We’ve been down this road before.
Foco-me em Maicon porque foi o elemento principal daquela tragédia que vimos no Domingo à noite. E o brasileiro foi a personagem principal, o Hamlet do nosso Shakespeare, o Tyler Durden do Palahniuk, a Blimunda do nosso Saramago. E foi-o mais uma vez, ao fim de seis longos anos em que teve muitos altos e outros tantos baixos, sem que nunca conseguisse mostrar com consistência aquilo que um jogador de futebol ou de qualquer outro desporto precisa para se manter no topo: evolução. Maicon continua a ser o mesmo puto que cá apareceu no verão de 2009. Sim, aprendeu a marcar livres directos e tem mais uma meia-dúzia de tatuagens e filhos, mas no fundo é o mesmo. É o mesmo gajo que faz passes longos em demasia quando ninguém lhe exige esse exagero durante uma partida. É o mesmo gajo que tenta fazer túneis, picar a bola ou fintar o adversário ou se refugia num cantinho de onde não tem saída quando os oponentes o pressionam. E é um comportamento recorrente que o faz mudar durante um ou dois jogos depois de uma assobiadela enorme dos seus próprios adeptos, para rapidamente regressar quando os tempos estão mais macios. Não houve nenhum treinador que o conseguisse mudar e que fizesse dele um central prático, simples, sem invenções. E logo ele, que já passou por momentos complicados, desde uma lesão complicada até à famosa utilização como lateral direito às mãos de Vitor Pereira, ele que é capitão de equipa e que cresceu com a equipa e a par dela, é um dos elementos mais antigos do plantel e usa uma braçadeira que simboliza liderança.
Um líder não pode ser isto que vimos no Domingo. Um líder não pode ter a atitude que Maicon teve, abandonando os “seus” jogadores em campo e deixando-os sem leme, sem voz de comando, sem cabeça. Maicon falhou como todos podemos falhar em qualquer altura, mas em vez de enfrentar as falhas de peito erguido permitiu que a falha fosse a última gota que fez transbordar o copo da sua aparente frágil psique. Compreendo mas não aceito. Não aceito que um capitão de equipa mostre tão pouca fibra em campo. Não aceito que se passe jogo após jogo a cometer os mesmos erros e que não se melhore essas falhas. Compreendo o homem que quebra, o homem que vê uma montanha a cair sobre a sua cabeça e que cede psicologicamente a uma adversidade que parece encomendada só para si por um Deus que lhe quer mal. Compreendo tudo e tenho pena da forma como o homem Maicon se estará a sentir. Mas o jogador? Não. O jogador não aceito e quando esse jogador é capitão, ainda aceito menos.
Maicon pode ser o elo mais fraco na cadeia de culpa do que se vindo a passar este ano. Mas o que fez (ou deixou de fazer) no último jogo retira-o moralmente de qualquer lista de opções para o treinador para os próximos jogos. O tempo dirá se perdemos o jogador para sempre.