El capitán en los tiempos que corren

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Não houve Jardel sem ter havido um Capucho ou um Drulovic. Não teria havido Falcao se não tivesse co-existido com um Hulk ou um Moutinho. E não há um Jackson sem um Tello, um Quaresma ou um James. Ou há?

Jackson tem sido um dos melhores avançados da nossa Liga desde que cá chegou e está este ano a ser igualmente um dos avançados mais profícuos em toda a Europa. E é em grande parte graças aos seus golos que conquistámos o primeiro lugar na fase de grupos que amanhã fecha no Dragão. Por cá, a vida de Jackson continua a ser polvilhada por uma tremenda sucessão de golos, com 77 em 114 jogos (0,67 golos/jogo, ou seja, cerca de dois golos em cada três partidas), o que não atingindo os quase miraculosos números de Jardel (uns extraordinários 0,96 golos/jogo) ou Falcao (com uns não menos impressionantes 0,82 golos/jogo) acaba por ser uma marca incrível de um jogador que já chegou a ser contestado de uma forma absurda por tantos portistas. Mas Jackson dá um pouco mais à equipa que Falcao e bem mais que Jardel. Para lá das notáveis capacidades como “poacher”, é a forma como volta atrás depois de perder uma bola, como recupera defensivamente para tapar os buracos deixados pelos colegas ou pressiona o último jogador para tentar fazê-lo perder a bola tão depressa como a recebeu. É a inteligência na posse de bola e a capacidade tremenda de a controlar em situações complicadas, sempre parecendo que não está a dominar o lance mas sempre com a presença de espírito de saber onde estão os colegas, de perceber o melhor timing para largar o esférico ou entender se a deve manter mais algum tempo nos pés.

Jackson é, neste momento, tão importante para a equipa como sempre foi e parece estar a liderá-la em campo com autoridade e espírito de conquista. Só precisa de aprender a marcar penalties. Se fizesse isso bem não havia ninguém a dizer mal dele. Dentro ou fora.

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Cansados

  • Sapunaru em 18 de Março de 2011: 32 jogos
  • Danilo em 18 de Março de 2013: 34 jogos
  • Danilo em 18 de Março de 2014: 38 jogos
  • Álvaro Pereira em 18 de Março de 2011: 27 jogos
  • Alex Sandro em 18 de Março de 2013: 29 jogos
  • Alex Sandro em 18 de Março de 2014: 38 jogos
  • Fernando em 18 de Março de 2011: 31 jogos
  • Fernando em 18 de Março de 2013: 29 jogos
  • Fernando em 18 de Março de 2014: 36 jogos
  • Varela em 18 de Março de 2011: 35 jogos
  • Varela em 18 de Março de 2013: 34 jogos
  • Varela em 18 de Março de 2014: 37 jogos
  • Falcao em 18 de Março de 2011: 31 jogos
  • Jackson em 18 de Março de 2013: 34 jogos
  • Jackson em 18 de Março de 2014: 39 jogos

Três épocas: a de Villas-Boas, com um plantel curtíssimo; a segunda de Vitor Pereira, com um plantel mais extenso mas onde jogavam quase sempre os mesmos; e a época que ainda dura.

Pode não ajudar a explicar tudo…mas que os rapazes andam estourados, não tenho grandes dúvidas…

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O peso do ponta-de-lança (não é piada ao Walter, garanto)

Aqui há uns tempos (que é como quem diz há mais de dois anos atrás), dispus-me a analisar a influência de um jogador como Falcao na manobra ofensiva da equipa, com particular ênfase na capacidade produtiva em campo e nos golos que aponta, pesado contra o número de golos apontados pela equipa nessa mesma temporada. Reaproveito esse trabalho e adiciono-lhe mais algumas temporadas para dar uma imagem mais adequada do que pode valer um rapaz como Jackson Martinez. Algumas conclusões interessantes:

  • Jackson tem um peso na equipa acima do que tinha Falcao, muito por culpa sua mas também pela ausência de um jogador como Hulk que não funciona como contra-balanceador dos golos apontados pelo colombiano. O mesmo sucede noutras épocas, com Domingos/Kostadinov/Timofte, Deco/Postiga, Lucho/Lisandro, entre outros.
  • As épocas de Jardel foram uma anormalidade estatística. Para aqueles valores poderem acontecer de uma forma recorrente só podem indicar uma de duas coisas: ou a equipa é muito defensiva e só o melhor jogador marca em contra-ataque…ou então o jogador é mesmo muito bom. Antes que comecem a pensar muito…a segunda opção é a verdadeira.
  • Em 1991/92, 2002/03 e 2005/06, o melhor marcador terminou com…13 golos. É um excelente exemplo da forma como um plantel nem sempre tem de depender de um ou dois homens para encostarem a bola na baliza.
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Vectores do potencial insucesso: técnico

Aqui, meus amigos, começam as grandes questões e aquelas que são mais facilmente escondidas quando a equipa mostra alguma eficácia no decurso dos jogos. Se é notório que alguns dos jogadores do plantel têm uma capacidade técnica acima da média, há uma evidente e enervante incapacidade na performance em jogo corrido de exibir algumas características que parecem óbvias quando falamos de futebol moderno, onde os rapazes que fazem do futebol o seu modus vivendi insistem em mostrar tão pouco no que diz respeito a elementos básicos que são ensinados aos menos talentosos e que saem naturalmente aos génios.

