar. Foi uma espécie de repetição do primeiro jogo, contra a Alemanha. Mas desta vez nem reactivos fomos, simplesmente porque não havia nada à qual reagir. Foi uma prestação melhor do que esperava e dou-lhes os parabéns por isso, ainda que não aprecie o estilo de jogo nem alguma das opções tomadas, mas os resultados são notáveis. Ainda assim talvez tenhamos de repensar a nossa mentalidade competitiva para podermos sonhar em ganhar um troféu destes. Mas a verdade é que perdemos nas meias-finais do Europeu contra o campeão do Mundo e da Europa. Nada mau, rapazes, nada mau.

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Futres e Folhas – República Checa 0 vs 1 Portugal

foto retirada de desporto.publico.pt

Aquela cabeçada de Ronaldo, depois de setenta e nove minutos em que pouco falei a não ser para gritar para uma televisão que nunca me respondeu, foi o suficiente para vencer o jogo. Mas começa a ser frustrante ver jogos da Selecção e assistir à quantidade parva de lances de golo criados e não concretizados. Azar, muito. E acima de tudo isso, azar, porque inépcia há alguma mas há muito talento na grande maioria daqueles pés que calçam botas multi-coloridas e que de cinzento pouco têm. Hoje, finalmente, vi alguma rotação da bola no meio-campo, com um grande jogo de Moutinho, a garra de Meireles e de Veloso, o esforço de Coentrão e a capacidade individual de Ronaldo, a força de Pepe e Bruno Alves. Hoje vi, finalmente, uma equipa. E não podia ter chegado em melhor altura. Parabéns, rapazes. Hoje foi talvez o jogo mais aborrecido deste Euro. Mas ninguém vos atira a desfeita à cara. Notas abaixo:

 

(+) Ronaldo Só alguém que não tem noção nenhuma do que é jogar futebol pode criticar Ronaldo pelos golos falhados aqui há uns dias. É arrogante, é rico e peneirento, é madeirense, é um merdas. Chamem-lhe o que quiserem, mas Ronaldo é (e continuará a ser durante uns bons anos) um dos melhores jogadores de sempre do futebol mundial. E nota-se nos olhos, na vontade, na celebração dos golos, na forma como tem vindo a subir de forma, que quer fazer deste o “seu” Europeu. E vai tentar tudo para que tal aconteça. Só temos a lucrar com isso, porque se afirmei que Portugal era uma equipa composta por Ronaldo+10, a verdade é que com Ronaldo a jogar desta forma temos hipótese de ganhar muitos jogos. Sem ele, as chances baixam astronomicamente.

(+) João Moutinho É bom, o puto. É muito bom. Quando joga assim-assim, é bom. Quando joga bem, é fabulosamente bom. Quando joga mal…é uma anomalia estatística. Foi mais um jogo de inteligência em posse, com a noção quase perfeita de onde estar no momento adequado, para quem passar quando é preciso e o que fazer quando não se tem a bola nos pés. Moutinho é essencial na Selecção e está a ser um dos melhores jogadores deste Europeu pela conjugação de talento, capacidade táctica e perfeição técnica que tem vindo a mostrar. Puxando a brasa à sardinha portista, só espero que não dê demasiado nas vistas. Pode ser pequenino em altura mas é enorme em campo.

(+) Miguel Veloso Uma surpresa a jogar a seis. Não é um trinco à Costinha ou Petit, eles que fizeram história na Selecção pela forma como abordavam o jogo usando a perspectiva da vassoura: está aqui, é para varrer. Veloso é mais inteligente e bem mais avesso a grandes deslizes pela relva a raspar as coxas no verde tapete. Mantém-se de pé mas usou bem o corpo como barreira e o posicionamento defensivo tem sido vital na cobertura do flanco esquerdo, possibilitando as subidas de Coentrão e tapando a rectaguarda quando é necessário. É lógico que quando chega perto da bola torna-se mais fácil tirá-la ao adversário porque o puxão gravitacional de Miguel Veloso é forte, mas está-me a surpreender pela leitura de jogo e atitude em campo.

