Schadenfreude

É incontrolável e avassalador. Acontece-me sempre que vejo a expressão de permanente terror na face de João Pereira, como se tivesse acabado de ver o Psycho e lhe limpassem o cérebro a seguir, só para o obrigarem a ver de novo. Over and over and over again. Uma parte de mim, uma enorme e maioritária parte de mim, fica feliz quando João Pereira falha. Torço como um louco para que faça um penalty desnecessário, que tropece sozinho sem a bola perto, que dê uma Zidanada num adversário ou que, como ontem, tente atrasar a bola para o guarda-redes (na direcção da baliza, mind you) e falhe com um estrondo de doze Torres dos Clérigos a tombar em cima de uma montanha de porcelana. Um sorriso espalha-se pela minha cara e solto uma sonora gargalhada. E dá-me uma vontade enorme de telefonar a amigos, familiares, próximos ou distantes, e gritar: “Vocês viram o que aquele imbecil fez? Mil rinocerontes paneleiros me fodam se não vou gravar aquilo e pôr à entrada de casa por cima do móvel para que as pessoas se sintam bem ao entrar e ver aquela parvoíce!”. É uma anedota, este rapaz.

E se não fosse titular indiscutível da selecção nacional de futebol, ainda tinha mais piada.

PS: Quanto ao jogo, remeto a análise para os comentários do Miguel, no Em Jogo. Directo e inteligente, como é hábito.

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O Nuno Luz tem mais piada que o Jon Stewart

Vi meia-dúzia de minutos do Sporting. E dou desde já os meus parabéns aos moços de verde. Fizeram o que nós não conseguimos por um simples motivo: não desistiram. Responderam a pancada com pancada e meia, lutaram com as armas que têem e ganharam o jogo. Até podem apanhar sete à Bayern na segunda mão, mas esta vitória ninguém lhes tira.

Mas a pérola foi a emissão da SIC. Ouvir o Nuno “Sacos-de-mijo-nos-cornos” Luz, o Paulo Garcia e o outro imbecil do “Go, go home now” a discutirem qual era o rapaz com mais cabeça para sacar um amarelo ao outro e impedir que o adversário jogasse o jogo em Manchester foi priceless. Os dois rapazes? Os únicos que ostentam o seu próprio QI nas costas com todo o gosto: João Pereira (45) e Balotelli (47).

E a forma como Nuno “Olha-eu-no-chão-à-porta-de-Alvalade” Luz faz do nome do italiano o que todos os jornalistas fizeram do Kuwait nos anos 90 é linda. Boloteli. Bolateli. Balateli. Qualquer um serve.

Que besta, senhores.

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A Besta


Não tem sido normal fazer posts sobre jogadores de outras equipas, mas este rapaz merece uma pequena excepção. Seria sem qualquer dúvida omisso da minha parte deixar passar os eventos de ontem na meia-final da Taça da Liga entre Sporting e Benfica sem comentar devidamente.

Quem me conhece sabe a que nível coloco o já-não-tão-jovem jogador do Sporting, João Pereira. Formado no Benfica, cresceu em Braga e ganhou nome no futebol português como um lateral rápido, agressivo, que luta pela vitória e que coloca tudo em campo. Acabado o louvor ao rapaz, sigo do prélio para o motivo desta pequena análise: João Pereira é, sem grandes rodeios, uma besta.
Mas então…luta, esforça-se, deixa a pele em campo, blá blá, e é uma besta? Sim, uma besta.
Comparo muitas vezes João “A Besta” Pereira ao nosso Jorge Fucile. São similares em estilo, ambos bastante agressivos e lutadores, algo displicentes quando acham que não é preciso correr tanto (“se calhar até dá para fintar este, oh porra que já perdi a bola, cá vai um toquezinho no calcanhar e espero que o árbitro não veja, oh porra amarelo agora tenho de ter cuidado”) e acima de tudo são laterais que transfiguram o jogo de uma equipa pelas suas próprias características, aparecendo a fazer o overlap muitas vezes durante o encontro, arrastando defesas adversários e criando espaços nas alas. João e Jorge são parecidos, mas não iguais. Fucile também sofre de alguma Pereirite em excesso, mas controla-se, especialmente nos jogos grandes. João não.
Como o Inter com Materazzi, o Manchester United com Vidic ou o Corinthians com Roberto Carlos, João Pereira é um risco para a sua equipa, uma liability, se quiserem. Jogar com João Pereira é arriscar a qualquer altura ficar com 10. E quando se apanha um Benfica em forma, é o mesmo que entregar o ouro ao bandido.
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