O controlo de bola é uma miséria. Uma. Miséria. James, Jackson, Alex Sandro, Lucho e Moutinho brilham, Defour é o típico jogador da Europa Central, frio, controlado, recebe, controla, passa. O resto…é mau. Varela e Atsu parecem estar num eterno jogo de Arkanoid, tantas vezes a bola pincha perto de si, para não falar dos centrais, de Danilo e de Fernando, cuja posição pareceria indicar que a recepção da bola e de a “matar” no chão perto de si seria uma peça fundamental do treino diário. Se é, não parece, porque a quantidade de tempo perdido neste tão simples acto, repetido ad nauseam ao longo de uma vida, é suficiente para num jogo fechado, com adversários pressionantes e mais rápidos, originar perdas de bola e forçar a que a equipa abdique de lances de ataque para se concentrar na defesa em contra-pé dos ataques adversários. Continuemos.

Os passes falhados são uma constante. Uma constante. E numa equipa que tem o passe na sua matriz principal de jogo, na sua filosofia-base do modo como encara uma partida, seria conveniente que fizesse desta pedra basilar o enfoque máximo do que pratica. Mas tal não acontece. Sucedem-se passes após passes com a pontaria de um rinoceronte bêbado com o corno torto a apontar para o anel de Sauron. E os passes lateralizados, de natureza menos propensos a falhas quando comparados aos passes verticais de maior risco, não fogem deste esquema infeliz de bruaaahs na bancada quando Fernando endossa a bola para a linha lateral, Varela roda para o que pensa ser Danilo e Otamendi insiste em passar para as costas do colega do lado. Perde-se tempo, espaço e momento ofensivo em tantas diferentes alturas do jogo que quando comparo o FC Porto a outras equipas do mesmo nível (como o Benfica, por exemplo), parecemos uma equipa de Marianos González com delirium tremens. Os passes de risco, os que podem criar perigo, são ainda piores, como era de esperar, com enervantes envios demasiadamente longos ou absurdamente curtos. Perdemos 20 ou 30% dos lances de ataque neste tipo de oportunidades falhadas.

E os remates? Raramente vão dois ou três consecutivos à baliza, daqueles à inglesa, de fora da área. Dos poucos que sabem e conseguem rematar com algum intuito, Moutinho e Defour lá vão acertando na baliza, porque Lucho, Varela e Fernando (convenhamos que se soubesse rematar em condições já não andava por cá…) são rematadores de ocasião e a ocasião raramente se apresenta em perfeito estado para um balázio bem colocado. Danilo lá vai tentando quando a sorte lhe bufa nas costas e descai para o meio, mas o pé esquerdo raramente faz mossa. Jackson, já deu para perceber, só marca dentro da área.

Calma, vem aí pior…as bolas paradas.

Uns dias antes do jogo no Funchal, um amigo mostrou-me um video dos distritais de Aveiro, onde um rapaz marcava um livre perfeitamente por cima da barreira, bola com bom efeito, direitinho ao canto. Golo certo, sem hipótese para qualquer Schmeichel, quanto mais para o pobre keeper contrário. Até bati palmas, congratulando-me pelo excelente golpe técnico de um rapaz que provavelmente entrega cartas durante o dia e treina à noite quando pode. E depois vi Danilo a marcar um livre. Corpo inclinado para trás, trajectória errada, bola para a bancada. Fiquei de boca aberta, de onde saíram diversos exemplos de vernáculo portuense do bom. E é assim há anos, onde temos marcadores de livres directos que aplicam a fortíssima biqueira da bota à boa maneira de Fernando Couto para fuzilar as barreiras adversárias ou, em dia bom, para fazer a bola roçar a baliza tão perto quanto o relatador da rádio local lhe apetecer gritar. Com jogadores que deambulam perto da área, que descobrem espaços para rapidamente serem levados pela metafórica ceifeira adversária e o árbitro apontar um livre que pode ser a diferença entre um zero-zero e uma vitória difícil…não há e continuará a não haver quem os marque como gente crescida.

Esta é uma das áreas em que não noto melhorias há vários anos. Cito o meu pai, que me massacra sempre com estas palavras que cada vez fazem mais sentido na minha cabeça: “Mas estes gajos não treinam estas merdas?!”. Não, pai. Pelos resultados que mostram, não.

