O que é que reparam quando olham para um central?

imagem gamada de http://paixaopeloporto.blogspot.pt

Lembro-me da elegância de Aloísio, que deslizava pelo relvado à procura do momento certo para o toque perfeito a interceptar um ataque adversário. Era um prazer assistir aos jogos do brasileiro a partir das velhinhas bancadas das Antas, enquanto me sentava no cimento ou em poeirentas cadeiras de um azul que já o tinha sido mas que gradualmente se ia transformando num tom claro, gasto, poído. Vintage, para soar melhor. Bintage, com o sotaque certo.

Aloísio era a imagem do central quase perfeito que me habituei a ver enquanto crescia e ia conhecendo mais do futebol mundial. Havia certeza nas acções, correcção na atitude, adequação da força à situação. E chegou a capitão, discreto, líder por exemplo e pelo respeito que todos tinham por ele pelos anos que passou no clube, à imagem dos que actual usam a braçadeira multicolorida. E à medida que ia vendo outros jogadores que jogavam na mesma posição, mais gostava do brasileiro. Havia uma classe diferente nele, uma leveza de movimentos aliada à simplicidade de processos que me enfeitiçava e fazia aumentar a minha fé na minha própria capacidade de conseguir fazer o mesmo em futeboladas amigáveis. Nunca o consegui, o meu corpo assemelhava-se sempre a um rotundo rinoceronte sem corno (acho) a descer uma colina em alta velocidade quando tentava irromper numa diagonal e acertar só na bola, só naquele ponto certeiro em que o avançado se transformava num pilar de sal e o defesa saía alegremente com a esfera de couro controlada, de cabeça levantada e postura mandona. O normal era acertar no gajo ou mandar a bola para o meio do matagal abaixo do campo. Sim, admito, em campo sou um defesa à Jorge Costa. Ou passa o jogador e fica a bola, ou não passa nada, nem bola nem jogador e na grande maioria das vezes, nem relva.

E hoje, onde estão os Aloísios? Onde estão os centrais com controlo de bola decente, passe certeiro a cinco metros, ausência de loucura ou excessos de confiança? Onde estão os Aloísios, carago?

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Os putos

Se tirar alguma coisa destes quatro primeiros jogos europeus do FC Porto em 2012/2013, é que a nossa defesa deve estar a bater recordes. Uma média de 0,5 golos sofridos por jogo e com esta média de idades, acho que nos podemos congratular com a qualidade das opções que Vitor Pereira tem ao dispôr. O futuro parece estar em boas mãos. Ou pés, no caso do Otamendi.

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Duelos para a temporada – parte II

O segundo confronto coloca um central internacional argentino contra um futuro (ah-tá-bem-sei-lá-desde-que-o-João-Pereira-é-capitão-do-Sporting-acredito-em-tudo) internacional brasileiro:

 

Otamendi
Maicon
Posso chutar, mister?
(características ofensivas)
Bom toque de bola, subidas controladas pela relva. Joga simples e prático. Excelente no jogo de cabeça ofensivo, pior nos absurdos passes a 40 metros para a bancada.
Defende em condições?
(características defensivas)
Ainda não dá a segurança defensiva que todos esperávamos. É rijo e luta com garra e empenho e é fiável…ma non troppo. Bom na cobertura na subida dos lateral esquerdo. Recordista mundial de entradas rasteiras de carrinho só a tocar na bola. Tendência para facilitar em demasia parece estar a melhorar. Bom sentido de antecipação pelo chão e pelo ar mas insiste em deixar a bola bater na relva antes de a cabecear e perde muitos lances dessa forma.
O guarda-redes abdica da barreira…
(lances de bola parada)
Muito móvel nos cantos e livres, surge normalmente no meio da confusão da pequena área. Joga bem de cabeça e aparece sempre na área, especialmente ao primeiro poste.
Oh amigo, até jogo à baliza!
(versatilidade)
Mais à vontade no centro, pode ser adaptado à direita mas com uma óbvia baixa de rendimento (não é, Dieguito?) Não. Jogas no meio. Ponto final.
Parto-te todo, ouviste?!
(sistema nervoso)
Pouco falador com os árbitros mas muito interventivo com os colegas da defesa. Calmo demais…até que faz borrada, depois é vê-lo a mandar bolas para a bancada sem necessidade
So ready for my fucking close-up
(imagem)
Mais sóbrio não podia haver. Low profile, sem tiques de vedetismo, poderia ser candidato a futuro capitão se agarrasse o lugar e ficasse uns largos anos. Um dos bolas-de-bilhar do plantel, aqui há uns tempos parecia ter apontado para uma crista loura (mas todos os brasileiros agora querem ser o Neymar?!) mas até ver…o melão continua rapado.
Como é a música que cantamos a este gajo?
(relação com os adeptos)
Ainda causa alguma desconfiança, mas é considerado como “este-devia-jogar-sempre”. Está em cima de uma fina camada de gelo num lago em dia de sol primaveril. Mais um ou dois falhanços e perde-se de vez.
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