 

(-) O flanco direito Um de cada vez. Comecemos por Nani, que hoje foi um complicadinho, lento, sem ideias, com pouca força no contacto físico e ainda pior capacidade de decisão. Várias vezes endossou a bola para o homem de costas para a baliza…e deixou-o ficar lá, rodeado de checos e preso como um cavalo de tróia transparente enquanto optava por não criar uma linha de passe para receber a bola de volta. Não fez um bom jogo ao contrário do que tinha feito contra a Holanda. E depois temos João Pereira. Estou convencido que ainda vou conseguir cunhar um termo para este rapaz. Toda a gente que joga à bola diz coisas como: “Olha, vou fazer uma à Zidane”, ou “à Figo”, ou até “à Ronaldo”. E fazer uma “à João Pereira” é ainda mais giro porque não requer preparação, talento ou inteligência. Basta fazer uma de duas coisas: sair para um contra-ataque em que o guarda-redes não está na baliza contrária e TENTAR FINTAR o jogador que lhe aparece à frente em vez de adiantar a bola para longe e ganhar no contra-pé; ou então fazer aquela finta de corpo que só ele sabe, enganando todo e qualquer rectângulo de relva que esteja num alcance de dois ou três metros quadrados. Xissa que o rapaz é burro.

 

E depois de noventa e quatro minutos de ataque quase contínuo, forte pressão alta, remates ao poste e parvoíces consecutivas de João Pereira, Portugal está nas meias-finais do Europeu. O pequeno animal de caninos afiados dentro de mim que cospe pessimismo todos os dias nunca acreditou que conseguíssemos passar a fase de grupos, mas essa bestinha interior também sabia que a partir do momento em que tal fosse uma realidade, tudo seria possível. Tudo. Até ganhar à França e vingar aquelas duas meias-finais, as de 2000 e 2006. Ou esquecer os oitavos de 2010 contra a Espanha, eles que nem o Villa têm. E conseguimos chegar cá por mérito próprio, em crescendo, a jogar melhor, a falhar melhor, como Beckett sempre sugeriu. Pelas barbas de Viriato, estamos perto.

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Futres e Folhas – Portugal 6 vs 2 Bósnia-Herzegovina

foto retirada de Record

Alguém me explique qual é a necessidade tão lusitana de apenas fazer os grandes esforços na ponta final, quando o risco é alto e as consequências mais graves? Ao longo desta fase de qualificação, desde o empate contra o Chipre até à última derrota contra a Dinamarca, em nenhum jogo nos tínhamos exibido a um nível como fizemos hoje na Luz. Queiroz ou Bento, Bosingwa ou Pereira, Carvalho ou Pepe…tanta tinta correu, tanta lágrima foi derramada…para chegar ao dia de hoje e fazer uma exibição que teve tanto de genial como de tranquila, calma, sem aparente nervosismo nem periclitância. Vencemos bem e vamos ao Europeu com mérito. Notas abaixo:

 

(+) Ronaldo Foi o capitão que precisávamos na altura mais importante. Já na Bósnia tinha sido um dos melhores em campo, a par de Pepe, e hoje esteve impecável desde o início do jogo. Quando Ronaldo está bem e joga com gosto, com dinamismo e com algum espaço, é um jogador quase imparável e hoje foi um Ronaldo no seu melhor, pouco complicativo, a jogar prático, simples, interessado e produtivo. Fez dois grandes golos, uma excelente exibição e acima de tudo fomentou sempre a união entre jogadores e público.

(+) Miguel Veloso Está melhor, o badocha. Ocupou muito bem os espaços e conseguiu servir de tampão atrás de Moutinho e Meireles para anular os ataques frontais dos bósnios, mas nunca deixou de pensar o jogo e de rodar a bola para horizontalizar o jogo quando era preciso. (Que foi, só o Freitas Lobo é que pode usar estes termos? Também tenho direito!) Ainda por cima marcou um excelente golo de livre directo. Parece que viver e trabalhar nas terras de Colombo está a fazer bem ao gorduchinho e Portugal só tem a ganhar com isso, porque quando há necessidade de um jogo mais posicional e com posse de bola, Miguel Veloso é melhor escolha que Meireles. Só fica a perder quando precisarmos de dar pancada no meio-campo…porque aí ninguém ganha ao Pepe.

(+) Moutinho Um jogo muito acima da média exibicional que tem vindo a manter esta temporada no FC Porto, com passes a rasgar, luta no meio-campo, rotação de bola e acima de tudo a presença de um jogador que continuo a afirmar ser essencial tanto no clube como na selecção. Grande passe para o segundo golo de Ronaldo. Volta assim prá Invicta, rapaz!

(+) Agressividade defensiva À imagem do que tínhamos feito em Zenica, o jogo começou a ser ganho por Pepe e Bruno Alves, à força. As tácticas de strong-arm são aplicáveis em situações de perigo e nós fizemos exactamente o que era preciso. Espetar uma cotovelada na nuca do Dzeko é precisamente o que é necessário, ir ao contacto com tudo que é Pjanics e Misimovics, empurrá-los, saltar contra eles e neste caso devia valer tudo porque o prémio era alto. Porra, até podiam levar 50 mil cartazes do Milosevic para ver se os bósnios tremiam, carago! Gostei de ver e gostava de ter visto esta mentalidade no resto da qualificação.

