Os postes

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foto retirada do Record

Quando era mais puto, aqui há mais de (*suspiro*) vinte anos, o FC Porto foi ao Salgueiros comprar um jogador. Uma vara de cabelo aos caracóis, Alves Nilo Fortes era conhecido no mundo da bola lusa como Vinha e tinha três principais atributos: tinha uma altura acima da média, era um fulano de estatura elevada e era um gajo bem alto. No dia em que foi anunciada a contratação, fiquei boquiaberto. Não sabia muito bem o que pensar e era jovem demais para perceber muito bem como processar essa informação que me tinha chegado através de um jornal desportivo (que saíam às segundas, quintas e sábados, à homem!) ou pela televisão, porque internets ainda estava um bocadinho longe e as redes sociais só se fossem metáforas para jogos de pesca entre amigos.

Procedi então a cantar os louvores do homem. Que era imbatível no jogo aéreo, que ia semear o pânico e traria os relâmpagos de Zeus a cair sobre a infeliz catadupa de adversários que se dignassem a opor-se a ele, quais mortais fecundos pela luxúria de defrontar tal titã. O Salgueiral só nos dava coisa boa e era impossível que não fosse o grande (wakka wakka) avançado que nos iria levar ainda alto, nos degraus do Olimpo onde o seu Pai, passando a mão pelos seus negros caracóis, o ungiria com vestes de divindade e togas de poder eterno. Era eu, Jorge, o imbecil adolescente que cresceu mas permanece imbecil. (menos de vinte jogos, cinco golos, um dos quais nos deu uma Supertaça contra o Benfica)

Não tive a mesma reacção quando Jankauskas assinou, mas perto. Era um grandalhão tramado de marcar, com bom posicionamento e remate forte e pronto. Um Thor do Báltico, pronto para esfrangalhar defesas e rasgar os esfíncteres de qualquer guarda-redes que ousasse colocar as luvas na frente do sem pujante remate à queima-roupa. Oh luvas para que te quero, que não queriam nem eram necessárias, pois tal Ricardo no Europeu uns anos depois, mais valia estarem de manápulas ao vento porque nada faria parar o louco lingrinhas louro. Impossível, diziam-me. Balelas, respondia eu, possuído por uma personagem de novela de canalha. Será o grande, o maior, o Adónis! (oitenta jogos, quase vinte golos)

Chega Janko. Quem? Exacto. Já o conhecia ou não fosse eu um ávido jogador de tudo que acabasse em Manager durante anos a fio. É grande, diziam uns, mas não é tosco. É tosco, diziam outros, mas ao menos é grande. Não percebi. Nunca percebi. Apoiei-o, sem excitações, numa equipa onde Kleber nunca pegou e Falcao tanta falta fazia, onde Lucho rebrilhou e James e Hulk nos levaram ao título. E deixou para a memória aquela espécie de dança onde procedeu repetidamente a simular uma sofrível analidade mal direccionada com a anca o nosso actual defesa direito. (doze jogos, cinco golos)

Todo este prélio me leva a Depoitre. Não o conheço, devo admitir. Não acompanho a liga belga desde que nasci e vou conhecendo alguns jogadores pelos jogos europeus mas este fugiu-me do radar. Ainda assim, dou o benefício da dúvida a Nuno, ele que o escolheu de uma lista de sei-lá-quantos-nomes, talvez por ter jogado contra ele na fase de grupos da Champions há várias luas atrás. Não sei o que vale Depoitre. Sei que não temos hábito de elevar os já de si elevados a um patamar que nos garanta excelência. SIM, pode dar jeito. SIM, faltam-nos extremos para lhe colocar a bola. SIM, preferia outro nome que me desse mais garantias. SIM, também tínhamos o Gonçalo para ocupar esse lugar. SIM, o gajo tem 27 anos e jogou meia-dúzia de vezes pela selecção. Nomes, factos, números que não deixam ninguém contente nem a salivar por ver o rapaz em acção. Mas visto novamente a pele de um catraio com os pelos a crescer e a voz a mudar para dar as boas-vindas ao belga. Vem por bem e com vontade. Só precisa de marcar uns golinhos e a malta bate logo palmas de alegria. Como eu fiz ao Vinha. Como eu fiz ao Vinha…

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Auf wiedersehn, Österreicher Kiefer!

Nunca fui fã da contratação do rapaz. Do pouco que conhecia dele nunca o vi a encaixar no estilo de jogo do FC Porto. Talvez para o banco, para aquelas soluções de última hora enquanto se espera por um qualquer Deus Ex Machina que se materialize e salve a equipa numa altura em que é complicado fazer algo com a cabeça quando só se age por instinto. Mas Janko pouco serviu para esse tipo de lances, já que acabou por marcar mais golos com o pé do que com a cabeça, muito por culpa da baixa qualidade da grande maioria dos cruzamentos dos nossos laterais/extremos. Janko nunca ganhou a confiança dos adeptos, sempre ávidos para criticar um jogador que nunca poderia ser uma solução de curto prazo (lembrem-se quando foi contratado não podia sequer jogar na Liga Europa…) e se formos a avaliar o negócio no seu todo, a única mais-valia que Janko trouxe foi o facto de ter ajudado a equipa a vencer o título, por acção ou inacção, vá-se lá perceber como.

A verdade é que com 29 anos, o rapaz não estava disposto a ser segunda opção. Não acho mal e desejo-lhe sorte na Turquia. Ah, ó Marc, vê lá se dás uma telefonadela ao Djalma e vão beber uma cerveja. Só para falar dos bons velhos tempos em que foram improváveis campeões.

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Ser alto não significa jogar bem de cabeça

Com a chegada de Janko, aparece-nos uma solução possível para um problema que tem sido difícil de ultrapassar nos últimos tempos: o que fazer quando é preciso empurrar a bola para a baliza mas não há força nem criatividade para o conseguir? Muitas equipas usam os lances de bola parada (que no FC Porto têm tido a eficácia de tentar passar uma nota falsa de 40€ com a cara do Vale e Azevedo) ou em alternativa o tradicional chuveirinho, bola prá frente, jogo à Stoke e siga.

Tomando como inspiração um artigo do Zonal Marking, tentei adaptá-lo à nossa realidade e trazer de volta um pouco da nossa história. Aqui está:

 

Em que estilo se enquadrará melhor o nosso novo austríaco? A minha fé diz-me que é no sítio do Jardas…mas o pessimismo atira-me para o lugar do Vinha.

Até poder ver o rapaz jogar mais uns minutos, fico à espera das vossas opiniões e sugestões. Há outros nomes que poderiam ter sido usados, claro…mas quais?

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Vinte-e-nove

 

Não quero que o nosso novo pontão-de-lançazão fique desiludido comigo logo à partida e como o moço tem ar de quem me espetava uma lapada no focinho que me punha a comer por uma palhinha até o Sporting ser campeão, optei por repetir o post de ontem, desta vez adaptado ao novo númbaro do austríaco, o vinte e nove:

 

1995/1996
1996/1997 Romeu
1997/1998 Costinha (GR)
1998/1999 Deco
1999/2000 Deco
2000/2001 Folha
2001/2002 Paulo Costa
2002/2003
2003/2004 Hugo Almeida
2004/2005 Hugo Almeida
2005/2006 Bruno Moraes
2006/2007 Bruno Moraes
2007/2008 Edgar
2008/2009 Rabiola
2009/2010 Orlando Sá
2010/2011
2011/2012 Marc Janko
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