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We may need to buy

Estou sentado no sofá na minha sala a ouvir Billie Holiday e a beberricar um copo de vinho. Do Douro, forte, com corpo suficiente para empurrar o Hulk e deixá-lo prostrado no chão. E enquanto sorvo mais um gole do néctar no copo com pé que pouso delicadamente na borda do encosto para o braço que não uso, vou pensando em futebol. Prosaico, não acham? Talvez, mas não dá nada de jeito na caixa e poucas coisas melhoram estes momentos de descanso e puro lazer idílico (para mim, que sou um maldito epicurista wanna-be) que dissertar um pedacinho sobre a bola e acima de tudo sobre a bola dos meus. Não sobre as minhas bolas, descansem, não terão prosa de índole testicular por estes lados nos próximos tempos a não ser que me surja um instinto incontrolável de pontapear alguns e descrever sensações alheias.

Olho para o plantel e concordo com o mister. Parece-me curto. Infelizmente curto. E se tirarmos os que estão de fora da equação porque nunca foram opção (Rafa e Rolando), somarmos os que não serão opção válida pela pressão que têm já em cima deles para apresentarem níveis de performance mínimos para impedirem vaias quando entrarem em campo (Kleber e Iturbe) e adicionarmos os que são segundas-escolhas por demérito próprio (Kelvin ou Castro), ficamos com…pouca gente. Se a baliza Helton não oferece contestação e mesmo com a alternativa Fabiano não estaríamos a arrancar cabelos, na defesa as coisas começam a tremer. Danilo e Alex Sandro estão seguros nas laterais e no centro Otamendi e Maicon estarão na mesma situação, com Mangala sempre pronto a entrar para o lugar de qualquer um dos…quatro. Alternativas? Algumas. Credíveis? Poucas. Miguel Lopes pode render Danilo, tudo bem, com mais coração e muito menos cabeça, mas safa o lugar. Abdoulaye teve alguns bons momentos mas espera mais uma vaga e de Quiñones ainda não vi nada. E nos bês há alguma qualidade mas dificilmente entrarão como opção para os ás. Diogo e Victor Luís são miúdos a defender, David é mais fraco do que parece e no centro talvez Tiago Ferreira seja opção daqui a uns anos. Falta alguém? Depende de quem sair, se alguém sair.

No meio-campo é que a casa treme toda. Fernando vai batalhando com Defour, Lucho com Kelvin e Moutinho com Defour. Mas Defour já jogou mais vezes na posição de Fernando e Castro, a outra alternativa, também fez o mesmo. Lucho está sozinho e tem-lhe sido exigida uma carga de trabalho bem maior do que esperava que aguentasse. Lembro-me das quebras do argentino a meio da temporada e temo que o mesmo aconteça este ano, o que me deixa receoso que tenhamos de lá colocar um outro milieu-de-terrain com um nível parecido. Quem? Não há mais nenhum no plantel, A ou B, que se equipare. Podem pensar que qualquer um faz o papel dele mas quem vai lá ver os jogos sabe que não é verdade e isso é evidente quando Lucho sai de campo. Kelvin desposiciona-se com demasiada facilidade, James joga à frente demais, Defour atrás demais. Sérgio Oliveira, talvez? Não lhe reconheço consistência nem maturidade competitiva para tal. Pedro Moreira? Parece-me de futebol curto, pouco imaginativo e acima de tudo pouco líder. É preciso uma alternativa a Lucho. E se Moutinho sai? Mete-se lá o Tozé? Coitado do moço, até tem jeito mas precisa de continuar a jogar, a aprender, a crescer. Por isso vamos com calma, um passo de cada vez.

Chegamos ao ataque. Jackson tem raízes no lugar, James é indispensável. E do outro lado? Atsu começou bem a época, Varela é mais consistente, tacticamente mais astuto e mais experiente, mas a boa forma do início da época está a roçar o medíocre nos tempos que correm, e fazem-no mais que Varela. Kelvin, que pode fazer o lugar, não parece ter o sentido prático para decidir jogos. Se no meio Kleber perdeu confiança dos adeptos apesar do treinador o manter por perto, não vejo em Dellatorre uma solução eficiente e acima de tudo suficiente, muito menos o faço em relação a Vion. É preciso uma alternativa a Jackson. E na ala, quando vejo Sebá a jogar penso em tantos extremos que passaram por clubes menores em Portugal ou na estranja e que nem deram má conta de si nesses clubes…mas olho para os que cá chegaram e penso na pressão que recebem. E desconfio que o rapaz ainda não tenha o que é preciso. Estarei a ser pessimista? Não creio, olhem para os exemplos de Marco Ferreira, Alan, Djalma ou Mariano, para não falar nos putos que subiram como Candeias, Vieirinha, Bruno Gama ou Helder Barbosa, entre outros. Temo que Sebá tenha de progredir mais para não ser contestado. É preciso uma alternativa a Varela.

Assim sendo, vejo três posições que podem precisar de remendo. Médio organizador, extremo e ponta-de-lança. Ideas, anyone?

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