(+) Golo de Nani Em duas palavras: espé tacular.

 

(-) Penalty de Coentrão Uma parvoíce. Não sei se o Fábio ainda está habituado à alcunha que ganhou aqui entre os não-benfiquistas, mas o salto com os braços no ar que “Caientrão” se lembrou de fazer dentro da área é incompreensível, independentemente da falta que lhe pode ou não ter sido feita. Já me tinha desabituado a ver o rapaz a saltar como um louco e a pedir faltas por qualquer coisinha que lhe acontecia, desde uma brisa mais forte ou a audácia do adversário em afastá-lo da luta pela bola com o ombro, mas algo naquele lance me fez regressar um ano ao passado. No resto do jogo esteve impecável, como de costume, a galgar a relva do flanco esquerdo como se estivesse atrás de um coelho com o tesouro de Sierra Madre, mas no lance do penalty baldou-se.

 

E pronto, lá vamos nós c’as malas todas pró leste. Seja na Polónia ou na Ucrânia que vamos acabar por jogar a primeira fase, é certo que vamos ter um Verão mais interessante com Portugal a jogar no Campeonato da Europa. Há razões para estarmos satisfeitos com a qualificação e hoje opto por não apelar ao cinismo e fazer aquele papel de parvinho ao dizer: “Força Selecção”. Até apoio o Paulo Bento, vejam lá…mas há e continuará a haver problemas que terão de ser resolvidos até chegarmos a Junho, porque este tipo de jogos nem sempre surgem e os níveis físicos e competitivos serão bem diferentes no arranque da competição e até lá temos muito tempo para observar, pensar e decidir pelas melhores escolhas. Ou no caso de Paulo Bento, pelas escolhas dele.

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Futres e Folhas – Portugal vs Dinamarca


(foto retirada do MaisFutebol)


Depois de um dia de chuva torrencial, um proto-buzinão na VCI que nem a isso chegou e uma bifana rápida perto da Estação de Campanhã, segui para o Dragão de metro. Com alguns dinamarqueses a enfrascar Super Bocks pelo caminho (plural, já que um deles acabou uma garrafa e sem quebrar o raciocínio sacou de outra direitinha para o bucho. ah, nórdico!), ia tenso. O jogo seria complicado e como temos o raro dom de sobre-complicar o que já está complicado, as coisas complicavam-se. Enfim, nada disso. Temos muito mais futebol que os simpáticos lourinhos e com um bocadinho mais de sorte tínhamos ganho por nove. Sim, nove. Vamos a notas rápidas:

FUTRES
(+) Fábio Coentrão. Cansa. Corre muito, empenha-se, luta, joga e faz jogar. Muito bom.

(+) João Moutinho. Fez na Selecção o que tem feito no FC Porto e até um bocadinho mais. Acho que não falhou um único passe e conseguiu segurar a equipa quando foi preciso, rodando a bola para os sítios certos e pautando o jogo pelo meio-campo quando Martins estava a estourar. Gostei, mais uma vez.

(+) Nani. Dois golos são sempre bons e se o primeiro é fortuito, o segundo é um tiraço indefensável. O resto do jogo não foi grande coisa mas aquele segundo golo acalmou a malta e chegou no timing perfeito.

(+) Carlos Martins. Até me custa dizer isto porque gosto tanto dele como de ouvir o Valdemar Duarte na TVI, mas na actualidade do futebol português não há melhor para a posição que ocupa. Luta muito e é inteligente a jogar, está cheio de moral e nota-se. Hoje, então, teve a inteligência de não abusar na agressividade, algo que lhe é pedido e que faz muito do seu perfil como jogador. Perante uma situação em que seria fácil acusá-lo de ser uma menos-valia na Selecção, safou-se muito bem. Imaginem se o rapaz fosse expulso por uma entrada mais rija…caía a imprensa em cima dele, Paulo Bento nunca mais o chamava e alegava que não era por não o poder ver à frente mas porque seria um risco para a equipa e perdia-se um bom jogador. Arghhhh, que custa dizer isto…

FOLHAS







(-) Ronaldo (1ª parte). Um capitão de equipa tem de fazer mais, tem de lutar mais, tem de jogar mais. Não chegam duas ou três arrancadas. Deixou Coentrão a lidar com dois dinamarqueses de cada vez e não fosse o caxineiro chegar para esses e mais alguns, e teria sido ainda mais assobiado. Na segunda parte melhorou ofensivamente mas ajudar atrás…isso é que era bom. Exige-se mais.



