Citius, altius, fortius? Nenhuma das três.

 

foto retirada de zimbio.com

Tenho pena que as coisas tenham acabado (pelo menos por agora) desta forma. Nunca foi um génio, longe disso, e parecia sempre estar um degrauzinho abaixo de poder ser um indiscutível no FC Porto, primeiro ao lado de Bruno Alves e depois com Otamendi como companheiro no centro da nossa defesa. “É um turbo-lento!”, diz o meu pai, que achava o mesmo de Jorge Andrade nos seus tempos áureos de dragão ao peito, pelo menos até que lhe fiz notar que enquanto os adversários davam quatro passos, uma passada larga do central chegava para os acompanhar. Mas a verdade é que faltava ali qualquer coisa. Alto, forte, bom tecnicamente, raramente conseguiu aquele elemento diferenciador que poderia ter feito dele um central de grande qualidade ao nível dos que já por cá tivemos e continuamos a ter. E sempre foi essa a bitola pela qual todos os portistas avaliaram Rolando: é jeitoso, mas…

O problema, o único e enorme problema, é que Rolando, pelas declarações ou pela atitude demonstrada, sempre achou que era capaz de outros voos, de brilhar mais alto e mais intensamente. E nunca conseguiu.

Citius, altius, fortius. Nunca o foi. E sai, por uma porta bem mais pequena do que aquela que pensávamos vir a sair.

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Vitor, dá uma chance ao Rolando

Passam hoje exactamente quatro anos. Em 5 de Novembro de 2008, o FC Porto deslocou-se à Ucrânia para defrontar o Dínamo Kiev no jogo da quarta jornada de Champions League, numa altura em que Jesualdo estava a ser contestado por grandes facções de portistas depois de três derrotas seguidas em várias competições. Lembro-me bem desses tempos, tanto da derrota em casa com o Dínamo (com um estupor dum grande golo de livre directo) como dos dois jogos do campeonato que se seguiram, o jogo absurdo perdido em casa contra o Leixões e a derrota na Figueira com a Naval. As tensões estavam em alta, o povo estava furioso e pedia-se a cabeça de Jesualdo, campeão em título mas caído em mini-desgraça perante os adeptos que viam a equipa sem render ao nível que lhes era exigido. Fomos a Kiev com o treinador em posição difícil e os jogadores a tremer com a pressão de uma vitória que era vital para continuar a lutar pela qualificação para a próxima fase da Champions.

O jogo começou mal e assim continuou até que Rolando, depois de um livre marcado do lado direito, aparece na área e marca um golo de força e colocação, irrompendo pelo centro e cabeceando sem defesa para o guarda-redes dos ucranianos. Foi uma explosão de alegria cá em casa, até que Lucho, ao minuto noventa, aproveitou o bom trabalho de Lisandro do lado direito e marcou o golo da vitória. Nunca mais me esqueço da forma como El Comandante tirou a camisola (lá estão aquelas celebrações parvas de jogador da bola) e o resto da equipa, percebendo que o capitão já tinha levado um amarelo, tentou rodeá-lo e forçá-lo a vestir de novo a t-shirt azul-bébé que na altura pintava o nosso equipamento alternativo. Foi uma demonstração de união, de harmonia entre os jogadores que passou para os adeptos e descansou as hostes. Vencemos o jogo e arrancamos para um resto de época imparável, terminando o percurso da Champions em casa com aquele petardo do Ronaldo que me ficou atravessado na goela até hoje.


Amanhã, em Kiev, as circunstâncias são diferentes mas há algo de parecido. Rolando tem de novo algo a provar. Cabe a Vitor Pereira a palavra, entre a opção por Miguel Lopes à esquerda e Mangala no meio ou a substituição directa de Maicon por Abdoulaye ou Rolando. Não sou um fã incondicional do Rolas, admito, até porque sempre tive a ideia que se achava sempre melhor do que de facto colocava em campo. Mas tem a experiência suficiente para poder fazer a diferença num jogo que se prevê complicado e onde a defesa do FC Porto, remendada, precisa de uma injecção de temperamento e tranquilidade para poder segurar o que fôr preciso quando fôr preciso.

Por isso a minha aposta vai para Rolando. Recuperemos o eixo de Dublin, o que venceu o Benfica na Luz por duas vezes e nos deu alegrias aqui há dois anos. E vençamos o jogo.

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Baías e Baronis 2010/2011 – Rolando

Época: A melhor época de Rolando até agora. Foi o elemento mais estável no centro da defesa, à volta do qual orbitaram Otamendi e Maicon. É estranho escrever estas palavras, porque continuo a achar que Rolando joga bem quando tem um central melhor ao lado, como acontecia com Bruno Alves, mas acaba por não ser o líder que pretendemos quando é o elemento sénior naquela zona. No entanto foi um dos jogadores mais simplificadores na defesa portista, inventou menos que os colegas e marcou vários golos importantes. Pode sair, pode ficar, mas o que é certo é que evoluiu bem esta temporada.

Momento: A Supertaça. Abriu o marcador e pôs Cardozo a pensar que mais valia ter ficado no Paraguai umas semaninhas de férias extra.

Nota final 2010/2011:

BAÍA

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