(-) Hugo Almeida. Eu sei que não há muitas mais alternativas para jogar ali no meio…mas o rapaz é fraco demais. Ele bem se esforça mas o talento não nasce de geração espontânea…

(-) O meio-campo dos MMMs. Correu bem, mas podia ter sido complicado. O meio-campo de Meireles, Moutinho e Martins ainda não sabe jogar junto e várias vezes vi Moutinho a descair para o mesmo lado onde estava a chegar Martins, ficando os dois a pensar qual deles tinha de voltar para trás. Não gosto de ver Meireles a trinco, é indeciso e falha muitos passes, e nem começo a falar da altura combinada dos três, que empilhados dão pelo ombro do Hugo Almeida. Técnica tem eles que chegue…mas não chega.


No final do jogo, depois de encontrar um amigo que já não via há que tempos e que é um dos comentadores-vedeta deste vosso espaço, saí satisfeito. Paulo Bento precisava desta vitória e os rapazes parece que gostaram de jogar. Ainda tremem um bocadinho mas pode ser que com o tempo as coisas assentem. Até lá, siga a rusga. Nem que erupta (erupcione? eruptide? erupcionalize? desisto…) outro vulcão lá nas Islândias, é preciso sair de lá com três pontos!!!
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Futres e Folhas – Portugal vs Brasil




(foto retirada do MaisFutebol)


Não foi um bom jogo. Foi emocionante, dinâmico e causador de ansiedades nas almas lusitanas. A grande questão acabou por ser: acabaria o Brasil com 11 jogadores em campo? A palavra ao senhor mexicano que andava com o apito na boca mas que optou por não colocar o animal do Felipe Melo na rua, ele que por várias vezes tentou manifestamente lesionar jogadores portugueses. Enfim, vamos a notas, curtas porque o jogo teve pouca história:

FUTRES
(+) Meireles. Hoje foi, juntamente com Coentrão, o melhor da Selecção (rimei, peço desculpa). Jogou com grande intensidade no meio-campo, tapando os ataques pelo centro e ajudando os avançados sempre que podia. Falhou um golo à porta da baliza, que podia ter dado a vitória, mas o facto de usar o pé esquerdo só para dar lanço ao direito acabou por lhe lixar a pontaria.

(+) Coentrão. Já não há palavras para as exibições do moço. Brilhante, mais uma vez.

(+) Eduardo. Duas defesas brilhantes, a primeira por instinto e a segunda com um golpe de rins excepcional, acabou por salvar as nossas redes. Acabar a primeira fase sem sofrer golos é mérito da estratégia defensiva de Queiroz, mas Eduardo ajudou.

(+) Queiroz. Não vamos ser líricos e dizer que jogamos demasiados retraídos. Contra este Brasil, que adormece os adversários para dar a estocada em lances rápidos e inesperados, a única hipótese é tapar a área e aguentar os 90 minutos sem inventar muito. Apesar da escolha arriscada de Ricardo Costa, que esteve abaixo do exigível, o nosso treinador esteve bem e está de parabéns.

FOLHAS









(-) Danny. À imagem do que tinha feito no primeiro jogo, esteve muito abaixo do que toda a malta espera que o luso-venezuelano produza. Fraco para o contacto físico, acabou por ser mais importante a defender do que a atacar e pedia-se que apoiasse mais o único “avançado” da equipa, Ronaldo. Não o fez e a equipa ressentiu-se disso.





(-) Árbitro. A uma dada altura, enquanto via o jogo com os meus colegas de trabalho, dei comigo a gritar: “Morre, filho da puta!”. Ainda afirmo que foi merecido. Não gostei nada da passividade com que permitia o jogo exageradamente duro dos brasileiros no meio-campo, com o caceteiro do Felipe Melo a distribuir lenha como se estivesse a entregar sopa aos pobres. Para não falar da mão de Juan que devia ter recebido vermelho e da outra mão de Lúcio que daria um penalty. Muito mau.


Vi a Espanha a sofrer para vencer 2-1 a um Chile com 10 tristes coitados a correr atrás da bola e a falhar alguns golos. Prevejo uns oitavos-de-final fáceis para o Brasil e muito complicados para nós, mas pela organização táctica que vi hoje, penso que estamos em condições de lutar com as mesmas armas contra os espanhóis. Como Brites de Almeida um dia disse: “De Espanha nem bom vento nem um cabrão que fale a uma velocidade que se entenda”. Inspirai-vos na Padeira, rapazes!
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